Luiz Wanderley, o forrozeiro de Colônia Leopoldina

Paulo Brandão, da Chantecler, embaixador Negrão de Lima e Luiz Wanderley, durante a entrega do Prêmio Euterpe de 1960 no Teatro Municipal no Rio de Janeiro em 1960. O melhor cantor regional do Brasil naquele ano, com a música Baiano Burro Nasce Morto

Luiz Wanderley era alagoano de Colônia Leopoldina

O cantor e compositor alagoano Luiz Wanderley de Almeida nasceu em Colônia Leopoldina no dia 27 de janeiro de 1931. Seu pai era o sapateiro Manoel “Né” Baliza, conhecido na cidade pelos seus balões juninos. Faleceu no município de Rio Tinto, na Paraíba, em 19 de fevereiro de 1993, sendo seu corpo enterrado no Cemitério Santa Isabel.

Sua infância foi marcada pela música nordestina, principalmente no período em que foi acolhido por seu tio, o sanfoneiro João Luiz, um comerciante de alimentos em Colônia Leopoldina.

Além de vender arroz e feijão, João Luiz também era proprietário de vários imóveis na Rua da Favadura, atual Rua Genival Rodrigues, onde se situavam os cabarés da cidade, inclusive o famoso Forró da “Véia Dina”, palco de inúmeras apresentações do sanfoneiro.

Assim que atingiu a maioridade, Luiz Wanderley resolveu seguir a carreira artística e, nos primeiros anos da década de 1950, foi morar no Rio de Janeiro, fazendo o mesmo itinerário de muitos nordestinos de sua época.

No início, a vida do jovem alagoano na “Cidade Maravilhosa”não foi fácil. Para sobreviver trabalhou como alfaiate, sua verdadeira profissão, e passou por muitas dificuldades. Como artista, participava de espetáculos em circos e shows em parques de diversão.

Foi assim que o maestro Ubirajara dos Santos o conheceu e lhe fez o convite para ser o cantor da sua orquestra, que se apresentava no Cabaré Novo México, na Lapa.

Percebendo que o alagoano tinha qualidades artísticas para levá-lo ao sucesso, Ubirajara o encaminhou a Zé Gonzaga, irmão de Luiz Gonzaga, que apresentava o programa Salve o Baião na Rádio Tamoio. Aprovado em teste, foi convidado para fazer uma série de programas na emissora.

Em 1952, ano premiado pelos lançamentos dos filmes clássicos Luzes da Ribalta, de Charles Chaplin, e O Maior Espetáculo da Terra, com James Stewart interpretando um palhaço, Luiz Wanderley também ganhou seu primeiro registro em disco. Abordando o mesmo tema dos filmes, lançou pela gravadora Star O Palhaço Chegou, música de Rosângela de Almeida e Enzo Passos.

No topo das paradas de sucesso

Capa do disco Baiano Burro Nasce Morto, de Luiz Wanderley

Levado por Carlos da Rocha para a recém-criada Organização Victor Costa, empresa que daria origem à Rede Globo, assinou contrato por seis meses, em julho de 1955, para atuar nas rádios Mundial e Mayrink Veiga, duas emissoras do grupo.

Victor Costa havia criado inicialmente a Sociedade Produções Artísticas Limitada, Socipral, que estabelecia o intercâmbio entre várias emissoras paulistas. Depois expandiu seus investimentos adquirindo outras emissoras, entre elas a TV Paulista.

Nesse período, teve início a maior projeção de Luiz Wanderley como cantor e compositor.

Ainda em 1955 gravou pela Polydor o xote “Moça Velha“, composição em parceria com Portela. A outra música do 78 rotações foi o baião “Pisa Mulata“, de João do Vale, José Cândido e Ernesto Pires.

No ano seguinte, ainda na Polydor, surgiu o baião “Bebap do Ceará“, de Catulo de Paula e Carlos Galindo, e o rojão “O Segredo da Dança“, de João do Vale, Onaldo Araújo e Vicente Longo Neto.

Em 1956, Victor Costa o levou para São Paulo, onde atuou nas emissoras de rádio do grupo e na TV Paulista. Gravou, em 1957, o xote “O Cheiro de Carolina“, de Amorim Roxo e Zé Gonzaga, e o samba “Charuto Brabo“, de Talismã e Agenor de Souza e Silva. No mesmo ano gravou o samba “Iracema“, de Adoniran Barbosa.

O primeiro sucesso só veio em 1958, com “Forró em Catumbi“, gravado pela Mocambo. Neste mesmo ano, participou de uma série de programas na Rádio Nacional no Rio de Janeiro.

Em maio do ano seguinte, rompeu o contrato a Rádio Record em São Paulo e foi para a Tupi no Rio de Janeiro, onde participou do Programa Hora Sertaneja. Meses antes também havia trocado de gravadora, deixando a Mocambo e assinando contrato com a Chantecler, que foi a responsável pela gravação dos seus maiores sucessos.

Ainda em 1959, gravou o baião “Boi na Cajarana“, da dupla Venâncio e Corumba, o coco “Matuto Transviado“, parceria com João do Vale, e “Baiano Burro Nasce Morto“, de Gordurinha. Além destes três sucessos, gravou ainda o forró “Piada de Papagaio” e o foxtrote “Paulificante“, ambos da dupla Venâncio e Corumba.

No ano dos seus maiores sucessos, como compositor, Luiz Wanderley teve ainda o seu bolero ”Foges de Mim”, uma parceria com Henzo Passos, gravado por Rinaldo Calheiros pela Colúmbia. Chacrinha também gravou, pela Chantecler, a marchinha “Salve-se Quem Puder”, de Miguel Gustavo e Luiz Wanderley.

Recomeçando em São Paulo

Em entrevista para a Revista Intervalo, em 1969, Luiz Wanderley contou um pouco da sua vida e dos problemas que teve logo após o sucesso de “Baiano Burro Já Nasce Morto”, quando já se achava um vencedor: “Foi sucesso. Aí pensei que estava tudo legal e embarquei para São Paulo. Mas ninguém me dava bola. Decidi dar uma de louco, e só podia ser com outro louco, o Chacrinha. Ele ficou adorando minha onda de ajoelhar e pedir pelo amor de Deus para cantar e defender o pão dos bacuris”.

Ouça aqui a música Baiano Burro Nasce Morto, baião de Gordurinha, lançado em 1959.

 

O auditório ria, mas o cachê era pequeno, lembrou. “Apelei para o Sílvio Santos, homem rico e bom. E não é que a turma dele não quis me escalar? Não pensei duas vezes para invadir o palco, no meio do programa no Canal 5, abanando para o público e rindo de ponta a ponta. Foi aquele chuá. O Sílvio me olhou, estranhou, perguntou quem tinha me chamado. Ajoelhei, naquela apelação. O auditório ria, Silvio gostou. Cantei minha “Gemedeira”. Dali para frente, passei a ser a nota pitoresca do programa”.

Luiz Wanderley e Belini, capitão da copa do mundo de 1962

Na entrevista, Luiz Wanderley admitiu que após o sucesso, “já podia parar com as loucuras, mas se é isso que dá dinheiro…”.

Nesse período consagrou-se como um artista completo, cantando ou imitando cantores em todos os ritmos, além de contar piadas e fazer humor.

Com o nome exposto na TV, Luiz Wanderley voltou a gravar discos e participou de dois filmes, “Vai que é mole“, pela Herbert Richers, onde canta “Mineiro Sabido”, e “Só naquela base”, cantando o rock “Carolina”, ambos em 1960. Na tela, com ele estavam: Jô Soares, Otelo Zeloni, Renata Fronzi, Dercy Gonçalves, Renato Lupo, Grande Otelo, Ankito e outros famosos da época.

Ainda em 1960, gravou de sua autoria e de Elias Soares o baião “Mineiro Sabido” e o seu batuque “Padroeira do Brasil“.

Em 1961, já na RCA Victor, deixou registrada a “Marcha do Berimbau“, dele e de Sebastião Nunes, e o samba “Não Acredito em Ninguém“, também dele com William Duba e Aldacir Louro.

Foi em janeiro de 1961 que lançou a música “Terra dos Marechais”, uma homenagem Maceió, capital da sua terra natal, Alagoas. O baião-calipso de sua autoria em parceria com José Batista foi gravado pela Chantecler, e cantava as três mulheres para um homem só em Maceió.

Gravou também no mesmo ano o chá-chá-chá “Rei Pelé“, dele com Wilson Batista e Jorge de Castro.

Em 1962, gravou os boleros “Amarga Solidão“, de sua autoria, e “Me leva contigo“, em parceria com Luís de Carvalho. Em 1963, gravou pela Philips “Número um“, de Benedito Lacerda e Mário Lago, e “Coronel Limoeiro“, dele e Romário Vanderley.

Em 1963, a regravação da sua música “Número um”, em ritmo de bolero, fez muito sucesso no Nordeste, revelando ser um cantor versátil, ao interpretar outros ritmos.

Luiz Wanderley também cantou boleros

Como compositor, um de seus principais parceiros foi Elias Soares, com quem compôs, entre outras, os xotes “A Sopinha do Zarur” e “O Cozido do Papai” e a “Marcha do Chacrinha“.

Em 1967 lançou pela Polydor o LP “Moço Velho“, um dos mais vendidos naquele ano. Sua “Menina Triste” foi gravada neste mesmo ano pela dupla Deny e Dino. George Freedman gravou ainda “Um Grande Amor”, de Luiz Wanderley e Carlos Imperial. Em 1968 foi a vez dele próprio gravar “Bom-Bocado”.

Para mostrar que Luiz Wanderley não fazia “bagunça” somente no palco, em 1969 a Revista Intervalo publicou nota sobre uma reforma que ele teria feito em um apartamento. Segundo a revista, o apartamento ficava no último andar do prédio e como o cantor não almoçava em casa, resolveu improvisar uma piscina na área destina à cozinha: arrancou o teto, azulejou toda a área e encheu de água até em cima. O resultado foi a inundação do andar inferior. Ele esqueceu da vedação.

Na época desta entrevista, em 1969, estava apresentando “Domingo na Praia”, na TV Bandeirantes em São Paulo.

Em 1970, era jurado do programa de TV “Quem tem medo da verdade”. Usava saltos de cinco centímetros de altura, um anel do tamanho de ovo e uma imensa pedra pendurada no pescoço, além de uma peruca que não parava na cabeça.

Em 1970, voltou a fazer sucesso e ser lembrado, mas na voz e no arranjo de Tim Maia, que gravou uma versão do grande sucesso “Matuto Transviado“, também conhecido como “Coronel Antônio Bento“.

Ouça aqui “Saudade de Leopoldina“, de Luiz Wanderley.

 

Com a música “Reza ao Padre Cícero”, Luiz Wanderley levou sua versatilidade ao extremo ao inscrevê-la no VII Festival Internacional da Canção, em 1972. Foi o único forrozeiro autêntico a participar do FIC em toda sua história.

Luiz Wanderley fez escola com seus sapateados e mungangas. É considerado como o precursor do “Forró Buliçoso” e influenciou cantores como Alceu Valença, Sandro Becker, Maciel Melo entre outros.

Genival Lacerda, em um momento de nostalgia, comentou: “Acabou-se o Forró como grandes forrozeiros faziam: não há mais um Luiz Wanderley, um Jackson, um Jacinto…

Obra

O humorista Luiz Wanderley também fez muito sucesso

A marcha do Chacrinha (c/ Elias Soares)

A sopinha do Zarur (c/ Elias Soares)

Amarga solidão

Cara-de-pau (c/ Wilson Batista e Flora Matos)

Coronel Limoeiro (c/ Romário Vanderley)

Deixa o baiano vivê (c/ Milton Gomes)

Eu quero é beliscar (c/ José Batista)

Forró na Paraíba (c/ José Ramos)

Mané baiano (c/ J. Cavalcanti)

Marcha da molecagem (c/ Sebastião Nunes)

Marcha do berimbau (c/ Sebastião Nunes)

Matuto transviado (c/ João do Vale)

Me leva contigo (c/ Luís de Carvalho)

Mineiro sabido (c/ Elias Soares)

*Moça véia (c/ Portela)

Não acredito em ninguém (c/ William Duba e Aldacir Louro)

O cozido do papai (c/ Elias Soares)

O homem de Caxias (c/ Elias Soares)

O homem do bilhetinho (c/ Wilson Batista e Jorge de Castro)

Papa-goiaga (c/ Elias Soares)

Pernambuco, você é meu (c/ Elias Soares)

Rei Pelé (c/ Wilson Batista e Jorge de Castro)

Rosário de amargura (c/ Ari Monteiro)

Terra dos marechais (c/ José Batista)

Trabalhadores do Brasil (c/ Barbosa da Silva)

Turista baiano (c/ Elias Soares)

Zé Paraíba (c/ Elias Soares)

*Moça Véia – a autoria da letra foi atribuída a Luiz Wanderley, mas o História de Alagoas descobriu que uma publicação da Revista Careta de 23 de janeiro de 1937, página 44, coloca em dúvida essa autoria. Sob o título CARITÓ DAS VITALINAS está escrito:

“Lá pelas Alagoas, quando as moças não se casam na puberdade, quando ‘dão o tiro na Macaca’, são chamadas ‘Vitalinas’; e, se ficam solteironas, ‘vão para o Caritó’ (gaiola feita de gravetos), como se vê das seguintes trovas, muito comuns naquelas terras, onde também ‘moça-velha’ é sinônimo de solteirona.

Moça velha,
Quando vai se confessá,
Pergunta logo ao padre
Se é pecado namorá.

O padre responde:

Minha filha vai rezá,
Que as moças-velha
Não precisam se casá.

Moça-velha
Bota pó, bota corante.
Vai pra a janela
Namorá os viajantes.

Essas trovas são sempre seguidas do estribilho:

Bota pó, Vitalina!
Tira pó!
As moças-velha
Não sai mais
Do caritó!

Os carnavalescos poderão aproveitar essas letras, fruto genuíno do folclore nortista e que nos foram ditadas por uma alagoana, de fato”.

Discografia

Luiz Wanderley e o radialista Luiz de Barros no Cine Lux, Maceió, em 6 de julho de 1961 durante o Show Nordestino

(Sem Data) Canção da angústia/Eu e o mar • Albatroz • 78

(Sem Data) Cara de pau / Segura o homem • Albatroz • 78

(1967) Moço velho • Polydor • LP

(1963) Número um/Coronel Limoeiro • Philips • 78

(1962) Amarga solidão/Me leva contigo • RCA Victor • 78

(1961) Brotinho sonhador/Touradas em Madri • RCA Victor • 78

(1961) Marcha do berimbau/Não acredito em ninguém • RCA Victor • 78

(1961) Brigitte Bardot/Rei Pelé • RCA Victor • 78

(1961) Marcha da molecagem/Eu quero é beliscar • Chantecler • 78

(1961) Sistema nervoso/A marcha dos marechais • Chantecler • 78

(1961) Zé Paraíba/Papa goiaba • Chantecler • 78

(1961) Turista baiano/Pernambuco, você é meu • Chantecler • 78

(1961) O homem do bilhetinho/Mané baiano • Chantecler • 78

(1960) Mineiro sabido/Deixa o baiano vivê • Chantecler • 78

(1960) Padroeira do Brasil/Ogun Beira-mar • Chantecler • 78

(1960) O homem de Caxias/Carolina • Chantecler • 78

(1960) A sopinha do Zarur/O cozido do papai • Chantecler • 78

(1959) Galo velho • Chantecler • 78

(1959) Boi na cajarana/Matuto transviado • Chantecler • 78

(1959) Rosário de amargura/Baiano burro nasce morto • Chantecler • 78

(1959) Piada de papagaio/Paulificante • Chantecler • 78

(1959) Trabalhadores do Brasil/Pagando o pato • Chantecler • 78

(1957) O cheiro de Carolina/Charuto brabo • Polydor • 78

(1957) Que vontade de comer goiaba/Iracema • Polydor • 78

(1957) Forró de Caxias/Péssimo defeito • Mocambo • 78

(1957) Coco do “F”/Forró na Paraíba • Mocambo • 78

(1956) Bebap do Ceará/O segredo da dança • Polydor • 78

(1956) Garota marota/Esquenta o couro • Polydor • 78

(1955) Moça véia/Pisa mulata • Polydor • 78

(1952) O palhaço chegou • Star • 78

7 Comments on Luiz Wanderley, o forrozeiro de Colônia Leopoldina

  1. Azaury Gomes Ferreira // 10 de outubro de 2017 em 21:01 //

    Bonito trabalho, obrigado por ter valorizado algumas palavras minha, anteriormente postada. Azaury Gomes

  2. Perfilino Neto // 13 de janeiro de 2018 em 16:06 //

    Não considero Luiz Wanderley um simples forrozeiro, ele é um artista completo que apareceu no rádio, disco, Tv e cinema num tempo que não havia internet, não se falava em mídia e deixou sua arte eternizada na memória daqueles que tiveram a felicidade de conhecê-lo, como aconteceu comigo, quando ele de passagem por Salvador “e não foram poucas”, as vezes que se apresentou nos auditórios das Rádios Sociedade, Excelsior e Cultura da Bahia. Merecia melhor reconhecimento dos que tratam de cultura em sua região. Luiz Wanderley é outra vertente da obra de Luiz Gonzaga, Jakcson do Pandeiro, Genival Lacerda ou mesmo de seu descobridor Zé Gonzaga. Gostaria de contar com uma entrevista sua para divulgar gratuitamente em meu programa Memória do Rádio, transmitido diariamente, às 22 horas, na Rádio Educadora, 107.5.

    Perfilino Neto

  3. Célio Magno Cordeiro // 5 de novembro de 2018 em 01:08 //

    Raridade, me trouxe muitas informações, sobre esse artista alagoano.

  4. Veronica Fagundes // 21 de junho de 2020 em 06:47 //

    Artista completo!!

  5. Luiz Wanderley foi um marco da Cultura Brasileira e Alagoana, segundo Joci Batista que era seu compadre, Luiz era um verdadeiro show men e o mais talentoso dos artista alagoanos de sua época. Luiz cantou de tudo: coco, baião, xote, samba, rock, bolero e até rock. Foi também humorista e seus shows eram sempre bastante concorridos.

  6. antenopr wandeley santos filho // 16 de abril de 2021 em 19:45 //

    achei otimo esse documento sobre luiz wanderley,pois sempre procurei alguma coisa que me podece informar mais da vida desse grande artista.ja que sou filho de um primo de luiz e moro na cidade de maraial pe,visinha a colonia de leopoldina al .e ao mesmo tempo triste ,pois na cidade onde nasceu não existe nenhuma citação a esse grande artista.

  7. Ele morreu de que?

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