Mar Vermelho, a Suíça Alagoana

Em seu livro Mar Vermelho, a história da Suíça alagoana, a professora Nailza da Silva Barros apresenta três versões sobre quem foram os primeiros habitantes do lugar que deu origem ao atual município de Mar Vermelho.

Como até o final do século XIX Mar Vermelho foi distrito de Anadia, que nasceu da aldeia indígena Campos de Arrozal de Inhauns, estes primeiros moradores teriam sido os índios.

Igreja Matriz de N. S. da Conceição em Mar Vermelho

A outra possibilidade é a de que os pioneiros marvermelhenses tenham vindo de Viçosa, área próxima distante somente 24 quilômetros e que recebeu índios expulsos por Mathias de Albuquerque; quilombolas oriundos dos Palmares; portugueses perseguidos após a independência; e outros grupos atraídos pelas riquezas naturais do Rio Paraíba em Viçosa, se fixaram nas suas margens, e depois, por terem entrado em conflito, alguns deles migraram para Mar Vermelho.

A terceira versão, mais aceita pelos habitantes, indica que a sua colonização se deu a partir de um cidadão de origem portuguesa, um certo Capitão Coutinho. Segundo a professora Nailza, essa possibilidade despreza os primeiros habitantes, considerando que esse viajante chegou à região somente por volta de 1800, onde construiu uma casa, iniciou a criação de gado e o cultivo da terra.

O nome Mar Vermelho teve origem nas flores vermelhas dos Gravatás que circundavam a lagoa local, deixando a sua superfície com essa cor. É provável que a Lagoa Vermelha tenha se transformado em Mar Vermelho devido às informações bíblicas sobre o famoso golfo do Oceano Índico.

Tomaz Espíndola, em seu livro Geografia Alagoana, de 1871, descreve Mar Vermelho (ou Mar-vermelho) como um pequeno povoado situado entre “Anadia e Riacho do Meio, 3 léguas ao sul”, “com 20 e tantas casas e uma capelinha”. Dois anos depois, o Almanak da Província das Alagoas registrou Mar Vermelho com 25 casas, 100 habitantes e uma igrejinha.

Esse primeiro núcleo habitacional teria se formado a partir da residência da família Coutinho, que se estabeleceu nas proximidades da antiga lagoa, onde atualmente está a imagem do Cristo Redentor. Neste local também foi erguida a capela que viria dar lugar à Igreja Matriz.

Em 1893, devido ao seu crescimento expressivo, o povoado foi elevado a distrito, com a denominação de Mar Vermelho, pela lei municipal nº 1, de 5 de outubro de 1893, mantendo-se subordinado ao município de Anadia.

Monumento do Cristo Redentor e Escola Estadual Professor Silvério Lins em Mar Vermelho

Os Coutinhos permaneceram proprietários desta área por aproximadamente um século, depois a venderam para o alferes Cazuza, que as repassou em 1900 para o major Joaquim Canuto de Albuquerque Maranhão.

Foi adquirida pelo capitão Jerônimo Vaz Tenório Lins em 1908. Sua esposa era de Viçosa. Se estabeleceram na Fazenda Cabotã em 1910, onde construíram uma casa que na época se destacava.

Um dos poucos registros desta época está no Diário de Pernambuco de 11 de setembro de 1916. Uma pequena nota do correspondente em Alagoas informa que no dia 6 daquele mês casaram-se na fazenda São Jerônimo, propriedade de Jerônimo Vaz Tenório, sua sobrinha Isaura Tenório e o professor Orlando Tertuliano de Almeida Lins.

Foi o capitão Vaz quem construiu em 1925 um engenho de açúcar em Mar Vermelho. Seus herdeiros, principalmente Neto Lins, mantiveram a propriedade até 1960, quando foi dividida e vendida.

A primeira religião a se instalar em Mar Vermelho foi a católica. Seu primeiro templo foi uma capela que existiu localizada atrás de onde hoje está construída a Igreja Matriz. Tinha a invocação de Santo Antônio e deu origem a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição.

Em 1910, após um longo período de chuvas, houve desmoronamento de parte das encostas das serras e da capela. Uma nova matriz só foi construída em 1922.

Havia ainda, em 1855, a Igreja do Riacho Seco, também sob a invocação de Santo Antônio. Atualmente pertence a Paulo Jacinto.

A Igreja da Uruba foi construída em 1877, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição. Existiram ainda a Igreja da Picada (Capela da Ladeira da Picada), Igreja da Pedra Branca (invocação de São Sebastião) e a Igreja do Cafundó (hoje em Paulo Jacinto).

Outro símbolo importante da fé católica é a estátua do Cristo Redentor, que foi erguida em 1945 por iniciativa de D. Isaura Lins, mãe de Neto Lins.

Desenvolvimento

O primeiro ciclo econômico do lugar foi o da cana-de-açúcar, estimando-se que em meados do século XIX era esta atividade que movimentava toda aquela região de Alagoas.

A pesquisa da professora Nailza relaciona os engenhos que existiram em Mar Vermelho.

Engenho do Luiz do Carrapato, localizado nas terras que hoje pertencem aos herdeiros de saudoso Antônio Vicente, um grande fazendeiro de Tanque d’Arca. Antônio Vicente ficou conhecido por sua bondade para com todos. As terras que lhe pertenceram são, desde os anos 70, contestadas por Tanque d’Arca, que reclama jurisdição sobre elas;

Rua Coronel Álvaro Almeida em Mar Vermelho

Engenho do Vicente Pininga, do qual ainda existem ruínas (estrutura da fornalha, por exemplo) no Sítio Picada, a 200 metros da estrada que liga Mar Vermelho a Tanque d’Arca. Esse engenho que foi vendido a Geraldo Ataíde;

Engenho N. Sra. de Fátima ou Engenho do Clóvis Falcão, também localizado no Sítio Picada, a mais ou menos 200 metros da casa de Vicente Alves Feitosa, um dos maiores proprietários do município;

Engenho do Geraldo Ataíde. Localizou-se, nos anos 30, próximo da Casa Grande do Sítio Ferreiros (ainda pertencente ao Geraldo Ataíde). Desse engenho não existem sequer ruínas. Os moradores do sítio, porém, sabem o exato local em que o engenho existia;

Engenho do Olho d’Água, do Rômulo Soares. O local em que o engenho ficava é, hoje, uma grande área de plantio de capim;

Engenho do Pau Amarelo, também de Rômulo Soares. Não há mais resquícios desse engenho. Hoje é, também, área de plantio de capim;

Engenho do Bom Sossego, pertence a Pedro Jatobá. As terras em que esse engenho se localiza hoje pertencem ao município de Mar Vermelho. Também não há resquícios do engenho. No lugar dele, capim;

Engenho dos Ferreiros, próximo ao local onde hoje é a Lagoa do Jorge Cardoso, no Sítio Ferreiros. Não há mais resquícios desse engenho”.

Nailza informa ainda que somente existiam dois engenhos a vapor no município: “o Engenho Velho (ou do Neto Lins, construído pelo capitão Vaz em 1925. Localizou-se a cerca de 500 metros do início do núcleo urbano de Mar Vermelho. Suas últimas paredes e colunas foram demolidas em 1998. E o outro engenho a vapor foi o Engenho dos Ferreiros”.

Estes engenhos funcionaram por mais de dez anos produzindo mel, rapadura e aguardente. O Engenho Velho e o dos Ferreiros produziam também açúcar.

Esse ciclo teve fim, segundo a avaliação da professora Nailza, após a Constituição de 1934, quando ocorreu o encarecimento do custo da mão-de-obra. “Como os senhores de engenho não estavam preparados para enfrentar as mudanças da legislação — uns por dificuldades financeiras, outros por conta da diminuição da margem de lucro —, começaram a priorizar outras culturas (café, milho e a criação de gado)”.

“O cultivo da cana para abastecer os engenhos sobreviveu até o início dos anos 60, quando o último engenho fechou suas portas. Hoje, a cana é plantada para alimentar gado”, explicou Nailza.

O Almanak da Província das Alagoas de 1891 cita que o fumo de corda produzido em Tanque D’Arca e Mar Vermelho era de boa qualidade, indicando que esta pode ter sido também uma das atividades econômicas daqueles distritos.

Outro grande ciclo, o do algodão, teve início nos primeiros anos do século XX e se estendeu até meados dos anos 70. Os principais produtores e proprietários de descaroçadores deste produto foram:

Major Joaquim Canuto de Albuquerque Maranhão, o primeiro na região a instalar um descaroçador, que se localizava onde hoje é a Rua do Comércio, por volta de 1900, num prédio onde depois funcionou o Clube Recreativo 25 de Março. O descaroçador foi vendido ao capitão Jerônimo Tenório Vaz. Em 1930, com o descaroçador já sem funcionar, o capitão, com o motor do descaroçador, introduziu a energia elétrica (ainda de alcance restrito) em Mar Vermelho;

Major Álvaro Almeida, que tinha um descaroçador localizado na Vila Almeida, nas proximidades da atual casa de seu neto Álvaro Almeida;

Rua Major Canuto em Mar Vermelho

José Clementino, cujo descaroçador localizava-se na atual Rua do Comércio, na casa que hoje pertence ao funcionário público Marcelo Lins;

João Pedro Jatobá, com um descaroçador no Sítio Bom Sossego”.

Não foi possível localizar onde se estabeleciam os descaroçadores de Alfredo Soares, capitão Siqueira e Pedro Claudino.

A cana-de-açúcar e algodão tinham quase a mesma importância econômica para Mar Vermelho até a década de 30. Com a desmobilização dos engenhos de cana, foi o algodão que passou a ser o produto mais importante, assim permanecendo até os anos 60.

O grande ciclo da pecuária teve início, como em toda Alagoas, com a criação de gado bovino, utilizado na alimentação, no transporte e movendo moinhos. Essa atividade auxiliar existiu em Mar Vermelho desde os primórdios do município até meados do século XX, quando a criação de gado passou a ser atividade fim.

O crescimento foi rápido e três décadas depois já era a principal atividade econômica. A pecuária local também se estendeu para a criação de equinos, caprinos, suínos, ovinos, asininos (burros) e muares (mulas).

Essa alteração da agricultura para a pecuária trouxe dividendos maiores para os produtores, mas provocou problemas econômicos e sociais para a região.

Em 1982, Ernesto Jatobá, então prefeito de Mar Vermelho, identificou esse fenômeno para os jornais: “Com a abundância das pastagens nos campos de Mar Vermelho, a população foi ficando sem condições de trabalho, e, gerou um verdadeiro êxodo rural, onde todos procuravam novas alternativas, demandando para outras cidades, que desse condições de emprego. (sic)”.

Comércio

Vista parcial de Mar Vermelho

Antes da instalação da feira de Mar Vermelho, em 1910, havia no povoado alguns pequenos comerciantes, além da presença dos mascates vindos dos polos comerciais mais desenvolvidos.

Neste comércio inicial o dinheiro convivia com o escambo. “Trocava-se, por exemplo, farinha por panelas. Uma outra forma de negociar era adquirir produtos pagando com trabalho. Era possível, pois, conseguir alimentos e pagar com a construção de uma cerca, por exemplo”, esclarece a professora Nailza.

São raros os registros sobre as atividades comerciais ali realizadas, mas os coronéis José Delfino Barbosa e Agripino Barbosa eram citados nos jornais de 1917 como comerciantes de Mar Vermelho.

Um dos fatores que levou a instalação da feira em Mar Vermelho, além do crescimento da atividade comercial e industrial, foi a opção que fizeram três prefeitos de Anadia (Álvaro Almeida, Teodorico e Jerônimo Vaz) em estabelecer residências naquela povoação.

A feira permaneceu como uma das maiores da região e somente entrou em declínio nos anos 40 devido ao êxodo rural. Outro fator que influiu no comércio local foi a construção da estrada de ferro, facilitando a aquisição de mercadorias na capital.

Em 1947, a feira livre da vila deixou de funcionar. Como consequência, os estabelecimentos comerciais fixos também foram encerrando suas atividades. Poucos sobreviveram à derrocada desse período. A feira foi reativada somente em 1986.

Educação

A informação mais antiga sobre a educação na vila de Mar Vermelho é de 25 de maio de 1896, com a implantação da Lei nº 35, que criou 24 cadeiras mistas de instrução primária em diversos municípios alagoanos. Uma dessas cadeiras foi para Mar Vermelho em Anadia (Gutenberg de 2 de junho de 1896). Esta pode ter sido a primeira atividade educacional estatal naquele distrito.

No início do século XX há registros dos seguintes professores em Mar Vermelho: Orlando Lins, Silvério Lins, Thomaz Jatobá, Zeca Roque, Evaristo e Flor Barros. Entre 1920 e 1940, no Sítio Barriguda lecionaram Pastora, Pureza, Zé Mendes e Terezinha Guimarães. Expedita era do Sítio Durão.

Em 1938, o prefeito de Anadia criou uma escola na vila e entregou-a à professora Cacilda Barbosa Ataíde. Duas unidades de ensino em pequenos galpões surgiram nos anos 50. Uma delas, na área urbana, veio a ser o Grupo Escolar Silvério Lins. A outra, no sítio Barriguda, tornou-se a Escola Padre Antônio Vieira. Sua primeira professora foi Luzinete Ferreira, que foi substituída em 1951 por sua irmã Vitória Ferreira Nascimento. Esta última professora, lá permaneceu até 1977.

Os quatro primeiros Grupos Escolares da rede estadual de ensino foram criados em 1966. Um deles no centro da cidade e os outros nos sítios Ferreiros, Barriguda e Ladeira Grande. A Prefeitura mantinha 20 escolas municipais, uma na cidade e as outras nos sítios.

Em Mar Vermelho funcionava ainda a Escola de Música Vila Lobos e a Biblioteca Guimarães Passos.

Saúde

Igreja Matriz de N. S. da Conceição

Os serviços médicos e de atendimento à saúde demoraram a chegar a Mar Vermelho, somente se efetivando no início dos anos 60.

Durante décadas, uma mulher que precisasse de ajuda para o parto, procurava os parteiros e parteiras. Alguns deles ainda são lembrados pelos mais velhos: Tintino (fazia microcirurgias), Quixabeira, Romana, Gardina, Maria Palmeira, Luzia, Chica Francilino, Balbina, Josefa do Cágado e Bebê.

Quem não quisesse os serviços dos farmacêuticos José Delfino ou Habidon Torres, podia procurar Amâncio Timóteo (Pedra Branca), João Sertão (Goiabeira) ou Alcides Tributino (Lameiro), todos Curandeiros de Cobras.

A partir de 1963, profissionais médicos de Palmeira dos Índios, Viçosa, Arapiraca, Taquarana e de outros municípios, passaram a atender uma vez por semana em Mar Vermelho. Somente anos depois foi que se instalou o primeiro posto de saúde.

Outros serviços, como água encanada, também somente foram oferecidos a partir de 1968 e toda a população passou a se servir dele em 1985.

A energia elétrica começou a existir em 1930, mesmo assim para poucas casas e alguns postes de iluminação pública. Era gerada por um motor à vapor de propriedade do capitão Vaz. O motor a óleo diesel chegou em 1946. A CEAL chegou por lá também em 1968, no mesmo dia que se instalou a Casal.

Primeiras obras

Em 1926, o governador Costa Rego informou em seu relatório à Assembleia Legislativa que Mar Vermelho havia recebido calçamento em 300 metros da Ladeira da Areia, construído um pequeno açougue, além de outras pequenas obras.

No ano seguinte teve início a construção de uma estrada interligando a sede de Anadia a Mar Vermelho e Tanque d’Arca, e outra entre Mar Vermelho e o Engenho Gereba em Viçosa. “Foi extinta a lagoa que existia na rua da Areia, em Mar Vermelho”, anunciou o governante.

A construção a estrada entre Mar Vermelho e o povoado de Lourenço teve início em 1928.

Emancipação Política

No final da década de 50, o distrito de Mar Vermelho tinha 121 prédios e 444 habitantes, segundo o IBGE.

Era ainda um pequeno aglomerado que tinha perdido boa parte da sua atividade comercial quando o setor agrícola, a partir de 1947, cedeu espaço para a pecuária, gerando desemprego e reduzindo drasticamente o volume de negócios ao ponto de deixar de existir a tradicional feira livre da cidade.

Lagoa Vermelha, que deu origem a denominação de Mar Vermelho

Era esse o quadro do distrito de Mar Vermelho, pertencente ao município de Anadia, no início dos anos 60.

Para enfrentar essa situação adversa e retomar o desenvolvimento econômico da região, as lideranças políticas das famílias Lins e Almeida entraram em entendimento e deixaram de lado velhas rixas que tiveram início nos anos 40.

O Lins e Almeidas eram ramos da mesma família e se desentenderam quando Edson Lins candidatou-se a deputado estadual disputando os mesmos eleitores que seu primo, o já deputado Hermann de Almeida, que se sentiu traído.

Com o objetivo de emancipar Mar Vermelho de Anadia, os dois grupos políticos fizeram uma pausa nos embates para aproveitarem a onda de criação de municípios que acontecia naquele período histórico alagoano

Nilza da Silva Barros esclarece que após a emancipação, as famílias voltaram a se digladiar até 1996, quando o então prefeito Hermann Filho promoveu a reconciliação entre os grupos. “É importante ressaltar que, ao contrário do que acontecia (e ainda acontece) entre muitas famílias rivais no Nordeste – brigas corpo a corpo, emboscadas, assassinatos etc. -, as famílias Lins e Almeida sempre conseguiram manter a rivalidade apenas no campo político”, explica a professora em seu livro.

O autor do projeto de Lei que emancipou Mar Vermelho foi o deputado Edson Lins, iniciativa que contou com o apoio do seu irmão, Jerônimo Neto Tenório Lins, e do deputado Hermann de Almeida (primo de Edson).

O projeto foi aprovado e transformado na Lei nº 2.431 em 3 de fevereiro de 1962, após receber a sanção do governador Luiz Cavalcante. A instalação se deu em 25 de março daquele mesmo ano, quando o primeiro prefeito nomeado, Ernesto Ferro Jatobá, tomou posse.

O jornal Gazeta de Alagoas noticiou o evento informando que estiveram presentes o governador Luiz Cavalcante, Theobaldo Barbosa, jornalista José Rebelo, o universitário Jaime Terêncio e outras personalidades.

A solenidade de instalação do município teve início com uma missa celebrada pelo pároco José Monteiro, na Matriz de Nossa Senhora da Conceição, às 10 h.

Entre vários momentos de discursos, ocorreu a inauguração da reforma da estátua do Cristo Redentor e a entrega da estrada que liga Mar Vermelho a Viçosa.

Segundo a professora Nilza, “a emancipação política de Mar Vermelho foi um fato de ordem apenas política. Economicamente, a nova cidade não conseguiu crescer até o início dos anos 80”.

Ela explica que “ainda havia, no início dos anos 60, uma concentração de grandes faixas de terras nas mãos de poucas famílias. A agricultura se restringia a plantações de milho, feijão, banana, algodão e a outras culturas de subsistência, só que em escala muito menor do que havia por volta dos anos 30, quando a agricultura era a principal atividade econômica”.

Identifica ainda que “o processo de emancipação coincide com o fechamento (no início dos anos 60) dos últimos grandes engenhos e descaroçadores. Além disso, dois anos após a emancipação, o país passa a viver sob a ditadura do regime militar, que tirara dos prefeitos e governadores a autonomia para governar. Todas as ações dos prefeitos tinham que passar pelo crivo de um representante do governo militar”.

Na primeira eleição para a escolha do prefeito do município saiu-se vencedor Jerônimo Neto Tenório Lins (Neto Lins). Derrotou seu primo Albapeva d’Almeida Lins por apenas 29 votos. Jerônimo e seu vice, Geraldo de Mendonça Ataíde, tomaram posse em 31 de dezembro de 1962.

Neto Lins permaneceu no cargo até 31 de janeiro de 1969. Foi substituído por Geraldo de Mendonça Ataíde, que tinha sido eleito tendo como vice-prefeito o vereador Cláudio Jorge Barbosa de Melo.

Em 1º de fevereiro de 1973, Neto Lins voltou a ser eleito, desta feita tendo como companheiro de chapa Roldão Sampaio de Souza. Ao final deste mandato, Neto Lins encerou sua carreira política, fechando o ciclo inicial dos primeiros administradores de Mar Vermelho.

Com uma população estimada em 3.500 pessoas (2019), Mar Vermelho se notabiliza atualmente por seu clima frio e seco, o que lhe rendeu a denominação de Suíça Alagoana. Sua temperatura mais baixa, de 10ºC, foi registrada em 10 de julho de 2010.

Formação Administrativa

Distrito criado com a denominação de Mar Vermelho, pela lei municipal nº 1, de 5 de outubro de 1893, subordinado ao município de Anadia.

Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o distrito de Mar Vermelho, figura no município de Anadia.

Elevado à categoria de município com a denominação de Mar Vermelho, pela lei nº 2431, de 3 de fevereiro de 1962, desmembrado de Anadia. Constituído do distrito sede. Instalado em 25 de março de 1962.

Em divisão territorial datada de 31 de dezembro de 1963, o município é constituído do distrito sede.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.

Fontes: Mar Vermelho, A História da Suiça Alagoana, de Nailza da Silva Barros, Ecos Gráfica e Editora, outubro de 2000, Maceió; IBGE e diversos jornais.

3 Comments on Mar Vermelho, a Suíça Alagoana

  1. Tudo começa com os “coronéis” de pé de pau… Tudo na base da espingarda para tomar as terras dos vizinhos… E sempre tem as igrejinhas, porque todo mundo é religioso ou religiosa na hora de assaltar o próximo ou a próxima vítima… Conheço todo isso de longa data. – Afinal, tenho muitos parente em Mar Vermelho etc,, etc. – Por exemplo: um filho de Manoel Afonso de Sousa (Né Afonso) foi prefeito de Mar Vermelho… E por aí vai. – ¡Hasta la vista!

  2. Sebastiao amaro da Silva // 24 de março de 2021 em 13:33 //

    Boa tarde, conheço também o município pois minha família ,(AMARO)se estabeleceu na região e permanece até hoje,quero lhe dizer Sr José Costa que esse tal filho do saudoso (NÉ AFONSO OU SEJA SrNelivan Vasconcelos) não foi prefeito de Mar-Vermelho ,e sim da cidade vizinha (PAULO JACINTO abrs.

  3. Tive a honra de conhecer Mar Vermelho, graças a Sra. mãe de nosso Amigo da Estrada, Alexandro, Da. Maria, a eles nosso eterno agradecimento.

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