História da Rua do Sol de Maceió

Rua do Sol, no início do século XX, ainda sem os Correios e com o Cine Delícia à direita

O primeiro trecho habitado da futura Rua do Sol, no Centro da capital alagoana, está identificado em uma planta de 1820 traçada por José da Silva Pinto a pedido do primeiro governador da capitania de Alagoas, capitão Sebastião Francisco de Mello e Povoas.

Planta de Maceió de José da Silva Pinto de 1820 indicando a primeira Capela do Rosário no leito da futura Rua do Sol

Foi a primeira proposta de organização territorial de Maceió e nela esse arruado, com aproximadamente uma dezena de casas, era limitado pelo largo da Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, futura Praça D. Pedro II, e pela antiga Capela do Rosário, que ocupava o leito da rua, como se fosse a última casa do lado esquerdo da Travessa do Alecrim, futura Av. Moreira Lima.

O trecho descrito acima era denominado Rua do Rosário, quando ainda não existia o Beco do Moeda e o prédio de esquina com o Largo do Pelourinho era a Casa da Junta e o seu terreno de fundo, já na Rua do Rosário, servia para a guarda dos equipamentos públicos.

Esta mesma planta foi recuperada e utilizada em 1841 por Carlos Mornay para o segundo planejamento territorial da cidade.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário e a Rua do Sol

Igreja do Rosário ainda com o Cruzeiro. Acervo MISA

A capela do Rosário dos Pretos foi a primeira edificação importante desta via. Construída em data não identificada foi demolida para permitir a continuidade da rua logo depois que o planejamento de 1820 entrou em execução.

Foi reconstruída alguns metros ao lado, no alinhamento da rua projetada, como Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.

Segundo Félix Lima Júnior em Memórias de Minha Rua, no local onde construíram a Igreja “corria grossa bica, na encosta do morro então conhecido como do Jacutinga, e depois, do Farol, então coberto de mata semi-virgem. Devastada a mata ou capoeirão. secou a bica, desaparecendo o riacho formado por suas águas”.

Estas águas formavam uma vala e corriam em direção à Levada. O arruado que se formou ao lado desta vala recebeu o nome de Rua da Vala. Depois Rua do Açougue, quando lá se instalou em um casebre um comerciante de carnes. Hoje é a Av. Moreira Lima.

É provável que, por ter essa origem, o terreno tenha oferecido alguma dificuldade para a construção do templo. Os compromissos da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, estabelecidos em 22 de fevereiro de 1829, indicam que naquela data a obra ainda estava inconclusa, como informa o capítulo VI: “a Irmandade terá capelão, logo que se acabe o templo que se está concluindo”.

Nesse mesmo período, o trecho entre a antiga Capela do Rosário e o Largo dos Martírios também começou a ser mais habitado e foi denominado como Rua do Sol. Assim, durante décadas, a mesma via tinha trechos com denominações diferentes, mas com crescente predomínio da Rua do Sol.

Cinquenta anos depois de sua construção, a Igreja do Rosário enfrentava sérios problemas estruturais, como noticiou O Orbe de 2 de maio de 1879.

A denúncia partiu de um morador vizinho cuja casa estava em perigo “por se achar desaprumada a torre da igreja do Rosário, a qual ameaça desabamento pelas grandes fendas que se notam, sendo uma na frente entre a torre e o corpo da igreja, na altura do cornijamento por baixo do frontispício, e outra na primeira tribuna do interior que, partindo da coberta vem findar na arcada da primeira porta lateral, a tal ponto que se comunica à soleira de pedra da tribuna que se acha lascada…”.

Não se conseguiu informações como o problema foi resolvido, mas a Igreja continua de pé até hoje.

Teatro Maceioense e a Rua da Imperatriz

Teatro Maceioense, depois Cine Delícia, na Rua João Pessoa

O segundo equipamento mais importante a se instalar na Rua do Rosário foi o Teatro Maceioense, da Sociedade Dramática Particular Maceioense, associação fundada em 1846. Para ter o teatro, a instituição comprou um prédio que havia sido construído em 1845.

Como foi o maior auditório da capital por décadas, o Teatro Maceioense era o principal palco para os acontecimentos importantes da história de Alagoas.

Lá esteve o imperador D. Pedro II e Dona Teresa Cristina na noite de 1º de janeiro de 1860, quando, segundo Abelardo Duarte, “o Teatro achava-se decorado internamente com gosto artístico, salientando-se a tribuna imperial”. Foi o maior público recebido pelo Maceioense.

A presença da realeza em Alagoas nos últimos dias de 1859 e nos primeiros de 1860 foi tão importante para os maceioenses que vários espaços urbanos tiveram suas denominações alteradas em homenagem aos visitantes.

Assim, a Rua do Algarve, por onde a comitiva real passou vindo de Jaraguá, recebeu a denominação de Rua do Imperador. A Rua do Rosário, por ser a continuação da Rua do Imperador, passou a ser a Rua da Imperatriz.

O largo da Matriz, antigo Largo do Pelourinho, também se curvou em reverência e ficou conhecido como Praça D. Pedro II.

Esta pesquisa ainda encontrou uma Rua do Príncipe nas proximidades da Rua da Imperatriz. É provável que esta era a denominação do futuro Beco do Moeda.

Entretanto, a realeza demorou a se fixar como nome de rua em Maceió.

Em 1886, seis anos depois da passagem da corte por Maceió, o jornal O Progressista publicou uma “DECLARAÇÃO” do Chefe de Polícia em que define os policiais e suas rondas para um determinado dia. O trajeto do “1º Distrito” era o seguinte: “Largo da Matriz, rua do Rosário, rua do Sol até a praça dos Martírios e suas travessas”.

Quando já divulgava o seu endereço como Rua da Imperatriz, nº 1, o Teatro Maceioense recebeu em suas cadeiras, no dia 7 de setembro de 1866, os empresários que fundaram a Associação Comercial de Maceió.

Rua do Sol em 1920, ainda sem os Correios

Foi também no Teatro Maceioense que ocorreu a reunião de fundação da Sociedade Libertadora Alagoana em 18 de setembro de 1881. Muitas das reuniões da instituição que liderou a luta pela libertação dos escravos em Alagoas ocorreram no auditório famoso, incluindo o encontro festivo em 13 de maio de 1888, que foi interrompido pelo Major Bonifácio para ler o telegrama informando que a Lei Áurea havia sido aprovada e sancionada.

Em 1908, o Teatro Maceioense passou a ser utilizado também como sala de exibição cinematográfica e ainda, naquele mesmo ano, passou a sediar o Cine Delícia.

Com a inauguração do Teatro Deodoro em 15 de novembro de 1910 e o surgimento do Cinema Helvética em 22 de outubro de 1910, o Teatro Maceioense não suportou a concorrência e fechou as portas por algum tempo.

Não foi impossível identificar quando voltou a funcionar, mas o Almanak Laemmert, do Rio de Janeiro, registrou em 1929 a existência do Cine Theatro Delícia na Rua 15 de Novembro, como propriedade da Empresa Capitólio. Há também publicações informando que estava em atividade como cinema nos últimos anos da década de 1930.

O prédio foi demolido em 1945.

Biblioteca Provincial

A Biblioteca Pública Provincial de Alagoas funcionou durante alguns anos na Rua da Imperatriz, nº 37.

Foi instalada neste endereço no início da noite de 17 de outubro de 1878, com a presença do presidente da Província Dr. Francisco Soares de Carvalho Brandão e autoridades. O evento recebeu ainda a banda da Polícia Militar.

Foi criada pela Resolução nº 453 de 26 de junho de 1865 e regulamentada em 23 de setembro de 1878. Tinha “955 estampas da Flora Fluminense“ e 6.444 volumes.

Rua 15 de Novembro, Rua João Pessoa e a volta da Rua do Sol

Rua 15 de Novembro no início do século XX

Com a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, houve um esforço dos novos governantes em enfraquecer as reações dos monarquistas, anulando ou apagando o que pudesse se remeter ao período histórico encerrado.

Em Maceió, várias áreas públicas tiveram suas denominações alteradas, a exemplo da Rua do Imperador, que foi destronado e cedeu lugar para a Rua Floriano Peixoto. Não deu certo. O “Imperador” terminou por triunfar e por lá permanece até hoje.

A Praça D. Pedro II, como tinha a presença do busto do imperador deposto, sofreu uma rejeição mais branda, sendo denominada como Praça Pedro de Alcântara. Também não foi aceita esta mudança e o “Dom” permaneceu associado ao “Pedro”.

Quem perdeu mesmo foi Dona Teresa Cristina. Viu com tristeza a Rua da Imperatriz passar a ser a Rua 15 de Novembro. Essa denominação atingiu também a Rua do Sol, trecho da mesma via entre a Igreja do Rosário e a Praça dos Martírios.

O assassinato de João Pessoa, no dia 26 de julho de 1930 em Recife, trouxe modificações importantes no já então conflituoso quadro político pós-eleitoral daquele ano. Lembrando que este paraibano tinha sido o candidato a vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas e a derrota deles em março não foi aceita sob o argumento de que houve fraude eleitoral na vitória de Júlio Prestes.

Como se sabe, houve a chamada “Revolução de 30” e Getúlio Vargas assumiu o poder ditatorialmente. Como reflexo dessa vitória revolucionária, Alagoas deixou de homenagear a República e a Rua 15 de Novembro deu lugar para a João Pessoa, mas sempre perseguido de perto pelo “Sol”.

Foi o vereador Enio Lins, por meio da Lei nº 3.995, de 7 de agosto de 1990, quem resolveu dar lugar ao “Sol”, oficializando o que a população já vinha praticando. A Rua do Sol, cantada em verso e prosa, é hoje rima oficial da denominação da capital Maceió.

Correios

Prédio dos Correios na Rua João Pessoa, inaugurado em dezembro de 1934

A primeira sede dos Correios em Maceió funcionou no prédio erguido para ser o Tesouro Nacional, na esquina da Rua da Imperatriz com a Praça D. Pedro II, onde atualmente está a Delegacia do Ministério da Fazenda.

Foi durante o governo de Getúlio Vargas que o Departamento dos Correios e Telégrafos do Brasil ganhou investimentos em novas sedes e modernização de equipamentos.

Maceió foi uma das capitais contempladas com a construção de uma moderna sede em 1933. O terreno escolhido para a obra ficava contíguo à Delegacia do Ministério da Fazenda, na Rua João Pessoa.

Sobre a área utilizada sabe-se que foi adquirida em 1821 por Antônio Firmino Macedo Braga.

Em 13 de setembro de 1934, o Diário de Pernambuco reproduziu informações do Jornal de Alagoas sobre o edifício em construção para os Correios de Maceió:

“A fachada apresenta, em seu sistema cubista, uma agradável impressão de harmonia estética, sendo para lamentar que a perspectiva seja prejudicada consideravelmente pela inconveniência do local, que, pela sua estreiteza, não permite ao observador a necessária aplicação do raio visual”.

E detalhou: “No cimo da fachada, acha-se colocado um para-raios e, ao centro da mesma, encravado um relógio elétrico, controlado por outro interno que possuindo reserva de energia, impede que, na hipótese de interrupção do fornecimento de força, se verifique qualquer atraso, até 60 minutos, inconveniente de que ainda se ressentem os outros sistemas. Esse cronômetro é o primeiro, no gênero, que se instala no Norte, tendo custado cinco contos de réis”.

Rua João Pessoa, esquina com o Beco do Moeda

“O custo do prédio, que é todo em cimento armado, importou em 426:000$000, conforme respectivo orçamento, mas dentro dos mesmos recursos, o dr. Jovino Ramos ainda conseguiu fazer um trabalho extra de ampliação no lado posterior, de algum vulto e muita utilidade”.

“Resta agora instalar o mobiliário cujo valor está calculado em cerca de 60:000$000, dependendo disso, aliás, a inauguração, cuja data ainda não está fixada”.

“As escadarias são de mármore e o piso de mosaico ou taco, apresentando as paredes magnífico efeito de pintura e rodapé com tingimento em imbuia”.

“A distribuição de luz é profusa e atinge um total de 27.000 velas, sendo a respectiva instalação executada com proficiência pelo telegrafista Lourival Falcão”.

Já se acham instalados no novo prédio sete novos aparelhos Morse, inclusive o primeiro Duplex que vai ser usado em Maceió”.

O prédio foi inaugurado em dezembro de 1934, após estar pronto e aguardar por dois meses a entrega do mobiliário. O diretor regional do Departamento dos Correios e Telégrafos na inauguração era Mário Sette.

Perseverança

Sede da Sociedade Perseverança e Auxílio inaugurada em 1917

A Sociedade Perseverança e Auxílio dos Caixeiros de Maceió foi outra instituição que contribuiu para a valorização da Rua 15 de Novembro no início do século XX. Ali se estabeleceu a partir de 15 de novembro de 1917, quando sua sede própria foi inaugurada após uma jornada de 38 anos de existência ocupando prédios alugados.

Criada a partir de uma reunião realizada no dia 30 de março de 1879 na Rua do Comércio nº 113, a então Sociedade Recreativa Beneficente, Perseverança e Auxílio foi instituída oficialmente em uma assembleia efetivada no dia 14 de setembro daquele mesmo ano, quando foram aprovados os estatutos e eleita a sua primeira diretoria.

Poucos anos depois já oferecia cursos noturnos gratuitos de português, francês, aritmética e escrituração mercantil. As aulas aconteciam na sede da Sociedade à Rua Conselheiro Lourenço de Albuquerque, nº 101 (atual Rua Boa Vista). Antes esteve em sedes na Rua do Comércio e na Rua do Livramento, nº 81. Depois ocupou o sobrado do Barão de Jaraguá na Praça D. Pedro II de onde saiu para a Rua 15 de Novembro em 1917.

A decisão de erguer a sede própria da entidade vinha de 1906, mas somente em 1909 foi que se adquiriu o terreno na Rua 15 de Novembro para tal fim. Isso somente foi possível porque o Estado isentou a instituição de vários impostos (Decreto nº 652 de 11 de abril de 1913).

As condições para a construção da sede da agora Sociedade Perseverança e Auxílio dos Empregados no Comércio de Maceió surgiram a partir de 1913, após Clodoaldo da Fonseca derrotar Euclides Malta e assumir o governo com a ajuda da Perseverança e Auxílio.

O projeto do prédio foi elaborado em 1909 pelo arquiteto Luiz Lucarini, que faleceu em seguida. A obra se arrastou até 15 de novembro de 1917, quando foi inaugurada.

Além de abrigar a Academia de Ciências Comerciais, o edifício da Perseverança teve seus salões ocupados por exposições, palestras e apresentações musicais.

Nos anos da década de 1940 a sociedade foi transformada no Sindicato dos Empregados no Comércio do Estado de Alagoas.

Rua João Pessoa e Ladeira do Brito, com os prédios da Perseverança e do Instituto Histórico. Acervo IHGAL

Foi este sindicato, já responsável pela Escola Técnica de Comércio de Alagoas, que encabeçou a mobilização para a criação da Faculdade de Ciências Econômicas de Alagoas, autorizada a funcionar pelo Decreto nº 34.962, de 19 de janeiro de 1954, assinado pelo presidente Getúlio Vargas.

Faculdade de Economia, como ficou conhecida, funcionou até 1964 no segundo pavimento do antigo prédio da Perseverança, na Rua João Pessoa, 418. Ocupava três pequenas salas de aula improvisadas e mais dois compartimentos utilizados pela Diretoria e Secretaria.

Neste edifício também funcionou até os anos da década de 1980 o Ginásio Olavo Bilac.

Por seu valor histórico o prédio foi desapropriado em janeiro de 2010, logo após ser tombado e integrado ao Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Estado de Alagoas em novembro de 2009.

Um convênio o colocou como biblioteca e hemeroteca do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, que ocupa o imóvel vizinho desde 1909.

Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas

Instituto Histórico na Rua do Sol em Maceió

Fundado em 2 de dezembro de 1869, ainda como Instituto Arqueológico e Geográfico Alagoano, esta instituição cumpriu e cumpre papel de destaque na cultura alagoana.

Quem propôs a sua criação e coordenou suas primeiras atividades foi o presidente da Província José Bento da Cunha Figueiredo Júnior.

A reunião de fundação ocorreu no Palácio do Governo e os encontros seguintes, por dois anos, aconteceram no salão da Biblioteca Provincial, no prédio que foi derrubada par dar lugar ao edifício do Tesouro da Fazenda Geral, atual Delegacia do Ministério da Fazenda na Praça D. Pedro II.

Depois de perambular pela Rua do Palácio, Rua Conselheiro Lourenço de Albuquerque (Boa Vista), Rua Nova, Rua do Comércio e Rua do Sol (prédio onde depois funcionou o Colégio Benjamin Constant, Escola Normal e Grupo Escolar Fernandes Lima), Rua do Comércio (novamente), Rua Boa Vista (novamente), Rua Cincinato Pinto e Rua Boa Vista, nº 47 (no mesmo prédio ocupado antes, mas agora adquirido pela instituição), onde se instalou em outubro de 1902.

Em 23 de outubro de 1909, o Instituto Arqueológico e Geográfico de Alagoas conseguiu que o Estado de Alagoas, governado então por Euclides Vieira Malta, comprasse o prédio da esquina da Rua 15 de Novembro com a Ladeira do Brito para funcionar como sede da instituição.

O edifício pertencia ao despachante Américo Passos Guimarães e custou trinta e cinco contos de réis. Foi totalmente reformado e as novas instalações foram inauguradas em 14 de outubro de 1923.

O Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas permanece neste mesmo endereço desde então.

Grupo Escolar Fernandes Lima

Grupo Escolar Fernandes Lima na Rua João Pessoa

A informação mais antiga sobre o prédio da Rua 15 de Novembro, nº 90, onde funcionou por alguns anos o Grupo Escolar Fernandes Lima é de 7 de setembro de 1890, quando foi alugado para ser a sede do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, que não permaneceu lá por muito tempo.

O prédio pertencia a Miguel Felício Bastos da Silva e a sua esposa D. Alcina de Mendonça Bastos da Silva e até o início do século XX nele funcionava o Colégio Benjamin Constant.

Em 1912 foi alugado (D. Alcina de Mendonça já era viúva) pelo Departamento da Instrução Pública para, a partir de 1913, instalar a Escola Normal, que até então dividia o prédio com o Liceu Alagoano na Rua do Livramento.

A locação seria por pouco tempo, somente até o governo construir uma nova sede para a Escola Normal em outro local. Como esta solução não acontecia, o prédio foi adquirido pelo Estado em 16 de abril de 1924. Custou oito contos de réis.

Na escritura a construção é descrita como tendo 10 janelas e 2 portas de frente, com 26,05 metros de frente e 18,75 de fundos. Tinha nove salas de aulas e o gabinete do diretor.

No fundo um galpão coberto “para exercícios ginásticos e palco para representações e festas escolares”. O sótão tinha seis salas acessadas por dois corredores.

Durante o governo de Álvaro Correia Paes (de 12/06/1928 a 14/10/1930), a casa nº 530, contígua ao prédio, foi adquirida à D. Júlia Prazeres Maia e incorporada à Escola Normal, que por lá permaneceu até outubro de 1937.

Após reforma, foi ocupado pelo Grupo Escolar Fernandes Lima, outro egresso do prédio do Liceu na Rua do Livramento.

Foi demolido em 1964 e em seu lugar foi erguido um edifício moderno, com dois pavimentos. Durante as obras os alunos do Fernandes Lima tiveram aulas no antigo Diocesano. O novo prédio foi inaugurado no dia 8 de março de 1965.

Atualmente neste prédio funciona o Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA), uma Escola Pública Estadual.

Hotel Nova Cintra

Hotel Nova Cintra em 1925, na Rua 15 de Novembro, atual Rua do Sol

O Hotel Nova Cintra também fez história na Rua da Imperatriz, nº 73. Foi a principal casa de hospedagem da cidade por alguns anos. Fundado em 1886 por Jeronymo de Oliveira e Silva, principal sócio da firma Oliveira & Cia, teve vários proprietários até deixar de funcionar na década de 1920.

Além de oferecer bilhar para os hospedes, seu restaurante era o mais procurado pelas autoridades e pelos mais abastados.

Em 17 de outubro de 1894, por exemplo, a recepção ao governador recém-eleito, Barão de Traipu, ocorreu no “pitoresco hotel Nova Cintra, onde foi oferecido ao sr. Barão um opíparo jantar, sendo ali erguidos muitos brindes ao espocar da champagne”, como registrou o Gutenberg.

Nesta época, seu endereço já era Rua 15 de Novembro, nº 73., esquina com o estreito beco que dava acesso ao Alto do Brito, futura Ladeira do Brito.

No dia 23 de março de 1897, conforme anúncio no Gutemberg do dia 30, o hotel deixou de ser da firma Oliveira & Cia e foi transferido para Júlio de Moura Accioly.

Dois anos depois a firma Barral & C., de Joaquim Barral, era quem cobrava aos devedores do hotel.

Em 22 de janeiro de 1905, o Gutenberg divulgou que o hotel, então propriedade de José Simons, tinha passado por “uma completa transformação interna”.

Valorizado após essa reforma oferecia “o maior cômodo e conforto aos seus hospedes”. Era tratado, por estar no centro da cidade, como o “melhor ponto de hospedagem” da capital.

Ainda em outubro deste mesmo ano, no dia 24, soube-se pelo Gutenberg que o proprietário do Nova Cintra estava prestes a fazer funcionar uma máquina para a fabricação de gelo com capacidade de produzir mais de 100 quilos diariamente.

José Simons era tratado pelo jornalista como “laborioso negociante” que pretendia “poder atender a todos os pedidos que lhe sejam dirigidos”. A fábrica foi instalada em Jaraguá.

Em dezembro de 1908 o hotel tinha um gerente de nome Leonel Lima e o seu proprietário era o major Álvaro Coimbra, marido de Amélia Coelho de Lima Coimbra.

Restaurante do Hotel Nova Cintra

Nove anos depois, em novembro de 1917, o Nova Cintra foi anunciado para venda no Jornal de Recife.

Em junho de 1918 já era de propriedade de Baptista Peregrini. Este italiano permaneceu com o hotel até junho de 1919, quando anunciou que estava de partida para a Itália e vendeu o estabelecimento para Álvaro de Carvalho.

A última informação sobre o Hotel Nova Cintra é de 1926, quando pertencia a J. B. Andrade, como registrou o Almanak Laemmert.

Provavelmente deixou de funcionar pouco tempo após a inauguração do Hotel Bella Vista, que foi entregue ao público às 13 horas do dia 21 de junho de 1923. Ficava na antiga Boca de Maceió, que abrangia uma área que hoje abriga a Praça dos Palmares.

Hotel Beiriz

Antigo Hotel Beiriz na Rua do Sol

Foi erguido no local do antigo Hotel Nova Cintra, na Rua João Pessoa, nº 290, o Hotel Beiriz surgiu como uma iniciativa do português Carlos da Silva Nogueira e continuada por sua filha Mariza e o esposo dela, o médico Ismar Malta Gatto.

Foi inaugurado em 1958 e passou por ampla reforma em 1983, quando ganhou uma piscina e outras dependências para merecer a terceira estrela da Embratur.

Funcionou até o início da década de 1990 e no seu tempo foi o principal hotel da capital, atendendo a artistas, autoridades, equipes de futebol e empresários.

Os filhos do casal Ismar e Mariza (Carlos Antônio, Marysa e Davi Nogueira Gatto) continuam a lidar com empreendimentos hoteleiros. O principal deles é o Hotel Brisa Mar na Av. Dr. Antônio Gouveia, Pajuçara.

Outros equipamentos

Na Rua da Imperatriz, em 1884, funcionou o Colégio Santíssimo Coração de Maria. Não se conseguiu identificar em que local.

A partir de 1971 começou a funcionar em um prédio ao lado da Igreja do Rosário o Colégio Monsenhor Luís Barbosa, administrado pelo Instituto das Missionárias de N. S. de Fátima do Brasil.

Entretanto, a primeira unidade de ensino que ali funcionou foi uma escola para adultos em 1935, organizada pelo padre Teófanes Augusto de Barros e seu tio, monsenhor Luiz Barbosa. Foi o embrião do futuro Colégio Guido de Fontgalland.

8 Comments on História da Rua do Sol de Maceió

  1. Que história bonita , essa de Maceió. Quantas vezes aos meus oito anos de idade, passava ai em frente ao Hotel Beiriz, ainda em construção e ficava sonhando…. Algum dia , ainda vou dormir nesse hotel, só mesmo sonho de criança. Alguns bons anos atras, voltei à Maceió, não mais como sonhador,mais sim como hóspede e realizei o sonho de criança.

  2. Affonso Furtado // 23 de julho de 2019 em 17:09 //

    Quando de minhas passagens por Maceio ,ficava no Beiriz. Tempos idos.

  3. Luzinete Miguel dos Santos // 12 de setembro de 2019 em 00:16 //

    Foi o Hotel Beiriz que hospedou o cantor Roberto Carlos quando visitou Maceió, pela primeira vez, em 1965 ou 1966,não lembro bem. Fiquei em frente ao Hotel, do outro lado da rua, esperando, junto com outras pessoas, ele aparecer lá na janela. E ele apareceu, acenou para nós e foi um delírio!
    Sempre que passo naquele local, lembro-me deste episódio. Saudades!

  4. Vanuzia Silva de Albuquerque // 29 de setembro de 2019 em 04:35 //

    Parabéns, por nos permitir reviver bons momentos e lembranças que não se apagam da memória.
    Revivi bons tempos de menina feliz.
    Quero ter a oportunidade de mais relatos da nossa amada terra.

  5. FERNANDO ANTONIO GONÇALVES DE LIMA // 30 de julho de 2020 em 06:35 //

    Gosto de ler sobre Maceió. Como surgiram seus bairros, ruas, prédios… e pessoas importantes que contribuíram para que Maceió se desenvolvesse… Parabéns aos que preservam a História dessa Maravilhosa Massayó=Maceió. Muito há de mudar, SÉC. XXI… mas Maceió terá sempre sua história preservada…

  6. Maria Gabriela Melo da Costa // 19 de abril de 2021 em 09:52 //

    Muito orgulho da minha terra, SAUDADE imensa e feliz em saborear sua história.
    Maceió, meu eterno Amor!!!

  7. José Geraldo Correia Batista // 30 de outubro de 2021 em 22:35 //

    Linda história de nossa Maceió, vale a pena ver este documentário.

  8. Musicas que fala da Rua do Sol

    Rua do Sol composição e voz Desa (Pauline Alencar)
    http://www.bairrosdemaceio.net/web-radio-maceio/760

    Ruas de Maceió – Roberto Becker
    http://www.bairrosdemaceio.net/web-radio-maceio/139

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