Igreja Nova e as terras férteis do Boacica

Rua Bela Vista em Igreja Nova

Igreja Nova nos anos da década de 1950

Na primeira metade do século XIX, alguns pescadores, oriundos de Penedo, passaram a explorar o trecho navegável do Riacho Boacica ou Imboacica e a lagoa periódica que se formava em seu curso durante as cheias do São Francisco.

Estes primeiros exploradores também foram os primeiros moradores a se estabeleceram na margem direita da lagoa. Eram quase todos de uma mesma família e cumprindo uma tradição da época ergueram uma capela e elegeram como padroeiro São João Batista.

A escolha do local onde ergueram as primeiras casas à margem do Boacica se deu por permitir o embarque e desembarque nas canoas. Era o fim do trecho navegável do Riacho Boacica, que estendia por 30 quilômetros até o Rio São Francisco, como informou Thomaz Espíndola em sua Geografia Alagoana de 1871.

No entorno deste porto fluviolacustre, que ficou conhecido como Ponta das Pedras, surgiu o primeiro povoamento, que ficou conhecido como Oitizeiro.

Espíndola em 1871 também faz referência ao local, que foi denominado Igreja Nova, citando a Lagoa da Boacica, que ficava “ao norte da barra do riacho do mesmo nome: tem perto de duas léguas de extensão e duas milhas na sua maior largura: seca no verão, ficando somente o riacho Boacica, e nesse tempo planta-se no seu leito muito arroz, e cobre-se de grandes pastios para gado”.

Em outro trecho do livro o renomado geógrafo se refere ao povoamento como pertencente a Penedo e tendo então 300 construções, com algumas casas de comércio. Informa que sua economia girava principalmente em torno do arroz. Na Educação, tinha apenas uma “cadeira de primeiras letras para o sexo masculino”.

Antes de Thomaz Espíndola, o Diário de Pernambuco de 21 de janeiro de 1860 publicou um relatório sobre os municípios alagoanos com a descrição do que encontrou D. Pedro II em sua visita a Província. Ao historiar sobre Penedo citou que era formado pela povoação de Piaçabuçu, freguesia do Colégio e as povoações de São Braz, Salomé e Igreja Nova.

Como se percebe, a informação de que foi a construção de uma nova igreja no lugar de uma velha capela que deu nome ao povoado deve ser localizada temporalmente antes de 1860.

O Almanak do Estado de Alagoas de 1891 também explica a origem do nome: “Chamavam-na todos igreja nova, para assim distingui-la da antiga capela, e com o crescimento da povoação foi esta também ficando conhecida pelo título de povoação Igreja Nova, abandonando-se pouco a pouco o antigo nome de Oitizeiro”.

A nova igreja

Igreja Matriz de São João Batista em Igreja Nova

As primeiras informações sobre a antiga capela que deu origem a denominação do lugar estão no Jornal do Recife de 15 de fevereiro de 1865, que tornou público o Expediente do Bispado de Pernambuco de 8 de fevereiro.

Por ele sabe-se que o vigário da Vara de Penedo havia comunicado ao bispo que várias capelas estavam em estado deplorável e que “cidadãos prestimosos” promoveram a reconstrução destes templos.

O bispado agradeceu e citou nominalmente quem contribuiu com cada uma das obras. Um dos agradecidos é o “Sr. Tenente Alexandre Falconery da Silva, que com outras pessoas está reparando a Capela de S. João da Igreja Nova”.

A atividade da igreja local e o desenvolvimento da povoação foi reconhecido e em 17 de julho de 1880, quando a resolução nº 849, assinada pelo presidente da Província de Alagoas Cincinato Pinto da Silva, criou a Freguesia de São João Batista de Igreja Nova. Segundo Ernani Méro, a instituição canônica deu-se somente em 23 de outubro de 1882 pelo bispo de Olinda D. José Pereira da Silva Barros.

Quem assumiu a “regência da freguesia” em 7 de janeiro de 1883 foi o padre Verissimo da Silva Pinheiro.

Não se tem conhecimento sobre o que aconteceu com a capela reformada em 1865, mas sabe-se pelo Jornal de Penedo de 26 de março 1881 que naquela data o templo havia ruído e que havia começado a sua reconstrução.  O jornal penedense registrou isso ao noticiar a passagem pela região do “Rvmo. Sr. Fr. Cassiano de Camachio”.

Depois de pregar em Piaçabuçu por 12 dias — detalhou o jornal —, o frei esteve em Penedo e seguiu no dia 16 para a povoação de Igreja Nova “acompanhado por crescido número de pessoas e uma das bandas de música daqui, tocando-se em todo trajeto tanto do Rio como de terra grande porção de foguetes”.

“No porto de Igreja Nova teve o distinto missionário uma recepção esplêndida”. Permaneceu ali por somente quatro dias por ter que seguir para Recife por ordem superior.

“E assim mesmo nesse curto período, deu princípio à edificação de um novo templo, deixando no dia 20, quando se retirou, já concluído todo o alicerce da frente, aberta as cavas das paredes laterais, prodigiosa quantidade de materiais, muitas esmolas subscritas e todo o serviço em animada e ativa continuação, debaixo das vistas de escolhidos administradores”, publicou o Jornal de Penedo.

O italiano frei Cassiano de Camachio foi responsável por diversas obras semelhantes no Nordeste. Em Alagoas, vários municípios tiveram suas igrejas e cemitérios erguidos ou reformados graças ao empenho deste religioso. Faleceu em Recife às 7 horas do dia 14 de abril de 1897, aos 53 anos de idade, por problemas cardíacos.

Meses depois, em 5 de outubro, o correspondente do mesmo jornal em Igreja Nova comunicou que as obras estavam paralisadas em razão do inverno, mas que voltariam em outubro. “Os alicerces principais já se acham prontos”.

O padre Verissimo da Silva Pinheiro, que assumiu em 1883, foi um dos que se empenhou para levar à frente a obra do templo e conseguiu ainda construir o cemitério local. Foi substituído temporariamente, em 1885, pelo padre José Teixeira de Melo, que recebeu provisão de um ano, mas em outubro já tinha devolvido a paróquia ao titular.

Verissimo da Silva Pinheiro, em agosto de 1886 pediu dispensa e foi substituído, em 1877, pelo padre José Raphael de Macedo.

Segundo Ernani Méro, em seu livro clássico Os Franciscanos em Alagoas, em 1893 chegou a Penedo o frei Antonio de São Camillo de Lellis. Era o último remanescente da antiga Província Franciscana do Brasil.

O velho frade se estabeleceu no Baixo São Francisco com o objetivo de reaver o convento de Penedo para assim restaurar a Província Fraciscana. Camillo de Lellis era natural de Pacatuba em Sergipe, onde nasceu em 1818.

Igreja Matriz de São João Batista e o Convento do Sagrado Coração de Jesus em Igreja Nova

Com o advento da República e decretação da liberdade religiosa, os velhos conventos da Província Franciscana do Brasil passaram para a Província da Saxônia de Santa Cruz na Alemanha, que enviou seus frades para o Brasil. Da primeira leva morreram 18 de febre amarela.

Somente em 4 de setembro de 1901 foi que a Cúria Generalícia de Roma criou a Nova Província do Brasil. Após a morte do Frei Antonio de São Camillo de Lellis em 2 de novembro de 1904, seu lugar em Penedo foi ocupado por frei Peregrino.

Entre estes frades, um deles — que pertencia ao convento de Penedo — foi designado por D. Antônio Manuel Castilho Brandão, de Maceió, para ajudar na construção da igreja Matriz que se arrastava desde 1881.

Frei Clemente Sagan era um perito em construções e além de coordenar as obras da nova igreja, também assumiu a freguesia e em 1902 foi eleito seu vigário. Ele e frei Odilon Gelhaus foram autorizados a “esmolar” para conseguir recursos para a obra.

O jornal Gutenberg de 8 de fevereiro de 1906 registrou esta atividade ao informar que o franciscano frei Odilon Gelhaus estava na capital em busca de “algumas piedosas famílias que desejem auxiliá-los na boa obra da civilização evangélica da zona sertaneja [sic]”.

Segundo o jornal penedense A Fé Cristã de 14 de abril de 1906, naquela data já estavam “muito adiantadas as obras de uma nova espaçosa Matriz, que será, depois de terminada, um templo majestoso, um dos melhores da diocese”.

O Jornal de Recife de 22 de agosto de 1926, ao noticiar a morte do frei Bartholomeu José Sturn, informou que ele era carpinteiro e que foi um construtor de altares e confessionários. Entre os locais onde trabalhou foi citado Igreja Nova. Ernani Méro confirma o envolvimento dele na confecção do altar e do púlpito com dossel.

Detalha ainda o historiador penedense que as portas foram feitas pelo Mestre Torres, um filho da terra.

Outra obra importante para a Igreja Católica, o Convento do Sagrado Coração de Jesus — instituição criada em 1906 —,  foi erguida ao mesmo tempo que a Matriz, como registrou o Diário de Pernambuco de 12 de setembro de 1957.

Ernani Méro esclareceu que o Convento foi construído a pedido do pároco provincial Frei Hipolito, que intercedeu junto ao bispo D. Antônio Brandão. Foi o frei Clemente quem primeiro orientou as atividades do Convento.

“A bela e imponente Matriz de São João Batista, em estilo Romântico, foi inaugurada em 12 de dezembro de 1908, com as presenças de D. Antônio Manuel Castilho Brandão, Frei Clemente Sagan, Frei Odilon Gelhaus, Frei Acusio Lutheuvitte, Frei José Pohlmam e vários sacerdotes do clero Secular”, informou Ernani Méro.

O Gutenberg de 5 de dezembro daquele ano confirmou o evento ao noticiar em Maceió que dom Antônio Brandão seguiria em breve para Igreja Nova “a fim de ir sagrar naquela localidade um novo templo, do qual é o orago S. João Baptista”.

Dois meses depois, o frade construtor, frei Clemente Sagan, foi transferido para o Convento de Santo Antônio em Igarassu, Pernambuco, onde seus préstimos eram reclamados.

Igreja Nova

Igreja Nova e a Lagoa Boacica

Pode-se situar o início do desenvolvimento de Igreja Nova em meados do século XIX. Além da conquista da Freguesia, outros investimentos começaram a ocorrer naquele período, a exemplo da chegada dos primeiros professores em 1869, como revelou o Relatório dos Negócios do Império daquele ano.

Não se teve acesso aos nomes destes pioneiros, mas em 1875 os dois professores que cuidavam da instrução primária no povoado eram Manoel Martins Bezerra Brandão e D. Maria Alves Torres.

A vida não era fácil para os ribeirinhos do São Francisco no século XIX. No inverno, enchentes e prejuízos; no verão, seca, doenças e morte, como aconteceu em 1870.

Naquele ano, o distrito de Igreja Nova foi citado no Jornal do Commercio (RJ) de 23 de março em uma correspondência de Alagoas informando que “Aumentam os mortos da seca, a fome vai lavrando com intensidade e a peste desenvolve-se em lugares flagelados, onde há concorrência de retirantes”.

Comunicou o jornal carioca que “Do Penedo se enviaram também socorros públicos à povoação de Igreja Nova, sendo o respectivo subdelegado Joaquim José de Oliveira e o padre José Raphael de Macedo encarregados de distribuí-los pelos indígenas que ali existem”.

No dia 12 de agosto de 1976, alguém que se assinava como O Imparcial e se comportava como um correspondente do Jornal do Penedo em Igreja Nova, escreveu para informar sobre uma briga de facas ocorrida no dia 29 do mês anterior, dia de feira, entre Simão Dias e Pedro Acácio.

“Esta povoação é uma das maiores da província, há nela uma feira a que, em tempos regulares, concorrem mais de mil pessoas, e se bem que a maior parte deste povo seja pacífico e ordeiro, também, como é natural, há muitos turbulentos os quais andam armados, e por qualquer — dacá aquela palha —, estão no ferro [faca]”, justificou o anônimo Imparcial para solicitar um pequeno destacamento “de 8 ou 10 praças” para o povoado.

Desse mesmo período sabe-se que em Igreja Nova já existia a Rua do Comércio e o policiamento ficava ao encargo de um subdelegado.

No início de fevereiro de 1877, nova correspondência para o Jornal do Penedo cobra policiamento ostensivo e aproveita para revelar informações sobre o lugar: “Mal vai este florescente povoação, digna de melhor sorte, uma das maiores desta província, um ponto muito comercial e bastante animado; onde durante a safra, compram-se muito algodão e muito milho, havendo porém feiras de se comprarem mais de mil arrobas de algodão e regulando por semana mais de duas mil, afora o milho, mamona e outros gêneros agrícolas, como arroz &;…”.

Em março de 1877 surge a informação que em Igreja Nova existia “um estabelecimento a vapor” de propriedade de Luiz José Souza Guerra. No mês seguinte, este mesmo cidadão deixou o povoado e agradeceu, utilizando o jornal, aos que lhe deram atenção nos 14 anos que ali morou.

Graças a uma pendenga judicial pulicada no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro em setembro de 1877, que cobrava do juiz de Paz, coronel Antonio José de Medeiros Bittencourt, a qualificação de alguns cidadãos de Igreja Nova como eleitores, sabe-se o nome destes moradores daquele povoamento: Luiz Berochnet, Luiz Antonio Bezerra Lins, Antonio Feliz de Azevedo Tabaca, José Bezerra dos Santos, Manoel Martins da Silva, Francisco José Dantas, Manoel Antonio de Souza, Manoel Joaquim de Barros, Manoel Liborio de Moura, Manoel de Araújo Dantas, Manoel João Vieira, João Vieira da Silva Caldas, Pedro Paulo dos Anjos, Gabriel Archangelo, Antonio Francisco de Jesus Leitão, Augusto Victor de Barros, Manoel Candido da Silva, Manoel da Silva Coelho e Manoel de Lyra Gomes.

Nesse período o agente do Correio era José Monteiro de Oliveira. Há registro de que funcionava naquele distrito o Engenho São José da Igreja Nova, de José da Silva Reis.

Cuidavam da instrução primária em 1878 os professores Joaquim Alves Ladslao e D. Maria Alves Torres. Dois anos depois o professor era Joaquim Geminiano do Rosário e a professora continuava sendo D. Maria Alves Torres.

Emancipação e Triumpho

O processo de emancipação do município foi demorado e tortuoso.

Praça Cel. Luiz José em Igreja Nova

A primeira grande conquista da povoação foi sua elevação a freguesia por força da Lei nº 849, de 17 de junho de 1880, mantendo o padroado de São João. Nesta lei ficaram determinados seus limites e a desvinculação de Penedo.

A mesma mobilização política que conquistou a condição de freguesia continuou e em 17 de maio 1884 a Assembleia Provincial aprovou, em segunda discussão, o projeto nº 5 “que cria a vila e município de Igreja Nova da comarca de Penedo”. (Orbe de 21 de maio de 1884).

Mesmo aprovado, este projeto não foi convertido em Lei. Da mesma forma de outro aprovado em novembro de 1889.

Igreja Nova somente foi promovida a vila após a proclamação da República e pelas mãos do primeiro governador deste período, Pedro Paulino da Fonseca, irmão do marechal Deodoro da Fonseca.

“Decreto nº 39 de 11 de setembro de 1890

O governador do Estado de Alagoas, atendendo:

Que o povoado da Igreja Nova, ereto em freguesia pela resolução provincial nº 849 de 17 de junho de 1880, conta mais de 400 casas e população crescida, tem comércio desenvolvido e é bastante agrícola;

Que por essas condições de prosperidade foi pela extinta Assembleia Provincial duas vezes elevado à vila, em maio de 1885 e novembro de 1889, embora os respectivos não chegassem a ser convertidos em lei;

Que a elevação do povoado àquela categoria é uma justa aspiração dos respectivos habitantes, manifestada na petição que dirigiram a este governo em dezembro de 1889;

Decreto:

Art. 1º. É elevado à categoria de vila, sob a denominação de – vila do Triumpho –, o povoado da Igreja Nova, pertencente ao município do Penedo.

Art. 2º. Os limites do município da nova vila serão os mesmos da respectiva freguesia, traçados pela resolução provincial nº 849 de 17 de junho de 1880.

Art. 3º. Logo que o município tenha foro civil, haverá nele, além dos demais oficiais de justiça, já criados por lei provincial, dois tabeliães do público judicial e notas, e um escrivão privativo do júri e execuções criminais, servindo o 1º tabelião de escrivão de órfãos e da provedoria de resíduos e 2º de escrivão das execuções civis.

Art. 4º. Ficam revogadas as disposições em contrário.

Palácio do Governo do Estado de Alagoas em Maceió 11 de setembro de 1890. Pedro Paulino da Fonseca”.

Não foi possível identificar o que motivou a alteração da denominação de Igreja Nova para Triumpho. É provável que tenha relação com a “triunfante” proclamação da República.

Segundo o Almanak do Estado de Alagoas de 1891, o Conselho de Intendência Municipal de Triumpho foi constituído por ato do governador em 20 de setembro de 1890 e a primeira reunião ocorreu no dia 12 de janeiro de 1891.

O primeiro intendente foi José Antônio de Vasconcellos e o Conselho Municipal foi formado por Manoel dos Santos Correia, João Damasceno Leite, José Anatolio da Costa e Silva e José Gregorio de Oliveira Leite.

O delegado era Manoel Lourenço da Silva tendo os seguintes suplentes: José Anatolio da
Costa e Silva, Pedro Celestino de Souza Falcão e Manoel Lourenço da Silva.

Em 1891 o vigário encomendado da paróquia era o cônego Theotonio Ribeiro e Silva e o Almanak do Estado de Alagoas descrevia a agora vila constatando que “Suas ruas, mais ou menos regularmente alinhadas, podem conter para mais de 400 casas, algumas delas bem construídas e elegantes. Além da matriz e do cemitério, nenhum outro edifício ou obra pública nela existe”.

Igreja Nova

Praça Cel. Luiz José em Igreja Nova

O impresso informou ainda que a população ficava entre oito e nove mil “almas” e entre os povoados, “o único de mais nota é a povoação de Salomé, próxima da extrema norte com o Limoeiro, a qual contém para mais de 100 casas e alguns estabelecimentos de negócio”.

Constatou também que Triumpho “não é banhado por nenhum rio, e somente por diversos riachos, que secam durante o verão, sendo o principal deles o Boacica. Lagos, é que possui diversos, sendo grande a lagoa formada pelo riacho Boacica o mais extenso deles e abundantemente piscoso”.

Detalhou ainda que “Durante as enchentes do rio [São Francisco], em que as águas desta lagoa chegam até próximo a casaria da vila, a sua superfície pode ser calculada em cerca de 30 quilômetros quadrados; nas vazantes, porém, estas dimensões se restringem consideravelmente, pois que as águas se afastam da vila cerca de 4 a 5 quilômetros”.

A “grande serra da Maraba”, encravada no município, foi lembrada como uma localidade “outrora tão celebrada por servir de coito e abrigo de malfeitores”.

“Atualmente [1891], com a difusão de gente civilizada por estes centros, muito modificadas se acham essas condições, que tanto prejudicavam a tranquilidade e segurança individual e de propriedade dos habitantes pacíficos daqueles lugares. A horda de malfeitores, que daquela serra faziam o centro de suas criminosas excursões, foi se dispersando, e atualmente já se pode transitar por ali mais tranquilamente”, exaltou a revista.

Havia no local por esta época um “animado desenvolvimento comercial, uma feira concorridíssima e diversas casas de comércio de regular movimento. Contam-se também diversos maquinismos e prensas para o descaroçamento e enfardamento do algodão”.

O algodão era cultivado em larga escala, mas também existiam plantações de mandioca, feijão, milho e mamona. “O arroz é de uma produção abundantíssima, constituindo meio rendoso de vida para o proletário, que pode obter por arrendamento um pedaço de terreno próprio para a cultura desse gramíneo”.

Igreja N. S. da Penha na antiga Vila de Salomé em Igreja Nova, hoje é o município de São Sebastião

Havia diversas fazendas de criação de gado bovino e lanígero. A criação de aves domésticas (galinhas, perus, patos, gansos, etc) era tão expressiva que Triumpho era o “mais abundante fornecedor do mercado de Penedo”.

A viação era composta por “estradas comuns e ordinárias para os municípios do centro”, além do transporte em canoas para Penedo pelo riacho Boacica.

Ainda em 1891 foi Inaugurada a Estação Telegráfica na vila.

Durante o governo do penedense Gabino Besouro foi aprovada a Lei nº 15, de 16 de maio de 1892, elevando a vila de Triumpho à categoria de cidade. Esta data foi adotada para a principal comemoração cívica do município.

Não permaneceu muito tempo nesta condição.

O conflito entre Gabino Besouro e o Barão de Traipu, o vice-governador, que levou a destituição do governante em julho de 1894, pode ter sido a causa da perda da categoria de cidade.

O sergipano estabelecido em Penedo, Manuel Gomes RibeiroBarão de Traipu –, foi quem liderou o levante contra Gabino Besouro e o sucedeu no governo. No poder, aprovou a Lei nº 82, de 20 de julho de 1895, devolvendo Triumpho à condição de vila anexada a Penedo.

A emancipação foi restaurada definitivamente pela Lei nº 162 de 28 de maio de 1897, durante o governo de José Vieira Peixoto.

O município permaneceu como Triumpho até 1928, quando a Resolução nº 1139, de 20 de junho, assinada pelo governador Álvaro Corrêa Paes, devolveu-lhe a denominação de Igreja Nova, constituído de dois distritos: Igreja Nova e Salomé.

Salomé foi desmembrada de Igreja Nova pela lei estadual nº 2.229, de 31 de maio de 1960, sendo elevado à categoria de município com a denominação de São Sebastião.

A Lei que restabeleceu a denominação de Igreja Nova, também devolveu à Victória sua primitiva designação de Quebrangulo. O Diário de Pernambuco de 4 de julho de 1928 considerou a medida como uma “reação de bom senso”.

“Para a adoção desses nomes, que tantas confusões estabeleciam foram desdenhadas respeitáveis tradições que é mister acatar em referência a outros nomes locativos alagoanos”, ponderou o jornalista.

Século XX

Praça Frei Clemente em Igreja Nova, Alagoas

No início do século XX os automóveis passaram a circular pelas improvisadas estradas das Alagoas e logo também chegaram ao Baixo São Francisco.

No dia 21 de dezembro de 1909 o Gutenberg noticiou aquela que pode ter sido uma das primeiras viagens automobilísticas a Igreja Nova. O jornal maceioense informou que o major Hildebrando Gomes Barreto “vem de fazer uma viagem de Penedo até Brejo, propriedade do coronel Santos Pacheco, tendo passado por Igreja Nova e Junqueiro, considerando as estradas em boas condições para a Viação Automobilística. Em janeiro próximo S. S. pretende iniciar os trabalhos de nivelamento das referidas estradas”.

O Almanak Laemmert (RJ) de 1910 informou que Triumpho tinha naquele ano 20 mil habitantes e 400 eleitores. O intendente era Pedro Celestino Falcão. O Conselho Municipal era presidido por José da Silva Reis enquanto Norberto Francisco da Silva respondia pela vice-presidência.

Os demais conselheiros eram: Antonio Vasconcellos Filho, Cassiano Monteiro de Oliveira, Emygdio Soares de Albuquerque e José Hygino da Silva Porto.

José Antonio Raposo era o Juiz de Paz e Pedro Medeiros Filho o delegado. À frente da paróquia de São João Baptista estava o franciscano frei Adalberto Hirschbaum.

Os maiores compradores de cereais eram: Heliodoro Vilela, José Gilla, João Pereira de Mello, Pedro Falcão e Matias Pires de Carvalho. O único farmacêutico do município era Francisco Joaquim de Oliveira Vilela.

Três industriais mereceram destaque no Almanaque Laemmert de 1910: Antonio Mendonça, proprietário da fábrica de descascar arroz denominada Engenho São João; Estephania Bezouchet Silva, proprietária do engenho de açúcar Boa Sorte; e João Ferreira Tavares Lessa, proprietário da fábrica de descascar arroz Bella Vista.

Em 1915 o Intendente era João Pereira de Mello e cuidando da paróquia continuava o frei Adalberto Hirschbaum, tendo como coadjutor frei Bernardino. Cinco anos depois o frei Odilon liderava a Igreja Católica no município.

A população de Triumpho em 1922 era de 16.958 pessoas.

Em 1926, o relatório do governador Costa Rego divulgou as obras realizadas pela prefeitura de Triumpho: “calçamento de um trecho da rua Ruy Barbosa; calçamento da praça do Comércio; conserto na rua 16 de Setembro; compra de um terreno, já com alicerces, na praça da Matriz, para a construção do paço municipal; melhoramento nas estradas de rodagem de Lagoinha ao Rio Boacica; início da construção da estrada de rodagem que deve estabelecer comunicação entre a sede do município e a estrada da Lagoinha; começo da construção do cemitério de Salomé; organização de um código de posturas, já publicado e em vigor; criação de quatro escolas municipais, uma na sede e três no interior do município; aluguel de um compartimento, em edifício da praça do Comércio, destinado ao açougue Público”.

No ano seguinte, sabe-se também por relatório governamental que a prefeitura estava mantendo as quatro escolas municipais, duas na sede, uma em Perucaba e outra em Ypiranga, e que elas recebiam no total 165 alunos.

Em 1928, o prefeito anunciou que estava dando manutenção nas duas estradas de rodagem “construídas em sua administração”: a que partindo de Alagoinha se comunica com os municípios de Triumpho e Colégio e a que vindo Penedo a Maceió se estende até Arapiraca e Mucambo. Havia também concluído o cemitério de Salomé.

A primeira grande obra do município, após voltar a se denominar Igreja Nova, teve início em 7 de novembro de 1929: a construção da estrada de rodagem de Colégio até a sua sede.

O Almanak Laemmert de 1930 informou que naquele ano Igreja Nova tinha as seguintes povoações em seu território: Cana Brava, Flexeiras, Lagoinha, Morro Velho, Piranga, Saco dos Espinhos, Salomé e Sobrado. O prefeito era Sezino Borges.

Antiga sede da Prefeitura de Igreja Nova

O Conselho Municipal era composto por: João Pereira de Mello, presidente, Ethymio Queiroz, João da Silva Borges, Lobino Bezerra Lima, Felix José da Silva, João Gonzaga Torres, Hercílio Vicente Ferreira, José Raposo Filho, Luis Cavalcanti e José Gilla.

Frei Methódio era o vigário, tendo como coadjutor frei Ladslau Sidjek. Existiam duas padarias: uma de Alcides Baptista e outra de Deoclécio Feitosa.

Em 1931, Igreja Nova estava na relação dos municípios que deveriam ser suprimidos como resultado da aplicação do Código dos Interventores, como ficou conhecido o Decreto presidencial nº 20.348, de 29 de agosto de 1931, que instituiu conselhos consultivos nos Estados, no Distrito Federal e nos municípios e estabeleceu normas sobre a administração local.

Estabeleceu esta norma que deveriam ser suprimidos os municípios cujas arrecadações no exercício anterior não haviam atingido determinados coeficientes em relação à renda dos respectivos Estados.

Essa possibilidade foi noticiada pelo Diário de Pernambuco de 23 de outubro de 1931. Nessa data o interventor de Alagoas era o tenente Luiz de França Albuquerque. “Em Alagoas desaparecerão os seguintes municípios: Arapuaia [Arapiraca], Belo Monte, Igreja Nova, Junqueiro, Leopoldina, Limoeiro, Piaçabuçu, Piranhas, Porto de Pedras, Colégio, Santa Cruz [sic] e Traipú”, relacionou o jornal pernambucano.

Em entrevista ao mesmo jornal, em 21 de fevereiro de 1932, o novo interventor, capitão Tasso Tinoco, apontou a extinção destes municípios como um erro. Para ele alguns deveriam mesmo desaparecer e citou como exemplo São Brás e Limoeiro, então “em verdadeira decadência”, mas avaliou que nos outros haveria o “desaparecimento de núcleos promissores”.

Ponderou que a medida iria “dissolver um núcleo de população que se agregou com tanto sacrifício e que vai progredindo mesmo com dificuldades. Matar-lhe a sua autonomia era como que anular o esforço de alguns anos de trabalho”.

Sobre a escolha dos prefeitos, citou o exemplo de Igreja Nova: “Substitui o Prefeito de Igreja Nova. Este cidadão, desde o período de 1º de janeiro a 15 de novembro de 1931, tinha arrecadado para os cofres municipais a quantia de 6:000$000”.

“Pois bem — continuou o interventor —, o novo Prefeito nomeado, em pouco mais de um mês tinha reunido sete contos e tantos”. Explicou que era necessário indicar bons prefeitos e justificou por ter tomado Igreja Nova como exemplo: “Município de grande futuro, vive arrastando-se como um burgo, somente porque sua administração não estava entregue a homens capazes. Fato semelhante passou-se em Porto Real do Colégio”.

O Código dos Interventores extinguiu em Alagoas os municípios de Belo Monte, Junqueiro e São Brás. Foram anexados respectivamente a Pão de Açúcar, Limoeiro de Anadia e Porto Real do Colégio, como noticiou o jornal Correio da Manhã de 1º de março de 1932.

Todos voltaram a condição de município pelo Artigo 6º das disposições transitórias da Constituição Estadual, de 16 de setembro de 1935.

Rua Ruy Barbosa em Igreja Nova, Alagoas

Segundo o Jornal do Commercio de 14 de janeiro de 1932, o prefeito afastado era o major da Polícia Militar de Alagoas Francisco de Barros Rego. Quem o substituiu foi o sr. Samuel dos Santos Dias.

Em julho de 1935 foi entregue a ponte sobre o Rio Boacica. O Departamento de Viação e Obras Públicas do Estado divulgou que a ponte era “em alvenaria de tijolo e pedra, com lastro de madeira, vão de 26 metros, sobre o rio Boassica, no trecho da rodovia entre Alagoinhas e Igreja Nova, ramal da estrada tronco de Maceió a Penedo”.

Em 1936, ainda na administração do prefeito Samuel dos Santos Filho, foi instalada, no dia 8 de dezembro, a iluminação elétrica nas vias públicas. A usina elétrica era de propriedade do empresário Antônio Sampaio dos Santos. Foi sua esposa, Eponina Santos, quem, após ser ligado o motor, acionou a chave que iluminou as ruas da cidade.

Após esta inauguração, todos os presentes se dirigiram para a Prefeitura onde realizou-se uma sessão cívica com a presença de autoridades. O orador oficial foi o dr. Luiz Pereira Costa. Ainda naquela noite houve um espetáculo no teatro da Escola Paroquial.

A energia elétrica de Paulo Afonso somente chegou a Igreja Nova em agosto de 1967. Foi instalada pela Companhia de Eletricidade de Alagoas (CEAL).

Frei Pachoal era o pároco de Igreja Nova sesse período.

Revolução de 30

A partir da Revolução de 30, com Getúlio Vargas à frente do governo, teve início a construção de Estado Nacional forte e capaz de manter-se moderno sem a dependência de outros países.

Essa política, que investiu no desenvolvimento industrial e agrário do Brasil, terminou por dar mais atenção ao Nordeste e seus municípios produtores principalmente para os que cultivavam o algodão. Mas também houve investimentos substanciais nos que geravam outas riquezas agrícolas.

Igreja Nova foi um dos alvos destes benefícios por ter sua potencialidade na produção de arroz não realizada devido a falta de controle sobre as inundações no vale do Boacica.

No início de junho de 1938, por exemplo, as excessivas chuvas inundaram a área plantada na Lagoa provocando grandes prejuízos à lavoura do arroz. O Rio Boacica também provocou estragos, derrubando casas, cercas, devastando lavouras e matando animais.

Nestas situações, a solução era pedir ajuda ao governo para diminuir os prejuízos. Foi o que fez prefeito de Igreja Nova, Agnello Moreira e Silva ao governador Osman Loureiro. Solicitou sementes de algodão, milho e feijão para distribuir com a população flagelada, como registrou o Diário de Pernambuco de 2 de junho de 1938.

Osman atendeu, mas em janeiro de 1940 exonerou Agnello Moreira e Silva e nomeou para o seu posto Guilherme Moreira Machado. (Jornal do Brasil de 31 de janeiro de 1940). Em março, o governador esteve em Igreja Nova para inaugurar um grupo escolar.

Matriz de São João Batista em Igreja Nova, Alagoas. Foto de Flávio de Queiroz

Mesmo sendo uma política de governo planejada ainda nos anos 30, as primeiras iniciativas para resolver o problema das inundações em Igreja Nova somente começaram em 1942, quando o interventor em Alagoas era Ismar de Góis Monteiro.

Foi o ministro Apolônio Carvalho quem enviou para o Nordeste o agrônomo Oscar Espíndola Guedes, diretor da divisão de Fomento da Produção Vegetal. Ele esteve na região do Baixo São Francisco e nas suas observações ao jornal Correio da Manhã de 18 de junho, demonstrou entusiasmo com as condições favoráveis para o cultivo de arroz naquela área e destacou as lagoas de Igreja Nova, em Alagoas, e Cedro e Cotinguiba em Sergipe.

Constatando que a elevação do nível da água do rio em momento inoportuno poria a perder toda a colheita, deixou um técnico para estudar a possibilidade de construir barragens com comportas reguladoras para evitar as cheias extemporâneas.

Preocupava-o também a baixa qualidade do arroz ali cultivado e propunha a sua substituição por outro de melhor aceitação no mercado, o que colocaria o Baixo Rio São Francisco em condições de competir com o arroz produzido no sul do país.

Em maio de 1944, o Correio da Manhã detalhou o que realizava no vale do Boacica e Marituba o Departamento Nacional de Obras de Saneamento para resolver o problema apontado dois anos antes.

Camilo de Menezes era o engenheiro chefe do Distrito Nordeste e naquela data já tinha o esboço dos investimentos necessárias e iniciado “os trabalhos de engenharia que irão transformar os ricos vales do Boassica e Murituba [sic]”.

A previsão era de dois tipos de obras que seriam executadas simultaneamente. Uma era a retificação e ampliação do rio Boacica, o que permitiria que as cheias do inverno escoassem mais rapidamente.

A outra obra seria a construção de diques de terra ao longo das duas margens do rio Boacica. “Entre os diques e os morros ficarão as áreas onde as cheias do inverno nunca penetrarão em ocasiões inoportunas”.

Previa ainda que em pontos convenientemente escolhidos haveria comportas por onde entrariam as águas do São Francisco ou do rio Boacica.

Anunciou também que uma máquina escavadora vinda de Maceió já estava no local e que os serviços de limpeza e pequenas escavações seriam realizados manualmente por equipes contratadas a empreiteiros locais.

Nas últimas décadas o problema se inverteu com o declínio do Rio São Francisco, que raramente consegue inundar as suas antigas lagoas. O desafio foi conseguir água utilizando barragens e conduzi-la para as áreas irrigáveis.

Com novos investimentos e adotando técnicas modernas de manuseio deste produto, os obstáculos foram superados e atualmente Igreja Nova é o principal produtor de arroz do Estado.

9 Comments on Igreja Nova e as terras férteis do Boacica

  1. Essa é minha Terrinha que tanto Amo!

    Prof. Atiliano

  2. Rosemeire Santana // 14 de setembro de 2019 em 19:48 //

    Amei esse documentário sobre minha querida cidade. Parabéns pra vocês

  3. Edvaldo Lims // 4 de outubro de 2019 em 18:36 //

    Estou feliz pela história da minha terra natal. Muito obrigado, mesmo!

  4. Cidário dos Santos // 20 de junho de 2020 em 23:52 //

    Que história linda da minha queria Igreja Nova.
    Hoje majestosa, com uma história incluível de encher os olhos de felicidade pelos grandes avanços conquistados.
    Esperemos que sempre continue majestosa
    E que seus filhos sempre se orgulhem de pertencerem a uma terra que já fora sofrida no passado, mais que hoje respira novos ares.

  5. Rosa Fontes de Oliveira // 27 de julho de 2020 em 13:39 //

    Gostaria de saber mais sobre meu avô João da Silva Borges, casado com Maria dos Anjos da Silva Borges, tiveram apenas uma filha Elizabete da Silva Borges.

  6. Luciana Feitosa // 13 de maio de 2021 em 16:57 //

    Amo minha cidade. Pequena, formosa e tão bela.

  7. Érito de Azevedo // 19 de maio de 2021 em 15:29 //

    Sou um alagoano, nascido em São Sebastião, residente em Campinas, estado de São Paulo. Hoje, 19/05/2021, visitei esta pagina, confesso que viajei no tempo, pois meu falecido pai falava muito dessas localidades. Estou planejando viagem e projetando um roteiro, pois mantenho o meu estado natal muito vivo na memoria dos meus filhos.

  8. Seja bem vindo.
    Visite o nosso canal no YouTube
    Prof. Atiliano

  9. ADILSON GONÇALVES // 27 de maio de 2022 em 13:09 //

    MITON FONSECA, NASCIDO NA CIDADE DE IGREJA NOVA ALAGOAS
    DURANTE TODA VIDA FOI PINTOR E RECUPERDOR DE SANTOS E IGREJAS.
    EXISTE HOJE ALGUM DOCUMENTO OU FOTOS SOBRE A VDA DELE?

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