Roberto Beckér, o Seresteiro Apaixonado

Nasceu Domingos Annunziato Litrento em Maceió no dia 13 de outubro de 1938, mas adotou o nome artístico de Roberto Beckér quando começou a fazer sucesso como cantor e compositor nos anos 50.

Roberto Beckér e os Golden Lions

Segundo o advogado Pelópidas Argolo, Beckér sempre foi muito brincalhão, o que lhe fez cumprir várias detenções enquanto serviam ao Exército em 1958.

“Jogamos no juvenil do Deodoro – éramos goleiros – eu, o titular, ele o reserva. Sempre foi alegre, descontraído, não guardava mágoa de ninguém”, lembra Pelópidas, que depois foi goleiro titular do CRB por vários anos.

Como artista, o seu primeiro sucesso foi o frevo “De bandinha“, que no início dos anos 60 era a música de carnaval mais executada nas rádios de Alagoas. Ainda na década de 60, foi morar na cidade de Rondon, no Paraná.

Ouça a música “De bandinha” em uma regravação do próprio Beckér em 2003.

 

Por lá também fez história. O hino do município tem a letra de Primo Mangialardo e Jaçanã Fragoso Veras — e a melodia de Roberto Beckér. Ainda no Paraná compôs outro grande sucesso: “Sanauá“, em parceria com com Fernando Barros.

Ouça aqui a guarânia Sanauá:

 

No ano de 1972, já de volta à Maceió, com o grupo “Os Golden Lions“, gravou um compacto duplo independente pela Rozenblit, em Recife. Desse disco, a música mais conhecida é “Distante de Maceió“.

Roberto Beckér morou alguns anos no Paraná

Roberto Beckér morou alguns anos no Paraná

Eclética, sua obra tinha mais de 1.000 músicas, destacando-se as marchinhas, serestas e forrós. O CD “Duas Faces” é uma mostra da versatilidade do artista, apresentando vários ritmos populares, misturando forrós com merengues, sem esquecer das românticas, lembrada em “Seresteiro Apaixonado“. Sua música mais conhecida deste disco é “Ruas de Maceió“. Outros sucessos seus foram: Sonhava, Dor da Paixão, Homenagem ao “Rei do Baião” e Fricó Forró.

Também musicou poemas de autores reconhecidos como: Jorge de Lima, Augusto dos Anjos, Lêdo Ivo, Oliveiros Litrento, entre outros. Oliveira Litrento era seu irmão.

Sua incursão pelos cânticos cívicos quando ainda morava no Paraná levaram-no a produzir obras que passaram a ser hinos em vários municípios alagoanos, a exemplo de Dois Riachos, Santana do Mundaú e Joaquim Gomes.

Autor de mais de mil músicas, Roberto Beckér reclamava das rádios em Alagoas por não tocarem suas músicas

Autor de mais de mil músicas, Roberto Beckér reclamava das rádios em Alagoas por não tocarem suas músicas

Nos anos 70, resolveu enveredar pela política e candidatou-se a vereador em Maceió. Fez uma bela campanha pedindo votos para Roberto Beckér. Faltando poucos dias para o pleito foi informado que na cédula de votação apareceria o seu nome de batismo: Domingos Litrento.

Percebendo o erro que cometera, tentou consertar utilizando como sempre o bom humor. “O seu candidato é Roberto Beckér, mas vote no Domingos“, tentando associar o seu verdadeiro nome ao dia da votação, um domingo. Não deu certo. Sua orientação não chegou a tempo aos seus eleitores.

Comunicador experiente, teve uma rápida passagem pela televisão alagoana apresentando um programa musical nos anos 80. Antes, era frequentador assíduo do Programa Sábado Maior, apresentado por Luiz Tojal e produzido por Everardo Sena, como lembra Massilon Silva.

O jornalista Érico Abreu recorda de uma conversa com Beckér em Pão de Açúcar, quando ele confirmou serem verdadeiras algumas histórias que contavam à seu respeito. Além da ousadia de soltar uma galinha durante a exibição de um filme no Cine São Luiz, também teve a coragem de entrar nu, embaixo de uma capa, no mesmo cinema.

Contra-capa do disco Minha Terra, Minhas Gentes

Contra-capa do disco Minha Terra, Minhas Gentes

Ainda segundo Érico Abreu, em outra história, Beckér chegou ao Cine São Luiz e a fila era imensa. Armou uma cara séria e saiu conversando com os amigos e dizendo que acabara de saber que uma baleia estava encalhada na Praia da Avenida.

A notícia foi se espalhando e muita gente resolveu trocar de espetáculo. Em alguns minutos Beckér estava praticamente sozinho na fila. Percebendo que a sessão de cinema seria esvaziada, sem a plateia que ele queria para suas brincadeiras, falou alto para um senhor que estava à sua frente: “Acho que eu também vou ver essa baleia encalhada”, e seguiu pela Rua do Comércio.

Inconformado com a falta de divulgação de suas músicas nas rádios em Alagoas, Beckér foi morar em Aracajú, Sergipe. Lá encontrou uma antiga paixão da juventude, Lourdes, que o fez fixar residência naquela capital.

Até a sua morte, percorreu Sergipe apresentando seus shows. Como retribuição à acolhida que recebeu, compôs 75 músicas em homenagem a cada um dos municípios sergipanos.

Roberto Beckér faleceu no dia 1º de abril de 2012, um domingo, quando tinha 73 anos de idade. Estava internado em um hospital de Aracaju com infecção generalizada. O seu corpo foi transportado para Maceió, sendo velado e sepultado no Parque das Flores.

Veja aqui o cantor Netto Mcz interpretando Sanauá:

16 Comments on Roberto Beckér, o Seresteiro Apaixonado

  1. Conheci-o bastante,era apaixonado pelo CSA. Quando o encontrava,sempre cantava uma das musicas que fez em homenagem ao seu time de coração. deixou muitos amigos e admiradores.

  2. amigo do meu marido,,,,,

  3. Pelópidas Argolo // 25 de março de 2016 em 13:56 //

    Becker era meu amigo. Servimos o Exército Brasileiro juntos em 1958/59. por conta de suas brincadeiras, pegou muito xadrez. Jogamos no Juvenil do Deodoro – éramos goleiros – eu, o titular, ele o reserva. Sempre foi alegre, descontraído, não guardava mágoa de ninguém. Mas foi pouco valorizado em sua terra. Era um artista nato, coisa rara de surgir na face da terra. Faleceu ainda jovem, pois tinha muito a produzir. A última vez\ que me encontrei com ele, foi em um dia de finados, no cemitério velho, talvez em 1980/81, no Prado, em Maceió. Eu estava doente – Hipotiroidismo – amarelo e inchado. Fui alvo de gozação por parte dele, que dizia que eu estava pronto para morrer. Ainda estou vivo, porque o Dr. Duílio Marsíglia, endocrinologista da Santa Casa de Maceió, mediante um encontro pessoal, descobriu a minha doença – e recuperou a minha saúde. Coisa que vários médicos não conseguiram. Becker morreu e, com ele um mito que não foi reconhecido em sua terra, mas foi reconhecido em plagas distantes, e sua obra renasce através do amigo Ticianeli.

  4. alguem tem a musica eu tri amo em homenagem ao csa que ele cantou ? se tiver mim passe pelo
    se alguem tiver essa musica mim envie pelo email gilberio77@gmail.com
    um abraço

  5. Bob Cavalcante // 4 de outubro de 2016 em 14:50 //

    Quem tem a capa do compacto de Roberto Becker com a música João Serralheiro, quem poder ajudar envie para meu email: boblimacavalcante@hotmail.com

  6. Sanauá Campos // 14 de dezembro de 2016 em 08:38 //

    Alguém sabe o significado e da onde ele tirou o nome Sanauá? Meu pai me batizou com esse nome e eu não sei o que significa…
    Por favor me ajudem?!

  7. SR, BECKER ,SEMPRE VINHA TOMAR UMA NA FEIRA DO PASSARINHO E TOCAR UMAS MUSICAS DE SUA AUTORIA . EU GAROTO FICAVA ENCANTADO. SAUDADES……………

  8. Sempre o via no Bairro do Poço, onde nasci e morei até 1993.

  9. Antonieta Carvalho // 22 de janeiro de 2018 em 10:17 //

    Gosto isto da música que fala sobre o amor por uma Índia. Quando ia ao Arquivo Público o encontrava por lá, e nossa pesquisâ eram feitas ao som do Becker cantando .Era baixinho , não nos atrapalhava.

  10. Manassés Paranhos Prado // 3 de abril de 2018 em 23:30 //

    Meu amigo.

  11. José Valdizio Lô // 4 de março de 2019 em 06:57 //

    COnheci o Roberto Becker em Rondon – Paraná, quando ele morou até 1970. Em 1968 ele animava os comicios da campanha para Prefeito do Sr. Jácomo Buogo e Vice o Sr. Arhur Hartmann. Vi ele e o saudoso Farmacêutico Jaçanã Fragoso cantando a música Sanauá e adorava. Na época eu tinha 11 anos de idade. Outra música que ele gostava de cantar chamava-se Tragédia no Rio Ivaí, que inclusive gostaria de saber se alguém tem ela gravada. Outra coisa que ele fazia com perfeição eram brincadeiras de mágica. Ventríloquo de primeira. Meu tio inha um bar que enchia pra ver ele fazer suas brincadeiras e tocar violão. Lembro-me que ele chegou a abrir uma Rádio e logo depois foi embora. Deixou saudades em Rondon.

  12. Gisleno Cavalcante // 4 de outubro de 2020 em 20:41 //

    Olá pessoal, alguém sabe de que ano é o compacto IRMÃOS BECKÉR que tem as músicas: 1 Sanauá, João Serralheiro, 3 Pobre de mim e 4 Paraguaita?

  13. Jairo Venancio // 27 de fevereiro de 2021 em 06:24 //

    Eu já ouvia falar na pessoa de Roberto Becker, nós anos 1980. Após alguns anos passei a conhecê-lo pessoalmente lá no Alto do Céu, Farol, mas precisamente na Rua Santo Antônio, onde lá nos encontravamos para tomar umas calibrinas(cachacinha) eu, meu irmão Jalmire, e outros amigos da época, foi tempo que ele foi para o estado de Sergipe, e não mais encontrei ele no dia então soube do seu falecimento. Becker, era brincalhão, amigo, pacato e sabia lidar com as pessoas. SAUDADE BECKER.

  14. Quando, em 1956, ingressei no Colégio Guido, o Keka, como era conhecido o Roberto Becker, já não mais estudava lá, mas meu irmão Fernando estudou com ele e contava-me das presepadas que ele aprontava. Uma delas, era equilibrar-se no muro, muito alto, da entrada do colégio pela ladeira da Catedral, sob as barbas do Padre Teófanes.
    Também contemporâneo do Keka no 20° BC, contou-me meu irmão, que ele aprontava muito. Certa vez, passou-se por tenente
    e fez todo um pelotão marchar e apresentar-se ao comandante.
    Lembro-me ainda, acho que na campanha municipal que Sandoval Caju foi eleito prefeito, que o Keka fazia os comícios de um candidato a vereador analfabeto. É que eu e minha turma do bairro de Ponta Grossa
    não perdíamos um comício dele,
    pois ríamos bastante com suas frases desconexas e tiradas hilárias, sempre na base da gozação com o candidato mudo.
    O Roberto Becker (Domingos Litrento, seu verdadeiro nome)
    foi um personagem inesquecível de minha juventude.

  15. Humberto Firmo // 26 de dezembro de 2023 em 12:40 //

    Homenagem perfeita. Roberto Becker virou lenda através de suas letras e homenagens por onde passou.

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