O comércio de Maceió em 1902

Padaria Ramires de Manoel Isidoro Ramires na Rua da Alfandega em Jaraguá

Chapelaria Chic na Rua do Comércio, 27, de José Maria Pereira

O Indicador Geral do Estado, de 1902, editado e impresso pela Typographia Commercial, de M. J. Ramalho & Murta., foi o primeiro trabalho do gênero a ser produzido em Alagoas e é um “repositório de informações minuciosas, largas e utilíssimas sobre todos os ramos da atividade humana no nosso caro torrão natal”.

Naquele ano, Maceió teve três intendentes (prefeitos da época). Foram eles: Joaquim José de Araújo Lima Rocha, de abril de 1891 a abril de 1892; Bonifácio Magalhães da Silveira (ele mesmo, o Major Bonifácio) de maio de 1892 a setembro de 1892 e Antônio Francisco Leite Pindaíba, de setembro de 1892 a julho de 1894.

Os dados apresentados a seguir revelam os quantitativos dos diversos segmentos do comércio de Maceió, utilizando as categorias adotadas pelo Indicador Geral. A surpresa fica para a última delas, as Tavernas.

Maceió em 1902 tinha 43 Armazéns assim distribuídos: Álcool e Aguardente, 1; Açúcar e Algodão, 4; Farinha de Trigo, 4; Fazendas, 3; Miudezas e Ferragens, 7; Móveis, 4; Sal, 3; Secos e Molhados, 15; e Charque e Bacalhau, 3.

As Agências eram divulgadas em quatro categorias: Jornais, 4; Loterias, 3; Leilões, 1; e Vapores, 9. As Loterias tinham nomes sugestivos, como a pertencente a Luiz Magalhães da Silveira, denominada Casa Feliz. Outra, de Manoel Correia, era anunciada como a Casa da Fortuna.

Rua Sá e Albuquerque em 1910 – Pohlmann & Cia – adubos

Os Armarinhos eram apenas três. Estabelecimentos de Crédito, 5; Bilhares, 2; Botequins, 2; Calçados e Chapéus, 2; Cal, 3; Café e Confeitaria, 1; Chapéus de sol, 2; Comissões e Consignações, 12; Compradores de açúcar, algodão, cereais, couros, etc, 12; Colchoarias, 2; Casas Funerárias, 3; Corretores da Praça, 6; Casas de moer café, 12; Drogarias, 2; Exportadores, 9; Lojas de Fazendas, 39.

Dos cinco estabelecimentos de crédito, três estavam localizados na Rua Sá e Albuquerque em Jaraguá. Os outros dois ficavam no Centro da capital: um na Rua do Comércio e outro na Rua 15 de Novembro, atual Rua do Sol.

Na categoria Café e Confeitaria, o Indicador cataloga somente a Maison Elegante, de Syndulpo Moeda. Estava instalada na Rua Boa Vista.

Três funerárias, em 1902, atendiam a uma população de aproximadamente 38.000 pessoas na capital. Eram elas: José Cardoso & Cia, na Rua do Comércio; João da Silva Antunes, na Rua 1º de Março (atual Av. Moreira Lima) e Santos Cachimbo & Cia, na Rua 15 de Novembro.

As lojas de Ferragens eram seis e os Hotéis e Restaurantes chegava a cinco: Hotel Universal, na Rua Barão de Anadia; Hotel Nova Cintra, na Rua 15 de Novembro (Rua do Sol); Hotel Pimenta, na Rua Nova (Rua Barão de Penedo) e Constantino Laino, sem identificação do ramo comercial, se restaurante ou hotel.

Salão Hygienico na Rua do Comércio, 132, de Luiz de Medeiros Barboza

Bazar de Novidades era uma das três lojas classificadas como de Imagens. Mais dois estabelecimentos apareciam com a classificação de Douradores.

No grupo dos Importadores surgem as seguintes categorias: Chapéus e Calçados, 3; Drogas e Produtos Químicos, 5; Estiva, 16; Fazendas (Tecidos), 7; Ferragens e Miudezas, 7; Papéis, 2; Modas e Novidades, 7; e Perfumarias, 5.

Papel em Maceió era comércio exclusivo de Duque de Amorim & Cia, na Rua do Comércio, e de M. J. Ramalho & Murta, na Rua Boa Vista.

As Joalherias eram em 3. Livrarias e Papelarias, 4; Louças e Vidros, 5; Louças Nacionais, 1; Mercearias, 16; Moda, 1; Padarias, 13, Farmácias, 6; Refinarias de Açúcar, 10; e Sapatarias, 9.

As 16 Mercearias de Maceió se dividiam entre Jaraguá, com quatro delas, e o Centro de Maceió. A Rua do Comércio recebia cinco delas. A tradicional Feira Franca já funcionava na Rua Boa Vista, nº 42. Estava registrada como sendo de propriedade de Jacintho Vieira da Costa.

Ship Chandler na Rua da Alfandêga, nº 75 em Jaraguá

Os Seguros eram nove, classificados como de Vida, Marítimos e Terrestres. As empresas tinham agentes em Maceió e pelo menos três delas eram estrangeiras.

Denominada como Ship Chandler somente existia uma empresa em Maceió. João Nunes Leite, na Rua Sá e Albuquerque, nº 75. Importadora e exportadora de molhados, era a única especializada em abastecer navios.

Ainda em Jaraguá se localizavam as oito empresas relacionadas como Trapiches e Armazéns. Eram elas: Bandeira, de J. Pimentel Goulart; Dois Irmãos, de Basto Machado & Cia; Faustino, do comendador Manoel Vasconcellos; Jaraguá, dos herdeiros de Silva Leão; Novo, também do comendador Manoel Vasconcellos; Pohlman, de Pohlman & Cia; Segundo, registrada simplesmente como uma empresa; Silva & Pereira Pinto, identificada como sendo propriedade de Pinto; e Williams, de Branckles, Boxwell & Cia.

Entretanto, entre todos os ramos do comércio destacavam-se as Tavernas. Foram registrados 109 destes pequenos estabelecimentos, que vendiam bebidas alcoólicas e refeições baratas. Estavam espalhadas por todos os recantos da cidade e o registro de seus endereços revelam uma Maceió esquecida.

Banco do Estado de Alagoas em Jaraguá

Podia-se tomar uma “bicada” nas ruas do Retiro, da Verdura, da Senzala, Pedro Antônio, do Jardim, da Amêndoa, do Rato, do Meio, do Arame, do Cafundó, no Rego da Matta, da Conceição, do Jardim, Amorim, Antônio Pedro, Água Negra, Estrada Nova, dos Prazeres e do Ganso.

Entre os proprietários, 16 deles começavam o nome com José e 13 com João, igual número dos que assinavam como Manoel. Nomes conhecidos como o de Agapito Dantas e de Alberto Lordsleen também aparecem na lista.

Somente três empresas tinham tavernas em Maceió no período relacionado: Castro & Cia, Coelho & Irmão e Taveiros & Irmão.

As tavernas podem ser comparadas as atuais “biroscas” que continuam a existir em grande número em Maceió.

2 Comments on O comércio de Maceió em 1902

  1. José Aldo Buarque de Mendonça // 18 de outubro de 2017 em 20:20 //

    Excelente texto. Uma viagem aos tempos idos na nossa querida Maceió. PAZ e BEM.

  2. Billy Magno // 10 de abril de 2018 em 17:10 //

    Esse Taveiros, da firma Taveiros e Irmão, seria Pedro Taveiros a quem Benedito Silva dedicou uma valsa publicada em O Malho, em 1911?

Deixe um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*