O farol do Alto do Jacutinga

Ladeira da Catedral e o farol no início do século XX

Os primeiros passos para a construção do farol de Maceió foram dados ainda em 1827, quando o Tribunal da Junta do Comércio apresentou ao governo as plantas e desenho da obra.

Graf Zeppelin sobrevoando o farol em 1934

O projeto original foi aprovado em 2 de março de 1830 e previa a construção do farol sobre o recife de Jaraguá. A obra foi iniciada, mas, 1834, quando ainda se aterrava o local, os trabalhos foram interrompidos. Avaliou-se que esse tipo de obra seria bem mais cara do que a instalação do farol em terra firme.

Dez anos depois, em novembro de 1848, o Diário do Rio de Janeiro publicou que o Ministério da Marinha destinou 20 contos de réis para a construção de um farol “no Porto de Jaraguá“. 

No dia 30 de janeiro de 1851, mais recursos foram liberados. Desta feita para pagar 300 toneladas de pedras que desembarcaram da charrua Carioca. No dia 2 de março de 1851 há registro da liberação de verba para pagar o apontador Ricardo Manoel Vieira. O engenheiro desta obra era Antonio Ribeiro de Lis Teixeira.

No dia 12 de novembro de 1851, o presidente da Província oficiou ao capitão dos Engenheiros Christiano Pereira de Azeredo Coutinho que examinasse o lugar mais conveniente para a instalação do Farol.

Três dias depois, Christiano Pereira recebeu outro comunicado do governo “ordenando-lhe que quanto antes trate dos preparativos necessários para levar a efeito a edificação do Pharol na ponta da montanha que fica sobranceira a Cidade, e onde existe o antigo paiol da pólvora, segundo o parecer do mesmo Engenheiro” (O Constitucional de 22 de novembro de 1851).

O farol nos anos de 1940

O farol nos anos de 1940

No dia 2 de dezembro de 1851 o presidente da província de Alagoas, José Bento da Cunha Figueiredo, já lançava a pedra fundamental da obra, que teve Antonio Francisco Paz como mestre canteiro designado para a construção, e o engenheiro Antonio Ribeiro Lis Teixeira como responsável.

O farol fazia parte de um complexo de construções que visava a proteção militar do porto de Jaraguá e era formado ainda pelo paiol da pólvora, casa do faroleiro, casa do guarda do paiol e uma bateria de “vinte e tantas peças”. O terreno para a bateria e paiol fora doado ao governo imperial em 15 de junho de 1834 por Bento Ferreira Guimarães.

Meses antes foi melhorada a Ladeira que permitia o acesso a essa área do alto do Jacutinga e que fora aberta em 1834 para acesso à Casa da Pólvora e à bateria de canhões.

Em 1856 o farol estava construído, mas só entrou em funcionamento no ano seguinte, em 1º de janeiro de 1857.

A primeira grande melhoria no farol aconteceu em julho de 1892, quando o Governo Federal “concluiu os trabalhos das lâmpadas e máquinas do nosso farol, cuja luz está hoje muito melhorada“, como registrou o jornal Pátria, ao também informar que o combustível utilizado passou a ser óleo mineral, deixando de usar o óleo de calza. O responsável pela reforma foi o engenheiro mecânico Victor Alinquant.

Os trabalhos dessa melhoria ainda estavam sendo executados, quando, nos primeiros dias desse mesmo mês de julho, o jornal Cruzeiro do Norte alertou para uma grande fenda, “no alto da chapada do Jacutinga, em direção ao importante edifício do Farol“, que tinha sido aberta pelas fortes chuvas caídas na capital dias antes. Ameaçava “fazer desabar parte do morro para a rua do Barão d’Atalaia, antiga do Poço”.

Esse desastre somente aconteceu décadas depois, no 19 de maio de 1949.

Surge o bairro do  Farol

Rapidamente a imponente construção se transformou numa referência para cidade. A região onde foi construído deixou de ser o Alto do Jacutinga para ser conhecida como o Alto do Farol.

Passou por grande reforma na década de 1910, sendo reinaugurado em 12 de outubro de 1916, quando recebeu um aparelho de luz dos fabricantes Barbier, Bernard e Turenne, de Paris. O novo aparelho foi instalado pelo mecânico Geraldino da Silva Aguiar.

Praça D. Pedro II década de 1950 com o Farol vivendo seus últimos momentos

Após 80 anos funcionando, o farol recebeu energia elétrica, passando a ser, em 1937, o primeiro do país a funcionar com essa fonte de energia.

Em 1949, o já quase centenário farol sofreu danos na sua base após as fortes chuvas que se abateram sobre Maceió na madrugada de 19 de maio. Provocou inundações, desabamentos, morte e vários prejuízos à cidade e a seus moradores.

Caíram várias barreiras. Na Mangabeiras mais de 20 casas foram soterradas e algumas vidas foram perdidas. Muitas famílias ficaram desabrigadas. As pontes sobre o Salgadinho foram derrubadas por uma tromba d’água e na Rua Barão de Atalaia, parte da barreira que sustentava o farol desabou, deixando a construção instável.

Os seus equipamentos foram levados para o novo farol, que já estava construído no Jacintinho, em maio de 1951.

Em abril de 1955, o centenário farol do Alto do Jacutinga foi demolido, numa operação coordenada pelo engenheiro Hermano Cardoso Pedrosa.

Na área ocupada anteriormente por ele foi construída, em 1968, a Praça D. Ranulpho.

1 Comentário on O farol do Alto do Jacutinga

  1. Fátima Freitas // 22 de março de 2021 em 21:13 //

    A história sempre é surpreende

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