Praça Visconde de Sinimbu, antigo ponto de travessia do Riacho Maceió

Praça Euclides Malta sendo construída em 1905

Até meados do século XIX, quem chegasse ao Porto de Jaraguá e quisesse se deslocar ao Centro de Maceió teria que caminhar pelo areal, que foi depois o Aterro de Jaraguá e Av. da Paz, até chegar ao ponto de travessia do Riacho Maceió, no seu antigo curso, e ali contratar os serviços de uma canoa, jangada ou batelão.

Após atravessar o riacho, o viajante continuaria sua caminhada pela hoje Rua do Imperador até a Boca de Maceió, atual Praça dos Palmares, passando antes pela Rua da Praia.

Foi o largo existente logo após a travessia do Riacho Maceió, atual Salgadinho, que deu origem a hoje Praça Sinimbu, após passar por várias denominações.

Largo que viria a ser a Praça Sinimbu numa foto de Abílio Coutinho de 1869

O primeiro equipamento importante situado no local foi um edifício construído durante o governo de José Bento de Cunha Figueiredo e onde funcionou por anos a Inspeção do Algodão.

Em 1864, a Lei nº 426, de 1º de junho, assinada pelo presidente interino da Província, Roberto Calheiros de Melo, autorizou o seu uso como Quartel de Polícia, o que levou a área em frente a ser conhecida como Praça do Quartel da Polícia.

No início de 1865, o presidente João Batista Gonçalves Campos ocupou o prédio com as forças dos Voluntários da Pátria que aguardavam o embarque para a Guerra do Paraguai.

Detalhava assim as condições do prédio: “A casa é vasta, fresca e bem colocada, mas não tem subdivisões; é um salão comum: aí se acomodarão resignados aqueles que se destinarão às fadigas da guerra”.

Explicava ainda que o engenheiro Scharamback havia calculado que a conversão do edifício em quartel custaria 3:594$611 rs.

Em fevereiro de 1879 este prédio já estava ocupado pelo Liceu, onde permaneceu até 1898. A iniciativa foi do presidente Cincinato Pinto, que iniciou a reforma do edifício em julho do ano anterior. Estava com a coberta bastante arruinada e as obras dirigidas pelo engenheiro Calaça custaram 15:501$873 rs.

A importância desta instituição de ensino era tão grande para Maceió, que logo o largo à sua frente ficou conhecido como Praça do Liceu.

O monumento que não foi erguido

Lyceu de Artes e Ofícios em 1908

Com o fim da guerra do Paraguai, alguns cidadãos ilustres, orgulhosos da participação dos alagoanos na contenda internacional, resolveram homenagear o heroísmo dos combatentes construindo um monumento em uma praça pública da capital.

A iniciativa partiu do padre Pedro de S. Bernardo Peixoto. No dia 6 de julho de 1870 ele encaminhou um abaixo-assinado ao presidente da província, José Bento da Cunha Figueiredo Junior, com 240 assinaturas solicitando a aprovação e ajuda para a homenagem.

A petição se fazia acompanhar de um desenho do monumento de autoria do engenheiro Frederico Mery.

Mesmo com as dificuldades provocadas pelos efeitos da guerra na economia local, com consequências nas contas públicas, o presidente acatou a proposta e nomeou uma comissão para executar o projeto e levantar fundos para a obra.

A pedra fundamental foi lançada às 14 horas do dia 7 de setembro de 1870, durante as comemorações da Independência. O local escolhido foi a Praça do Liceu, onde ocorreu a solenidade que contou com a presença de autoridades, incluindo o presidente da Província.

Lamentavelmente, do projeto foram executadas apenas as primeiras obras de urbanização do local, ficando sem o monumento aos nossos bravos soldados.

Esta urbanização de 1870, “segundo o plano do engenheiro Frederico Mery”, foi lembrada pelo jornal Gutemberg de 17 de novembro de 1905.

A Praça da Redenção dos escravos

Sede da CATU, onde foi construído o Restaurante Universitário da Ufal

No auge da campanha contra a escravidão no Brasil foi fundada em Maceió, no dia 18 de setembro de 1881, a Sociedade Libertadora Alagoana.

Sua instalação festiva ocorrue no Teatro Maceioense, em 28 de setembro, durante o ato de comemoração dos 10 anos da aprovação da Lei do Ventre Livre.

Estabeleceu a sua sede na Rua do Comendador Sobral, antiga Rua da Praia, bem próximo a Praça do Liceu. Contava com participação expressiva da intelectualidade alagoana e fazia uma aguerrida campanha de arrecadação de fundos para a compra de escravos e sua posterior libertação.

Com o apoio da Loteria Estadual, alforriou dezenas deles e ainda criou a Escola Central para crianças negras.

Com a abolição formal da escravidão, em 13 de maio de 1888, houve muita comemoração e, dois anos depois, para deixar na cidade as marcas da mobilização vitoriosa, o conselheiro municipal Francisco Domingues Lordslenn, um dos mais destacados ativistas desta causa — seus irmãos e de Dias Cabral também tiveram participação reconhecida —, propôs alterações nas denominações de algumas ruas e praças da capital.

O Orbe, de 12 de fevereiro de 1890, registrou que na sessão do Conselho da Intendência Municipal de 4 de fevereiro o “cidadão Lordsleen” pediu a palavra e entre outras indicações, propôs que “para perpetuar os nobilíssimos feitos da campanha abolicionista neste Estado das Alagoas seja denominada Praça da Redenção a atual Praça do Liceu, e da Sociedade Libertadora Alagoana a Rua Comendador Sobral — que era Rua da Praia até abril de 1883 —, por terem sido o primeiro pedaço de terra que por esforços dessa sociedade foi resgatado da mácula da escravidão”.

Domingues lembrava que já não havia moradores escravos no entorno da praça antes de 13 de maio de 1888.

O representante municipal solicitou ainda que a Rua do Conselheiro Sinimbu voltasse a ser denominada Rua do Comércio e que a praça em frente a sede da Sociedade do Montepio dos Artistas (Pracinha da Rua Nova) recebesse o nome de Praça do Montepio dos Artistas, homenageando a instituição onde ocorreu a inauguração em Alagoas do primeiro Clube Republicano, em 1886.

Praça Euclides Malta

Praça Euclides Malta no final da primeira década do século XX

Foi o engenheiro José de Barros Wanderley de Mendonça, que foi intendente da capital de 20 de fevereiro de 1901 a 22 de julho de 1903, que fez aprovar a Lei nº 71, de 7 de janeiro de 1903, denominando a praça de Euclides Malta, então governador do Estado e responsável pela indicação de Wanderley de Mendonça para o poder municipal. A denominação anterior era a de Praça Dr. Campos Salles, por definição da Lei nº 53 de 2 de março de 1899.

A ideia de “aformosear a praça Euclides Malta e dar a ela uma feição moderna”, surgiu somente na administração do dr. Manoel Sampaio Marques, como informou o Gutenberg de 20 de agosto de 1905 ao publicar o ofício nº 93 de 14 de agosto, do intendente ao engenheiro municipal.

Sampaio Marques anunciou que para realizar a tinha em mente “desapropriar as duas casas próximas a estação de bondes da linha circular e à margem do riacho Maceió”. Incumbiu o engenheiro de promover as desapropriações.

No dia 16 de setembro, ainda no Gutenberg, o intendente publicou uma nota conclamando “as pessoas que quiserem apresentar seus planos para os melhoramentos que pretendo executar na praça Euclides Malta, o obséquio de enviarem para a Intendência até o dia 25 do corrente suas respectivas plantas”.

Para decidir sobre o projeto a ser seguido, o intendente “nomeou uma comissão de pessoas viajadas e entendidas que escolherá a planta a que devem obedecer as obras do ajardinamento da referida praça”, como publicou o Gutenberg de 12 de outubro de 1905.

Praça Euclides Malta logo após a sua inauguração

Essa comissão julgadora se reuniu dois dias depois e escolheu o “desenho apresentado pelo ilustre sr. dr. Alfredo Luiz Marques”. Entretanto, a escolha não agradou a todo mundo.

Pelo menos é o que deixa entender uma nota assinada por Luiz Pontes de Miranda no Gutenberg de 19 de outubro. Perguntando no título se era planta ou croquis, o insatisfeito se refere ao trabalho escolhido como “um simples desenho que muito vale, como paisagem”.

Criticou ainda um dos membros da comissão “o profissional Propício Barreto que não procurou o essencial — A escala…”. E continuou: “Posso afirmar que por este mesmo esboço, preferido por dois leigos e um entendido, ninguém, sequer o mais extraordinário mestre de geometria descritiva, poderá orçamentar previamente as obras projetadas”.

Em seguida argumentou que somente poderia ter sido chamado de planta os trabalhos apresentados por Luccariny Filho e Hugo Jobim.

Não há registro de resposta do intendente, mas no final de outubro já havia a ordem para aplainar o terreno e iniciar as obras.

No dia 13 de novembro a praça começou a receber o seu ajardinamento sob a direção do agrimensor Luccariny Filho. Haviam encontrado uma solução para a falta da “escala”.

No dia 11 de outubro foi publicado o decreto desapropriando “três casas e terrenos adjacentes, sitos à margem do Riacho Maceió a praça Euclides Malta”. Duas casas pertenciam ao coronel Manoel Maria de Moraes, outra e um terreno adjacente à viúva d. Anna de Vasconcelos Martins e um terreno de Henry Haynes.

Ainda em meados de novembro de 1905, o Gutenberg explicava que algumas peças encomendadas na Europa, como “lampiões, bancos, aparelhos e lanternas, estátuas e estatuetas, outras esculturas e adornos” demorariam a chegar, prevendo que a inauguração somente ocorreria em março de 1906. Enquanto isso, Luccariny Filho avançava com o ajardinamento.

Um problema que vinha atrapalhando o andamento das obras da praça foi denunciado em 24 de janeiro de 1906 no jornal Gutenberg. “Ao amanhecer de ontem, um desocupado qualquer ou talvez um inimigo oculto e rancoroso, rebentou todas as quinas dos pilares e da escadaria em construção no cais da praça Euclides Malta”.

A nota informava ainda que não era a primeira vez que aquilo acontecia e indagava se o autor desta selvageria não seria o mesmo “que arrancou os olhos ou rebentos das árvores ultimamente plantadas pelo sr. dr. Intendente na rua Barão de Anadia, com o fim criminoso de não vê-las vingar”.

Praça Euclides Malta em um cartão postal de 1910/11

Em um comunicado à Polícia do mês de agosto de 1906, o intendente relata que “até as crianças que à tarde se agrupam na praça Euclides Malta, são também embora inconsciente, destruidoras dos trabalhos ali executados. Nem uma admoestação dos seus pais e amas presente vem a tempo para impedir a danificação que ali praticam”.

Finalmente, no dia 5 de novembro de 1906, começaram a ser colocadas na praça as estátuas o Comércio, a Hospitalidade, a Justiça e a Sol Nascente.

Não se encontrou informações sobre a data da sua inauguração, mas a partir de 1907 várias retretas foram apresentadas na praça, que em agosto recebeu em uma barraquinha “o elegante Buffet Porto Arthur, de propriedade dos srs. Heraclydes Malta & Cia”.

O Gutenberg, que se vangloriava de ter feito a cobrança para que tal equipamento fosse instalado, anunciava que lá vendia-se “licores, refrescos, gasosas, vinhos finos, cerveja, café, biscoitos, bolinhos, doces, confeitos, roletes de cana, charutos, cigarros, fósforos, etc, etc”.

A mesma nota informava ainda que a partir daquela data, 25 de agosto de 1907, seriam colocadas “cadeiras e banquinhos espalhados ao longo da calçada ao lado do riacho Maceió”.

Com a reurbanização, o local passou a atrair algumas empresas, como a Calderaria Italiana de Miguel Maimone & Cia e a fábrica de bebidas e vinagre de Eugenio Fortes.

No dia 5 de novembro de 1909 foi inaugurado o Fórum, que recebeu o Tribunal Superior e a Junta Comercial.

Praça Visconde de Sinimbu

Praça Visconde de Sinimbu

Em 1910, com várias praças de Maceió sendo reformadas e recebendo estátuas de alagoanos que tiveram participação relevante na história política do país, Euclides Malta, que em maio tinha inaugurado a estátua equestre do Marechal Deodoro na praça do mesmo nome, resolveu mandar confeccionar também uma estátua do Visconde de Sinimbu, mas não definiu onde ela seria instalada.

Após ser autorizado pelo poder legislativo em 1º de junho de 1910, o governador encomendou a escultura em São Paulo, que chegou a Maceió meses depois dividida em 39 volumes, cujo frete custou 1:200$000, como registrou em seu relatório de abril de 1912 o governador Macário Lessa.

Nesse mesmo período, deu-se início da reforma da praça. Em agosto de 1911, as obras estavam sendo realizadas.

Não há registro da inauguração, se é que houve, considerando o clima político acirrado que dominou Alagoas no final de 1911 e no início de 1912, quando Euclides Malta teve que fugir do Palácio dos Martírios no final de janeiro, sendo afastado do poder.

No final de 1911, a praça foi rebatizada como Praça Clodoaldo da Fonseca num ato final de uma manifestação popular liderada pelo capitão do Exército Pedro Cabral, então comandante da 5ª Companhia Isolada. Ele afixou uma placa com esta denominação no oitão da casa do coronel José Auto Cruz Oliveira. Esta casa foi posteriormente a sede do Tribunal Eleitoral.

O governador eleito em março de 1912, coronel Clodoaldo da Fonseca, não aceitou a homenagem e em seu  relatório de 15 de abril de 1915 registrou que esse ato era o resultado de um “momento de entusiasmo“.

Mas também não aprovou a restauração do nome da praça para Euclides Malta determinado pelo Decreto Municipal nº 571 de 20 de julho de 1912. Segundo Félix Lima Júnior em Memórias de Minha Rua, em março de 1913 Clodoaldo esclareceu ao intendente da capital que o “critério geralmente adotado” para a denominação de “nossas ruas e praças” era restrito “aos cidadãos notáveis e já falecidos“.

Com estas ponderações, solicitou, com toda a autoridade política que tinha, que nem Euclides Malta e nem ele deveriam nominar a praça.

Indicou que a estátua do Visconde de Sinimbu, que estava na Praça do Mercado (Praça São Benedito, que foi ocupada pelo Colégio Estadual de Alagoas e Secretaria de Educação), “onde impropriamente a colocaram”, fosse levada para a praça que o homenageara e a denominasse de Praça Conselheiro Sinimbu.

Já como Praça Sinimbu, além de ter no seu entorno a sede da Companhia Alagoana de Trilhos Urbanos (CATU) — depois Companhia Força e Luz do Nordeste do Brasil — e a Escola de Aprendizes Artífices por muitos anos, a praça recebeu ainda moradores famosos como o poeta Jorge de Lima, que construiu sua casa e passou a ser morador do local em 1920, e o ex-governador Arnon de Melo.

A Ponte dos Fonsecas

Ponte sobre o Riacho Maceió de 1845. Foto de Camillo Vedani, Biblioteca Nacional

A primeira ponte construída sobre o Riacho Maceió, no local que seria a futura Praça Sinimbu, foi erguida durante presidência de Henrique Marques d’Oliveira Lisboa, que administrou a Província interinamente de 16 de julho de 1845 a 10 de novembro de 1845. Era o 1° vice-presidente no cargo de titular.

Em mensagem governamental de 8 de outubro de 1845, o mandatário relatou à Assembleia Legislativa que havia concluído a “Ponte do Riacho Maceió, a qual, assim como o aterro adjacente, que equivale a outra Ponte, ficaram de tal arte construídas, que de certo qualquer entendedor, não achará caro o seu importe Rs. 11:462$978”.

Informou ainda que o responsável pela obra foi “o hábil e honrado Mestre Construtor Francisco Lopes dos Santos” e que ao lado da ponte construiu uma pequena casa de pedra e cal com 25 palmo quadrados para proteger o “guarda que ali mandei colocar para apoiar a arrecadação de Imposto”.

Segundo seu relato, quando iniciou a obra em 14 de abril de 1845, “quando já se haviam fincado muitos moirões”, a Câmara resolveu intervir alegando que a obra não seguia o alinhamento da rua, “que vem corresponder à do Rosário”, a atual Rua do Sol.

Henrique Marques reagiu afirmando que “antes de começar a obra, eu tratei de examinar esse suposto alinhamento da rua do Rosário com a outra que desce da ladeira do Algarve” [Ladeira da Catedral]. Em sua avaliação não havia alinhamento entre muitas casas e que “só o da Ponte não é o que daria a regularidade que a Câmara parecia exigir.

Em sua justificativa para manter a obra no local escolhido, utilizou argumentos financeiros e técnicos. Explicou que no local exigido pelo poder legislativo municipal existia uma “pinguela” para o “trânsito do povo”. Alegou ainda que o material retirado dessa pinguela, posteriormente poderia ser utilizado para construir uma pequena ponte.

Ponte dos Fonsecas de 1871, antes da urbanização da praça Euclides Malta

Somente 26 anos depois essa estrutura foi substituída pela Ponte dos Fonsecas, que foi inaugurada em 13 de janeiro de 1871 na gestão de José Bento da Cunha Figueiredo. Prestava homenagem à família Fonseca e seus militares famosos, tratados como heróis da Guerra do Paraguai — um deles, Deodoro, chegaria à presidência da República em 1889.

A Ponte, com estrutura de ferro e alvenaria, foi encomendada ao engenheiro Hugh Wilson ao custo de 6.500 libras esterlinas.

Segundo o estudo de Verônica Robalinho Cavalcanti, La production de l’espace à Maceió (1800-1930), esta ponte foi inaugurada em 1870 com as seguintes especificações técnicas determinadas nos termos do contrato: 116 pés (38,28 m) e 30 pés de largura (9,90 m) com passagens laterais tinham 6 pés (1,98 m) de largura cada.

Essa construção manteve-se até 1924, quando foi destruída por uma tromba d’água.

Foi reconstruída, no governo de Costa Rego pelo engenheiro José Cortês Sigaud, agora em cimento armado. Foi inaugurada em 12 de junho de  1926 e dela sobrevivem os corrimões na entrada da Rua do Imperador, ao lado do Clube Fênix.

Ponte dos Fonsecas em 1940

Na mensagem governamental de 1926, o governador Costa Rego esclareceu que “Em vista do terreno, no local da antiga ponte, apresentar grandes dificuldades a trabalhos de abertura de fundações, pareceu mais econômico ao construtor aproveitar os dois encontros existentes, os quais, havendo resistido aos empuxos da grande cheia de 1924, comprovaram sua estabilidade”.

Mais adiante informa a dimensão da ponte ao esclarecer que para construí-la o engenheiro descartou erguê-la em vão livre por ser este de 36 metros, com largura de 13 metros. “Foi, então, por estas razões, levado o construtor a executar um projeto de três vãos, o qual lhe pareceu mais econômico e adequando”.

E continuou: “Para diminuir a carga sobre os dois encontros, aumentou-se, consideravelmente, o momento de inércia sobre os pilares. A fim de facilitar ainda esta situação e com o fito de deduzir o momento médio, deram-se ao vão central 15 metros de comprimento e aos extremos 10,50 metros”.

Mudança de curso

Antigo curso do Riacho Maceió, o Salgadinho

Uma das principais mudanças sofrida pela praça ocorreu a partir de 1948, quando o Riacho Maceió teve o seu trajeto final modificado e o curso anterior foi aterrado, criando condições para ocupação urbana da área gerada. Surgiram novas vias com suas edificações.

Essa expansão da ocupação do entorno da praça e a sua consequente valorização atingiu seu ápice nos anos 60, principalmente com a construção da Faculdade de Engenharia, hoje Espaço Cultural da Universidade Federal de Alagoas, da Residência Universitária Masculina e do Restaurante Universitário da Ufal.

O prefeito do S

Sandoval Caju, que tomou posse como prefeito de Maceió nos primeiros dias de 1961, fez uma administração histórica em Maceió, deixando como marca de suas obras o famoso “S”.

Praça Sinimbu nos anos 60, foto do acervo de Jerônimo Lopes

Uma das praças onde ele mais investiu foi a Sinimbu.

Contando com uma equipe técnica dirigida por Lauro Menezes e José da Costa Passos Filho, funcionários da Superintendência Municipal de Obras e Viação, Sandoval Caju promoveu alterações importantes no traçado daquele equipamento urbano.

Nessa reforma a praça foi dividida em duas partes para facilitar o acesso à rua Sargento Benevides.

Segundo a arquiteta Josemary Omena Passos Ferrare, ele criou “passeios e canteiros sinuosos, bancos circulares sem encostos e também com encostos, fabricados em marmorite, material em que eram também fabricados brinquedos fixos”.

Na parte menor da praça, que foi denominada Praça Jorge de Lima, destacava-se um painel de azulejos com uma piscina cuja fonte era uma estátua de criança “urinando” água, o Mijãozinho. Atrás do painel tinha a seguinte inscrição “lá vem o acendedor de lampiões da rua”, em homenagem ao poeta alagoano Jorge de Lima.

Outra ação de Sandoval Caju, em 1963, foi a de mandar retirar da Praça Sinimbu as estátuas com a representação de figuras mitológicas, enviando Minerva para a Praça Santa Tereza na Ponta Grossa e o desnudo Mercúrio para a Rua do Comércio, em frente ao Ponto Central.

Mercúrio não se deu bem no novo endereço e em 1967 foi recolhido à Associação Comercial pelo prefeito Divaldo Suruagy.

Mijãozinho do Sandoval Caju na Praça Sinimbu nos anos 60

Em 1968, na Praça Jorge de Lima foi construído pela Secretaria de Educação, em convênio com a Prefeitura de Maceió, o Aeromodelódromo Pedro Cid Malta.

Nos anos seguintes, mesmo após a construção de um novo edifício para o Tribunal Regional Eleitoral, a praça foi perdendo os moradores do seu entorno e deixou de ser frequentada como antes, com exceção da sua utilização sazonal como acampamento para os movimentos sociais que lutam pela posse da terra.

Desde 2017 que um projeto para sua reurbanização tramita na Prefeitura de Maceió, sem nenhuma definição sobre o futuro da histórica praça, que já foi referência na luta contra a escravidão e homenageia uma das mais destacadas personalidades políticas de Alagoas do século XIX.

9 Comments on Praça Visconde de Sinimbu, antigo ponto de travessia do Riacho Maceió

  1. Vinicius Maia Nobre // 26 de junho de 2018 em 10:33 //

    Nessa praça que já teve o nome de Euclides Malta tem um projeto que destaco de muito valor , o Restaurante Universitário de autoria de Zelia de Melo Mais Nobre . Projeto esse muito elogiado pelos seus colegas e que serviu de estudos de universitários da UFAL . Tenho carta do Dr Ib Gato onde ele tece comentários acerca do costume nosso em trocar o nome original dos logradouros públicos e ponho em dúvida o consentimento do Euclides na substituição do seu nome pelo do Visconde de Sinimbú ! Está você Ticianeli novamente de parabéns pela bela narração . Não posso como engenheiro de deixar desapercebido o vão da Ponte dos Fonsecas : 120 metros . Essa medida cobre a distância da Casa de Jorge Lima à esquina da Rua da Praia . Infelizmente a cheia de 1924 levou a ponte mas da Arq Josemary Ferrare discordei qdo em sua tese de pós graduaçao citou a mesma medida .

  2. Legal essa história da agradável Praça Sinimbu.Parabens meu irmão Ticianeli !

  3. André José Soares Silva // 26 de junho de 2018 em 14:04 //

    Prezado Ticianeli, como sempre os seus textos são de grande utilidade para a nossa, e as gerações futuras. A Praça Sinimbu traz boas recordações do tempo de menino. Sempre brincava na espera do ônibus que nos levava para o Prado, onde morava. A linha era o Santuário Trapiche. Um belo dia ao descer no escorrega que ainda existe, ou resiste ao desprezo da praça, tive uma infeliz surpresa. Alguém fez suas necessidades no referido brinquedo. Nessa tarde, comecinho da noite fui com minha mãe a pé para casa a chorar.

  4. Caro professor Vinicius Maia Nobre, sua participação como sempre esclarecedora. Encontrei e já corrigi na matéria as informações sobre as dimensões da ponte. Muito obrigado.

  5. Parabens pelas fotos e as informações! A Praça Sinimbu,era meu percurso , quando tinha meus 10 a12 anos, década de 50, vindo da praia, da Av. da Paz, com muita sede eu e meus irmãos e, ou, amigos pulávamos o muro do Clube Fenix Alagoana, para beber água numa torneira, passávamos pela Praça Sinimbu, de regresso ao bairro do Farol, onde morávamos. Gratas e saudosas lembranças!

  6. Maria Ítala Malta Matos // 26 de abril de 2020 em 09:01 //

    Parabéns Ticianeli! Mto bom saber da história do nosso estado resgatando o passado através dessas memórias fotográficas.

  7. Oseas Batista Figueira Junior // 10 de junho de 2020 em 02:38 //

    Muito bom. Parabéns pelo artigo e pelas fotos.

  8. Fernando Ferreira // 29 de maio de 2021 em 02:35 //

    Uma pena se desfazerem da bela e diferenciada construção que abrigava a garagem dos bondes de Maceió! Ao lado do Hotel Bela Vista eu reputo como uma perda da Maceió do passado!

  9. Claudio de Mendonça Ribeiro // 27 de junho de 2023 em 16:46 //

    Muito grato, prezado Ticianeli, por mais uma matéria sobre Alagoas. Parabéns.

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