Kariri-Xokó e as retomadas em Porto Real do Colégio

Ritual Kariri-Xocó. Foto de Vivian Scaggiante

Com origem em variantes de outros povos, os Kariri-Xokó fixaram-se no município de Porto Real de Colégio, a 170 km de Maceió, e contam com uma população de mais de 2 mil pessoas, organizados em 360 famílias.

Fazem parte da grande nação Kariri – Confederação Kariri – que ocupava a região onde estão atualmente localizados os estados nordestinos da Bahia ao Ceará.

Na margem do Rio São Francisco, estes povos mantiveram o ritual indígena em estreita ligação com o povo Fulni-ô, município de Águas Belas, Estado de Pernambuco.

Ainda hoje, mesmo encurralados pela cidade, preservam os costumes religiosos, que são praticados nos finais de semana e durante quinze dias do mês de janeiro de cada ano. Nesses períodos todos se voltam para o Ouricuri – lugar sagrado.

Foto de Celso Brandão

Foto de Celso Brandão

Os Xocó tradicionalmente viviam entre os Estados de Alagoas e Sergipe, nos municípios de Pão de Açúcar e Porto da Folha.

Não aceitaram a submissão aos fazendeiros e foram expulsos pelos coronéis invasores de suas terras.

Foram acolhidos pelos parentes Kariri. Outros povos, quando eram perseguidos, também para lá corriam, a exemplo dos Karapotó, Pankararú, Tingui-Botó e Fulni-ô.

Conseguiram defender 100 hectares para a prática religiosa, visto que o restante do território tradicional foi invadido.

A população ficou espremida em um local da cidade que ficou conhecido como Rua dos Caboclos. Trabalhavam nas fazendas e lotes do Projeto Itiúba.

Desde 1940, na luta pelo reconhecimento étnico e demarcação da terra, as lideranças indígenas caminhavam até Bom Conselho, Pernambuco, passando por Palmeira dos Índios, onde dançavam o toré com os Xucuru-Kariri.

Em 1979, já cansados de procurar solução para as suas reivindicações, retomaram a Fazenda Modelo e, em 1994, resgataram o Cercado Grande. Da área tradicional de 7.200 hectares, 700 hectares estão na posse indígena através de retomadas.

O povo, que tradicionalmente trabalhava com cerâmica e pesca, foi obrigado a mudar os costumes. Sem o barro e o peixe no rio, luta pela demarcação da terra para desenvolver a agricultura, possibilitando a continuidade física e cultural.

Fonte: Livro Povos Indígenas, de Jorge Vieira.

Foto Vivian Scaggiante

Foto Vivian Scaggiante

5 Comments on Kariri-Xokó e as retomadas em Porto Real do Colégio

  1. Edinisio de Assis // 11 de abril de 2016 em 23:35 //

    Nasci em Porto Real do Colégio/AL. Sou de origem xocó. Meus ancestrais eram da etnia kariri-xocó das margens do rio Itiuba, hoje povoado Girau do Itiuba. Vale significativamente conhecer um pouco da história desse povo que é o meu povo.
    Dr. Edinísio de Assis-OAB/SE 2428

  2. Jose Fernando da Silva Filho // 27 de dezembro de 2016 em 23:44 //

    Minha mãe e tia relatam que a tataravó de minha avó foi pega por caçadores e domesticada e, creio, que homem branco deva ter unido-se a ela e originado a família que pertenço. Por isso, tenho dúvidas de minhas origens, mas acredito ser índio kariri-xocó. Gostaria de saber.

  3. José Carlos de Souza // 3 de janeiro de 2018 em 19:46 //

    José Fernando da Silva mim coloco a disposição para te ajudar, porém podemos manter contatos através do meu email (jcarlos_hietca@hotmail.com). Aguardarei seu contato.

  4. Em pesquisas sobre minhas origens estou procurando saber sobre minha bisavó, minha descendência são os Cavalcante, fiquei sabendo que minha Bisa era da Aldeia de Porto Real do Colégio. Se alguém puder me ajudar Agradeço

  5. Lenise Soares de Macedo // 16 de abril de 2024 em 00:41 //

    Minha bisavó , minha avó , eram da aldeia do kariri , mas eu não sei qual deles, só
    sei através de meu tio que era proxim a Pão de açúcar em Alagoas. Minnha mãe viveu pouco tempo por lá e esse tio saiu de lá com 9 anos , hoje ele tem 83 e quer retorna ao local, para tentar rever a tribo e se tem alguém que possa dá alguma outra informação sobre seus ancestrais. Qualquer informação se ainda existem
    o os indígenas nesse local, perto ou em Pão de açúcar em Alagoas.

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