José Hygino de Carvalho, o intrépido criador de jornais

Livraria Fonseca na Rua do Comércio, em foto de Luiz Lavenère

José Hygino de Carvalho era filho de Francisco Manoel de Carvalho e de Josephina de Faria Lobo. Não foi possível identificar a data do seu nascimento e nem colher informações sobre seus estudos. Teve uma irmã, Alexandrina de Carvalho Lobo, que faleceu em 16 de setembro de 1892, quando já era viúva do capitão Jucundino de Faria Lobo; e um irmão, o major Francisco Manoel de Souza Pinto. Este faleceu em Coruripe no dia 17 de outubro de 1897. Era casado com Joanna Rego Pinto, filha do coronel José Soares do Rego, de Coruripe.

José Hygino casou-se com sua prima Maria Seraphina de Faria Lobo, filha de Francisco Tito Faria Lobo e de Donatila Bráulia de Barros Leite. Tiveram pelo menos quatro filhas:

Guiomar Lobo de Carvalho – nasceu em 18 de abril de 1895 e faleceu em 23 de maio de 1972. Casou-se com Alberto Freire de Athaíde.

Alaíde Lobo de Carvalho – nasceu em 9 de março de 1899.

Olga Lobo de Carvalho – nasceu em 10 de janeiro de 1902 e faleceu em 22 de agosto de 1983. Casou-se com Nelson Baeta Neves.

Ederlinda Lobo de Carvalho – seu nascimento foi comunicado ao cartório do 1º Distrito de Maceió entre 12 e 18 de março de 1906, quando seu pai já havia falecido. Casou-se com Horácio de Carvalho Silva.

Casa Ramalho e a seção de tipografia a vapor

Maçom da Loja Perfeita Amizade Alagoana, José Hygino notabilizou-se por ser um criador de jornais e por sua ativa militância abolicionista. Seu primeiro empreendimento foi o jornal Labarum, o impresso que primeiro deu voz à maçonaria em Alagoas. Começou a circular no dia 11 de setembro de 1874. Suas edições semanais chegavam ao leitores às sextas-feiras.

Foi criado no auge do acirramento político que fazia o Brasil fervilhar nos embates em defesa dos ideais iluministas, com o objetivo da conquista da liberdade individual e da tolerância religiosa, em oposição à monarquia absoluta e ao poder das autoridades religiosas. Esse movimento se expressou na luta abolicionista e, depois, na instalação da República, que consolidou a separação entre a Igreja e o Estado.

O Labarum teve vida perene até dezembro de 1875. Em 1876, até junho, tinham circulado somente dois números. Existiu até 1877, quando há registros de suas últimas edições.

Em 28 de maio de 1878, José Hygino lançou A Democracia, publicada às terças e sextas-feiras. Teve vida curta.

No ano seguinte, em 12 de maio, surgiu com a histórica Gazeta de Notícias — no Rio de Janeiro já existia uma Gazeta de Notícias. No início, foi gerida pela firma Carvalho & Cia. Depois José Hygino de Carvalho a assumiu individualmente. Era administrado por Pedro Nolasco Maciel. Tinha oficinas na Rua do Comércio, nº 49.

Recebia a colaboração de Augusto Satyro, Guimarães Passos, Luiz Mesquita, Eusébio de Andrade, Assis Araújo, José Bernardo Galvão, R. Ribeiro, Mizael Domingues, Rodolpho e Antonio Faria, Manuel Clark, A. Aschoff, Rozendo de Oliveira e Santos.

A projeção política alcançada com a Gazeta de Notícias o levou a ser indicado, em outubro de 1883, terceiro suplente de juiz municipal do termo de Maceió.

Trabalhadores da Tipografia Americana

Nesse período, com a campanha abolicionista nas ruas, a Gazeta de Notícias passou a ser o seu principal divulgador. José Hygino de Carvalho era um dos dirigentes da Sociedade Libertadora Alagoana, ocupando o cargo de 1º secretário. Foi um dos fundadores desta Sociedade em 18 de setembro de 1881.

Não se sabe a data em que José Hygino de Carvalho se afastou da sua Gazeta de Notícias — foi vendida a “A. Achilles”, provavelmente, Américo Achilles de Oliveira Coelho —, mas em 4 de maio de 1884 passou a circular em Maceió A Semana, tendo ele como diretor proprietário. Foi o primeiro jornal litografado de Alagoas — uma espécie de carimbo esculpido numa matriz de pedra calcária. O desenhista era Protázio Trigueiros.

Seu nome reaparece como ligado a um empreendimento jornalístico em 5 de janeiro de 1877, quando surgiu a tipografia e o jornal A Província, na Rua do Livramento, nº 13. Hygino morava na casa vizinha, de nº 14. Em 30 de setembro de 1877, essa tipografia passou também a imprimir o jornal Satan. Foi invadida e roubada em 12 de novembro desse mesmo ano.

Hygino voltou à atividade empresarial em 13 de março de 1892, quando pôs em circulação O Nacional. Deve ter sido interrompida a sua publicação em algum momento, porque no dia 12 de janeiro de 1898, O Orbe anunciou que brevemente ele voltaria a circular “sob a direção do incansável capitão José Hygino de Carvalho”. Na edição de 2 de março de 1898, o mesmo jornal voltou a divulgar o reaparecimento d’O Nacional, então marcada para o dia 15 de março. Voltou mesmo nessa data, pois em abril já circulava.

Sua última vinculação a um periódico foi registrada em janeiro de 1898, com o lançamento do semanário Cidade, estabelecido na Rua do Sol, onde também funcionava sua tipografia.

José Hygino de Carvalho faleceu em Maceió no dia 29 de agosto de 1905. Segundo o necrológio de um jornal, morreu na miséria.

1 Comentário on José Hygino de Carvalho, o intrépido criador de jornais

  1. Claudio de Mendonça Ribeiro // 6 de maio de 2025 em 11:22 //

    Muito grato, prezado Ticianeli, pela publicação desta reportagem. Triste o falecimento de José Hygino na miséria. Muito triste.

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