Farol da Ponta Verde

Praia de Ponta Verde nos anos 50, com o farol ao fundo
Farol da Ponta Verde em Maceió, Alagoas

Farol da Ponta Verde em Maceió, Alagoas

O economista e historiador Cícero Péricles ao divulgar uma foto do farol da Ponta Verde, informou que ele foi inaugurado em 1922. “Em 1949 teve sua torre cilíndrica, obra de alvenaria com 11 metros de altura, instalada sobre ‘pilares troncos piramidais de concreto armado’, aproveitando parte da estrutura construída pelo Conselho Nacional de Petróleo (CNP), que ali realizou perfurações em 1940″.

Continuou o professor Péricles: “O Farol é colorido com faixas horizontais vermelhas e brancas (alvirrubro como o CRB, fundado em 1912). Até 1986, quando foi eletrificado, usou o sistema de gás acetileno. O equipamento luminoso consiste numa lanterna de Sinalização Náutica e um eclipsor-trocador que transmitem um lampejo branco, com um alcance de 13 milhas náuticas (o equivalente a 24 km) e uma intensidade de 3.689 candelas (a vela comum possui aproximadamente uma candela), alimentados por duas baterias estacionárias de 12 volts”.

Ao final do texto, Péricles argumenta que o farol tem valor histórico e afetivo e que “era para estar na lista das 60 unidades de preservação cultural de Maceió, citada no Plano Diretor”.

O farol foi construído sobre estruturas montadas para a exploração de petróleo

O farol foi construído sobre estruturas montadas para a exploração de petróleo

Instigado pelo próprio Cícero Péricles, a editoria do História de Alagoas foi em busca de mais dados sobre este equipamento.

A informação mais antiga encontrada nesta pesquisa sobre a existência de um farol nas proximidades da Ponta Verde identificou um que teria sido inaugurado em 1856, como está publicada na Revista Marítima Brasileira, edição semestral de julho a dezembro de 1891, páginas 101 e 102.

“Pharol de Maceió: Perto da Ponta Verde, à O. [oeste] do monte e a 1 milha do ancoradouro, dióptrico de 3ª ordem em torre redonda de base octogonal, luz branca em lampejos: luz natural 70 segundos; eclipse 16 segundos, luz muito brilhante – 12 segundos; eclipse – 22 segundos etc; revolução: 2 minutos.
A luz é visível em tempo claro à 22 milhas e está elevada 6,2 metros acima do nível médio das marés.
A torre, que está ao N 8º E de ponta mais avançada do recife, serve de guia para fundear-se no porto de Jaraguá.
Foi inaugurado em 1856.
Lat.        9º – 39’ – 35’’ Sul.
Long.     7º – 25’ – 29’’ E Rio.
“              35º – 44’ – 27’’ O Grw.
“              38º – 05’ – 07’’ O Paris.”

Considerando que o atual Farol da Ponta Verde está situado em 9° 39′ 56″ S e 35° 41′ 32″ O, podemos aceitar que este aparelho inaugurado em 1856 ficava somente há alguns metros do existente atualmente.

A referência seguinte sobre um farol na Ponta Verde surgiu com a inauguração no dia 2 de janeiro de 1922 de um equipamento que é tratado como um poste de luz. A informação sobre esta inauguração foi registrada no jornal O Paiz do dia 11 de janeiro:

“O superintendente de navegação avisou os navegantes que foi inaugurado na noite de 2 do corrente, na Ponta Verde, um aparelho do sistema A.G.A., com as seguintes características: Relâmpago encarnado com (?) segundos de duração, seguido de (?) de ocultação, tendo o alcance luminoso de seis milhas em tempo claro.
O referido aparelho, pintado de encarnado, está montado sobre uma base quadrangular de alvenaria e o seu plano focal está seis metros acima do nível do mar”.

Banhistas e o Farol da Ponta Verde

Banhistas e o Farol da Ponta Verde

Quem coordenou a montagem do farol foi Leoncio Pires e a ideia de construí-lo já existia há algum tempo, como informou o Diário de Pernambuco de 13 de janeiro de 1922 ao reconhecer o esforço do comandante do Porto, Anníbal Gama.

O farol voltou a ser citado nos jornais em agosto de 1922, quando o capitão do Porto de Alagoas fez circular um telegrama para os seus colegas de outros Estados com o seguinte teor: “Poste luz Ponta Verde teve mudado característica, ficando com três segundos de luz e vinte e sete de ocultação”.

O Relatório do Ministério da Marinha sobre o ano de 1925 revelou que o farolete da Ponta Verde usava o sistema AGA alimentado por acetileno, consumindo 19.100 litros deste produto a um custo de 231$110. No mesmo relatório há menção da “instalação de lanterna no poste de Ponta Verde”.

Nova referência ao equipamento foi publicada no jornal A Batalha, do Rio de Janeiro. No dia 2 de agosto de 1930, a coluna da Marinha Mercante divulgou a seguinte nota da Diretoria de Navegação, Divisão de Pharóes: “Avisa-se aos navegantes que se acha apagada a luz do poste automático de Ponta Verde, a E. [leste] do porto de Maceió, Estado de Alagoas”.

Em 1949, durante o governo de Silvestre Péricles de Góis Monteiro, um novo farol foi construído na Ponta Verde utilizando as estruturas que serviram de base para as perfurações em busca de petróleo na capital.

Uma nota do Ministério da Marinha publicada no jornal A Manhã de 14 de maio de 1949 informou sobre a inauguração do novo farol da Ponta Verde. “Realiza-se hoje, no Estado de Alagoas, com a presença do governador e demais autoridades, a inauguração do farol da Ponta Verde, cujas obras foram concluídas recentemente. O mencionado farol tem 13 metros e 50 centímetros de foco”.

Em várias outras publicações são encontradas menções sobre os recifes de Ponta Verde como responsáveis por encalhes e afundamentos de embarcações, revelando a importância do farol ali localizado.

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