Jornalista Nilton de Oliveira, o criador de jornais

Manchete de Nilton de Oliveira para o jornal O Repórter de janeiro de 1997
Nilton Oliveira com o governador Luiz Cavalcante

Nilton Oliveira com o governador Luiz Cavalcante

Maceioense de Bebedouro, José Nilton de Oliveira Correia nasceu no dia 13 de setembro de 1939, filho de Carlos de Oliveira e Clarice Correia. Iniciou seus estudos no antigo Grupo Modelo. Estudou ainda no antigo Liceu Alagoano na Rua do Livramento.

Aos dez anos, perdeu a mãe e a família passou momentos difíceis. Eram cinco irmãos e quem passou a cuidar deles foi a irmã mais velha, Benita de Oliveira, então com 16 anos. Sem o pai saber, começou a vender bredo e pirulito no Mercado da Levada. Trabalhou ainda com uma tia, vendendo fígado alemão e carvão.

Em Recife, onde trabalhou já adulto como jornalista, foi aluno do Colégio Padre Félix, onde iniciou o curso científico, que só foi concluído pelo “Artigo 99”, que hoje é conhecido no Brasil como Educação de Jovens e Adultos ou Supletivo.

Com o segundo casamento do seu pai, as dificuldades aumentaram. Sua madrasta foi aprovada em um concurso para a Caixa Econômica Federal no Rio de Janeiro. Para o sustento da família, seu pai adquiriu um velho ônibus que passou a explorar a linha Bebedouro-Centro-Bebedouro. Os quatro filhos homens assumiram o empreendimento. Os dois mais velhos eram motoristas, enquanto Nilton e Carlos atuavam como cobradores.

Seu pai teve que vender o ônibus, mas Nilton continuou como cobrador, agora em outra empresa. Mesmo tendo que trabalhar, conseguia estudar no período noturno.

Jornal Espaço em junho de 1994

Jornal Espaço em junho de 1994

Com 17 anos procurou a Rádio Difusora e conseguiu uma vaga para ser cronista esportivo. Ao mesmo tempo, assumiu também a função de revisor no antigo Diário de Alagoas, então dirigido por Jorge Assunção.

Mas foi no Diário de Notícias que teve início a sua vitoriosa carreira de jornalista. “Ia trabalhar numa tarde chuvosa de sábado quando, na minha frente, um jipe que entrava na Rua Boa Vista pela Moreira Lima, capotou sensacionalmente. Fui correndo para o jornal e, com dificuldades, bati na máquina a notícia. Levei-a, timidamente ao secretário, com as preliminares e devidas explicações. Enquanto eu tremia em pé, ele lia atentamente. Depois olhou para mim e disse: ‘Boa negão. Vá em frente que você vai longe’.”, lembra Nilton de Oliveira. O secretário era o jornalista Cavalcante Barros.

E assim aconteceu. Mesmo sem formação superior, Niltinho, como era chamado pelos amigos, iniciou uma trajetória que o projetou como um dos mais completos profissionais do jornalismo em Alagoas.

Versátil, escrevia com a mesma facilidade sobre economia, esportes, polícia, social ou política. Mas foi na política que conseguiu maior destaque. Suas informações e análises veiculadas na famosa coluna “Visão” fizeram história. Foi a coluna mais lida da imprensa alagoana por muitos anos. Começou no Jornal de Hoje, depois foi publicada no Jornal de Alagoas, Tribuna de Alagoas e Gazeta de Alagoas.

Nilton Oliveira e Judith, sua esposa, na Inauguração do jornal O Diário

Nilton Oliveira e Judith, sua esposa, na Inauguração do jornal O Diário

Seu trabalho também foi reconhecido além das fronteiras alagoanas. Nilton trabalhou no Jornal do Commércio e no Diário de Pernambuco, em Recife, de onde produzia cadernos especiais para alguns estados do Nordeste. Foi correspondente da revista O Cruzeiro em Alagoas e diretor-superintendente da sucursal Nordeste da Revista Manchete, com sede em Recife. Em Roraima, quando acompanhou o governador Rubens Vilar, criou o Jornal de Roraima.

No rádio, Nilton também teve uma carreira destacada. Foi repórter, comentarista e chefe dos departamentos de Esporte e Notícia da Rádio Difusora de Alagoas; comentarista e chefe do Departamento de Esportes da Rádio Gazeta de Alagoas; chefe do departamento de Esportes da Rádio Educadora Palmares; comentarista e chefe do Departamento de Esportes da Rádio Clube de Pernambuco; comentarista da Rádio Continental, no Recife e no Rio de Janeiro.

Por sua projeção no meio político, chegou a ocupar alguns cargos públicos. Foi diretor geral do Serviço de Bônus Industrial, assessor do governo Muniz Falcão, assessor de imprensa do governo de Alagoas com Luiz Cavalcante; escrevente e datilógrafo do extinto IAPC; assessor de divulgação e documentação do Tribunal de Contas de Alagoas; representante e chefe da sucursal da Agência Nacional, em Alagoas, e assessor do Gabinete Civil do governo do Estado de Alagoas com Divaldo Suruagy e Guilherme Palmeira.

Mesmo doente, Nilton saía do hospital para escrever a sua coluna

Mesmo doente, Nilton saía do hospital para escrever a sua coluna

Ocupou ainda a assessoria de imprensa do antigo Banco Nacional de Habitação – BNH e criou a Coordenadoria de Comunicação da Assembleia Legislativa de Alagoas, sendo o seu primeiro coordenador.

Mesmo contando com a capacidade de diversificar a sua atuação profissional, Nilton Oliveira se consagrou como o jornalista que mais criou jornais em Alagoas. O Jornal de Hoje foi uma das suas criações junto com Jorge Assunção. Da mesma forma que lançou a Folha de Arapiraca nos primeiros anos da década de 70; o Repórter Semanal, que circulou por 11 anos entre as décadas de 70 e 80; o Espaço, entre 1993 e 1995; e o Repórter, entre 1995 e 1999.

O Diário, que circulou entre 1990 e 1993, era o segundo mais vendido em Alagoas. Como jornal diário tinha parque gráfico próprio e empregou 50 profissionais. Foi vendido ao empresário Luiz Dantas.

Cláudio Alencar, radialista e parceiro de Nilton de Oliveira na produção dos cadernos especiais para o Nordeste, disse que ele era um apaixonado pela boa informação. “Nilton era um jornalista investigativo, crítico em defesa dos seus princípios, exercia uma influência crítica e mordaz contra o que entendia ser nocivo para a coletividade, sem temer nada, nem a ninguém.

Em 1996 foi homenageado pelo Sindicato dos Jornalistas com o Prêmio Salgema. Recebeu a Medalha Denis Agra, a maior honraria do jornalismo alagoano e concedida ao jornalista cuja vida profissional, retidão de caráter e esforço pessoal tenham resultado em efetiva contribuição para a imprensa alagoana.

Nilton Oliveira faleceu no dia 14 de fevereiro de 1999 e recebeu dos maceioenses outra expressiva homenagem. Pela Lei Nº 5204, de 17 de maio de 2002, a Rua “A”, do Conjunto Jacarecica I e seu prolongamento “D” no Conjunto Jacarecica II, passou a ser denominada Rua Jornalista Nilton Oliveira.

Fonte: A Força dos Pequenos Meios e a Contribuição do Jornalista José Nilton de Oliveira Correia para a Comunicação Alagoana. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Comunicação Social) – Centro de Estudos Superiores de Maceió. Aluno: Everton Santos de Oliveira.

Deixe um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*