Fernandes Lima, o governador construtor de estradas

Governador Fernandes Lima despachando no Palácio dos Martírios

José Fernandes de Barros Lima nasceu em Passo de Camaragibe (AL) no dia 21 de agosto de 1868, filho de Manuel José de Lima e de Constantina Accioly de Barros Lima.

Estudou em Maceió no Ginásio Bom Jesus e no Liceu Alagoano. Seu preparatório, concluído em 1885, foi feito parte em Maceió e parte em Recife.

Iniciou os estudos superiores em 1886, mas somente bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Recife em 7 de dezembro de 1893. Interrompeu o curso por três anos quando estava no 5º ano.

Ainda estudante lutou pela abolição da escravatura, tendo pertencido à Sociedade Libertadora Alagoana.

Fernandes Lima, o Caboclo Indômito

Propagandista da República, em 1888 publicou no Recife um folheto preconizando a mudança do regime e foi um dos fundadores do Clube Republicano Acadêmico. Colaborou na época na revista O Norte, órgão republicano, além dos jornais Arrebol, Movimento e Norte de Alagoas.

Iniciou a carreira política apresentando sua candidatura à Assembleia Provincial no final de 1889. Mas não houve eleição, suspensa com a proclamação da República.

Com a dissolução das Câmaras Municipais em todo país, Fernandes Lima foi indicado pelo interventor de Alagoas, José Paulino, como membro do primeiro Conselho Municipal de Camaragibe.

Foi eleito intendente do mesmo município para o biênio 1892-1893. Também em 1892 foi eleito para ocupar a vaga aberta na Assembleia Legislativa alagoana com a morte de Ambrósio Lira, mas não tomou posse.

Fernandes Lima com esposa e filhas

Fernandes Lima com esposa e filhas

Foi deputado estadual na legislatura 1893-1894 e novamente membro do Conselho Municipal de Camaragibe de 1894 a 1895. Elegendo-se deputado federal, ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados entre maio de 1894 e dezembro de 1896.

Em sua atuação na política de Alagoas, destacou-se pela oposição à oligarquia dominante, chefiada por Euclides Malta, que governou o estado de 1900 a 1903 e de 1906 a 1912.

Numa clara tentativa de afastá-lo de Alagoas, foi nomeado juiz substituto no Acre pelo então presidente Affonso Penna. Não aceitou, permanecendo em Alagoas exercendo a advocacia, principalmente na região Norte do Estado.

Intensificou sua ações oposicionistas ao assumir, em junho de 1911, a direção do jornal Correio de Maceió, órgão oficial do Partido Democrata de Alagoas. Nesse mesmo ano foi lançado candidato a vice-governador na chapa do partido, encabeçada pelo coronel Clodoaldo da Fonseca.

Essa candidatura foi favorecida pela nova orientação do governo federal, então chefiado pelo presidente Hermes da Fonseca (1910-1914), que passou a intervir em alguns estados, inclusive com o afastamento de seus governantes, no que ficou conhecido como “Política das Salvações“.

Em virtude das manifestações contrárias a seu governo, Euclides Malta passou a reprimir a oposição, que se organizou e enfrentou as forças estaduais, levando-o a renunciar em 13 de março de 1912, quando foi substituído pelo presidente do Congresso Estadual, o coronel Macário das Chagas Rocha Lessa.

A família Fernandes Lima

A família Fernandes Lima

As eleições deram a vitória aos candidatos do Partido Democrata, que tomaram posse em 12 de junho seguinte. Como vice-governador, Fernandes Lima substituiu interinamente o titular de janeiro a abril de 1915. Em 12 de junho do mesmo ano, teve início o governo de João Baptista Accioly Júnior.

De volta à Assembleia Estadual em 1917-1918, Fernandes Lima deixou-a ao ser eleito, em março de 1918, governador de Alagoas.

Tomou posse em 12 de junho, sucedendo a João Baptista Acióli Júnior, e afastou-se por motivo de saúde entre 1º de março e 12 de junho de 1921, quando foi substituído por Manuel Capitulino Carvalho. Nesse mesmo período foi reeleito, permanecendo no exercício do governo até 12 de junho de 1924, quando tomou posse o novo governador Pedro da Costa Rego.

Contra a tese de que o desenvolvimento deveria ser feito da capital para o interior, durante seu governo lançou o slogan “Rumo aos campos”, buscando interiorizar sua ação administrativa.

Da esquerda para a direita, os secretários de governo: Dr. Manoel Moreira e Silva, secretário de Negócios do Interior; governador Fernandes Lima; Dr. Alfredo de Mendonça Uchoa, secretário da Fazenda e Dr. José Castro Azevedo, secretário Geral

Da esquerda para a direita, os secretários de governo: Dr. Manoel Moreira e Silva, secretário de Negócios do Interior; governador Fernandes Lima; Dr. Alfredo de Mendonça Uchoa, secretário da Fazenda e Dr. José Castro Azevedo, secretário Geral

Para tanto, cuidou da abertura de cerca de quatrocentos quilômetros de rodovias cortando o interior, em especial daquela ligando a capital à cidade de Passo de Camaragibe. Inaugurou três pontes de cimento armado, sobre os rios Paraíba, Mundaú e Camaragibe, e construiu grupos escolares nas cidades de Capela, Camaragibe e São Luís do Quitunde.

Iniciou também o Serviço de Profilaxia Rural, com o apoio da Comissão Rockefeller. Em seu governo foi criado, em março de 1919, o Gabinete de Identificação e Estatística.

Em 23 de agosto seguinte, os representantes dos estados de Alagoas e Pernambuco no VI Congresso de Geografia assinaram um convenio, ad referendum, para a fixação definitiva dos limites divisórios entre os dois estados, mas a medida não teve o êxito pretendido.

Em 1924 foi eleito para o Senado Federal, onde exerceu o mandato até que a Revolução de outubro de 1930 suprimiu os órgãos legislativos do país.

Após a promulgação da nova Constituição, em 16 de julho de 1934, foi eleito, no pleito de outubro, deputado federal. Assumiu seu mandato em maio de 1935 e permaneceu na Câmara dos Deputados até novembro de 1937, quando o golpe do Estado Novo mais uma vez fechou o Congresso Nacional.

Casou-se com Olímpia Falcão Lima, com quem teve 11 filhos. Alguns deles apresentavam problemas psiquiátricos em níveis diferentes. Sua esposa cometeu o suicídio em 1965, pulando dentro do poço da Vila Britânia, em Mangabeiras, onde residiram por muito tempo. Posteriormente, o local recebeu a Cruz Vermelha.

Olímpia Falcão era filha do major Tibúrcio Marinho Falcão, de Bezerros, em Pernambuco (era proprietário em Passo de Camaragibe), e de Rita de Cássia Vieira Falcão, que faleceu, aos 44 anos de idade, em Passo de Camaragibe, no dia 15 de outubro de 1890, vítima de febre palustre.

A relação dos filhos é a seguinte: José Fernandes Filho, Nabuco, Nicaula, Nadir, Olímpia, Aníbal, Miriam, Abel, Lígia, Petrônio e Waldemar.

Fernandes Lima faleceu em Maceió no dia 16 de maio de 1938.

Foi membro fundador da Academia Alagoana de Letras e primeiro ocupante da cadeira nº 6. Sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, colaborou na revista da instituição.

Além de mensagens ao Congresso alagoano, publicou: Tiradentes – poemeto realista (1884); Cartas de um democrata (1888); Ação para divisão do engenho “Ilha Vitório (1900); Política de Alagoas – sugestões para organização de um partido em Alagoas; A sucessão governamental no estado de Alagoas em 1924 (discursos Fernandes de Barros Lima e de Pedro da Costa Rego 1924); Estado de Alagoas – Sua administração e sua políticaO estouro da boiada alagoana (discurso no Senado, 1927); Efemérides do município de Camaragibe. Elementos para sua história e crônica (publicação feita no Evolucionista, em 1903, sob o pseudônimo Camile Desmoulins), Revista do IHGA (1933-1934).

Fontes: Texto de Reynaldo de Barros, da Fundação Getúlio Vargas e fotos do fascículo Memórias Legislativas nº 23, da Assembleia Legislativa de Alagoas, com pesquisa de Douglas Apratto Tenório.

8 Comments on Fernandes Lima, o governador construtor de estradas

  1. Ninguém nunca falou do de folclore Pedro Teixeira, alguém conhece?

  2. Laurílio, o professor Pedro Teixeira será contemplado no História de Alagoas em Fotos. Estamos juntando o material. Se você tiver alguma coisa sobre ele, pode nos ajudar enviando para eticianeli@gmail.com. Já temos algumas fotos, mas não é suficiente.

  3. Fernando Ferreira // 6 de setembro de 2015 em 17:41 //

    O nome da nossa Avenida Fernandes Lima, Farol é em homenagem ao Deputado Estadual, Deputado Federal, Senador e Governador José Fernandes de Barros Lima ??

  4. Sim, Fernando. A Avenida Fernandes Lima e o Grupo Escolar Fernandes Lima homenageiam o governador.

  5. Eleni Carvalho santos. // 4 de janeiro de 2017 em 15:52 //

    Amei conhecer esse grande politico brasileiro. Homem que pela sua história, estava a frente do seu tempo.

  6. Domingos Sávio Luz Barros // 29 de agosto de 2019 em 13:45 //

    Bela história do seu avô Fernandes Lima. O sucesso do colega e amigo do Ginásio José Accioli, com certeza, está influenciado pelo seu DNA.

  7. Helio c.de moraes // 30 de agosto de 2019 em 20:22 //

    Sinto-me um previgiliado por manter um grau de forte amizade pelo atual membro integrante da familia Fernamdes Lima.

  8. oi de Lima. qual o parentesco com Barros Lima? de qq forma parabéns pelo político e para v alagoano de boa cepa.

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