Breno Accioly

*Conto publicado no Diário Carioca de 18 de agosto de 1957.

Fica vazia a morgue e as rosas que murchavam em coroas, enormes coroas encostadas nas paredes, não deixam mais à mostra aquelas letras que douravam as largas fitas roxas.

Automóveis levaram-nas. Levaram em seguida os castiçais enormes de velas intermináveis e não demorará que também carreguem o esquife, retirem do cadafalso o cadáver que olha para cima sem poder ver o teto.

Esqueceram-se de fechar-lhe os olhos, de passar-lhe um lenço por debaixo do queixo e atá-lo na cabeça também olvidaram. De quando em vez da boca aberta sai uma mosca e pousando sempre e sempre nos dentes que os lábios repuxados não conseguem...