São Brás do Rio São Francisco

Povoado de São Brás em 1869. Foto de Abílio Coutinho

Feira livre em São Brás nos anos 50

São Brás nasceu a partir de um pequena povoação ribeirinha ao Rio São Francisco e pertencente a Porto Real de Colégio.

Suas terras foram habitadas pelos índios das tribos Tupinambás, Carapotás, Aconás e Cariris. Com a presença dos bandeirantes a partir do século XVII, a região começou a ser colonizada com o surgimento de várias fazendas de gado.

Segundo os mais antigos, uma imagem de São Brás foi encontrada em uma ilha próxima por um grupo de jovens em passeio. O achado causou forte impressão na população, que resolveu construir uma capela em sua devoção, tornando o santo padrinho do lugar.

Sua data comemorativa é 28 de junho de 1889, quando foi elevado a vila e desmembrado de Porto Real do Colégio.

Entretanto, para consolidar a sua emancipação, o município teve que percorrer um longo e atribulado caminho.

Em 1932, foi extinto e anexado a Traipu. Três anos depois estava novamente emancipado, mas por pouco tempo. Voltou a ser extinto e transformado em distrito de Arapiraca em 1938. Meses depois já era novamente distrito de Traipu.

Sua emancipação definitiva aconteceu em 9 de julho de 1947.

Depois cedeu parte de seu território para a criação dos municípios de Feira Grande, Campo Grande e Olho D’Água Grande.

São Brás nos antigos jornais

Um cidadão de São Brás, identificado como “O Amigo do Progresso”, publicou carta no Jornal do Penedo, de 3 de março de 1876, com informações sobre a rotina do distrito. Relatou as brigas entre moradores, revelando que nos dias de feira reuniam-se “para mais de duas mil pessoas de diferentes lugares e sendo quase composta de povo sem educação e em geral afeito a provocar, não tendo polícia para manter a ordem e se opor aos desenfreamento dos matutos, nunca se evitaram os conflitos e prejuízos”.

Igreja Matriz de São Brás

Entre as cobranças que o escritor anônimo fazia para a melhoria da cidade estavam a limpeza da praça onde funcionava a feira e a construção de uma pequena ponte no “Riacho dos Tapúios“, para facilitar a chegada dos produtos do interior.

Para tal obra, já havia o compromisso do “Sr. Alferes Martinho José Gomes” em ajudar na construção por reconhecer o benefício que traria para o comércio local.

Outras informações importantes davam conta que naquela data a igreja Matriz estava em obras e que o padre Veríssimo da Silva Pinheiro tinha sido removido daquela freguesia por motivo de doença, mas havia um apelo de todos ao governador por sua volta, “visto que tendo sido a remoção por conveniência da saúde […], felizmente já se acha quase restabelecido dos incômodos que estava sofrendo”.

Outro anúncio no mesmo jornal, mas datado de 26 de maio de 1876, trazia a declaração de João Rodrigues da Cunha, qualificado como Capitão da Guarda Nacional do distrito de São Brás e Colégio desde de 1848, e subdelegado de polícia em 1870. Ao consignar que “desde 1844 fora sempre firme na política conservadora a ponto de merecer a estima e consideração dos homens sensatos”, declarou que “desta data em diante não aceita qualquer nomeação que for devida a partidos, quer conservador, quer liberal; visto que já se acha em uma idade avançada e valetudinário”.

No dia 21 de julho de 1876, o anônimo “O Amigo do Progresso” de São Brás voltou a expor suas opiniões no Jornal do Penedo, destacando a importância de se plantar fumo e café e protestando contra uma “mania” entre os poucos escravos, “de não quererem mais servir de boa vontade aos senhores, por ouvirem falar que serão libertos, e alguns menos pacientes fogem de casa dos senhores”.

Prossegue o indignado “O Amigo do Progresso”: “Não se deve tolher o direito de liberdade concedida por lei, mas deve-se reprimir os abusos. Tais escravos, fugindo de casa de seus senhores e privando-os do direito de propriedade, não deviam encontrar acolhimento e proteção”.

Prefeitura Municipal de São Brás nos anos 50

O Almanak do Estado de Alagoas de 1931 informa que naquele ano São Brás era administrada pelo intendente Manoel Antunes Bezerra Dantas e tinha as seguintes povoações: Tibiry, Lagoa Cumprida, Mucambo e Olho D’água Grande.

As principais atividades econômicas eram o cultivo do algodão, mamona, milho, feijão e o arroz. Com a criação de gado bovino e lanígero, havia curtumes de couro e peles, além do fabrico de sabão.

Em 1926, o governador Costa Rego informou à Assembleia Legislativa que o prefeito de São Brás tinha construído 38 metros de muralha na Rua Santa Cruz, ao lado do rio, e que estava em construção uma ponte sobre o Riacho Tapuios. O prefeito revelou ainda que gastou 500$000 na construção de uma estrada para Arapiraca, cuja obra já tinha sido iniciada por particulares.

O relatório do governador Costa Rego de 1928 traz uma informação importante sobre o impacto provocado na economia local pelos retirantes do ano anterior. O prefeito de São Brás, esclarecendo as dificuldades com as obras, argumentava que os problemas maiores foram provocados pela “crise e da retirada dos homens de trabalho para São Paulo, Vitória e outros lugares, em busca de meios para manter-se”.

Argumentava o prefeito que “impossível se tornou a execução dos serviços projetados”. Entretanto, o mesmo prefeito informa que conseguiu inaugurar a Escola Municipal Marechal Deodoro no bairro Nova Olinda.

No ano seguinte, teve início a construção do cais da cidade e há o registro também de obras na Ponte Costa Rego no bairro Aracaju. Em 1930, a ponte foi concluída e foram inauguradas duas novas escolas municipais: Costa Rego e Álvaro Paes. A linha telefônica do município também foi instalada em 1930.

Hino de São Brás

Letra e Melodia de Roberto Becker

Majestoso às margens do rio São Francisco
Confiante com trabalho amor e paz
Vai crescendo um município abençoado
Que tem o nome e é protegido por São Brás

Seu pescado é o melhor da região
Suas terras dão de tudo que plantar
E a paisagem vista da Serra Maraba
É uma atração para o turismo explorar

Sua fama penetrou noutras plagas
De Piranhas a Piaçabuçu
Seu presente é muito bom e do passado
Resta apenas só lembranças de Traipu

Sua bandeira tem as cores mais belas
Seu torrão tem meta que satisfaz
Seus recantos são convites permanentes
Para a nação ver a beleza de São Brás

Formação Administrativa

Distrito criado com denominação de São Brás, pela lei provincial nº 702, de 19 de maio de 1875.

Elevado à categoria de vila com denominação de São Brás, pela lei provincial nº 1056, de 28 de junho de 1889, desmembrado de Porto Real do Colégio. Sede na antiga vila de São Brás. Instalado em 1º de outubro de 1889.

Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído do distrito sede.

Pelo decreto estadual nº 1619, de 23 de fevereiro de 1932, o município é extinto, sendo seu território anexado ao município de Traipu.

Elevado novamente a categoria de município com a denominação de São Brás, pela Constituição Estadual, de 16 de setembro de 1935, desmembrado de Traipu.

Em divisões territoriais datadas de 31 de dezembro de 1936 e 31 de dezembro de 1937, o município é constituído do distrito sede.

Pelo decreto estadual nº 2335, de 19 de janeiro de 1938, o município de São Brás foi novamente extinto, sendo seu território anexado ao município de Arapiraca, como simples distrito.

Pelo decreto estadual nº 2422, de 26 de outubro de 1938, o distrito de São Brás deixa de pertencer ao município de Arapiraca para ser anexado ao município de Traipu.

No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o distrito de São Brás, figura no município de Traipu.

Elevado novamente à categoria de município com a denominação de São Brás, por ato das disposições constitucionais transitórias deste estado, promulgado à 9 de julho de 1947, desmembrado de Traipu. Sede no antigo distrito de São Brás. Constituído de dois distritos: São Brás e Feira Grande ex-Mucambo.

Pela lei nº 1785, de 05 de abril de 1954, desmembra do município de São Brás o distrito de Feira Grande. Elevado à categoria de município.

Pela lei estadual nº 2046, de 27 de junho de 1957, é criado o distrito de Campo Grande ex-povoado e anexado ao município de São Brás.

Pela lei estadual nº 2230, de 31 de maio de 1960, desmembra do município de São Brás o distrito de Campo Grande. Elevado à categoria de município.

Em divisão territorial datada de 1º de julho de 1960, o município é constituído do distrito sede.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.

Fonte: IBGE e jornais da época.

1 Comentário on São Brás do Rio São Francisco

  1. niraldo nasciento // 16 de abril de 2017 em 21:15 //

    parabéns pelo registro historico

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