O jornal comunista A Voz do Povo

Em 1947, Alberto Passos Guimarães faz palestra em Maceió na sede do PCB e da Voz do Povo
Sede do PCB em Maceió, onde funcionava A Voz do Povo

Sede do PCB em Maceió, onde funcionava A Voz do Povo

Geraldo de Majella

O semanário A Voz do Povo, órgão do Partido Comunista Brasileiro – PCB em Alagoas, começou a circular no dia 1º de maio de 1946. A redação de A Voz do Povo desde a sua fundação funcionou até a sua destruição, em 1º de abril de 1964, no nº 606 da Rua do Comércio, num imóvel que pertenceu à histórica dirigente comunista Maria Augusta de Miranda (Marinete).

O primeiro diretor foi o jornalista e advogado André Papini Góes. Em 1947, Papini foi eleito deputado estadual constituinte pelo PCB. A redação era inicialmente constituída por jovens, alguns ainda estudantes, como Arnoldo Jambo, Floriano Ivo Júnior, Hélio de Sá Carneiro, Murilo Leão Rego e George Cabral, todos militantes do PCB.

As dependências d’ A Voz do Povo eram compartilhadas com a direção regional de Alagoas. A ocupação destes espaços evidenciava a ligação umbilical que havia entre o PCB e a administração, redação e oficina do jornal.

André Papini, fundador e primeiro diretor da Voz do Povo

André Papini, fundador e primeiro diretor da Voz do Povo

A máquina que durante décadas imprimiu o semanário era uma Marinoni com muitos anos de uso. Os tipógrafos, além dos seus afazeres, inúmeras vezes consertaram a máquina depois dos sucessivos empastelamentos.

O jornal teve três diretores durante os 18 anos de existência [1946-1964]: André Papini Góis, Osvaldo Nogueira e Jayme Amorim de Miranda.

Jornal A Voz do Povo

Jornal A Voz do Povo

Em vários momentos de sua vida o jornal teve de ser impresso em gráficas clandestinas em Maceió e no Recife. Esses fatos ocorreram durante os governos de Silvestre Péricles [1947-1951], Arnon de Mello [1951-1956] e Luiz Cavalcante [1961–1966]. O único período em que A Voz do Povo não sofreu com atos violentos foi no governo de Sebastião Marinho Muniz Falcão [1956-1961].

Nilson Miranda, antigo dirigente comunista e repórter d’ A Voz do Povo, testemunhou: “O jornal circulou durante anos em condições precárias. Mesmo assim era distribuído e lido nas fábricas, nos bairros populares de Maceió e em outras cidades de Alagoas. Foi uma escola de jornalismo.”

No dia 1º de abril de 1964 a sede do semanário foi invadida e destruída; os seus bens foram saqueados e a gráfica foi destruída. Os seus diretores foram presos. Terminou assim uma longa trajetória.

A invasão foi comandada pelos delegados Rubens Quintela e Albérico Barros, e o responsável pelo ato violento foi o comandante do golpe militar em Alagoas, o governador Luiz Cavalcante.

3 Comments on O jornal comunista A Voz do Povo

  1. César Augusto de Barros // 3 de julho de 2015 em 09:30 //

    Meu pai fazia parte do PCB em Alagoas, foi preso na revolução de 64. Lembro que com meus 9 a 10 anos eu entregava A Voz do Povo na região da Pajuçara e Ponta da Terra para vários correligionários do Partido.

  2. Luana Papini Cruz Sousa // 6 de dezembro de 2018 em 02:03 //

    André Papini meu Bisa avô 😍💘

  3. Sou irmão paterno de André Papini Góes(nascido em dez/1908, no Engenho ‘São Rafael’- Ilha da Teresa, no Rio São Francisco, entre Piaçabuçu(AL) e Brejo Grande/SE, falecido no Rio de Janeiro em 08.07.1966). Nosso pai, Manoel da Cunha Góes, o ‘Sinhô Góes’, lá também nasceu, em 08.10.1879 (falecido em Maceió, 10.07.1966), filho do Coronel Pedro Mártir de Góes e d. Umbelinha da Cunha Góes. Eu nasci em Penedo(AL), em 26.10.1942, aposentado há 30 anos do Banco do Brasil, jornalista, radialista, professor, ex-dirigente sindical, aos 80 anos comunicador/produtor multimídia, ativista nas redes sociais, movimentos comunitário e político-partidário no Rio de Janeiro.

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