Companhia de Fiação e Tecidos Norte-Alagoas e a Fábrica de Saúde

Interior da Fábrica de Fiação e Tecidos Norte de Alagoas

A Companhia de Fiação e Tecidos Norte-Alagoas e a Fábrica Marituba, de Piaçabuçu, foram as duas últimas unidades da indústria têxtil a se instalarem em Alagoas.

A primeira delas foi a Companhia União Mercantil, que começou a funcionar em Fernão Velho, distrito de Maceió, em 1857. A futura Fábrica Carmen foi a terceira indústria deste ramo a se instalar no Brasil.

Depois vieram a Fábrica Cachoeira (1888) e a Fábrica Progresso (1892), que se fundiram na Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos, instalada em Rio Largo.

A Fábrica Pilarense (Pilar) também entrou em funcionamento no ano de 1892. A Fábrica Penedense (Penedo) em 1895.

Já no século XX, surgiu, no Pilar, a Fábrica de Rendas e Bordados (1909); em São Miguel dos Campos, a Fábrica de Fiação São Miguel (1913); a Fábrica Alexandria (1911), em Maceió; a Fábrica Santa Margarida (1914), em Maceió; a Fábrica de Pedra (1914), em Delmiro Gouveia.

Companhia de Fiação e Tecidos Norte Alagoas na revista Vamos Ler de 11 de fevereiro de 1943

A Fábrica Norte Alagoas entrou em operação em 1924 e a Fábrica Vera Cruz em 1925. A primeira no então sítio de Saúde em Maceió e a segunda em São Miguel dos Campos. A Fábrica Marituba, de 1926, ficava em Piaçabuçu.

Estas últimas surgiram num período em que os setores têxtil e algodoeiro alagoano se destacavam, apesar do ambiente econômico instável dos anos 1920 no Brasil.

Mesmo diante das dificuldades, alguns destes grupos empresariais continuaram a investir em novas unidades fabris ou, nas já existentes, instalando maquinários mais modernos, ampliando as seções e construindo vilas operárias.

A Fábrica de Saúde

Portão da Companhia de Fiação e Tecidos Norte Alagoas

As primeiras informações sobre a construção de uma fábrica têxtil no norte de Maceió por iniciativa da Companhia Fiação e Tecidos Norte de Alagoas surgiram no relatório apresentado ao Congresso Legislativo de Alagoas em 21 de abril de 1924, pelo governador Fernandes Lima.

Ao constatar a necessidade da abertura de novas vias, o governante destacou a importância da Estrada do Norte, recém-aberta em sua gestão, por ter dado  condições para a “fundação de uma fábrica de tecidos, em lugar decadente, de completo abandono, o que se não realizaria se transporte pronto, de todas as horas, não lhe estivesse garantido”.

Entretanto, a contribuição do governo de Fernandes Lima para a instalação da fábrica em Saúde não ficou restrita à construção de uma estrada. Como era uma prática comum à época, ofereceu incentivos fiscais a esta nova empresa.

No dia 24 de março de 1924 concedeu, pelo Decreto nº 1.038, “ao cidadão Francisco de Assis Rodrigues de Vasconcellos ou à Sociedade que organizar, isenção de diversos impostos para o estabelecimento de uma fábrica de fiação e tecidos, no sítio denominado “Saúde”, do distrito de Ipioca desta capital”. A isenção foi por cinco anos.

Francisco de Assis Rodrigues de Vasconcelos

Assim surgiu a firma Vasconcelos, Soares & Cia, formada pelos primos Francisco de Assis Rodrigues VasconcelosManoel Soares de Vasconcelos Filho e dr. José Soares de Vasconcelos, que assumiu a gerência até 1927, além de funcionar também como o médico da empresa e como responsável pela implantação do saneamento básico da planta industrial e da vila dos operários.

Cinco meses depois, em agosto, a secção de fiação da fábrica entrou em funcionamento. O prédio para o cotonifício começou a ser erguido em 2 de março de 1925 e somente começou a produzir tecidos em 26 de março de 1927.

No início de junho de 1927 passou a operar com 160 teares dos 500 que ela podia acionar. No dia 15 de julho já funcionavam 200 teares e tinha 300 operários.

Neste ano produzia diariamente 320 peças de morim, num total de 7.200 metros. O morim era comercializado recebendo as marcas: Bahia, Brasil, Saúde, Meirim, Victória, Jahu e outras. Também produzia panos para sacos.

A vila operária, em 1927, tinha 150 casas para os trabalhadores e outras unidades mais bem construídas para os “funcionários de categoria”, como registrou o Diário de Pernambuco de 3 de julho daquele ano.

Existia ainda no local um posto médico. As condições sanitárias das habitações do lugar eram consideradas boas. A planta industrial e a vila operária estavam inscritas em um vasto terreno.

Companhia de Fiação e Tecidos Norte Alagoas na revista Vamos Ler de 11 de fevereiro de 1943

Moreno Brandão, em reportagem para a Gazeta de Notícias de 18 de maio de 1930, informou que entre as dez fábricas de tecidos de Alagoas, poucas tinham dado lucro no ano anterior. Naquele ano, a Norte Alagoas, mesmo auferindo lucro bruto na manufatura de 387:793$480, “deixou um pequeno déficit”.

A partir de 1934, a empresa passa a enfrentar dificuldades e em 1939 seu controle acionário passa para a família Nogueira.

Em 1935, o escritório da empresa na capital ficava na Rua Sá e Albuquerque, 324, em Jaraguá. Dois anos depois mudou para a Rua do Comércio, 390. O fone tinha o número 167.

Com o início da Segunda Guerra Mundial, e a consequente dificuldade de importações, fez crescer os preços dos produtos fabricados no Brasil e as fábricas têxteis do Nordeste conseguiram expandir suas margens de lucro.

Os números de 1939 também foram bons para a empresa, que divulgou para os seus acionistas que o crédito da venda de produtos manufaturados foi de 2.321:780$900 e o débito de 1.067:770$190, obtendo-se um lucro líquido de 1.254:010$410.

Entre os vários usos deste lucro, havia uma reserva de 548:598$910 para a compra de caldeira e turbina, indicando que a companhia pretendia ampliar sua capacidade produtiva.

Em 1943. Seu capital era de quatro milhões e quatrocentos mil cruzeiros. Operava 10.468 fusos.

Com o fortalecimento das entidades classistas, após a criação do Ministério do Trabalho em 1930, surgiram vários embates entre trabalhadores e empresários. Os primeiros tentando reduzir a jornada dentro das empresas e pleiteando melhores condições de trabalho e salários dignos.

A partir de 1940, com a instituição do salário mínimo por Getúlio Vargas, esses conflitos cresceram. A Fábrica de Saúde chegou a ser obrigada, em 1942, a pagar diferenças salariais por adotar valores menores, se colocando como uma empresa do interior do Estado.

Em outubro de 1956 a jornada de trabalho nas seções de caldas, bancos e fiação variavam entre 10 e 13 horas por dia pelo mesmo salário. Essa situação foi comunicada à Delegacia do Trabalho.

Por adotar esse regime de trabalho e por reprimir qualquer movimento reivindicatório, aquela unidade fabril ficou conhecida entre os sindicalistas como “Alemanha Pequena“, numa referência à falta de liberdade daquele país durante o nazismo.

Em março de 1967, a Fábrica de Saúde buscava recursos federais e solicitou da Sudene “35,1 milhões de cruzeiros de isenções alfandegárias para importação de equipamentos” destinados à ampliação da empresa, como registrou o Diário de Pernambuco de 14 de março de 1967. O projeto foi aprovado.

Quando fechou as portas, em 1983, tinha aproximadamente 700 operários.

Os proprietários

Palacete de Francisco de Assis Rodrigues de Vasconcellos na Praça dos Martírios

Com a publicação da isenção de impostos concedida pelo governador Fernandes Lima, em 24 de março de 1924, sabe-se que o seu primeiro diretor foi Francisco de Assis Rodrigues de Vasconcellos.

Filho de Nathan Rodrigues de Vasconcelos e de Josefina Vasconcelos, Chico de Assis nasceu em Viçosa, Alagoas, onde fez fortuna ao explorar um engenho e vários descaroçadores de algodão naquela cidade da zona da mata alagoana.

A situação privilegiada de Viçosa, atendida pela rede ferroviária, permitiu que ele se colocasse entre os principais fornecedores do produto para as indústrias têxteis de Alagoas.

Quando se estabeleceu em Maceió como comerciante, adquiriu o prédio de estilo clássico imperial construído por Antônio Machado no início do século XX na esquina da Praça dos Martírios com a Rua General Hermes.

Essa edificação foi posteriormente utilizada como a sede do Fomento Agrícola e Rádio Difusora. Passou uma época a fechada, até ser cedida por comodato à Fundação Pierre Chalita.

Na capital, Vasconcellos teve larga projeção política e chegou a ocupar mandato de conselheiro municipal. Foi ainda dirigente da Associação Comercial e presidente da Junta Comercial de Alagoas por muitos anos.

Era um dos sócios da poderosa empresa exportadora Vasconcellos & Vasconcellos, fundada em 1896 e instalada na Rua da Alfândega (Sá e Albuquerque), nº 15. Além de Francisco de Assis Rodrigues de Vasconcellos, eram também sócios Manoel Soares de Vasconcellos e José Soares de Vasconcellos.

O seu nome também surgiu nos jornais e relatórios governamentais quando foram divulgados os desencontros entre o governo do Estado e os diretores do Banco de Alagoas.

Era um dos dirigentes do Banco do Estado quando este passou a ser o Banco de Alagoas, no dia 19 de novembro de 1915. A diretoria contava ainda com Pedro Almeida. A presidência era exercida por Francisco de Amorim Leão.

Representavam, como incorporadores, uma sociedade anônima com poderes de liquidar o banco, que vinha com problemas.

O governador José Baptista Accioly Júnior, que os nomeou para coordenar o processo de incorporação, esperava deles que desempenhassem a função com “critério, inteligência e patriotismo”.

O Estado deveria permanecer com uma das diretorias. Para esse cargo foi nomeado o dr. José Fernandes de Barros Lima, que detinha 15 votos do governo.

Entretanto, esse compromisso não foi cumprido, como registrou o governador Baptista Accioly em seu relatório de 1918. Citou a transição de propriedade do banco como “lastimável e dolorosa”.

O descontentamento se devia ao fato de a diretoria reservada ao Estado ter sido eliminada à revelia do governador. “Quando me foi dado conhecer da resolução tomada pela Assembleia Geral dos Acionistas do Banco, procurei evitar que se consumasse o ato atentatório das boas relações entre o Governo e Diretoria do Banco. Nada alcancei, fazendo-me estranheza a teimosia com que se insistia na supressão do referido lugar”, relatou Baptista Accioly.

Esclareceu ainda que moveu ação judicial e que foi surpreendido com ataques a sua pessoa no relatório anual do Banco. Por fim sentia-se realizado por ter sido o criador do Banco de Alagoas e não se arrependia em ter confiado “aos seus atuais diretores a sua reorganização e direção”.

Em Saúde

Vila Operária da Companhia de Fiação e Tecidos Norte Alagoas na revista Vamos Ler de 11 de fevereiro de 1943

Com o título de “uma fábrica progressista“, a revista Vamos Ler de 11 de fevereiro de 1943 publicou uma página divulgando a Companhia de Fiação e Tecidos Norte Alagoas.

Além de algumas informações sobre o empreendimento, a revista revela os nomes dos seus diretores: Francisco de Assis Rodrigues de Vasconcellos, presidente; Carlos da Silva Nogueira, vice-presidente; Hermínio de Paula Castro Barroca, secretário; Aloísio da Silva Nogueira e Antônio Nogueira Júnior, diretores-auxiliares.

Pelo Diário de Pernambuco de 10 de julho de 1948, sabe-se que houve algum desentendimento entre estes diretores. Uma nota com o título “Recurso de Alagoas”, informa que no dia anterior tinha sido dado entrada na secretaria do Supremo Tribunal Federal “o recurso extraordinário da Cia. Fiação e Tecidos Norte de Alagoas e outros, de Alagoas, contra Francisco de Assis Rodrigues Vasconcellos”.

A partir de então, Francisco de Assis não é mais citado em qualquer publicação e os membros da família Nogueira assumem a direção da empresa.

Francisco de Assis Rodrigues Vasconcellos faleceu em 1959 no Hospital do Açúcar em Maceió.

Família Nogueira

Segundo a excelente pesquisa de Antônio Nogueira Neto, a chegada da família a Maceió se deu em 1884, quando aqui desembarcaram os irmãos portugueses Manoel da Silva Nogueira (nascido em 1868) e João da Silva Nogueira (1870).

Eles conseguiram em Portugal uma Carta de Chamada assinada pelo também português Jacintho José Nunes Leite, que era o pai Emília Joaquina Nunes Leite, madrinha de batismo de João da Silva Nogueira.

Jacintho, que à época já era um comerciante bem-sucedido em Maceió, garantiu na Carta emitida em 29 de agosto de 1884, que João e Manoel iriam trabalhar em sua loja de ferragens, a Jacintho Leite & Cia. Somente assim eles conseguiram os Passaportes de Emigrantes.

Foram recebidos na capital alagoana por um tio português de Beiriz, Antonio Luiz Coelho, irmão da mãe de ambos, Maria Rosa Coelho.

Por volta de 1890, os irmãos Nogueira passaram a trabalhar na firma dos tios, Coelho & Irmãos, onde chegaram a sócios.

Foi no Gutenberg de 22 de janeiro de 1896 que a pesquisa encontrou a mais antiga referência ao nome de João da Silva Nogueira em jornais. Divulgava a relação dos “Mesários” da Confraria do Santíssimo Sacramento envolvidos na preparação dos eventos da Semana Santa daquele ano.

Família João Nogueira

João da Silva Nogueira casou-se com Josepha Leocádio de Lima, que era filha de criação do seu tio Antonio Luis Coelho e de Sinhá Coelho. Moravam na Rua Ambrósio Lyra, 55. Do casamento nasceram Cecília (1899), Carlos (1900), Aloísio (1902) e José (1906), todos  da Silva Nogueira.

Cecília casou-se com o primo Antônio de Freitas Nogueira (1900), que chegou a Maceió em 1916 para morar com o tio João da Silva Nogueira.

Antônio era filho de Antonio de Freitas Nogueira (1875), irmão de Manoel da Silva Nogueira e João da Silva Nogueira, que permaneceu em Portugal com a irmã Ana Sofia.

Antonio de Freitas Nogueira foi o único filho de Francisco da Silva Nogueira que recebeu o sobrenome de sua avó, Maria Joaquina de Freitas, adotando “de Freitas Nogueira“.

Cecília da Silva Nogueira e Antônio de Freitas Nogueira tiveram dois filhos: João da Silva Nogueira e Maria Tereza Nogueira, que casou-se com Alfred Leahy.

Manoel Nogueira, o outro irmão, casou-se em janeiro de 1908 com Maria Emília Omena, irmã de Miguel Omena, e tiveram Lucila da Silva Nogueira e Milton da Silva Nogueira (1906). Moravam na Rua 15 de Novembro, atual Rua do Sol.

A última informação sobre ele é de 12 de dezembro de 1906, quando o Gutenberg informou que Acha-se grandemente enfermo o estimado comerciante desta praça snr Manoel Nogueira, sócio da firma Coelho & Nogueira”.

No dia 7 de abril, ainda de 1896, um comunicado publicado no Gutenberg e dirigido ao ”Comércio” informava que a firma Coelho & Irmãos havia sido dissolvida amigavelmente desde o dia 1º daquele mês.

O sócio Joaquim Luiz Coelho se afastava e os remanescentes continuavam agora com uma nova empresa e novos sócios. A Irmãos & Nogueira, no seu primeiro comunicado público, recebeu as assinaturas dos sócios: Manoel Luiz Coelho, Joaquim Luiz Coelho, Antônio Luiz Coelho Portugal, Manoel da Silva Nogueira e João da Silva Nogueira.

Em 12 de novembro de 1897, outro comunicado ao Comércio tornava público que havia sido constituída a razão social Coelho & Nogueira, à rua do Comércio, 79 e 81, no ramo de molhados e refinação de açúcar e café. Assinaram o comunicado os seguintes sócios: Antônio Luiz Coelho Portugal, Manoel da Silva Nogueira e João da Silva Nogueira.

Essa empresa foi dissolvida em 25 de agosto de 1908, conforme foi comunicado ao público em 31 de julho. Somente dois sócios assinaram a nota: Antônio Luiz Coelho Portugal e João da Silva Nogueira.

João Nogueira & Cia

Um anúncio fúnebre de 5 de novembro de 1907, publicado no Gutenberg, informou o falecimento de Josepha de Lima Nogueira, esposa de João da Silva Nogueira.

Esta perda e a dissolução da sociedade com Antônio Luiz Coelho Portugal marcaram o início de um novo ciclo na vida da família Silva Nogueira em Alagoas.

Em 1907 foi constituída a firma João Nogueira & Cia, provavelmente como continuação do comércio estabelecido pela antiga razão social Coelho & Nogueira.

A médio prazo os negócios da família prosperaram, entretanto há indícios que durante algum tempo João Nogueira e filhos tiveram que atravessar um período difícil.

Fábrica de Saúde

Vinicius Maia Nobre, cujo pai, Manoel Maia Nobre, foi muito amigo da família Nogueira, lembra ter ouvido do empresário Carlos da Silva Nogueira que no início teve até que trabalhar em padaria e dormir em cima de sacos de farinha de trigo.

A trajetória escolar do próprio Carlos da Silva Nogueira indica que seus estudos eram voltados para o trabalho no comércio.

Seu nome surge nos jornais quando tinha apenas 10 anos. O Gutenberg de 13 de fevereiro de 1910, noticiou que “o pequeno Carlos da Silva Nogueira enviou-nos 44 cupons da Trilhos Urbanos para o Jardim Infantil”.

Em 1913, cursava a primeira série no Instituto Comercial em Maceió e em 25 de março de 1917 era um dos alunos habilitados a se matricular no primeiro ano do Curso Geral da Academia de Ciências Comerciais de Alagoas.

João Nogueira faleceu no dia 13 de janeiro de 1935 no Rio de Janeiro, onde morava na Rua Mariz e Barros, 369. Foi citado nos jornais como fundador da Casa João Nogueira & Cia em Maceió e enterrado no Cemitério de São João Batista no dia seguinte.

Os filhos continuaram os negócios deixados pelo pai e alguns destes empreendimentos foram ampliados por desdobramentos dos seus casamentos.

Carlos Nogueira da Silva casou-se com Edith Brandão Nogueira, casamento do qual nasceram os filhos Ruth (casou-se com Beroaldo Maia Gomes em 30 de dezembro de 1954), Paulo, Marysa (esposa de Ismar Gato) e Denise.

Aloísio da Silva Nogueira casou-se com Edite Rodrigues de Vasconcelos, filha única de Francisco de Assis Rodrigues de Vasconcellos, primeiro proprietário da Fábrica de Saúde, o que aproximou a família Nogueira daquele empreendimento. Tiveram os filhos Sônia (viúva do Celso de Barros Correia), Alberto e Fernando.

Cecília da Silva Nogueira casou-se com o primo Antônio da Silva Nogueira. Foram moradores da Rua Augusta, em Maceió, por muitos anos. Tiveram os filhos João da Silva Nogueira e Maria Tereza Nogueira.

José da Silva Nogueira, o mais moço dos filhos, casou-se com Maria Lima Nogueira, que cometeu suicídio na noite de 22 de fevereiro de 1940.

Do segundo casamento, com Carmem Sylvia Cansanção (faleceu em 26 de maio de 2010) teve os filhos Carmem Sylvia, Ana Cecília e José, o Zezinho Nogueira. Carmem Cansanção era filha do usineiro Antônio Cansanção. Moraram por décadas no casarão onde atualmente está a Faculdade Seune no Farol.

João Nogueira & Cia na Rua do Comércio

Já no início dos 30, a firma João Nogueira & Cia e seus sócios divulgaram que eram “Exportadores e importadores [de] Estivas em Geral”, com armazéns na Rua do Comércio, 390 a 394 e na Rua Sá e Albuquerque, 62 (A Noite, 14 de julho de 1934).

Em 1932, a J. Nogueira & Filhos adquiriu de José Moura o Bar e Mercearia Colombo, na Rua do Comércio, 216. Não confundir com o Café Colombo, também na Rua do Comércio, mas que funcionou na esquina com o Beco São José.

O Bar Colombo fechou as portas em 1962 e Arthur de Freitas Nogueira e Manoel de Freitas Nogueira, irmãos de Antônio de Freitas Nogueira (marido de Cecília da Silva Nogueira), receberam o bar do pai e o administraram por muitos anos.

Arthur Nogueira Filho ainda guarda em sua casa uma mesa com tampa de mármore, toda trabalhada, e algumas taças de cristais. “Eu vivenciei boa parte da trajetória do Bar Colombo e lembro que papai tinha uma média de 15 empregados que levavam as compras em caixas de madeira nas residências das pessoas”, recorda.

Além da participação na Fábrica de Saúde, a empresa da família também adquiriu nos últimos anos da década de 1930 a Fábrica Vera Cruz de São Miguel dos Campos, que já estava sob o controle de Gustavo Paiva.

O comendador Gustavo Paiva tinha comprado a Vera Cruz para levar seus equipamentos para as suas fábricas em Rio Largo. As lideranças políticas de São Miguel dos Campos ficaram desesperadas diante da crise que seria provocada pelo desemprego e pela redução na arrecadação de impostos.

O proprietário da  Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos de Rio Largo foi convencido a não desmontar aquela unidade fabril e repassá-la para outro empresa, desde que assumisse o compromisso de mantê-la em atividade. Foi assim que a João Nogueira & Cia passou a administrar a Vera Cruz.

Vinicius Maia Nobre recorda que foi logo após esta aquisição que os irmãos Carlos e Aloísio passaram a não mais se entender na condução dos negócios da família. Manoel Maia Nobre foi quem atuou para apaziguar os ânimos e conseguiu um pacto judicial garantindo que a empresa continuaria existindo pelos dez anos seguintes.

Em 1958, houve a divisão dos bens, incluindo e as fazendas de gado Bamburral, Santa Justina e Lamarão. 

José da Silva Nogueira

José da Silva Nogueira e seu irmão Aloísio da Silva Nogueira ficaram com os investimentos da empresa na agropecuária, tornando-se referência neste setor. O Parque de Exposições de Maceió recebeu o nome de José da Silva Nogueira em sua homenagem.

Carlos da Silva Nogueira optou pelos investimentos imobiliários e um dos seus maiores imóveis foi o que deu origem ao Hotel Alteza Jatiúca e ao Conjunto Stella Maris em Maceió. Além disso, ficou também com a representação da Brahma em Alagoas.

José da Silva Nogueira e seu primo Antônio da Silva Nogueira assumiram a direção da Fábrica Vera Cruz em São Miguel.

Aloísio da Silva Nogueira permaneceu à frente da Fábrica Norte Alagoas em Saúde. Tinha pertencido ao seu sogro. Seu filho, Alberto Nogueira, também participou da administração do empreendimento por vários anos.

Após desligar os motores definitivamente em 1983, os prédios da Fábrica de Saúde foram abandonados e somente as casas dos antigos operários continuaram ocupadas e hoje formam o povoado de Saúde em Ipioca.

Para sediar uma unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), uma Empresa Pública de pesquisa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, a antiga Fábrica de Saúde vai voltar a ser ocupada.

Nela será instalada uma Unidade Descentralizada da empresa, a Embrapa Alimentos e Territórios, que tem o objetivo de pesquisar temas básicos, com abrangência nacional, visando a sua valorização e desenvolvimento de produtos agroalimentares diferenciados, PADs, com alto valor agregado, oriundos ou não da biodiversidade brasileira, que promovam saúde, nutrição e desenvolvimento sustentável nos territórios.

A Embrapa já atua em Alagoas há alguns anos, mas ainda não tinha recebido do governo um espaço amplo o suficiente para abrigar suas pesquisas.

A intenção dos representantes da empresa em Alagoas, caso se confirme a cessão, é a de recuperar os prédios da antiga fábrica, preservando-os como legado da história da indústria têxtil em Alagoas.

18 Comments on Companhia de Fiação e Tecidos Norte-Alagoas e a Fábrica de Saúde

  1. JOAO FLAVIO VELOSO SILVA // 12 de maio de 2020 em 09:31 //

    Caros amigos do Historia de Alagoas,
    Parabens pela materia. E obrigado pelas informações historicas. Estamos justamente recuperando estas informações para ajudar nos projetos de recuperação.
    A Embrapa Alimentos e Territorios busca construir sua propria historia apoiada no legado das gerações anteriores; Afinal, o alimento também é cultura e identidade de um povo. Obrigado!!
    João Flavio Veloso – Chefe Geral da Embrapa Alimentos e Territorios

  2. Felipe Uchôa // 12 de maio de 2020 em 12:01 //

    (Cecília da Silva Nogueira casou-se com o primo Antônio da Silva Nogueira. Foram moradores da Rua Augusta, em Maceió, por muitos anos. Tiveram os filhos Arthur e Manoel Nogueira.)

    De acordo com familiares eles tiveram os filhos João Nogueira e Teresa Nogueira

  3. Ticianeli // 12 de maio de 2020 em 15:36 //

    Felipe, já foi corrigido. Peguei as informações com o Antônio Nogueira Neto. Obrigado.

  4. Caríssimo Ticianelli,

    Renovo aqui meu reconhecimento a excelente matéria, assim como parabenizo uma vez mais pelo “História de Alagoas”. Desde antes de nossa chegada a “Terra dos Marechais” bebo da fonte da História Alagoana aqui.

    Agradeço em nome de todos que fazem a Embrapa Alimentos e Territórios a delicada menção a nossa intenção de continuar fazendo História.

    Quanto a reunião que planejávamos ainda antes de pandemia, espero que possa ser tão logo possível. Fica o convite para que nos visite na nossa sede atual, no Anexo da Secretaria de Estado da Agricultura do Estado de Alagoas / SEAGRI, ao lado do Palácio Floriano Peixoto, no Centro.

    Um grande abraço,

    Ricardo Elesbão Alves – Pesquisador
    Chefe Adjunto de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação
    Embrapa Alimentos e Territórios
    https://www.embrapa.br/equipe/-/empregado/289768/ricardo-elesbao-alves

  5. Ticianeli // 13 de maio de 2020 em 09:36 //

    Caro Ricardo, sou grato pelas palavras de reconhecimento e prometo visitá-los logo após esse período de quarentena. Abraços.

  6. Walber Eüller // 26 de maio de 2020 em 22:14 //

    Muito bom saber da história dessa fábrica,minha avó trabalhou lá e minha mãe nasceu em Saúde.

  7. Quantas lembranças de tudo ai…minha mãe, tias, avós moraram e trabalharam na fábrica da Saúde…eu tenho um lastro imenso de história e de saudades do que vivenciamos ai. Que bom rever. Obg.

  8. Maria Goretti dos santos fernandes // 12 de abril de 2021 em 16:10 //

    Amei a reportagem e muito bom saber nossas origens e conquistas. Vc pode mim ajudar a encontrar um funcionário dessa fábrica da saúde o nome dele é Rubuam. Ele teve ums namoro com Lídia na época trabalhava na casa dos nogueiras dono da fábrica ela teve um filho dele mas ele não soube desse filho e esse procura pelo pai a anos mas tudo que tem de informação é que ele trabalhou na fábrica de saúde e morou na cidade de Rio Largo mim ajuda a achar esse homem e realizar o sonho de Cícero filho dele

  9. Adorei a história da cidade natal de minha família.

  10. Valdir Almeida de Araújo. // 12 de junho de 2021 em 06:59 //

    Saúde, minha terra natal, o melhor lugar do mundo para se morar.
    Povo acolhedor, trabalhador, enfim uma grande familia, onde todos se ajudavam como se fossem irmãos.
    Meu primeiro emprego de carteira assinada, no setor de Almoxarifado da Indústria Textil. Inicio da minha jornada como cidadão. Me sinto orgulhoso de ter feito parte dessa grande família “SAÚDE”.

  11. meu lugar na infância, um pequeno pedaço do paraíso lembro da nossa casa,únicas na região com fogão de lenha,amava. muitas recordações.

  12. Maria Gorete da Silva // 13 de julho de 2021 em 14:01 //

    Que reportagem maravilhosa! Voltei a infância na minha terra natal. Eu sou do tempo do Sr. Aloísio Nogueira, meus pais eram operários da fábrica, ali tive uma excelente educação, as professoras eram do município de Maceió. E como poderia esquecer aquela merenda com o leite vindo fresquinho da fazenda?Nosso fardamento era doado pelo Senhor Aloísio, e os desfiles de sete de setembro? Os bailes de carnaval para família? A catequese com D. Maria do Levi? A coroação de nossa Senhora da saúde? O pastoril? Gente era muito animado! E olhe que morei até meus onze anos, mas fui muito feliz e atualmente eu me perguntava: Como naquele tempo existia um empregador com essa visão? Meus pais trabalhavam muito, mas tinham casa, escola, igreja e diversões para família; o salário era só para as despesas da alimentação e outros. Portanto, esta reportagem fez conher a origem de tudo até chegar na família Nogueira. Obrigada.

  13. waldemar roberto // 1 de setembro de 2021 em 11:40 //

    meu avo trabalhou na fabrica de saude juntos com meus tios avos nos anos cinquenta e depois e sessenta e quatro foi para a fabrica vera cruz ele era da oficina mecaninca e da caldeira seu nome amerino dos santos

  14. Ana Aguiar // 5 de junho de 2022 em 17:21 //

    Adorei a reportagem. Sou alagoana e estou fora do Brasil a 17 anos mas as memórias e histórias de minha terra sempre serão bem vindas. Minha mãe sempre comprava os lençóis e tecido para fazer os os de pratos. Quando casei em 1980, tive lençóis dessa fábrica por muito tempo. Parabéns por nós trazer lembranças boas

  15. ARAQUEN GOMES PEREIRA // 29 de julho de 2022 em 22:42 //

    COMO FILHO DE OPERARIOS QUE AJUDARAM A CONSTRUIR ESSE PATRIMONIO Á EPOCA, FICO CONTENTE PELA FIEL DESCRIÇÃO DOS RELATOS ORA CONSTATADOS. PARABENS PELA REAL NARRATIVA DOS ACONTECIMENTOS QUE EU, ASSISTI E CONVIVI. PARABENS A EQUIPE PELO LEGADO QUE GUARDAREI EM MINHA MEMORIA. BRAVO ZULU. EXPLICO MELHOR, O TERMO É USADO EM NOSSA MARINHA DE GUERRA, E SIGNIFICA MANOBRA BEM EXECUTADA. PARABENS.

  16. Danielle Caroline da Silva // 2 de fevereiro de 2023 em 22:20 //

    Procuro meu avô materno….De nome Antônio Prudente…pelo que minha avó conta…a família tinha loja de tecidos….anos…40…50….

  17. Rodrigues // 11 de maio de 2023 em 14:35 //

    Minha avó Adalgisa De Oliveira Rodrigues e meu avô José Rodrigues trabalharam nessa fábrica.

  18. José Henrique da Silva // 25 de agosto de 2023 em 22:50 //

    Tenho o enorme desejo de um dia poder visitar o local onde passei alguns momentos da minha infância.
    Me lembro da escola na qual estudei, a igreja, a padaria de seu Cimpricio, do delegado Cabo Doge, e de quando alguns galpões que serviu de depósito
    para guardar sacos de açúcar, e de quando minha mãe lavava roupa no rio ao lado da fábrica.

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