São Benedito, a igreja da antiga Rua do Alecrim, em Maceió

A construção de uma capela para São Benedito, em Maceió, começou a ser pensada logo após a constituição da Irmandade desse mesmo santo em 14 de maio de 1862. Essa confraria era formada por alguns fiéis que frequentavam a Igreja de N. S. do Rosário, na Rua do Sol.

O compromisso foi assinado em 24 de outubro de 1863 e aprovado pela Lei nº 458, de 26 de junho de 1865. Segundo Félix Lima Júnior, em seu livro Irmandades, “foram pessoas modestas, a maioria de cor e alguns escravos, os organizadores da Irmandade”.

A imagem de São Benedito, adquirida por estes “irmãos”, permaneceu na Igreja do Rosário por não ter esse agrupamento católico ainda iniciado a construção da capela. Houve um desentendimento entre as irmandades do Rosário e de São Benedito, provocando a transferência da imagem deste último para a Matriz, a Catedral de Maceió. Ficou por lá até 1876.

A capela, que começou a ser construída em 1885 na Rua Barão de Maceió, antiga Rua do Alecrim (a partir de 1930 o trecho entre a Praça Deodoro e a Rua Melo Moraes passou a ser a Rua Barão de Alagoas), recebeu a cumieira em 24 de abril de 1887. A peça foi fabricada em frente ao templo, na Praça Tavares Bastos, que anos depois ficou mais conhecida como Praça São Benedito, por causa da Igreja.

A cerimônia que marcou o início da instalação do telhado da capela foi celebrada pelo vigário Domingos Leopoldo da Costa Espinosa, cônego Antonio Procópio da Costa e padres João Nepomuceno Valladares e Manoel Antonio da Silva Lessa.

O evento, que contou com as bandas dos Artistas e da Força Policial, foi festejado também com foguetes e girândolas. No encerramento, às 19h, os convidados se serviram de um modesto lanche. A capela somente foi inaugurada em 1892.

Há registros apontando o padre Domingos Leopoldo da Costa Espinosa como quem ordenou a construção do templo. Era então o vigário colado da Freguesia de Maceió e homem de larga experiência política, tendo sido eleito deputado provincial em Pernambuco, mesmo morando em Maceió. Foi também presidente do Conselho Municipal, a antiga Câmara dos Vereadores da nossa capital. Faleceu em Maceió no dia 3 de março de 1896.

Em 23 de dezembro de 1897, o Gutenberg divulgou a relação dos locais onde haveriam as missas de Natal no dia seguinte. Um deles era a “capella de São Benedicto”. Dois anos depois (julho de 1899), continuava como a “capella do Glorioso São Benedicto”.

No dia 7 de julho de 1905, pela primeira vez se encontrou, nessa pesquisa, o templo tratado como igreja e não mais capela. Foi em um aviso fúnebre de militares falecidos numa expedição ao Alto Purus, no Amazonas. Estranhamente, em 15 de setembro de 1908 e em 28 de fevereiro de 1909, o mesmo jornal voltou a citá-lo como capela.

Não se sabe se a capela foi ampliada e assim qualificada como igreja ou se houve a sua demolição para a construções de um novo edifício. Mas sabe-se que pelo jornal Gutenberg de 22 de setembro de 1909, que naquela data ainda estava em obras. Uma nota publicada neste periódico informava que havia uma “comissão encarregada de agenciar donativos para a conclusão do sagrado Templo Glorioso S. Benedicto…”. Quem recebia as contribuições era o “irmão tesoureiro Antonio Lopes Barbosa, residente à rua 1º de Março, nº 117 (atual Av. Moreira Lima).

A comissão era formada por José Soares de Mello, Antonio Lopes Barbosa, José Vieira Lima, Horácio Augusto Guerra Jucá, Norberto Ferreira da Silva Braga, Júlio Lopes Ferreira Pinto, Bernardo Pereira do Carmo, Firmo da Cunha Lopes, Justino Antonio de Figueiredo, Olympio Fausto Menezes da Silva, Ernesto Ferreira Chaves, Felisbello Maranhão, Rodolpho Aguiar e Joaquim Pinto de Moraes.

Essa mesma campanha ainda aparecia no Gutenberg de 10 de outubro de 1909. A comissão continuava a arrecadar recursos para “as obras da igreja do miraculoso São Benedicto, nesta cidade”.