Passinha, maestro de todos os ritmos e instrumentos

Bloco Bomba Atômica, formado por militares e músicos do 20º BC. Foto de apresentação na Rua do Comércio de Maceió no carnaval de 1953

O Maestro Manoel Passinha nasceu em Pão de Açúcar, no sertão alagoano, em 11 de outubro de 1908. Foi batizado como Manoel Capitulino de Castro e era filho de João Euzébio de Castro e de Maria Luíza de Castro.

A primeira filha do casal foi Olindina, que nasceu em dezembro de 1892 mas somente foi registrada às seis horas da tarde de 28 de julho de 1894, segundo pesquisa de Billy Magno.

Maestro Passinha nasceu em Pão de Açúcar, Alagoas

Seu pai, o pão-de-açucarense João Euzébio, nascido no final da década de 186o, era filho de Carlos José Dias e de Luiza Francisca de Assumpção. A costureira Maria Luíza era natural de Piaçabuçu e filha de Manoel Ferreira Gomes de Barros e de Maria das Dores de Barros.

Ainda em 1894, no dia 24 de dezembro, nasceu de João Euzébio e de Maria Luíza o filho Antônio de Castro Passinha, que se destacou como compositor e regente. Sua iniciação como músico se deu na banda de música local.

Antônio migrou para Maceió e como músico prestou seu serviço militar no 20º Batalhão de Caçadores, onde em 1927 era músico de 1ª classe (contramestre). Chegou a maestro, mas faleceu como sargento ajudante aos 41 anos de idade, em 2 de agosto de 1936.

A outra filha desse mesmo casal nasceu em 10 de fevereiro de 1907. Maria de Castro, mais conhecida como Mariquinha, viveu em Pão de Açúcar e faleceu no dia 9 de abril de 1996, ainda solteira.

Maestro Passinha

Manoel Capitulino de Castro veio ao mundo em 11 de outubro de 1908, também em Pão de Açúcar. Estudou apenas o curso fundamental, mas revelou muito cedo seu gosto pela música.

Ainda criança já estudava teoria e solfejo como aluno de Nozinho do Guarda, que veio a ser o consagrado Mestre Nozinho.

Com apenas nove anos de idade, em 1917, tocava caixa na banda de música da cidade. Depois dominou os segredos da trompa e em 1919 já manipulava o trombone.

Segundo Aldemar de Mendonça, o apelido de Passinha surgiu ainda jovem, quando deu de presente para uma amiga uvas passas numa caixinha.

Desembarcou em Maceió no ano de 1924 e imediatamente se engajou na orquestra do famoso bloco Cara Dura. No ano seguinte foi admitido no serviço militar como clarinetista da banda de música do 20º Batalhão de Caçadores, onde seu irmão Antônio também trabalhava como músico.

Exímio instrumentista — tocava trombone, saxofone, clarinete, caixa, cavaquinho, violão, flautim, bombardino e outros instrumentos —, se destacou também como regente e compositor.

Após essa passagem pelo Exército, trabalhou ainda como músico de cinema e de teatro, tocando por muito tempo das exibições do Cinema Floriano ou nas orquestras em eventos no Teatro Deodoro. Dividia esse trabalho com músicos do quilate de Américo de Castro Barbosa (violino e clarinete) e do pianista Antônio Paurílio.

Jazz Band do Quartel do Exército 20° BC nos anos 50. Passinha é o primeiro sentado com o sax

Voltou ao Exército em 1933 e lá permaneceu até 1959, assumindo a batuta da Banda de Música do 20º BC. Foi reformado no posto de capitão.

Participou ainda na Rádio Difusora do Regional dos Professores, onde atuava em companhia de Antônio Paurílio e outros.

Nos anos 60 montou a Orquestra do Passinha e foi responsável pela animação de dezenas de carnavais no Clube Fênix Alagoana.

Em homenagem póstuma, o Exército batizou a sala de ensaios da banda e uma das ruas internas com o seu nome.

Faleceu em Maceió no dia 3 de junho de 1993, deixando viúva Alice de Sabóia Porto de Castro, com quem casou em 1933. Não tiveram filhos.

Segundo o escritor pão-de-açucarense Aldemar de Mendonça, quando o Maestro Passinha completou 50 anos de atividades musicais, já tinha composto cerca de 70 dobrados, 100 frevos e inúmeros sambas.

Ainda segundo Mendonça, a “música que o consagrou foi Por trás do Front, inspirada na trompa, instrumento que tem a boca voltada para trás”.

Entretanto, o seu dobrado mais divulgado e executado por bandas de outros estados é Melópeo. Não havia apresentação da banda da extinta Guarda Civil de São Paulo que não tocasse esse clássico. Um das suas gravações foi realizada pela Lira Carlos Gomes, de Estância em Sergipe.

Ouça aqui o dobrado Melópeo:

 

Outro dobrado famoso é o Tenente Oscar Marreta, que foi gravado pela Banda Municipal de Jacareí. Ouça aqui esse dobrado:

Frevo Por trás do Front, gravado pela Orquestra Expresso Latino.

Discos

LP Músicas Sublimes (Banda da Polícia Militar de Alagoas) e do LP Saudações aos Colegas (Banda da Guarda Civil de São Paulo), em 1966.

Participação da gravação do LP da Banda de Música da 20º BC. Parte do repertório tinha peças ou arranjos de sua autoria.

Músicas

Banda do 20º BC com o Maestro Passinha ao centro.

Frevos: Samaritana, Dona Chepa; Quebra Galho, Chegou sua Vez; Estou Vivo; Quem Quebrou a Minha Cuíca e Tire, Mão do Meu Baú e Por trás do front (vencedor do concurso de carnaval de 1950 em Maceió).

Canção: Cosme e Damião, NPOR e 59ª BIMTZ

Dobrados: Brigada Passinha, Dr. Alberto da Cunha Brito, Quatro Tenentes, Tenente Oscar Marreta, Tenente Couto, Dr. Jesualdo Ribeiro e Melópeo.

Foxtrotes: Procura o Teu Lugar, Eu te Digo, Saudades Que a Gente Sente, Alagoas, Comes e Damião e O Meu Boi Morreu

Fantasias: Saudades da Minha Terra e Sinfonia de Paulo Afonso.

Hinos: de Olho d´Água das Flores e de Pão de Açúcar (melodia)

Musicou Saudade que a Gente Sente, que tem a letra de Reinaldo Cavalcante. Ouça esta música numa gravação de Dhyda Lyra e Edécio Lopes.

Fez os arranjos em Saudades de Maceió, com letra de Lourival Passos

Fontes: ABC das Alagoas, Maestro Adelmo, Etevaldo Amorim, Aldemar de Mendonça, Claudevan Melo, Edmilson Vasconcelos e Antônio Machado.

Carnaval no Iate Clube Pajussara em 1972

Carnaval no Iate Clube Pajussara em 1961. Luiz do Banjo em pé com pandeiro

Carnaval Iate Clube Pajussara em 1961

Passinha no Trombone e Antônio Paurílio no Piano. Jazz Band do Cine Floriano

5 Comments on Passinha, maestro de todos os ritmos e instrumentos

  1. Passinha grande maestro estará sempre na nossa memoria, curto muito seu LP

  2. Banda de musica do 20-° B.C.
    Uma banda de musica inesquecivel

  3. Hely Alen Sax // 4 de abril de 2018 em 15:45 //

    O dobrado Raul Alberto estou procurando gravações..é de composição do mesmo.. 87 99927 0425

  4. Billy Magno // 6 de janeiro de 2020 em 14:50 //

    A data de nascimento é controversa. A maioria das fontes diz 14 de outubro de 1908. Para Aldemar de Mendonça era 1904.

  5. Guilherme Castro // 13 de setembro de 2021 em 21:08 //

    Que legal ler essa história do meu Bisavô Antônio de Castro Passinha e de seu irmão. Eu particularmente não tinha muito conhecimento sobre isso.

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