Breno Accioly

*Publicado no Diário Carioca de 29 de dezembro de 1957.

Agora, Amadeu não precisa mais de relógio. Sabe muito bem nunca mais precisará saber das horas e pouco se lhe importa seja comprida a noite.

Um sono doente impede a velha de ver Amadeu fumar, cigarro no canto da boca sem fumaçar-lhe os bigodes, cigarro lentamente se transformando em cinza, cinza que esfria e teima em não cair no peito descoberto.

Os braços enrolados por trás da cabeça, que não dói mais, os dedos sentindo as carnes do pescoço sempre tão branco....