Ladeira Manoel Ramalho de Azevedo, antiga do Calabouço, do Tesouro e Pinto Martins

Ladeira Manoel Ramalho de Azevedo

Quando o povoado de Maceió desejou ser reconhecido como Vila, no final do século XVIII, teve que adotar algumas medidas administrativas para se adequar as exigências da legislação da época, que definia como condição para tal elevação a existência de Pelourinho, Cadeia e Casa de Câmara.

Com poucos espaços públicos com condições de receber os equipamentos exigidos, naturalmente a escolha recaiu sobre o pátio onde estava instalada a Capela de São Gonçalo, atual Praça D. Pedro II.

Os imóveis foram cedidos pelos cidadãos com mais posses e uma campanha de recolhimento de recursos foi iniciada para a construção do Pelourinho.

 

Ladeira Manoel Ramalho de Azevedo nos anos 70 e casa onde morou Manoel Ramalho de Azevedo

Além da Capela, que mais tarde seria substituída pela Catedral, o lugar abrigava o Pelourinho, Cadeia, Câmara, Armazém do Almoxarifado, Casa da Junta, Hospital e Calabouço.

O Armazém do Almoxarifado e a Casa da Junta ficavam onde hoje se localiza o prédio da Delegacia do Ministério da Fazenda. A Câmara se estabeleceu bem próxima, duas ou três casas depois.

Do outro lado do já então Largo do Pelourinho ficavam o Calabouço, a Cadeia e o Hospital, ocupando alguns casebres que deixaram de existir na década de 1840, ao serem demolidos para a construção do Palacete do Tesouro e Assembleia Provincial, hoje Assembleia Legislativa.

A pequena ladeira que interligava o Largo do Pelourinho e a Rua da Verdura, atual Rua Pontes de Miranda, logo adotou o nome do equipamento que ficava mais próximo, na esquina, e passou a ser denominada Ladeira do Calabouço.

Permaneceu como Ladeira do Calabouço até 1853, quando o palacete do Tesouro e Assembleia  foi inaugurado e a ladeira passou a ser conhecida como Ladeira do Tesouro.

Ladeira Pinto Martins

O piloto norte-americano Walter Hilton e o também piloto cearense Euclides Pinto Martins

Em 1922, o tenente do Corpo de Aviadores dos Estados Unidos, Walter Hinton e o brasileiro cearense Euclides Pinto Martins partiram de Nova York em direção ao Rio de Janeiro pilotando o hidroavião Curttis, batizado como Sampaio Correa no Brasil. Este aparelho foi cedido pelo jornal The New York Word.

O voo pioneiro, que começou em 4 de setembro de 1922 e terminou em 8 de fevereiro de 1923, teve grande repercussão no país e Pinto Martins recebeu das mãos do presidente Artur Bernardes um prêmio de 200 contos de réis.

Após uma rápida passagem pela Europa, Pinto Martins voltou ao Brasil e iniciou negociações para explorar petróleo. Foi quando ocorreu sua morte, no dia 12 de abril de 1924. Segundo informações da época, ele discutiu com Walter Hinton, sacou de uma arma e suicidou-se à vista da amante.

Monteiro Lobato, em seu livro Escândalo do Petróleo e do Ferro, sustenta que Martins foi vítima dos poderosos lobbies interessados em atrasar o desenvolvimento brasileiro.

Independente do mistério envolvendo sua morte, o nome do aviador Pinto Martins foi vinculado à ladeira que até então era conhecida como do Tesouro.

Ladeira Manoel Ramalho de Azevedo

Hoje a pequena via é oficialmente batizada como Ladeira Manoel Ramalho de Azevedo em homenagem a Manoel Ramalho de Azevedo, pai do engenheiro e ex-reitor Ufal, Manoel Machado Ramalho de Azevedo.

A Lei Municipal que definiu a homenagem recebeu o nº 2391, em 5 de setembro de 1977 , e foi assinada pelo prefeito Dilton Simões.

Manoel Gomes Machado, fundador da Joalheria Machado

Manoel Ramalho de Azevedo era comerciante, proprietário da Joalheria Machado, e morou por muitos anos na dita ladeira em uma casa ao lado da Biblioteca Pública, que foi demolida e onde hoje funciona um estacionamento e alguns consultórios.

A Joalheria Machado foi instalada no início do século XX, provavelmente em 1909, por Manoel Gomes Machado, natural de Mata Grande.

O próspero comerciante de origem sertaneja casou-se em 26 de outubro de 1907 com Albertina Lavenère Wanderley, filha do professor Luis Lavenère. Foram morar na sobreloja da própria joalheria, na Rua do Comércio nº 60.

Tiveram os seguintes filhos: Zeferino Lavenère Machado (24/09/1908), Alda MachadoOlga MachadoPaulo Lavenère Machado e Albertina Machado.

Albertina Lavenère Wanderley, esposa de Manoel Gomes Machado, faleceu em setembro de 1914.

No dia 29 de abril de 1931, Alda Machado (casada acrescentou Ramalho de Azevedo ao nome) casou-se com Manoel Ramalho de Azevedo, que assumiu a Joalheria Machado após a morte do sogro em 1941.

Deste casamento nasceu, no dia 30 de junho de 1932, Manoel Machado Ramalho de Azevedo, que se destacou profissionalmente como professor e engenheiro.

Reitor Manoel Machado de Azevedo, filho de Manoel Ramalho de Azevedo, o comerciante que deu nome à Ladeira

Filho Reitor

Manoel Machado Ramalho de Azevedo estudou o curso Ginasial e Científico no Colégio Diocesano de Maceió. Para cursar engenharia se transferiu para Recife em 1954.

Na Ufal, a partir de 1961, foi professor titular do Departamento de Química do Centro de Ciências Exatas e Naturais.

Depois foi indicado como sub-reitor para Assuntos Acadêmicos, Coordenador para a instalação do Instituto de Ciências Exatas e chefe do Departamento de Química da Universidade Federal de Alagoas. Em 1975 foi nomeado reitor da Ufal.

Seu vínculo era com o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, que o colocou à disposição da Ufal. Trabalhou ainda na Comissão de Rodagens, hoje Departamento de Estradas de Rodagem de Alagoas, DER/AL.

É membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, empossado em 18 de novembro de 1977 na cadeira 41, que tem como patrono Luis Lavenère, avô de sua esposa.

1 Comentário on Ladeira Manoel Ramalho de Azevedo, antiga do Calabouço, do Tesouro e Pinto Martins

  1. Carlito Lima // 30 de outubro de 2017 em 21:57 //

    PINTO MARTINS DEU NOME AO AEROPORTO DE FORTALEZA.

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