Alagoas Iate Clube, o Alagoinha da Ponta Verde

Alagoinha logo após sua inauguração em 1970. Foto de Teodélio Augusto de Barros

O Alagoinha, como ficou mais conhecido, surgiu a partir de uma dissidência entre diretores do Iate Clube Pajussara em abril 1962.

O grupo que se afastou constituiu o Alagoas Iate Clube a partir de 1962, após uma reunião coordenada por Jair Galvão Freire e Paulo Nunes Costa. Entre os sócios fundadores estava também José Pimentel de Paiva.

Sede provisória do Alagoas Iate Clube, onde depois funcionou a Churrascaria O Laçador

A maior parte do grupo fundador tinha tomado parte da criação do Iate Clube Pajussara em 1952, que também surgiu após desavença com outra agremiação, o Clube de Regatas Brasil.

CLIQUE AQUI E CONHEÇA A HISTÓRIA DO IATE CLUBE PAJUSSARA

Quem coordenou as primeiras iniciativas do Clube foi Paulo Renault. Partiu dele, em 1963, a campanha para a venda de títulos patrimoniais, como divulgou o jornal Diário de Pernambuco ao anunciar para o mês de maio grande festa para o lançamento dos títulos, que eram ofertados a Cr$ 100.000,00.

CLIQUE AQUI E CONHEÇA A HISTÓRIA DO CLUBE DE REGATAS BRASIL

Paulo Renault foi apresentado pelo Diário de Pernambuco de 9 de julho de 1963 como o Comodoro do Alagoas Iate Clube.

Alagoinha nos anos 80

Maurício Arruda e Alfredo Brandão estavam à frente da divulgação dos títulos em Recife. O projeto visava captar 2.000 sócios titulares, com expansão prevista para 5.000.

Ainda em 1962, o clube comprou um sítio em Ponta Verde a Hélio Vasconcelos por Cr$ 3.700.000,00 e nele construiu sua sede social provisória, que entrou em funcionamento no mês de dezembro daquele mesmo ano.

Ao mesmo tempo, recebia do então Ministro da Marinha, almirante de esquadra Sílvio Borges de Souza Motta, o domínio sobre o trecho de praia onde pretendia construir sua nova sede.

Em dezembro de 1963, o clube tinha como Comodoro o coronel Nilo Floriano Peixoto, citado como tal pelo Diário de Pernambuco de 1º de dezembro de 1963. Foi substituído por Paulo Costa, que permaneceu por décadas comandando o Alagoinha.

Uma joia dentro do mar

Desfile de moda no Alagoinha. Foto de Ivaldo Pinto

Para construir a nova sede, o clube lançou um concurso para a escolha do projeto. Saíram vencedoras as arquitetas Zélia Maia Nobre e Edy Marrêta.

Em 18 de fevereiro de 1964, a Capitania dos Portos de Alagoas expediu a Licença Avulsa para a construção, que teve início naquele mesmo ano e foram executadas sobre a coordenação do engenheiro Vinicius Maia Nobre e Valter Pessoa de Melo. Durante a construção, o projeto foi alterado e sua área reduzida.

Neste período, setores da imprensa se referiam ao Alagoas Iate Clube como Aliate, mas tal denominação não prosperou. Sua pequena sede provisória terminou por impor o nome como seria mais conhecido: Alagoinha.

Inaugurada em 1970, a sede recebeu um novo projeto de ampliação em 1976, que nunca saiu do papel.

A construção sobre pilares na Ponta Verde atraía a atenção de todos, passando a ser considerado um cartão postal da cidade, sendo divulgada como “uma joia dentro do mar”.

Parque aquático do Alagoas Iate Clube

O Alagoinha oferecia para seus sócios e convidados um parque aquático com piscinas, quadra poliesportiva e salão de festas, onde ocorreram grandes bailes carnavalescos e apresentações de artistas de renome.

O Clube tinha ainda um departamento náutico que foi responsável por organizar várias competições a vela e a remo na enseada da Pajuçara.

Atingido pela crise que afetou os clubes sociais em todo o país, o Alagoinha fechou suas portas oficialmente no dia 31 de dezembro de 2005.

Suas estruturas, sem manutenção, começaram a desabar, provocando a intervenção do poder público, que passou a exigir a sua demolição.

Em 2008, uma Ação de Desapropriação por Utilidade Pública foi ajuizada com o objetivo de alienar a antiga sede do Clube, o que aconteceu com a publicação do Decreto de 16 de dezembro daquele ano.

O Estado de Alagoas tomou posse do imóvel no ano seguinte e inicialmente o destinou para a implantação do Centro de Gastronomia Alagoana e da Escola Náutica Integrada, acatando proposta da Federação do Comércio do Estado de Alagoas, que indicou o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC-AL para administrar estes usos.

Projeto do Marco Referencial para o antigo Alagoinha

Como nenhuma obra foi realizada e nada do que foi programado entrou em funcionamento, em 2012 o governo do Estado desapropriou definitivamente a sede e anunciou que lançaria edital de licitação para a construção de um Marco Referencial no local.

A obra foi orçada em R$ 18 milhões deveria ter sido iniciada ainda em 2013, com prazo de 18 meses para ser concluída.

O projeto foi assinado pelos arquitetos Marcos Vieira e Ovídio Pascual e tem formato de velas, montado em aço com um elevador de 30 a 40 metros, que daria acesso a um mirante. Haveria ainda um museu de fotografias e esculturas, aquário e espaço para apresentações artísticas locais.

Em 2014, começou a demolição das antigas estruturas, o que gerou intenso debate entre técnicos e a população sobre se no local deveria mesmo se construir alguma coisa. Em 2017, as obras foram embargadas e o velho Alagoinha teve que esperar até 2022 para ter o seu espaço utilizado para outro fim.

Alagoinha teve seu período de glória. Foto de Ailton Cruz

Marco dos Corais

Na tarde de 1º de abril de 2022 foi inaugurado o Marco dos Corais na Ponta Verde, uma obra realizada sobre a plataforma que durante décadas sustentou o Alagoinha. O governo do Estado de Alagoas a divulgou como “Uma praça dentro do mar“.

“O Marco dos Corais irá impulsionar o turismo local, além de oferecer aos visitantes sofisticação, conforto, acessibilidade e incentivo à população para a conscientização ambiental sobre a importância dos corais ao longo de toda a costa litorânea”, esclareceu o secretário de infraestrutura Maurício Quintella.

O projeto executado substituiu um anterior que havia recebido críticas negativas dos profissionais em urbanismo e em arquitetura. O atual reduziu ao máximo a intervenção urbana, sendo transformado num mirante dentro do mar.

Marco dos Corais na Ponta Verde

8 Comments on Alagoas Iate Clube, o Alagoinha da Ponta Verde

  1. O clube fez história, sim.
    Sobre o futuro: se for um projeto em que pobres e ricos andem sobre ele, tudo bem.

  2. André Seabra // 3 de fevereiro de 2019 em 16:25 //

    Já é inacreditável, e uma clara demonstração do nosso subdesenvolvimento, que tanto tempo tenha se passado e nada se conclua naquele espaço. Não vou discutir a desapropriação, se o clube estava abandonado por seus sócios, vide ainda os caminhos que seguiram o português, o fênix, que quase não existe mais, e o Iate sobrevive aos trancos. O Tênis se sustenta como espaço de prática do esporte, e o Motonautica mostrou que com gestão o clube sobrevive. No entanto, vejam os outros lugares desenvolvidos do mundo! O Píer de Santa Mônica e o Píer 39, na Califórnia (perto de Los Angeles e em São Francisco)! É óbvio que já que está construído a fundação do Alagoinha deveria se tornar um espaço gastronômico, de mirante e um píer para embarcações miúdas fazerem passeios pela baía da Pajuçara. O Mirante ao alto é uma grande ideia… E para que funcione e se mantenha, basta que o poder público repasse sua gestão para a iniciativa privada, pois quanto menos governo, especialmente se metendo onde não lhe cabe, melhor. Pena que esse cenário bonito, próspero e desenvolvido não seja a regra no Brasil, muito menos em Alagoas, mas sim a exceção. Esperança, apareça!

  3. AiltonAlbatroz // 24 de novembro de 2019 em 07:48 //

    Sem comentário mais é muito triste …

  4. Billy Magno // 6 de junho de 2020 em 08:08 //

    Local do meu primeiro trabalho como pianista em Maceió. Fui indicado por um afinador de piano e fui recebido por Paulo Costa na beira da piscina. Ao me ver, então com 18 anos ele não botou fé mas me mandou voltar a noite. Me fez um monte de pedido, uma espécie de teste e como toquei tudo o que ele pediu fui contratado naquela mesma noite, Trabalhei lá quase um ano e ficamos amigos.

  5. silvania de melo lima // 6 de junho de 2020 em 15:52 //

    tanta soberba tanto glamur terminar em uma terrivel decadência…

  6. Corro patricio // 6 de junho de 2020 em 19:52 //

    Muito triste ver o descaso com monumentos históricos. O alagoinha ñ merecia um fim desses. Lamentável e triste de ver suas ruínas.

  7. Ainda na década de 1980, nos finais de semana, à noite, fui frequentador assíduo.
    No próximo mês conhecerei o Marco dos Corais.

  8. Alexandre Toledo // 17 de junho de 2022 em 16:39 //

    O projeto realizado, aberto ao público só no dia 12/06, resultou em uma ampla praça sobre a plataforma existente sobre os corais. Destaca-se o bom design do mobiliário em concreto e madeira. O guarda-corpo em vidro que contorna toda a plataforma permite ampla visão do mar, dos corais e da cidade. Será o novo ponto de contemplação do nascer e por do Sol e do nascer da Lua.
    Que os ambulantes não invadam!

Deixe um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*