Graciliano Ramos
Publicado originalmente na revista Vamos Ler! De 11 de fevereiro de 1943.
Era uma vez um sertanejo que se chamava Gouveia e se mantinha comprando peles de bode na catinga, vendendo-as em povoações do interior, em dias de feira. Negócio difícil. Os armazenistas fixam peso mínimo para a mercadoria aproveitável: o que fica abaixo é refugo. Em consequência os matutos se defendem derramando chumbo miúdo nas orelhas murchas das peles, tapando os buracos depois com cera.
O nosso pequeno comprador aperfeiçoou-se nesse truque, imaginou outros, conheceu todos os segredos do ofício,...



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