O histórico 1º Congresso Médico de Alagoas

Mesa diretora dos trabalhos de abertura do Congresso. Foto da Revista da Semana de 22 de julho de 1933

Dr. José Carneiro de Albuquerque, presidiu o 1º Congresso Médico de Alagoas

A proposta de se realizar um Congresso Médico em Alagoas surgiu em reunião da Sociedade de Medicina de Alagoas no dia 21 de fevereiro de 1933.

Era uma iniciativa ousada, considerando que Alagoas ainda não tinha sequer sua Faculdade de Medicina, que seria fundada somente em 3 de maio de 1950.

O objetivo do encontro ficou claro quando uma circular da Sociedade de Medicina de Alagoas foi distribuída entre os médicos que atuavam em Alagoas naquele ano. A nota justificava que o Congresso trataria dos principais problemas médicos e sanitários do Estado.

A diretoria da instituição promotora era então composta por: dr. Abelardo Duarte, Presidente; dr. José Carnaúba, 1º Secretário; e dr. Aristóteles Calazans Simões, 2º Secretário.

Contando com o apoio do interventor federal, capitão Afonso de Carvalho, a Sociedade de Medicina planejou realizar o evento médico no mais breve espaço de tempo possível.

A primeira data para o Congresso foi definida para a semana de 24 a 29 de abril de 1933. Problemas políticos vividos no país levaram os organizadores a adiarem o Congresso para a semana de 5 a 10 de junho de 1933.

A Comissão Executiva do Congresso era presidida pelo dr. José Carneiro de Albuquerque e contava também com: dr. Manoel Brandão, Vice-Presidente; e dr. Abelardo Duarte, Secretário Geral.

Ainda com os secretários, dra. Lili Lages, dr. A. C. Simões e dr. Théo Brandão. O orador oficial foi o dr. Sebastião da Hora. Dr. Edgar Taveiros foi o tesoureiro e os drs. Reinaldo Gama, Neves Pinto e Rocha Filho compuseram a Comissão de Publicidade.

O Congresso

Acadêmicos de Medicina de Pernambuco, participantes do 1º Congresso Médico de Alagoas, visitam o Orfanato São Domingos. Foto da Revista Vida Doméstica

Além dos médicos acima citados, participaram do evento os seguintes profissionais: José Soares Vasconcelos, Manoel Guimarães, Oscar Gordilho, Aurélio Brandão, Sinai Tavares, Hebreliano Wanderley, Luiz Tavares, Carlos Martins, Rômulo Almeida, Machado Pontes de Miranda, Raimundo Costa, José Maria de Melo, Clemente Magalhães, Mariano Teixeira, Jacques Azevedo, Odilon Mascarenhas, Lages Filho, João Carlos, Vivaldo Pontes, Melo Mota, Durval Cortez, Djalma Loureiro, Lessa de Azevedo, Pedro Fausto, Júlio Gonçalves Plech, Audálio Costa, Emanoel Sampaio Costa, Pedro Rocha, Manoel Ramos de Araújo Pereira, Manoel Oiticica e José Pontes Bahia.

Como não se tinha universitários de Medicina em Alagoas, o dr. Ezequias da Rocha, diretor de Saúde Pública de Alagoas, convidou uma delegação de acadêmicos pernambucanos, matriculados na Faculdade de Medicina do estado vizinho.

A delegação, que viajou para Maceió de trem, era composta por: Ferreira dos Santos, Gilberto Costa Carvalho, Luís Inácio, Breno Cunha, Murilo Gonçalves, Togo Falcão, Reginaldo Peixoto, Paulo Campos e Fernando Livramento.

A abertura do Congresso aconteceu no dia 5 de junho às 20 horas, no salão nobre do Instituto Histórico de Alagoas.

A mesa diretora dos trabalhos foi presidida pelo interventor Afonso de Camargo e executivamente pelo dr. Ezequias da Rocha.

Também compuseram esta mesa as seguintes personalidades: dr. Orlando Araújo, prefeito da capital; cônego Fernando Lira, secretário do Arcebispado; dr. José Maria Correia das Neves, titular interino da Secretaria Geral; dr. José Carneiro, presidente da Comissão Executiva do Congresso; dr. Sebastião da Hora, orador oficial; e dr. Abelardo Duarte, secretário geral.

O dr. Abelardo Duarte foi quem discursou em nome da Sociedade de Medicina de Alagoas.

As teses apresentadas durante o Congresso foram os seguintes: Da filariose; Etiologia da linfagite endêmica; Da mortalidade infantil, suas causas e meios de combatê-la; Higiene Industrial; Da tuberculose; Organização sanitária municipal; Da esquistossomose; Profilaxia das endemias morais; Das febres tifoide e paratifoide; Abastecimento d’água e leite em Maceió; Do tracoma; e Das disenterias.

No dia 7, na seção preliminar do Congresso, foram discutidas as teses dos drs. Lages Filho e Melo Mota, respectivamente Medicina Popular de Alagoas e Abastecimento de água da cidade e do interior e Profilaxia Rural.

Dr. Ezequias da Rocha era o Diretor de Saúde Pública de Alagoas em 1933, durante a realização do 1º Congresso Médico de Alagoas

No dia 8 foram debatidos os seguintes trabalhos: Mortalidade Infantil, apresentado pelo dr. Abelardo Duarte; Honorários Médicos, pelo dr. Melo Mota; Da provável ação profilática do estanho no sarampo, pelo dr. Ezequias da Rocha; e Importação verminótica em São Luiz do Quitunde, pelo dr. José Baía.

No último dia, sábado, 10, o dr. José Maria apresentou trabalho sobre a Verminose em Viçosa. Às 12 horas houve um almoço onde usaram da palavra os drs. Sebastião da Hora, Ezequias da Rocha e um universitário pernambucano.

À noite, o último trabalho apresentado foi Afecções Parasitosas, pela dra. Lili Lages.

O evento foi tão importante para os alagoanos e para o interventor Afonso de Camargo, que o Diário de Maceió imprimiu uma edição extraordinária, no domingo, 11 de junho de 1933. Justificou a tiragem extra como uma homenagem ao 1º Congresso Médico de Alagoas.

O Congresso Médico de Alagoas somente voltou a se reunir, em sua segunda edição, em 1966, de 26 a 30 de outubro. Nesse mesmo período foi realizado em Maceió o 7º Congresso Médico do Nordeste, 5º Congresso Nordestino de Ginecologia e Obstetrícia e a 1ª Jornada Pediátrica de Alagoas. Todos realizados pela Sociedade de Medicina de Alagoas, em parceria com a Faculdade de Medicina de Alagoas.

5 Comments on O histórico 1º Congresso Médico de Alagoas

  1. Maria Cecília Pontes Carnauba // 1 de junho de 2020 em 22:18 //

    Muitíssimo grata por estas informações!

  2. Nilza Martins // 2 de junho de 2020 em 17:41 //

    Obrigada muito bom conhecer a historia de nossa medicina

  3. Eduardo Gaia Maia // 2 de junho de 2020 em 18:23 //

    A história da medicina e seus grandes lustres, sempre deverão serem reverenciadas e relembradas, para as novas gerações!!

  4. Jorge Barros // 3 de junho de 2020 em 20:28 //

    Orgulho de saber que meu avô, apesar da pouca idade na época, foi escolhido para ser o orador oficial do congresso.

  5. Alagoas sempre se apresentou inovando assuntos importantes. Sempre tivemos cérebros privilegiados.

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