Uma mãe alagoana na história do Brasil: D. Rosa da Fonseca

D. Rosa da Fonseca e seus sete filhos que lutaram na Guerra do Paraguai

Dona Rosa da Fonseca foi mãe de dez filhos

Dona Rosa Maria Paulina Barros Cavalcanti da Fonseca, que solteira se chamava Rosa Maria Paulina Barros Cavalcanti, nasceu no dia 18 de setembro de 1802 no Sítio Oiteiro, Povoado Riacho Velho da antiga capital de Alagoas, atual município de Marechal Deodoro.

Alguns jornais do início do século XX publicaram a sua data de nascimento como sendo 18 de outubro de 1802.

Era filha de Antônia Maria de Barros, que faleceu em abril de 1860. Essa maternidade foi confirmada pelo convite para a missa fúnebre de Antônia Maria de Barros publicado no Correio Mercantil de 10 de abril de 1860.

Segundo  estudo do professor Sebastião Heleno, o pai de Rosa Maria seria José de Carvalho Pedrosa. Entretanto, este fato é questionado por seus descendentes, que apresentam documentação mostrando que José de Carvalho Pedrosa casou-se com outra mulher, Ângela Custódia do Nascimento, no dia 18 de Fevereiro de 1813.

Um dos estranhamentos da pesquisa foi constatar que Pedro Paulino da Fonseca, filho de D. Rosa da Fonseca, escreveu um estudo intitulado “Fundação das Alagoas” — foi publicado no Diário das Alagoas, Maceió, em 11 de outubro de 1886, sob a assinatura P. FONSECA (reproduzido na Revista do Arquivo Público de Alagoas, nº 1, de 1962, com a assinatura de Pedro Paulino da Fonseca) —, onde não cita absolutamente nenhuma informação sobre sua família ao apresentar as origens das pessoas que povoaram a atual Marechal Deodoro, sua terra natal. (Veja AQUI).

Rosa da Fonseca teve como irmãos as seguintes pessoas: Felicidade Perpétua Maria da Costa, Ana Maria da Costa, Pedro Carvalho da Costa e Mariana da Costa. A presença do sobrenome ” da Costa” também é indicativo que o pai não foi José de Carvalho Pedrosa e sim alguém cujo nome terminava com “da Costa“.

Em 9 de dezembro de 1824, após um noivado em que a família do pretendente não concordava com a união — ela era descendente de escravos e índios — casou-se com o capitão Manoel Mendes da Fonseca Galvão, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, da Cidade de Alagoas, sendo testemunhas do enlace Dr. Gustavo Mello de Aguiar e o comandante das Armas Joaquim Mariano de Oliveira Bello. A cerimônia foi oficiada pelo padre Antonio Gomes Coelho Mello.

Manoel Mendes da Fonseca era pernambucano. Nasceu em 25 de julho de 1785 e faleceu em 1859. Abdicou de usar o sobrenome Galvão por serem estes familiares contra seu casamento com Rosa Maria Paulina.

D. Rosa da Fonseca

Tiveram dez filhos: Marechal Hermes Ernesto da Fonseca (nasceu em 11 de setembro de 1824), Marechal Severiano Martins da Fonseca (8 de novembro de 1825), Marechal Manuel Deodoro da Fonseca (5 de agosto de 1827), Coronel Pedro Paulino da Fonseca (6 de julho de 1829), Capitão Hipólito Mendes da Fonseca (13 de agosto de 1831), Major Eduardo Emiliano da Fonseca (24 de julho de 1833), General João Severiano da Fonseca (27 de maio de 1835) e Tenente Afonso Aurélio da Fonseca (11 de setembro de 1845), todos militares, e as filhas Emília Rosa da Fonseca (26 de fevereiro de 1837) e Amélia Rosa da Fonseca (20 de março de 1839), que faleceu em 1901.

Segundo Pedro Paulino da Fonseca em seu Testamento Político de maio de 1895, publicado na Revista do IHGAL de 1980, a família mudou-se para o Rio de Janeiro a partir de 1840, quando seu pai foi transferido para o Rio de Janeiro.

Na verdade, Manoel Mendes da Fonseca foi enviado preso para a fortaleza de Santa Cruz, após ter participado do levante que tentou impedir a transferência da capital da cidade de Alagoas, atual Marechal Deodoro, para Maceió.

Havia fugido para Sergipe onde apresentou-se em 3 de dezembro de 1839 ao comandante das Armas daquela Província. Foi preso e enviado para a Corte e somente em maio do ano seguinte foi julgado pelo Conselho de Guerra, sendo absolvido e reconduzido ao Exército. Foi formado como tenente-coronel.

D. Rosa da Fonseca, sete filhos, sua mãe e três escravos foram para a capital do Império em março de 1842, para ficar perto do marido e pai.

Quando a embarcação que os transportavam da cidade de Alagoas (Marechal Deodoro) para Maceió chegou à Bica da Pedra, “minha cara mãe fez encostar a canoa para encher daquela água os frascos de uma frasqueira, que propositalmente trazia, para como lembrança levar a meu pai, já ali desde 1840, água que por muito tempo guardou…”, testemunhou Pedro Paulino.

Amélia Rosa da Fonseca casou-se quando tinha 34 anos de idade, no Rio de Janeiro, em outubro ou novembro de 1873, com o capitão de infantaria Raymundo Ribeiro do Amaral, nascido em 1840. Seu marido e o então tenente-coronel Floriano Peixoto receberam em 29 de novembro de 1873 a Ordem de Cavaleiros de São Bento de Aviz. Raymundo faleceu em outubro de 1879. Desde outubro de 1877 que vinha solicitando sucessivas licenças para cuidar da saúde.

Acompanhando os fatos do seu tempo, Dona Rosa da Fonseca, considerada uma mulher inteligente, compreendia a importância da Guerra do Paraguai e não se abateu quando perdeu três filhos neste confronto.

“Conta-se que enquanto se comemorava a vitória de Itororó com grandes manifestações públicas no Rio de Janeiro, Rosa recebia o boletim com a notícia da morte dos filhos. Nem por isso deixou de homenagear as tropas, estampando a bandeira nacional em uma das janelas de sua casa. E quando pessoas amigas chegaram para lhe dar os pêsames, teria afirmado: ‘Sei o que houve, talvez até Deodoro mesmo esteja morto. Mas hoje é dia de gala pela vitória; amanhã chorarei a morte deles’. E de fato chorou por três dias, fechada em seu quarto“.

Busto de D. Rosa da Fonseca, na casa do Marechal Deodoro, no município do mesmo nome, em Alagoas

Faleceu vítima de pneumonia na cidade do Rio de Janeiro, em 11 de julho de 1873, quando residia à Rua da Ajuda. Foi sepultada às 16h no Cemitério de São Francisco Xavier. Em 20 de agosto de 1979, em cerimonial fúnebre, com a presença de militares e de descendentes do fundador da República, Marechal Deodoro da Fonseca, seus restos mortais foram transferidos para o túmulo monumental de Deodoro, no Cemitério de São Francisco Xavier.

A lápide do antigo túmulo de Rosa da Fonseca e o seu busto, que estava na praça que a homenageou no Centro de Maceió, encontram-se expostos para visitação pública na Casa de Deodoro, em Marechal Deodoro, Alagoas.

Uma portaria do Comando do Exército, datada de 18 de setembro de 2016, institui aquela data como sendo o Dia da Família Militar, em homenagem a D. Rosa da Fonseca, nascida em 18 de setembro de 1802.

19 Comments on Uma mãe alagoana na história do Brasil: D. Rosa da Fonseca

  1. Edilva Acioli // 14 de maio de 2017 em 10:30 //

    Não Concordo com a troca do nome da Av.América Rosa, O alagoano não cuida do seu passado, da sua história,não tem memória.

  2. André José Soares Silva // 15 de maio de 2017 em 08:49 //

    Ela (avenida), será sempre para o povo Amélia Rosa.

  3. Eglaube Rocha // 17 de maio de 2017 em 22:53 //

    Meu ponto de encontro, diariamente, é no site História de Alagoas. E hoje sei a origem do nome da Av Amélia Rosa, onde resido há mais de vinte anos. Não somente isto me faz, ainda mais, discordar, também, da mudança do nome dessa Av., espinha dorsal do bairro da Jatiúca. Aliás, por falar em mudança, o nome mais apropriado, hoje, de Av Dr Antônio Gomes de Barros, seria “Av Tobogam” por um motivo muito simples. A Av tem mais oscilações no terreno do que um ralo, daqueles de ralar milho para fazer cuscuz.

  4. davi rodrigues de sena // 27 de junho de 2017 em 20:51 //

    Meu caro amigo Ticianeli
    Aqui você cometeu o mesmo erro que outros historiadores cometem. Dizer que Dona Rosa da Fonseca era filha de José Carvalho Pedrosa. Talvez você tenho tomado como fonte de informação o livro de Sebastião Heleno. Ali Sebastião Heleno está equivocado por um simples fato: José de Carvalho Pedrosa teve uma filha de nome Felicidade Perpétua e no citado livro ele afirma que dona Rosa da Fonseca teve uma filha por parte de pai que também se chamava felicidade Perpétua. Foi um equívoco. José de Carvalho Pedrosa foi casado com Ângela Custódia do Nascimento e não com Antônia Maria, como afirma o senhor Sebastião Heleno. Se você ou alguém se interessar pelo assunto, basta procurar os Arquivos da Cúria Metropolitana de Maceió e procurar o microfilme nº 1365894 ou procurar qualquer CHF da Igreja dos Mórmons. Ali você vai encontrar na pag. 41-v do Livro nº1 da Paróquia de Marechal Deodoro, o casamento de José Carvalho Pedrosa com dona Ângela Custódia do Nascimento, no dia 18 de Fevereiro de 1813. Detalhe: justificou ser de menoridade. Então em 1802 , quando dona Rosa nasceu ele era ainda uma criança e residia em Portugal, na freguesia de São Julião do Calendário, Distrito de Braga. E mais, José Carvalho Pedrosa não residia no Sítio Oiteiro, no Riacho Velho e sim no Sítio Siriba, na Barra Nova. Meu nome é Davi Rodrigues de Sena, filho de Josepha de Hollanda Pedrosa, neto de José Francisco de Carvalho Pedrosa, bisneto de Francisco de Carvalho Pedrosa , trineto de Maria Magdalena do Espírito Santo ( Pedrosa ) e tetraneto de José de Carvalho Pedrosa. Sou pesquisador dos Pedrosas desde 1600. Maria Pedroza foi a mias antiga que era casada com Francisco Álvarez.
    Um abraço
    dr-sena@hotmail. com.br

  5. davi rodrigues de sena // 28 de junho de 2017 em 14:50 //

    Meu caro Ticianeli
    Venho lhe pedir desculpas pelo erro que cometi no 1º comentário que fiz onde eu disse que dona Rosa teve uma filha de nome Felicidade Perpétua. Na verdade, seria uma irmã. O senhor Sebastião Heleno em seu livro, na pag. 114 diz o seguinte: que dona Rosa teve quatro irmãos pelo lado paterno. A saber: Felicidade Perpétua Maria da Costa, Ana Maria da Costa, Pedro Carvalho da Costa e Mariana da Costa. Esta genealogia descrita por Sebastião Heleno é no mínimo estranha. Como é que o suposto pai, José de Carvalho Pedrosa teria seus filhos com o sobrenome da Costa. Também não tinha percebido que os descendentes de dona Rosa já tenham questionado tal paternidade.
    Quero lhe apresentar um novo argumento para mostrar que José de Carvalho Pedrosa, não era pai de dona Rosa da Fonseca: o óbito de Ângela Custódia do Nascimento:
    A onze de Agosto de mil oitocentos e oitenta e seis, faleceu de velhice, Ângela Custódia do Nascimento, com noventa anos, viúva de José de Carvalho Pedrosa; sepultou-se no cemitério envolta em preto. Ass.: o vigário Antônio Manoel de Castilho Brandão.
    Fonte: Livro de Óbitos de 1883 a 1889 da Paróquia de N. s. da Conceição de Marechal Deodoro.
    Este Registro é definitivo e conclusivo: José de Carvalho Pedrosa não era casado com Antônia Maria e sim com Ângela Custódia do Nascimento.
    Um abraço
    Davi Rodrigues de Sena

  6. Caro Davi, já fizemos as alterações. Entretanto, não conseguimos localizar o nome do pai dela. Essa pista que você forneceu é importante: seria um pessoa de sobrenome Costa.
    Agradecemos pela contribuição.

  7. Carlito Lima // 23 de dezembro de 2017 em 01:36 //

    O nome da Avenida Amélia Rosa não é por causa da filha de Deodoro. Foi uma puxada de saco no dono da construtora que construiu o Conjunto Castello Branco, abrindo aquela Avenida.

  8. Alexandre Barros // 20 de agosto de 2018 em 17:03 //

    Será eternamente, para todos os alagoanos, Av. Amélia Rosa. Que volte a se chamar Amélia Rosa, algum dia!!!!!

  9. Alvaro dos Santos // 5 de outubro de 2018 em 13:09 //

    Amélia Rosa, negra, alforriada, do candomblé sincretizado (por repressão) e da pajelança, presa e condenada com seu grupo por professar sua religião.

    A mãe do facínora Deodoro pouco me importa, muito menos um político desonesto. Que seja Avenida Negra Amélia Rosa, para ao menos fazer justiça com alguém que merece realmente uma homenagem.

  10. Elisangela Bezerra // 8 de outubro de 2018 em 15:59 //

    Boa tarde para todos! por favor Sr Ticianeli, poderia entrar em contato comigo por email? tenho dados e documentos importantes que pode lhe interessar.
    elisbfran@gmail.com. Estou aguardando contato do Sr. Davi Rodrigues. OBRIGADA

  11. ALVARO ALVES // 15 de junho de 2019 em 18:44 //

    Boa noite. Pesquiso sobre Dona Rosa da Fonseca há algum tempo e uma dúvida que sempre aparece é a relacionada a seu nascimento, afinal ela nasceu em 18 de setembro ou 18 de outubro? Como a comunidade de História de Alagoas pode contribuir para sanar essa dúvida?

    Atenciosamente,

    ALVARO ALVES

  12. Lamentamos, Álvaro, mas também não conseguimos precisar esta data.

  13. ALVARO ALVES // 12 de setembro de 2019 em 21:17 //

    Boa noite. Sabemos que a data de nascimento de Dona é um mistério a ser desvendado. Mas outra dúvida também é importante, qual seria seu local de nascimento? Sítio do Oiteiro em Riacho Velho ou na cidade de Abadia?

  14. Davi Rodrigues de Sena // 1 de fevereiro de 2020 em 18:52 //

    Meu caro Ticianelli
    Tenho mais informações sobre D. Rosa da Fonseca

    Transcrição: Livro de batismo nº 9

    Aos nove de Abril de mil oitocentos e quarenta e quatro, batizei o párvulo Manoel, filho legítimo de José Correia da Silva e Felicidade Perpétua Maria da Costa. Padrinhos, João Fidelis de Araújo Caninana e sua mulher Úrsula Maria do Nascimento.

    O vigário Domingos José da Silva

    Comparando as duas situações, vemos que a filha de José de Carvalho Pedroza era identificada como sendo simplesmente Felicidade Perpétua e a esposa de José Correia da Silva era identificada como sendo Felicidade Perpétua Maria da Costa. Temos ai o equívoco desvendado!

    O Prof. Heleno diz em seu livro que José de Carvalho Pedroza era pai também de quatro irmãos de D. Rosa da Fonseca. E diz: Felicidade Perpétua Maria da Costa, Ana Maria da Costa, Mariana da Costa e Pedro Carvalho da Costa. Como por parte de pai, se o pai segundo ele seria José de Carvalho Pedroza. E de onde vem o sobrenome “ da Costa “. Por aí se vê que não tem fundamento a genealogia descrita pelo professor Heleno.

    Detalhe: Felicidade Perpétua era nome comum na época.

    Um abraço
    Davi Rodrigues de Sena

  15. Davi Sena Rodrigues… por favor entre em contato comigo. Enviei vários emails e não obtive respostas. elisbfran@gmail.com. bom saber que está bem.

  16. Por favor entre em contato comigo. elisbfran@gmail.com

  17. Davi Rodrigues de Sena, parabéns pela pesquisa. Vai ficando mais claro que a sua tese tem fundamento. Vou repassar o que enho por aqui para ver se descubro o nome do pai dela.

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