Major Izidoro, a antiga Sertãozinho

Hospital Regional de Major Izidoro

Em 1871, Sant’Anna da Ribeira do Panema era uma povoação de Traipu e sede da freguesia do mesmo nome. Riacho do Sertão era outro povoado de Traipu, então com 61 casas, cujo riacho também foi conhecido como Sertão ou Sertão de Baixo. Thomaz Espíndola, em sua Geografia Alagoana, na 2ª edição publicada naquele ano, ao localizar o povoado Riacho do Sertão, informa que ficava a uma légua “do pequeno povoado Sertãozinho”. Numa linha reta, em medição atual, essa distância é de apenas 2 km.

Sertãozinho surgiu a partir de uma fazenda, ali instalada em 7 de setembro de 1857, por ser um lugar próximo ao povoado Riacho do Sertão. Seu proprietário era Antônio Gerônimo da Rocha, que tinha deixado para trás a Volta dos Dois Riachos, nas proximidades da povoação de Sant’Anna da Ribeira do Panema, atual município de Dois Riachos.

Igreja Matriz de Santo Antônio de Pádua em Major Izidoro

Quando Antônio Jerônimo da Rocha se instalou em Sertãozinho, já era o patriarca de uma grande família, construída do seu casamento com Maria Rosa da Conceição. Tiveram pelo menos 11 filhos:

  1. Manoel Jerônimo da Rocha. Casou-se com Clara da Rocha;
  2. José Jerônimo da Rocha. Casou-se com Josefa da Rocha;
  3. João Jerônimo da Rocha. Casou-se com Guilhermina e depois com Maria;
  4. Antônio Jerônimo da Rocha da Filho. asou com Maria José Roberto;
  5. Capitão Joaquim Jerônimo da Rocha. Casou-se com Luzia Alexandre Soares;
  6. Major Izidoro Jerônimo da Rocha. Casou-se com Paulina Liberalina da Rocha;
  7. Neném Jerônimo da Rocha. Casou-se com José Máximo Bilau;
  8. Rita Jerônimo da Rocha. Casou-se com Antônio Henrique e depois com Félix;
  9. Angélica Jerônimo da Rocha. Casou-se com Anacleto;
  10. Theodio Jerônimo da Rocha. Casou-se com Magnólia Carneiro de Mendonça em 24 de outubro de 1927; e
  11. Simplícia Jerônimo da Rocha. Casou-se com Antônio Alexandre Soares.

Major Izidoro

Major Izidoro Jerônimo da Rocha, o filho que emprestou seu nome ao povoado que surgiu da Fazenda Sertãozinho, nasceu em 2 de setembro de 1852 e faleceu em 16 de dezembro de 1936.

Major Izidoro Jerônimo da Rocha

Seu primeiro casamento foi com Paulina Liberalina da Rocha, que faleceu em 15 de maio de 1897. Ainda em 1897, casou-se com Maria Umbelina Souto, com quem trouxe ao mundo os seguintes filhos:

  1. Senador e médico Ezechias Jerônimo da Rocha, que nasceu em 1898. Casou-se com Maria Anunciada Botelho Marques em 25 de março de 1925.
  2. Advogado Melquíades Souto da Rocha. Casou-se com Odethe Belar da Rocha.
  3. Fazendeiro Durval Jerônimo da Rocha. Nasceu em 1904. Casou-se com Neide de Azevedo Cunha.
  4. Walfrido Jerônimo da Rocha. Foi Chefe Político. Casou-se com Isabel da Rocha e depois com Estelita Tavares.
  5. Osvaldo Souto da Rocha. Casou-se, em 17 de novembro de 1938, com Josefa (Nenzinha) Araújo Moura, da família Fidélis Moura.
  6. Antônio Souto da Rocha. Solteiro.
  7. Professora Maria José Souto da Rocha. Casou-se com Valfrido Barros.
  8. Médica Juditte Souto da Rocha. Nasceu em Sertãozinho em 1914. Casou-se, em 24 de junho de 1939, com o mineiro João Teles. Estudou Medicina em Recife.
  9. Celeste Souto da Rocha. Nasceu em Sertãozinho em 1901 e faleceu em agosto de 1904, com três anos e três meses de vida.

Maria Umbelina Souto faleceu em 15 de dezembro de 1918 e o Major Izidoro voltou a casar, desta feita com Luísa Vieira da Rocha. A união ocorreu em 6 de outubro de 1919. Luísa Vieira era sobrinha de João Peixoto, prefeito de Bom Conselho em Pernambuco. Não foi possível encontrar informações sobre a geração de filhos desta relação.

Praça Leopoldo Amaral em Major Izidoro

Emancipação

O desenvolvimento da povoação foi lento, mas em 1891, já tinha uma subdelegacia. O cargo era exercido Joaquim Jerônimo da Rocha, um dos tios de Izidoro, que também explorava o comércio de tecidos, secos e molhados. Outra loja oferecia essas mesmas mercadorias. Pertencia ao próprio Izidoro. Joaquim Jerônimo da Rocha também era o proprietário da máquina de descaroçar algodão, o principal produto do lugar.

Em 1894, a Escola Mista de Sertãozinho tinha como professora D. Emília de Oliveira Montenegro. O Inspetor Escolar era Izidoro Jerônimo da Rocha.

Ainda em 1894, a quantidade de lojas de tecidos, secos e molhados tinham sido ampliadas. Além de Izidoro e de Joaquim Jeronimo da Rocha, José Antônio de França e Philadelpho X. Montenegro também passaram a comercializar em Sertãozinho.

Os negócios de Izidoro se expandiram até Penedo. Sabe-se disso pelo jornal penedense O Trabalho, de 18 de janeiro de 1896. Uma nota nele publicada declara o seguinte: “O Major Izidoro Jeronimo, residente no Sertãozinho, município de Santa’Anna do Ipanema, declara ao público que desde o mês de junho do ano passado concluiu seus negócios nesta cidade, sem que ficasse até hoje devendo a pessoa alguma, nesta ou noutra praça. Penedo, 17 de janeiro de 1896Izidoro Jeronymo da Rocha”.

Nesse período, o fato que mais expôs a importância que o povoado já desempenhava foi a sua elevação a distrito judiciário, com a aprovação da Lei Estadual nº 329, de 5 de junho de 1902.

Uma década depois, aconteceram outros reconhecimentos, um deles levou à criação da Paróquia, em 6 de março de 1913, sob a invocação de Santo Antônio de Pádua e o outro à conclusão da estrada entre Santana do Ipanema e Sertãozinho, em 22 de outubro de 1914.

Em 1916, as aulas da Escola Mista eram ministradas pela professora Edna Cardoso. Os juízes distritais eram José Rodrigues da Motta e Manoel Ferreira Baptista Filho.

Antigo prédio onde funcionou a Prefeitura, Biblioteca e Departamento de Educação em Major Izidoro

Nesse mesmo ano de 1916, o Major Izidoro foi relacionado como membro do Conselho (Câmara Municipal) de Santana do Ipanema, indicando que já alcançara expressiva projeção política.

Foi nesse período que ele iniciou a mobilização em prol da emancipação do distrito de Sertãozinho. Em 1920, a Assembleia Legislativa chegou a aprovar um Projeto de Lei com esse fim, mas o governador Fernandes Lima vetou a Lei.

Em 26 de novembro de 1922, o jornal O Índio, de Palmeira dos Índios, publicou o anúncio de uma Fábrica Santo Antônio, em Sertãozinho. Tinha como proprietário Manoel Tenório e oferecia “completo sortimento de Cognac, Genebra Gato, Vinho de Jurubeba, Vinho Branco, Vinagre, Aguardente especial e outras bebidas finas”. Se dizia “a mais higiênica do Estado”.

Em 30 de dezembro de 1943, o povoado de Sertãozinho foi elevado a Distrito pelo Decreto-lei Estadual nº 2.909, já com a denominação de Major Izidoro.

Seis anos depois, em 17 de setembro de 1949, foi promovido a município com a aprovação da Lei Estadual nº 1.473, que também ampliou seu território com terras oriundas de Palmeira dos Índios e Batalha.

A instalação se deu em 25 de novembro. O Major Izidoro não viveu para ver essa vitória. Havia falecido em 16 de dezembro de 1936. Mas o seu empenho para o desenvolvimento do antigo povoado e para a sua elevação a município, que já havia sido reconhecido na elevação a Distrito, permaneceu dando a nova denominação à antiga Sertãozinho. Major Izidoro é atualmente considerada como a Terra do Leite em Alagoas, um dos polos industriais mais importantes do estado.

3 Comments on Major Izidoro, a antiga Sertãozinho

  1. Adenilson Monteiro // 21 de maio de 2025 em 12:26 //

    Muito bonita a história, se possível ver a história da família Monteiro em Monteiropolis -Al

  2. Que história linda desta cidade amei! nosso estado é rico mas muitos governantes não vê isso.

  3. Davi Moura Souto da Rocha // 22 de maio de 2025 em 10:33 //

    Terra do meu avô Izidoro , pai do meu pai Oswaldo Souto da Rocha.
    Linda Major 👏🏽👏🏽❤️🙌

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