Integralistas em Alagoas

Lançamento do Núcleo de Maceió da Ação Integralista Brasileira, em 20 de agosto de 1933, no Edifício Perseverança

Após a fundação e o lançamento da Ação Integralista Brasileira com o manifesto de outubro de 1932, esta corporação de militantes políticos conservadores se instalou em Alagoas no dia 20 de agosto de 1933, com a constituição do Núcleo Integralista de Alagoas.

AIB recebe novos membros do Núcleo Distrital da Usina Uruba, em Atalaia, no dia 15 de agosto de 1935

AIB recebe novos membros do Núcleo Distrital da Usina Uruba, em Atalaia, no dia 15 de agosto de 1935

Sávio Almeida, em seu artigo Notas para a História do Integralismo em Alagoas – I, publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, Vol. 41, cita que o evento aconteceu com a presença de Plínio Salgado, que vinha do Ceará a bordo do vapor Pará e desembarcou em Maceió.

A fundação do Núcleo Integralista de Alagoas aconteceu às 9h no Edifício Perseverança e Auxílio, prédio da Rua do Sol. No ato, que foi presidido por Domingos Fazio Sobrinho, falaram José Lins do Rego, Moacir Pereira e Mário Marroquim.

O “Triunvirato” provisório que comandaria o Núcleo Integralista de Alagoas era chefiado por Moacir Pereira, coadjuvado por Carlos Gomes de Barros e Manuel Viana Vasconcelos.

Novos membros do Núcleo Distrital da Usina Uruba, em Atalaia, em 15 de agosto de 1935

Novos membros do Núcleo Distrital da Usina Uruba, em Atalaia, em 15 de agosto de 1935

Ainda estiveram presente: Ismael Clack Acioli, Pedro Lima, Esdras Gueiros, Djacir Pereira, Helvécio de Souza e José Ramalho.

Sávio identifica que o principal ativista do integralismo em Alagoas era Moacir Soares Pereira, que “era uma pessoa de prestígio na sociedade alagoana, no seio dos intelectuais, catedrático do Liceu Alagoano…”.

Moacir nasceu em 10 de dezembro de 1907 e era formado em Química Industrial pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro e ainda no Rio de Janeiro também obteve bacharelado em Direito.

Em entrevista à Sávio de Almeida, Moacir Pereira revelou que foi o paraibano José Lins do Rego, que chegou a Maceió em 1926, que o levou para o integralismo. O mesmo José Lins do Rego é apontado como o articulador da visita de Plínio Salgado em 1932.

Lideranças integralistas na Usina Uruba, em Atalaia, no dia 15 de agosto de 1935

Lideranças integralistas na Usina Uruba, em Atalaia, no dia 15 de agosto de 1935

No final de 1933, Maceió e Penedo tinha núcleos consolidados. O Núcleo de Penedo foi estruturado a partir do trabalho de Gustavo Barroso, liderança nacional, e tinha como expoentes locais Oceano Carleal, Sinay Torres e Eduardo Santa Rita.

Em fevereiro de 1934, o núcleo dirigente foi alterado com a inclusão dos seguintes dirigentes: Odorico Maciel, que assumiu a Tesouraria, e Afrânio Salgado Lages, que foi para o Departamento Universitário (chegou a ser eleito deputado em 1934).

Em março do mesmo ano, Afrânio Lages foi promovido e passou a ser o Secretário Político da Província.

No dia 6 de junho de 1934, Moacir Pereira foi afastado e Afrânio Lages assumiu o comando supremo. O argumento para o afastamento de Moacir foi o de que ele estava transferindo a residência para o interior.

Integralistas na Usina Uruba, em Atalaia, no dia 15 de agosto de 1935

Integralistas na Usina Uruba, em Atalaia, no dia 15 de agosto de 1935

Segundo Sávio Almeida, essa desculpa não correspondia aos fatos: o motivo teria sido o envolvimento do integralismo no processo eleitoral, algo negado doutrinariamente.

Moacir Pereira terminou assumindo posições contrárias ao nazismo e rompeu com o integralismo.

Em 1936, cumprindo missão do Governo do Estado (foi examinar as estacas que viriam para a construção do Porto de Maceió), esteve na Alemanha e viu a questão do racismo de perto.

Há registros de atividades organizadas pelos integralistas em Alagoas nos seguintes municípios: Atalaia, Cajueiro, Capela, Murici, Pilar, Viçosa, Santa Luzia do Norte, Água Branca, São José da Lage e São Luiz do Quitunde.

Os relatórios internos mostram que os integralistas enfrentavam situações vexatórias nos embates políticos em suas pregações pelo interior do estado. Eram vaiados e, em alguns casos, precisavam do apoio da Polícia para saírem em segurança das atividades que promoviam.

Uma nota publicada no jornal fluminense A Offensiva, edição de 29 de julho de 1936, revela o nível de atuação dos integralistas em Alagoas.

“Acabamos enviar presidente República seguinte telegrama: Presidente República. Catete. Rio. Nós integralistas membros Instituto Ordem Advogados Alagoas estranhando atitude impatriótica presidente Paraná ordenando fechamento núcleos escolas integralistas confiamos patriotismo v. exa. sentido cessar coação permitindo trabalho construtor Ação Integralista educando povo verdadeiro sentimento brasilidade. —(a.) Luiz da Rosa Oiticica. Mário Marroquim. Afrânio Lages. Milton Ramires. Carlos Gomes. Anauê. Pelo Brasil. — Luiz da Rosa Oiticica”.

Membros do Núcleo Distrital da Usina Uruba

Membros do Núcleo Distrital da Usina Uruba

Os integralistas apostavam que apoiando Getúlio Vargas poderiam chegar ao poder. Investiam na aproximação entre o Brasil e a Alemanha e Itália. Plínio Salgado nutria a esperança de ser o candidato de Getúlio para a sua sucessão.

Vargas aproveitou o golpe que implantou o Estado Novo, em 1937, para se livrar de todos os partidos, inclusive da Ação Integralista Brasileira.

Plínio Salgado e seus “camisas verdes” ainda tentaram reagir articulando um golpe de Estado.

Em 11 maio de 1938, um grupo de cerca de 80 integralistas tentou invadir o Palácio da Guanabara, residência oficial do presidente da República, no episódio que ficou conhecido como Levante Integralista.

Enterro de um integralista ou de familiar dele

Enterro de um integralista ou de familiar dele

O objetivo dos integralistas era depor o presidente e reabrir a AIB. Não conseguiram. O partido seguiu fechado durante todo o governo de Getúlio e o presidente, longe de ser afastado do poder, sufocou a rebelião.

Ao final, vários dos integralistas que participaram do levante no Rio de Janeiro foram presos ou mortos.

Depois do dia 11, milhares de militantes da AIB também foram presos em várias partes do país, numa sequência de perseguições por parte do governo Vargas, que incluiu não apenas os integralistas.

Plínio Salgado, sem a possibilidade de disputar a presidência nem o almejado cargo de ministro, restou o exílio em Portugal, de onde só voltou em 1946, após o fim do Estado Novo varguista.

Fontes:

Notas para a História do Integralismo em Alagoas – I, de Sávio Almeida, publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, Vol. 41.

Artigo de Gustavo Neri no Blog do Sávio Almeida.

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Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas.

Integralista alagoano não identificado

Integralista alagoano não identificado

Integralista alagoano não identificado

Integralista alagoano não identificado

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