Firmino de Vasconcelos, o farmacêutico sergipano que mais vezes governou Maceió

Firmino Vasconcelos e funcionários da Intendência acompanham as obras na Rua Barão de Jaraguá, que recebia calçamento em 1914. Foto da Revista Fon Fon de 5 de setembro de 1914

Firmino de Aquino Vasconcelos nasceu em Sergipe no dia 30 de julho de 1866. Não foi possível localizar onde, mas a sua presença e da esposa, por várias vezes, em Riachuelo, em algumas delas como padrinho de batismo, pode indicar esse município como provável lugar do seu nascimento.

Seu pai era o proprietário sergipano Firmino José de Vasconcelos Lima (nasceu em 1835 e faleceu em 9 de outubro de 1915) e sua mãe, cujo nome ainda não identificamos, uma das filhas do casal constituído pelo farmacêutico português José Francisco da Silva Braga (faleceu no dia 5 de abril de 1877 aos 77 anos de idade — em 1866 era farmacêutico em Propriá. Sergipe) e por Maria de Aquino Braga (faleceu em 7 de junho de 1899).

José Francisco e Maria de Aquino tiveram quatro filhas e quatro filhos. Além de Firmino, foi possível identificar duas das suas irmãs.

Josephina de Vasconcelos Braga (faleceu em 1° de setembro de 1923) casou-se em Maceió, no dia 10 de setembro de 1892, com o primo e telegrafista José de Aquino Braga (faleceu em 1894 aos 30 anos de idade).

Outra delas se casou com Manoel Gervásio de Vasconcelos Lima (pelo nome, algum primo da família paterna).

Não foi possível datar a transferência de Firmino Vasconcelos para Maceió, mas é provável que sua mãe tenha retornado a Alagoas com os filhos logo após a morte do marido em Sergipe.

Os tios

Dois dos seus tios tiveram projeção na política e nos negócios em Alagoas.

Um deles foi o farmacêutico José Francisco da Silva Braga Junior (nasceu em 1830 e faleceu em 17 de julho de 1899). Mais conhecido como José Braga, era o proprietário da Farmácia Braga (Aquino Braga & Cia), na Rua do Comércio, n° 136, estabelecimento fundado nos primeiros anos da década de 1850. Também participou da política como deputado estadual e conselheiro municipal de Maceió por vários mandatos.

José Braga casou-se com Francelina Carolina de Aquino Braga (nasceu em 1846 e faleceu em 1905). Tiveram pelo menos 12 filhos:

  1. Josephina de Aquino Braga;
  2. Antônio de Aquino Braga (nasceu em 8 de dezembro de 1868, médico, faleceu em outubro de 1903).
  3. Alcides de Aquino Braga (nasceu em 11 de junho de 1872, bacharel);
  4. Augusto de Aquino Braga (batizado em 30 de junho de 1878, farmacêutico, faleceu em junho de 1905);
  5. Álvaro de Aquino Braga (nasceu em 27 de abril de 1880, farmacêutico. Casou-se em 29 de outubro de 1913 com Hylda Wanderley);
  6. Ilda da Silva Braga (nasceu em 21 de dezembro de 1881). Casou-se com o espanhol Gregório Fontan, da Loja Nova Aurora, em 29 de abril de 1905;
  7. Virgílio de Aquino Braga (batizado em 24 de maio de 1874, médico diplomado na Bahia em dezembro de 1898);
  8. Edina de Aquino Braga;
  9. Joatha de Aquino Braga (farmacêutico diplomado em 1892, faleceu em 29 de março de 1897);
  10. Joaquim de Aquino Braga (nasceu em 30 de agosto de 1870);
  11. Idalina da Silva Braga (batizada em 15 de julho de 1877, na Catedral de Maceió); e
  12. Joselina da Silva Braga (batizada em 17 de outubro de 1875).

Joatha de Aquino Braga foi quem sucedeu o pai na direção da Farmácia Braga a partir de 1° de julho de 1896. A firma passou então a ser a José Braga & Filho. Com a morte de José Francisco da Silva Braga em 17 de julho de 1899, a Farmácia Braga voltou a ser de propriedade da firma Aquino Braga & Cia.

O outro tio que teve destaque na sociedade alagoana foi o coronel e senador estadual Antonio José Rodrigues Braga (Partido Republicano). Nasceu em 1844 e começou trabalhando como caixeiro viajante. Depois estabeleceu firma em Santa Luzia do Norte, local onde permaneceu negociando e também prestando serviços como agente de rendas (ocupou este cargo até 1879).

Proprietário e comerciante com a firma Antonio Braga & Cia, aberta em junho de 1886 em Maceió, casou-se com Joaquina de Mello Lins Braga (ou Joaquina Calheiros Braga, que faleceu em 7 de abril de 1907). Tiveram pelo menos dois filhos: Antônio Rodrigues Braga (Antônio Calheiros Braga), batizado em 28 de março de 1880 em Santa Luzia do Norte, e Maria Adélia Calheiros Braga.

Nos últimos anos de vida passou a cuidar dos Engenhos Várzea Grande e Garça Torta em Santa Luzia do Norte. Faleceu em 16 de abril de 1910 aos 66 anos de idade. O enterro saiu da residência de seu sobrinho Firmino Vasconcelos.

Dos oito tios e tias de Firmino Vasconcelos, além de José Francisco e Antonio José, foi possível identificar Rozalina Amelia da Silva Braga, que faleceu em 12 de outubro de 1881 e Manoel José da Silva Braga, que faleceu no início de março de 1885, no Ceará, para onde se mudou em busca de melhoria para sua saúde.

Intendente Firmino Vasconcelos em 1914

Casamento

Firmino Vasconcelos chegou a Maceió ainda um jovem estudante. Essa informação tem como fonte um dos relatos memorialísticos de Luiz Lavenère. No texto “Recordando”, publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, volume XXX, de 1973, Lavenère testemunha que “na aula de Latim, do Colégio Bom Jesus, tive dois colegas dos quais guardei lembrança: Firmino Vasconcelos e Pedro Aureliano. Esse foi o pai dos Góes Monteiro. Eram ambos muito indisciplinados”.

Luiz Lavenère, que nasceu em 17 de fevereiro de 1868, era somente dois anos mais novo que Firmino Vasconcelos.

Mesmo morando em Maceió, o jovem Firmino mantinha laços familiares em Sergipe, como revela o fato de estar em Aracaju, no mês de dezembro de 1880, se submetendo às provas dos preparatórios para o curso de Farmácia. Tinha então 14 anos de idade.

Dois anos depois, com 16 anos, iniciou os estudos na Escola de Farmácia em Salvador, na Bahia. O curso, anexo à Faculdade de Medicina, tinha duração de três anos, contendo as disciplinas: Física, Botânica, Zoologia, Química orgânica, Química mineral, Mineralogia, Farmacologia e Farmácia prática, Toxicologia, Matéria Médica (especialmente a Brasileira) e Terapêutica, e Arte de Formular.

Após concluir o curso em dezembro de 1884, Firmino voltou a Maceió para exercer a profissão. Em 1887 já era proprietário da Farmácia Firmino, na Rua do Comércio, nº 56 (depois nº 59), próxima da Farmácia Braga.

Não foi possível determinar a data do seu casamento, em Maceió, com a sergipana Josephina de Aquino Braga (nasceu em 14 de outubro de 1866 e faleceu em 24 de abril de 1964, no Rio de Janeiro), também citada nos jornais, após o casamento, como Josephina Vasconcellos ou Josephina de Aquino Braga Vasconcelos.

Era a filha de José Francisco da Silva Braga Junior, o José Braga, e de Francelina Carolina de Aquino Braga, portanto, sua prima.

Em março de 1896 já tinham cinco filhos. Um deles, José de Vasconcellos Braga (Zezinho), foi batizado em 10 de setembro de 1893 na Catedral de Maceió. Em 1917 foi encontrado o registro de uma filha adotiva de nome Andira Braga Lôbo Lima, que em 1934 é citada como casada com o engenheiro Edmundo Lima. Outro nome confirmado é o de Orlando de Vasconcelos Braga.

Sua esposa, por seu empenho nas campanhas de caridade, teve participação destacada no Conselho Deliberativo da Sociedade Protetora do Asilo de N. S. do Bom Conselho, sendo nomeada presidente em 1916.

Política

A participação na política alagoana de Firmino Vasconcelos tem início poucos anos após se estabelecer como farmacêutico e constituir família em Maceió. Seguia os passos dos seus tios, José Francisco da Silva Braga Junior e Antonio José Rodrigues Braga.

Nos jornais, seu nome já era citado, em 5 de janeiro de 1892, como conselheiro municipal e membro da comissão executiva do Partido Democrata da capital e por ter assinado manifesto em apoio à chapa que concorria ao governo do Estado (Gabino Besouro e Barão de Traipu, governador e vice).

Era visto como um elemento de destaque entre os seguidores de Gabino Besouro, com quem mantinha relações próximas e tinha prestígio.

Em outubro de 1892 era um dos candidatos a deputado estadual. Foi eleito para um mandato de dois anos (1893/95). Essa vitória eleitoral lhe deu imediatamente, em dezembro, o cargo de capitão cirurgião-mór da Guarda Nacional de Maceió.

Em 1896 estava de volta ao poder legislativo de Maceió como presidente do Conselho Municipal. Foi o conselheiro mais votado.

A partir desta data, não foi mais citado nos jornais por sua atuação política. Coincidentemente, nesse período tem início os governos do grupo político liderado pelo Barão de Traipu e depois por Euclides Malta.

Somente voltou à política, ou a ser lembrado pelos jornais, com fim da chamada Era Malta. Alinhado com Clodoaldo da Fonseca e Fernandes Lima. Era do Partido Democrata e foi eleito intendente de Maceió em 7 de outubro de 2012, com 970 votos. Tomou posse em 7 de janeiro de 1913. Seu vice foi José Paulino de Albuquerque, que obteve 930 votos. Derrotou o dr. José Antônio Duarte (235 votos), que teve o apoio dos Conservadores ligados a Euclides Malta. Permaneceu na Intendência até 28 de fevereiro de 1915.

A realização mais relevante dessa sua gestão foi o início do serviço de bondes elétricos em Maceió. Começaram a circular oficialmente no dia 12 de junho de 1914.

Foi o intendente Firmino de Vasconcelos quem assinou a Lei nº 28, de 21 de maio de 1914, modificando a denominação da Praça dos Martírios para Praça Floriano Peixoto. Urbanizou a antiga Praça da Levada, que foi reinaugurada 12 de junho de 1914 com a denominação de Praça Pedro Paulino, pai do então governador coronel Clodoaldo da Fonseca.

Para facilitar o tráfego dos bondes, iniciou as desapropriações e as obras de alargamento da Ladeira do Brito. Em Jaraguá, iniciou o calçamento da Rua da Igreja, atual Rua Barão de Jaraguá.

Ladeira do Brito sendo alargada e pavimentada em 1915

Em 12 de junho de 1915 assumiu a Secretaria da Fazenda Estadual a convite do governador João Baptista Accioly Junior. Sua passagem pela Fazenda foi reconhecida e elogiada por sua “operosidade”. Permaneceu até dezembro de 1916, quando pediu demissão para novamente assumir, em 7 de janeiro de 1917, o cargo de intendente de Maceió.

Nesse segundo mandato à frente do executivo da capital (de 7 de janeiro de 1917 a 1° de janeiro de 1919), teve como vice Ezequiel Pereira. Retomou as desapropriações para alargamento e pavimentação da Ladeira do Brito (foi por algum tempo Ladeira Clodoaldo da Fonseca) e continuou as obras que permitiriam melhor tráfego dos bondes naquela via.

Trecho da Ladeira, pavimentada com paralelepípedos, foi entregue ao público em 8 de novembro de 1917 (entre a Rua 15 de Novembro — Rua do Sol — e o final da Rua Ângelo Neto). O pouco que faltava, até a Rua Comendador Palmeira, foi realizado em seguida, mas a inauguração da via ocorreu somente em 12 de junho de 1918.

Em visita a Alagoas, o jornalista Oséas Mota, do jornal carioca A Rua, deixou registrado, na edição de 22 de março de 1917 do Diário do Povo, impressões sobre Firmino Vasconcelos:

“O intendente é de uma atividade rara com os 260 contos que tem de renda o município da capital. Com uma tão insignificante receita, mantém o pessoal em dia; traz o centro da cidade, com seus jardins, asseado. Para isso, porém, é o fiscal de tudo. Até a noite fiscaliza o serviço de limpeza pública”.

Firmino de Aquino Vasconcelos foi prefeito de Maceió por três mandatos

Congresso de Intendentes de Alagoas

Firmino Vasconcelos ainda estava à frente da Intendência de Maceió quando o governador do Estado, Fernandes Lima, convocou o primeiro Congresso de Intendentes de Alagoas. Realizou-se, em Maceió, entre 16 e 20 de setembro de 1918.

O Jornal do Recife, de 15 de setembro de 1918, divulgou a pauta do evento:

  1. Uniformização, pelo padrão legal, das medidas usadas nas feiras e nos mercados e, quanto possível, das posturas e impostos municipais, de acordo com as leis que descriminam as rendas do Estado e dos municípios, fomentando-se novas fontes de receita para estes.
  2. Combinar leis e posturas municipais tendentes ao melhoramento e conservação das estradas de rodagens, que já existirem e a abertura de novas para que sejam facilitadas as comunicações dos municípios, estabelecendo-se bitola uniforme para todos.
  3. Consignação, nos orçamentos municipais do biênio de 1919 a 1921, de uma quota de respectiva receita para a construção, na sede de cada município, de um edifício destinado ao “Grupo Escolar”, conforme planta que for fornecida pelo governo do Estado, obrigando-se este a auxiliar as municipalidades com a metade das despesas orçadas para a referida construção e devendo a importância que for arrecadada, proveniente daquela quota, ser recolhida trimestralmente à Caixa Escolar, no Tesouro Estadual.
  4. Assentar medidas seguras de que resulte o maior desenvolvimento da produção agrícola peculiar a cada município, sobretudo de cereais e algodão, tomando-se providências enérgicas e imediatas contra o abuso inveterado da criação de gado à solta nas zonas apropriadas à agricultura e que tanto dano causa aos pequenos lavradores, impedindo-os do amanho e exploração das terras.
  5. Promover e auxiliar a iniciativa de culturas novas no Estado, principalmente as do cacau, frutas e legumes, instituindo prêmios e outras vantagens, bem como facilitar a exploração de outras indústrias que muito poderão concorrer para a riqueza pública e particular.
  6. Promover o desenvolvimento da indústria pastoril, somente nas zonas apropriadas, com o aperfeiçoamento dos campos de criar e a seleção das raças.
  7. Assentar em meios eficazes para impedir a devastação das matas, sendo exercida a mais severa fiscalização, nesse sentido, pelos poderes públicos do Estado e dos municípios, criando-se taxas e multas sobre “roçados” e “queimadas”, instituindo-se prêmios para o replantio daquelas.
  8. Deliberar sobre os meios a serem adotados para que os poderes municipais da zona algodoeira prestem auxílio eficiente e útil à ação do Governo Federal no combate à lagarta rosada.
  9. Discutir e resolver sobre bases para convênios e acordos que dirimam dúvidas e pendências existentes entre alguns dos municípios, quanto aos respectivos limites.
  10. Formar as bases de um projeto de exposições de todos os produtos do Estado, agrícolas e industriais, fabris e pastoris, a qual se deverá realizar em época que será fixada no Congresso.

Candidato a governador

Nos meses finais de 1918 e nos iniciais de 1919, Firmino Vasconcelos mobilizou todos os esforços da intendência no combate à Gripe Espanhola. Foram tantas as mortes em Maceió que o governo foi obrigado a construir um novo cemitério, o atual Cemitério de São José no Trapiche da Barra.

Nas eleições realizadas em 1° de novembro de 1918, que definiu deputados e renovou um terço do Senado Estadual, Firmino foi eleito senador estadual, cargo que manteve até 1930, com repetidas reeleições.

Em 1920, quando estava perto de concluir o seu segundo mandato na Intendência de Maceió, Firmino Vasconcelos lançou-se candidato a governador. Para suceder a Fernandes Lima, chegou a lançar panfletos com o seu nome e retrato.

A candidatura não prosperou, mas Firmino, com sua ousadia política, foi premiado com mais um mandato na Intendência da capital. Fernandes Lima foi candidato a reeleição e manteve-se no governo.

O que levou o governador a não apoiar a candidatura do seu correligionário foi alvo de especulação no jornal ABC do Rio de Janeiro, que assim avaliou o farmacêutico intendente: “Quanto ao sr. Firmino de Vasconcelos, tipo perfeito de boticário de província, jogador de gamão e de bilhar, parece que os seus numerosos amigos não conseguirão levá-lo com as suas roupas brancas, o seu chapéu do Chile cujo preço toda Maceió conhece, e o seu guarda-chuva de castão de ouro com monograma gótico, — não conseguirão levá-lo, dizíamos, ao Palácio Floriano. O sr. Fernandes Lima não deposita muita confiança nesse farmacêutico e parece que, quando intendente da capital alagoana, o sr. Firmino de Vasconcelos mostrou unhas demasiado agudas, demasiado agressivas para o partido que o elegeu”.

Praça dos Martírios e Intendência de Maceió na segunda década do século XX

Terceiro mandato de intendente

Único administrador público de Maceió a ter três mandatos, Firmino de Vasconcelos exerceu o último deles entre 1° de janeiro de 1921 e 1° de janeiro de 1924. Seu vice foi Manoel Pacheco Ramalho, que assumia sempre que o titular se afastava para as reuniões do Congresso Estadual, onde exercia o mandato de senador estadual.

Manteve-se no Senado até a Revolução de 1930, quando as casas legislativas foram fechadas. No ano anterior, esteve engajado na campanha de Júlio Prestes, adversário de Getúlio Vargas. Era o presidente do Senado Estadual. O Partido Democrata era então liderado pelo senador Costa Rego e tinha no poder estadual Álvaro Paes. Nessa época, eram fortes suas bases eleitorais em Santana do Ipanema e Rio largo, além de Maceió.

Cidadão popular

Alfredo de Barros Lima Júnior, sobrinho do governador Fernandes Lima, em seu livro Alguns homens do meu tempo, lembra que foi secretário de Firmino Vasconcelos em sua última gestão na Intendência da capital e que quando o conheceu, não se agradou da fisionomia do farmacêutico, descrevendo-a como hostil, que repelia: “Não convidava a uma aproximação”.

Depois de algum tempo de convivência, período em que Firmino se manteve cerimonioso e cauteloso, Lima Júnior passou a ter dele a imagem de “um dos homens mais ricos de bondade, de ternura humana, de gosto de servir”. “Não cultivava a popularidade fácil, não descia muito à planície, mas era simples, era obsequiador, era manso e bom”.

Coexistindo na Intendência, revela Lima Júnior, “foi que eu vi — que eu vi com os meus olhos do meu rosto e com o do meu coração — quanto era probo, generoso, simples, humano, caritativo e leal aquele cavalheiro ácido…”.

E continua a avaliá-lo: “Firmino, na verdade, não foi um grande prefeito mas não foi porque não forçava o contribuinte, porque dispensava impostos devidos pelos pobres, porque ajudava os humildes, porque não tinha a paixão pelo mando. Não foram poucas as vezes em que lhe falei: — Senador, as rendas estão decaindo. E ele me dizia que não se inclinava pelos executivos fiscais, que não se comprazia em cobrar impostos de vendedores de tabuleiros, que não sabia dificultar modestos comerciantes do Mercado, que lhe repugnava multar. Seu dinheiro — o dinheiro dos seus subsídios, das suas casas de aluguel, das suas canas no Canoé [era proprietário do Engenho Canoé em Santa Luzia do Norte] — vivia dentro do bolso das suas calças desarrumado, enrolado, desordenado, como pedaços inúteis de papel”.

“Não era um orador que fosse grato ouvir, que sua fala era áspera e difícil. Preferia, talvez por isso, as frases curtas, as opiniões em poucas palavras, os pensamentos despidos de adjetivos. Mas a gente aprendia com a sua filosofia da vida, com os exemplos de probidade, com seu empenho em ser útil, com a sua lealdade política, com sua fidelidade aos amigos”.

Homenagens

Firmino de Aquino Vasconcelos, quando faleceu no sábado, 14 de março de 1936, às 23h30, em Maceió, já tinha recebido homenagens em vida.

Na capital, no bairro da Ponta da Terra, a antiga Rua das Quixabas recebeu seu nome. Da mesma forma em Santana do Ipanema, que já tinha a Rua Senador Firmino Vasconcelos sendo citada nos jornais em 1931.

4 Comments on Firmino de Vasconcelos, o farmacêutico sergipano que mais vezes governou Maceió

  1. Confesso não sabia quem era Fermino Vasconcelos e que tinha um político e que não era alagoano.Isso estou empolgado parabéns

  2. Carlito Lima // 13 de setembro de 2022 em 15:23 //

    Foi Firmino Vasconcelos que construiu a Avenida da Paz.

  3. Claudio de Mendonça Ribeiro // 13 de setembro de 2022 em 18:21 //

    Caríssimo Ticianelli, uma vez mais grato pela publicação de mais uma análise na História de Alagoas. Todavia, permita-me encarecidamente um comentário: constatei dois equívocos de digitação. 1) 4. Augusto de Aquino Braga (batizado em 390 de junho de 1878…) e 2) Era do Partido Democrata e foi eleito intendente de Macceió em 07 de outubro de 2012, com 970 votos. Isso acontece, com qualquer um de nós. Agradeço a compreensão. Fraternal abraço.

  4. Caro Cláudio de Mendonça, fique à vontade para nos corrigir. Sou dos que considera que a história é sempre uma obra coletiva. Sendo assim, escrevê-la também. Sua contribuição é sempre bem-vinda. Obrigado.

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