A saga do petróleo alagoano III – Edson de Carvalho

Poço São João II, Riacho Doce, em 1938

O alagoano Edson Feitosa de Carvalho nasceu em Vitória, atual Quebrangulo, no dia 23 de julho de 1897. Era filho de João Honório de Carvalho e Carolina Feitosa.

Seu pai, João Honório, foi um grande comerciante e pecuarista. Sua loja ficava na atual Praça Getúlio Vargas e nela tinha um box onde também se dedicava a ourivesaria, consertando relógios com o seu irmão José Rodrigues.

Atento as inovações tecnológicas, foi quem primeiro instalou um telefone no município, permitindo a comunicação entre a loja e sua residência na Rua da Matriz.

Foi pioneiro também ao levar bicicletas para a cidade, sendo o primeiro a montar nelas. Quando chegaram os automóveis em Alagoas, passou a agenciar a Ford em Quebrangulo, abrindo uma concessionária na Praça Cícero de Góis Monteiro e oferecendo oficina para reparos no Largo Senador Oiticica.

Edson de Carvalho em dezembro de 1930

Após apresentar a arte da fotografia aos amigos, montou um cinema na Praça da Independência, que lá permaneceu até 1916 como registrou José Maria Tenório Rocha em seu livro Quebrangulo, Quebrangulo, sempre serás!

Além disso, foi secretário do Conselho Municipal do município em 1894 e deputado estadual na legislatura 1915/16. Trabalhou ainda por muitos anos como adjunto do Procurador da República.

Sua influência política era respeitada. Durante o mandato de deputado estadual, entre 1915 e 1916, passou a ser tratado como Coronel. Foi nomeado fiscal de Ensino da cidade e intendente (prefeito) de 1921 a 1922.

João Honório e Carolina Feitosa tiveram os seguintes filhos: Enoch Feitosa de Carvalho, que foi estudar nos Estados Unidos, onde casou-se e trabalhou no mercado financeiro, chegando a assumir um alto cargo no Chase Manhattan Bank; Maria Glória de Carvalho Casado Lima (Glorinha), que morreu de tuberculose no início de julho de 1920; Sadi Feitosa de Carvalho, um conceituado médico em Maceió; Onildo Feitosa de Carvalho, vítima também da tuberculose ainda jovem, e Edite Feitosa de Carvalho, que casou com o professor Eduardo Mota Trigueiros e fundaram o Colégio Anchieta em Maceió.

João Honório de Carvalho, pai de Edson de Carvalho, em foto publicada na revista O Malho de 20 de agosto de 1910

Um episódio divulgado no Pequeno Jornal, publicado em Recife no dia 15 de julho de 1920, traz informações importantes sobre João Honório. Segundo o periódico, um acidente provocado pelo manuseio indevido de uma pistola quase pôs fim à vida do estudante de engenharia Enoch de Carvalho, “filho do coronel João Honório de Carvalho, conceituado comerciante em Quebrangulo”.

Mais adiante o jornal especulou sobre a possibilidade de ter ocorrido um suicídio, mas avaliou que não era provável, revelando que Enoch era “filho de pais abastados que lhe proporcionam todos os meios de conforto, de educação, de estudos…”. Tinha 18 anos de idade e estava de passagem por Recife com destino aos Estados Unidos para concluir o seu curso de Engenharia.

Edson de Carvalho, o filho mais famoso de João Honório, teve seu nome publicado pela primeira vez em 1911, no Almanak Laemmert impresso no Rio de Janeiro. Com 14 anos de idade, surgiu como um dos três relojoeiros de Quebrangulo em Alagoas. Os outros dois eram seu pai e seu tio José Rodrigues de Carvalho.

Em 25 de março de 1916, enviou correspondência para a revista O Malho, no Rio de Janeiro. Então com 18 anos de idade, escreveu: “Os homens, sempre superiores, vivem despidos da impressão que o amor muitas vezes fantasia, enquanto que as mulheres vivem sempre dominadas pelo coração, formando idealismo, cujos resultados provocam o ódio que contra os homens fazem sempre transparecer na imprensa. — Edson de Carvalho (Vitória, Alagoas).

No livro O Drama da Descoberta do Petróleo Brasileiro, Edson de Carvalho nos dá informações sobre a sua formação técnica. “No ano de 1924, encontrava-me eu nos Estados Unidos (Nova Iorque) onde tinha terminado, em 20, um curso de eletricidade”.

Em uma entrevista para o jornal A Noite, de 29 de agosto de 1930, o jornalista revelou que Edson era “formado nos Estados Unidos” e o trata como Engenheiro. Segundo seu sobrinho Stanley de Carvalho, ele também esteve em Londres.

Edson de Carvalho e a primeira esposa, a alemã Elise

Casou-se pela primeira vez com Liesel, uma alemã criada nos Estados Unidos. Quando se naturalizou brasileira passou a se chamar Elise. Alguns jornais da época identificavam sua esposa como nascida nos Estados Unidos.

A revista Careta de 7 de setembro de 1957, ao comentar sobre o aparecimento de petróleo em Alagoas naquele ano, lembrou que a primeira vez que isso aconteceu foi em 1939, “obra do engenheiro patrício Edson de Carvalho, que gastou na brincadeira 10 milhões de cruzeiros da esposa norte-americana e acha-se atualmente na miséria”.

Após os estudos fora do país, seu nome reapareceu nos jornais do Brasil no final da década de 1930. Pleiteava uma concessão para explorar o petróleo de Riacho Doce, em Maceió, Alagoas.

Em setembro de 1936, era também um dos investidores da Companhia de Mineração Picuhy S/A com sede em João Pessoa, na Paraíba.

Teve também passagem pela política como candidato a deputado federal em 1937, quando as eleições foram suspensas pelo Estado Novo. Depois foi presidente do PSP em 1949. Liderou ainda o PST e depois o PSD em Alagoas no início dos anos da década de 1950, se posicionando como aliado de Silvestre Péricles de Góis Monteiro.

Desiludido com partidos e com a política do petróleo adotada no país, foi morar no sul de Minas Gerais, mais precisamente no município de São Lourenço, onde ficou viúvo.

Voltou a Maceió e fixou residência em Riacho Doce. Casou-se novamente com Vicentina Soares de Oliveira.

Não teve um final de vida financeiramente tranquilo, como era de se esperar de alguém que investiu muito capital nos seus empreendimentos. Sinal disso foi o pedido de amparo a ele que os deputados estaduais Siloé Tavares e Alcides Falcão, em 1970, dirigiram ao governo do Estado.

Após a sua morte por enfisema pulmonar em 23 de dezembro de 1973, sua viúva teve que também ser amparada. Em 1985, o prefeito Djalma Falcão aprovou uma pensão para ela.

Riacho Doce

Bica da Pedra em Marechal Deodoro, Alagoas

Os primeiros anos do governo de Getúlio Vargas não foram os melhores considerando-se os investimentos na prospecção de petróleo. O que trouxe o assunto para os jornais e produziu uma reviravolta nos projetos que buscavam a ampliação da produção de combustíveis no país foram as explorações em Alagoas e na Bahia.

Em Maceió, o epicentro dos debates estava nos poços de Riacho Doce. O personagem central do assunto era Edson de Carvalho, que se envolveu com o petróleo alagoano a partir de 1924, quando foi convidado por seu dentista, dr. José Leão, para conhecer a Bica da Pedra, onde suspeitava existir o ouro negro.

“Fui ao sítio do meu amigo José Leão, e constatei que, realmente, existia um afloramento de xisto, que provou mais tarde ser muito rico em petróleo”, registrou Edson de Carvalho no livro citado.

Em 1929, sua companhia firmou contrato com José Leão para explorar essas terras na Bica da Pedra, mas os planos foram alterados e a empresa voltou-se para Riacho Doce.

Para dar sequência ao projeto, solicitou ao governador, Álvaro Paes, isenção de impostos e exclusividade por 10 anos para ele ou sua empresa na exploração no Estado de Alagoas.

O Jornal do Recife de 29 de abril de 1930 informa sobre o pedido: “O referido engenheiro está apenas aguardando certos favores que recebeu do governo do Estado para a empresa que organizar, seguindo logo depois para Nova York, nos Estados Unidos, a fim de levantar parte dos capitais necessários ao grande empreendimento”.

Com a concessão autorizada pela Lei nº 1.196 de 20 de junho de 1930, o próximo passo foi constituir a companhia. O jornal A Noite de 29 de agosto de 1930 entrevistou o investidor e assim registrou essa intenção: “Abordou, por fim, o engenheiro Edson de Carvalho, a parte relativa à financiação de uma empresa, destinada a explorar a riqueza petrolífera de Alagoas. Tão fortes são os elementos de que ele dispõe para a formação de uma companhia, com capitais brasileiros e norte-americanos, que o governador Álvaro Paes não teve dúvidas em fazer-lhes alguns favores e concessões, objetivando a criação de novas fontes de renda para o seu Estado”.

Todas essas conquistas iniciais caíram por terra após a Revolução de 24 de outubro de 1930. Getúlio Vargas assumiu o poder e modificou as regras para a exploração do subsolo nacional. A partir de então, somente haveria prospecção com autorização do governo federal.

Edson de Carvalho não gostou e anotou no seu livro: “O gigante começava a botar as unhas de fora. Era a primeira pedra jogada no caminho dos homens de boa vontade, que queriam dar petróleo ao Brasil”.

Mesmo após essa constatação, resolveu solicitar autorização do diretor do Serviço Geológico, que tinha à frente o dr. Eusébio de Oliveira. Foi recebido com frieza e informado que teria que providenciar uma lista de documentos e alguns estudos.

Semanas depois ouviu do mesmo diretor o seguinte: “Alagoas só tem vestígios de petróleo e nada mais. A faixa sedimentária, ao longo da costa, é muito estreita e eu quero crer que o cristalino se encontre no litoral numa profundidade de 500 metros no máximo. Se você se interessa realmente por petróleo nós temos aqui um rapaz recentemente chegado da América, e não vejo por que você também não pudesse entrar para o Serviço”.

Orientado por seu advogado Jayme de Altavila, procurou o interventor de Alagoas, capitão Tasso Tinoco, que estava no Rio de Janeiro. Em três dias o interventor conseguiu com Getúlio Vargas um decreto autorizando Edson de Carvalho a continuar suas explorações em Riacho Doce.

Companhia Petróleo Nacional S. A.

Poço São João II em Riacho Doce durante uma exploração em 1938

O Decreto Federal que autorizou a exploração de petróleo em Alagoas recebeu o número 21.265 e foi publicado no dia 8 de abril de 1932. Dizia no seu artigo 1º: “Fica autorizado o engenheiro Edson de Carvalho ou sociedade anônima que organizar, a proceder no Est. de Alagoas a trabalhos de exploração de jazidas minerais, das quais já era concessionário antes da expedição do Dec. Número 20.223, de 17 de julho de 1931”.

A partir de então, Carvalho rapidamente iniciou a constituição da empresa, que passou a ter padrinhos fortes como o escritor Monteiro Lobato. Com foro jurídico na cidade do Rio de Janeiro, tinha como prazo de duração 30 anos, podendo ser prorrogado por deliberação da Assembleia Geral.

O capital da companhia era de vinte mil contos de réis, metade das ações pertencia a Edson de Carvalho “em pagamento dos contratos de concessão para exploração do subsolo de terras petrolíferas no Estado de Alagoas, e de favores do Governo do mesmo Estado, que serão transferidos à Companhia”.

Quase que ao mesmo tempo em que os incorporadores atraiam investimentos e anunciavam amplamente que estavam formando a Companhia — a legislação exigia que a constituição de uma Sociedade Anônima fosse precedida da venda de suas ações —, a imprensa começou a reproduzir ataques ao empreendimento liderados pelo Serviço Geológico, como denunciou seu principal acionista.

“Os jornais dão em manchete entrevistas e mais entrevistas dos ‘sábios’ que conhecem petróleo. Juram que a Companhia Petróleo Nacional é uma tramoia, uma arapuca, para enganar as pessoas de boa-fé”, denunciou Edson de Carvalho.

Quando parecia que nada ia dar certo, a Companhia recebeu o aporte de 500 contos de réis em equipamentos oriundos de um dos proprietários da Companhia de Navegação Costeira, Henrique Lage.

Era uma sonda Oil Well, com capacidade de 1.500 metros de alcance, que foi imediatamente levada para Maceió. Além dessa, o interventor Tasso Tinoco conseguiu junto ao Ministério da Agricultura mais uma pequena sonda rotativa.

Foi em março de 1932 que Edson de Carvalho, na ânsia de provar a existência de petróleo em Alagoas, trouxe dos Estados Unidos o engenheiro F. B. Romero (nascido no Novo México com descendência mexicana), que assim se anunciou no jornal A Noite de 11 de março de 1932: “Sou um velho estudioso desses assuntos de petróleo. Em minha companhia viaja um outro especialista, que é meu auxiliar, e trazemos todos os aparelhos necessários para uma pesquisa completa”.

Engenheiro F. B. Romero

O tal aparelho era o Indicador Romero e o seu inventor foi apresentado como o engenheiro que estava assumindo a direção técnica da Companhia. “A precisão do aparelho Romero não só no determinar o ponto exato da existência do petróleo bem como as quantidades, já não oferece margem para ceticismo”, informava o jornal paulista Diário Nacional, de 18 de março de 1932.

No livro A Questão do Petróleo no Brasil – Uma história da Petrobras, os autores José Luciano de Mattos Dias e Maria Ana Quaglino, ao identificarem a revolta provocada pelo caso de Alagoas, citam que o choque entre o Governo Federal e Edson de Carvalho teve seu momento explosivo quando se anunciou a descoberta do petróleo em Riacho Doce graças a este aparelho.

Descrevem assim o episódio ocorrido em 1932: “No mesmo ano, com a ajuda de um suposto aparelho ‘descobridor‘ de petróleo, manejado por um técnico mexicano tão suspeito quanto seu aparelho, o famoso Dr. Romero, Edson de Carvalho anuncia à imprensa e ao chefe do Governo Provisório a descoberta de imensas reservas de petróleo em Alagoas”.

Continuam os autores do livro: “O diretor-geral do SGMB, Eusébio de Oliveira, também pela imprensa, reage com certa violência à notícia, negando qualquer possibilidade de existir petróleo na região e duvidando da integridade moral dos que afirmavam o contrário”.

Mesmo com toda a polêmica, o empreendimento liderado por Edson de Carvalho continuava. Em Riacho Doce, no dia 7 de setembro de 1932, começou a perfuração do primeiro poço, denominado “Dr. Bach”. A segunda sonda entrou em funcionamento no dia 15 de novembro e recebeu o nome de “São João”.

No ano seguinte, a empreitada recebeu severa perseguição do interventor Afonso de Carvalho. Até uma comissão de investigação foi instituída para devassar a empresa. O engenheiro Leite e Oiticica foi nomeado fiscal junto à companhia.

A situação se agravou quando o interventor ordenou a policiais militares que ocupassem as áreas de perfuração e paralisassem as sondagens. As repercussões nos jornais do Rio de Janeiro foram as piores possíveis para o interventor. Temendo represálias, Edson de Carvalho saiu de Maceió.

Segundo o empreendedor alagoano, no Rio de Janeiro procurou o general Góis Monteiro e dele ouviu a promessa de retirar o interventor em dois meses. De fato, no final de fevereiro de 1934 o capitão Afonso de Carvalho viajou para a capital federal e não mais voltou à Alagoas.

Osman Loureiro e a batalha pela sonda

Após uma breve passagem por São Paulo, Edson de Carvalho voltou a Maceió quando Alagoas já era governada por Osman Loureiro. “Financeiramente, a Companhia tinha sido totalmente destroçada. Havia mais de um ano que não se vendia uma só ação”, registrou Carvalho.

Sem dinheiro e com uma equipe de quatro ajudantes locais, o próprio Edson de Carvalho assumiu a função de sondador e decidiu que tentaria chegar aos 300 metros de profundidade no poço São João e que se não encontrasse nada, desistiria de tudo.

Osman Loureiro inaugura um poço d’água em Maceió nos anos 30

Em busca de dinheiro, chegou a percorrer o sertão, convencendo os coronéis a comprarem ações. Conseguiu vender algumas, mas o dinheiro acabava logo.

Foi quando desistiu e mandou parar a sondagem.

Nessa época, as perfurações em São Paulo nada encontraram e na Bahia, onde Oscar Cordeiro também tentava provar a existência de petróleo, havia silêncio sobre as prospecções. De certa forma, quase ninguém mais falava dessa fonte de combustíveis e de suas potencialidades econômicas.

Persuadido por sua esposa Elise, Edson resolveu ir até o fim daquela perfuração e pediu para que os funcionários voltassem ao trabalho. Poucos dias depois, exatamente em 24 de junho de 1935, quando a broca alcançou 240 metros de profundidade, ele viu a água borbulhar. “Será gás? Murmurei com o coração aos pinotes. Chego um fósforo. Sim. Gás inflamável — gás de petróleo, o sinaleiro, o anunciador da grande coisa procurada”, escreveu.

A descoberta repercutiu imediatamente em todo o país, atraindo para Alagoas curiosos e estudiosos em busca de constatarem os jatos de gás e as golfadas de óleo na boca do poço.

Preocupado em continuar a sondagem, Edson de Carvalho solicitou ao governador Osman Loureiro que viabilizasse a presença de técnicos de fora para comprovar a descoberta.

O Ministério da Agricultura enviou o dr. Eugênio Bourdot Dutra, que teve como primeiro ato em território alagoano determinar a devolução da sonda rotativa BCFI.

Osman Loureiro liderou a revolta dos alagoanos contra a atitude do representante do ministro Odilon Braga e lhe enviou um telegrama solicitando a revogação do pedido. O episódio repercutiu negativamente para o Governo Federal. O deputado federal Emílio de Maya embandeirou-se da causa e passou a ser uma das referências nacionais em defesa do petróleo. Em Maceió, a Constituinte Estadual decidiu que a sonda não sairia de Alagoas.

No dia 15 de agosto de 1935, um telegrama assinado pelo ministro interino, José Solano Carneiro da Cunha, comunicou que “já foram expedidas ordens sentido não haver interrupção serviço”. A sonda permaneceria em Alagoas.

A polêmica sobre a existência ou não de petróleo estava somente começando. O próximo grande enfrentamento se deu na escolha da empresa que seria contratada para analisar o poço de Riacho Doce e definir se tinha ou não condições para ser explorado.

Monteiro Lobato no início dos anos 20

Com chegada em Maceió de Monteiro Lobato, em dezembro de 1935, trazendo o representante da empresa Piepmeyer & Cia (seção ELBOF – Elektrische Bodenforschung – de Cassel na Alemanha), dr. Winters, foi assinado o contrato para medições magnetométricas e geoelétricas. Esta empresa foi escolhida pelo governo do Estado de Alagoas.

Os estudos, entregues ao governador no dia 1º de setembro de 1936, confirmavam o prognóstico de Carvalho: “Os resultados dessas pesquisas geofísicas […] confirmaram plenamente os conceitos emanados pelo Dr. Edson de Carvalho, a respeito das possibilidades de ocorrências petrolíferas na zona de Riacho Doce”.

O relatório indicava ainda que “todas as perfurações executadas na zona de Riacho Doce, foram localizadas por falta de conhecimento tectônico da zona, em lugares completamente impróprios e pouco esperançosos”.

E continuava: “Os resultados de todas essas perfurações deram somente indícios de gás e óleo, sem atingir uma ocorrência comercial explorável, por se acharem todas as perfurações localizadas dentro do sinclinal em vez de fraldas do anticlinal correspondente”.

Por fim, o estudo afirmava que se podia “classificar a região em redor de Riacho Doce. Como absolutamente petrolífera”.

Ministro Odilon Duarte Braga

Em abril de 1937, o técnico norte-americano Mark C. Malamphy, que prestou serviço até aquele ano ao Ministério da Agricultura, emitiu parecer técnico discordando das conclusões do estudo. A Piepmayer respondeu com os argumentos do dr. Oto Keunecke, engenheiro de Minas e doutor em Ciências Geofísicas.

Sobre esse conflito, o Jornal do Recife de 27 de agosto de 1937 publicou que o ministro da Agricultura, Odilon Braga, em visita a Recife concedeu entrevista e falou sobre a questão do petróleo em Alagoas, lastimando o desentendimento entre o seu ministério e a companhia liderada por Monteiro Lobato e Edson de Carvalho.

Explicou que se colocou em posição de imparcialidade no depoimento à Comissão de Inquérito sobre o Petróleo, mas que a campanha contra o Ministério continuou: “As companhias que a custearam cometeram o erro de supor que deveriam tudo obter por imposição da opinião pública. Daí a técnica utilizada para conseguir esse apoio compressivo. E o resultado é o que se vê: hoje estamos impossibilitados de colaborar com elas. Nem mesmo podemos fazer diretamente as sondagens de Riacho Doce. Porque se as efetuássemos e não encontrássemos petróleo, o mínimo que se diria é o que se tem dito e repetido, isto é — que os técnicos federais estão a serviço de empresas estrangeiras”.

Em meio a essa polêmica, Getúlio Vargas implantou o Estado Novo, golpe que alteraria decisivamente os destinos do petróleo alagoano e brasileiro.

(Continua AQUI).

10 Comments on A saga do petróleo alagoano III – Edson de Carvalho

  1. Valmir Oliveira de Carvalho // 14 de setembro de 2019 em 12:24 //

    Muito obrigado pela publicação, pesquisa fantástica sobre papai!

  2. Antonio Carvalho Neto // 14 de outubro de 2021 em 00:54 //

    Vim pelo stories do Icaro de Carvalho

  3. Só vim pelo Ícaro também kkk

  4. lucas bonitão // 14 de outubro de 2021 em 18:57 //

    tbm vim pelo story do Icaro de Carvalho

  5. Taty Rabelo // 15 de outubro de 2021 em 19:25 //

    Vim pelo Ícaro de Carvalho

  6. Fábio Vasconcelos Barreto // 4 de junho de 2022 em 13:34 //

    Vim pelo story do Ícaro de Carvalho, o sobrinho-neto do Edson, também.

  7. Só vim pelo Ícaro

  8. Caio Emiliano // 4 de junho de 2022 em 15:00 //

    Vim pelos stories do Ícaro. Quem gosta de um conteúdo bom igual o dele não pode perder meus stories no Insta @caio_emiliano.py

  9. Um grande empreendedor! História inspiradora.

  10. Vim pelo Ícaro.
    Vejam meu perfil @jon4rm

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