Emílio de Maya, o poeta do Drama do Petróleo

Praça Emílio de Maya no final da década de 50

Emílio Elizeu de Maya nasceu no Engenho Patrocínio na cidade de Atalaia, no dia 25 de junho de 1909.

Era filho de Alfredo de Farias Maya (Alfredo de Farias Bittencourt), que nasceu em Atalaia no dia 7 de fevereiro de 1879, e de Regina Clack Accioly de Maya, jovem filha de uma família tradicional de Maceió, reconhecida por seus dotes musicais ao violino e no canto.

Os outros filhos do casal fora: Margarida, Benedita, Maria Rita e Maria Emília.

Emílio Elizeu de Maya

Alfredo de Maya

Alfredo de Maya, que vinha de uma família sem grandes recursos econômicos, estudou em Maceió e após concluir os preparatórios iniciou o curso de Direito em Recife.

Em 1903 concluiu seus estudos superiores em Salvador, na Faculdade Livre da Bahia. Ainda estudante, foi um dos redatores do Diário da Bahia e trabalhou no gabinete do governador daquele estado.

Em junho de 1906, já deputado estadual em Alagoas, foi nomeado Oficial de Gabinete de Euclides Malta, cargo tratado pela imprensa como o de secretário particular do governador.

No dia 10 de agosto de 1907, o jornal Gutenberg noticiou que estavam sendo publicados os proclamas para o casamento civil do “bacharel Alfredo de Maya e d. Regina Clack Accioly, residentes nesta cidade”. Casaram-se no mesmo mês.

Foi deputado estadual (1905-1906 e 1907-1908) pelo Partido Republicano e redator-chefe do jornal A Tribuna, de Manoel Gomes Ribeiro, o Barão de Traipu.

Neste período já era proprietário do Engenho Patrocínio, em Atalaia.

Alfredo de Maya em foto da década de 1920

Em 28 de julho de 1909, Alfredo de Maya assumiu o cargo de Consultor Jurídico do Estado de Alagoas. Dias depois, em 7 de setembro, tomou posse no Instituto Arqueológico e Geográfico Alagoano, atual Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas.

Voltou a ter mandato legislativo a partir de 1915, quando foi eleito deputado federal pelo Partido Republicano Conservador. Esteve na Câmara dos Deputados nas legislaturas 1915-17 e 1918-20.

Com a Revolução de 1930, voltou a Maceió (estava na Paraíba) para compor a Junta Revolucionária. Foi ainda Secretário de Fazenda durante a administração do interventor Freitas Melro, e Procurador-geral do Estado.

Foram seus os estudos, em 1932, que orientavam a implantação de destilarias nas usinas em Alagoas. Representava na Usina Campo Verde S/A os interesses da norte-americana Companhia Squier. Ficava em Branquinha, Murici. Alfredo de Maya chegou a presidir esta empresa.

A Sequier fabricava nos EUA aparelhagens para as usinas e principalmente para a montagem de grandes destilarias.

Em 1934 era o presidente do Banco Central de Crédito Agrícola do Estado de Alagoas e representou os usineiros em várias negociações com autoridades nacionais como presidente da Comissão de Vendas dos Usineiros.

Substituiu Osman Loureiro na Comissão Executiva do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) em 1935. Osman havia se afastado para assumir o governo de Alagoas.

Sua filha, Maria Emília Maya, casou-se com Manuel Maia Gomes, um dos principais executivos da Usina Campo Verde nos anos 40.

Foi fundador, em abril de 1945, e presidente da União Democrática Nacional, a UDN. Renunciou ao cargo em 1946.

Com a morte prematura do filho Emílio de Maya em 1939, Alfredo se desfez de suas fazendas em Atalaia e Murici e dedicou-se à Fazenda Benfica, em Cacimbinhas, sertão alagoano, onde desenvolveu uma elogiada criação de gado Nelore. Esta fazenda passou a ser denominada Fazenda Alfredo de Maya após o falecimento do seu proprietário.

Poeta desde a adolescência, foi autor do livro Versos Íntimos. Faleceu em Maceió no dia 19 de novembro de 1967.

Emílio de Maya

Aos 14 anos, Emílio de Maya já dava sinais de sua vocação para as letras ao fundar no Colégio Higino Belo, onde estudava, o jornal O Independente.

No final da década de 1920, foi o último a se inscrever no histórico Grêmio Literário Guimarães Passos. Vinha de uma ativa participação no Cenáculo Alagoano de Letras. Há registros de que apresentou ao público, durante a Festa da Arte Nova, um poema modernista.

Estudou direito na Faculdade do Recife, conseguindo o bacharelado em 1929.

Em 1934, com 26 anos de idade, foi levado para política pelas mãos do pai, sendo eleito deputado federal em outubro de 1934 pela Liga Eleitoral Católica.

O seu mandato, iniciado em maio de 1935, foi interrompido em 10 de novembro de 1937, com a instauração do Estado Novo e o consequente fechamento de todas as casas legislativas do país.50491

Era católico, pertenceu e dirigiu a Congregação Mariana de Maceió, que liderava movimentos literários entre os jovens.

Foi ainda o fundador e presidente da Liga Eleitoral Católica em Alagoas e membro da Associação Alagoana de Imprensa, assumindo cargo em sua diretoria em 1933.

Participou da criação do Círculo Operário Católico de Maceió.

Escreveu, entre outros livros, O Brasil e o drama do petróleo, além de vários artigos de jornais. Colaborou em O Semeador.

No dia 15 de fevereiro de 1939, quando era presidente da Associação Alagoana de Imprensa, foi eleito para a Academia Alagoana de Letras, passando a ocupar a cadeira de Moreno Brandão.

Seu nome é sempre lembrado em Clubes Literários e Bibliotecas e está perpetuado em uma Escola de 1º Grau no povoado Bittencourt, em Atalaia, e em outra no município de Carneiros.

Em Santana do Ipanema, uma praça homenageia o ilustre filho de Atalaia.

Casou-se, em Fortaleza, com a cearense Nazira Cesar Cabral em 5 de maio de 1936, com quem teve dois filhos: Alfredo Emílio Cesar de Maya e Marzio Cesar de Maya. Nazira era filha de Silvino Cabral e Beatriz Cabral.

Faleceu às 21h15 de 13 de março de 1939 na Casa de Saúde São José, no Rio de janeiro. Foi operado de peritonite provocada por apendicite, mas não conseguiu debelar o quadro infeccioso. Tinha viajado em um hidroavião da Panair para a capital federal no dia 7 de março com o intuito de tratar de assuntos de sua banca de advocacia.

Foi enterrado, às 17h do dia seguinte, no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro. Entre as autoridades presentes estava o diretor dos Diários associados, Assis Chateaubriand.

Deixou várias poesias, que foram organizadas em livro por seu sobrinho, historiador e escritor, J. F. de Maya Pedrosa, e por Astréa Miranda Pedrosa, esposa de J. F. de Maya Fernandes. O livro de poemas foi denominado Pétalas Esparsas – poemas de Emílio de Maya.

Nazira Cabral casou-se, em segunda núpcias, com Pedro Filomeno Gomes.

Obras

A Defesa do Açúcar e o Problema do Álcool Anidro, Maceió: Oficinas Gráficas da Casa Ramalho, 1935 (discurso na Câmara Federal em 22/6/1935);

O Açúcar e o Carburante Nacional, Maceió: Oficinas Gráficas da Casa Ramalho, 1936 (discursos na Câmara Federal em 1935);

O Problema do Petróleo, Maceió: Oficinas Gráficas da Casa Ramalho, 1936 (discursos na Câmara Federal);

O Brasil e o Drama do Petróleo, Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1938;

Discursos no Parlamento, Maceió: Casa Ramalho, 1939, Autores Alagoanos, 3, 1ª série;

O Rio São Francisco (teria ficado no prelo, quando faleceu); 

Homenagem das Classes Conservadoras de Alagoas ao Deputado Emílio de Maia (discursos pronunciados pelos deputados Emílio de Maia, Dr. Homero Galvão e pelo cônsul Ezequiel Pereira), Maceió: Casa Ramalho, 1939;

Pétalas Esparsas, resgate da produção poética da juventude por José Fernando de Maia Pedrosa e Astréa Pedrosa, Maceió: Printing Gráfica e Editora, 2000.

8 Comments on Emílio de Maya, o poeta do Drama do Petróleo

  1. Vanessa B. Maya de Omena // 25 de maio de 2015 em 20:07 //

    O pai de Emílio de Maya era Alfredo de Maya – Alfredo de Farias Bittencourt. Apesar de primo de Arnon de Mello ele não possui o Melo ou Mello em seu sobrenome.

  2. Vanesa B. Maya de Omena // 20 de março de 2017 em 19:44 //

    Correção: No caso do parentesco citado acima é pelo sobrenome Farias (e não Melo ou Mello) .
    O livro de poemas” Pétalas Esparsas – poemas de Emílio de Maya” foi organizado por seu sobrinho, historiador e escritor, JF de Maya Pedrosa.

  3. Vou fazer as correções. Obrigado Vanessa.

  4. Vanesa B. Maya de Omena // 22 de março de 2017 em 19:40 //

    Obrigada eu Ticianeli. Mais uma ‘falha’ de minha parte: A esposa de José Fernando de Maya Pedrosa, Astréa (Teíta) Miranda Pedrosa, também foi responsável pela organização do livro.
    Abraço!

  5. Monique Silva // 16 de junho de 2017 em 12:35 //

    Ticianeli, parabenizo-lhe por esse importante trabalho de registro e resgate dos nossos ilustres vultos literários alagoanos. A poesia de Emílio de Maya professa uma beleza poética que ao passo que inspira leveza também inspira a pungência de uma vida . Seria interessante colocar alguns poemas dele a fim de propiciar uma melhor divulgação e homenagem ao referido poeta. Sugiro os poemas “O sertanejo” e “Pétalas Esparsas”, do livro homônimo Pétalas Esparsas. Mais uma, vez parabéns por seu trabalho
    !

  6. Estou pesquisando sobre o Engenho Patrocínio, gostaria de ler mais sobre esse engenho e se possível ver fotos. Conhece alguma literatura para indicar?

  7. Maria Halyde Cabral // 9 de junho de 2021 em 06:30 //

    Sou sobrinha-neta da segunda esposa de Emílio Maya, Nazira Cesar Cabral, ela era muito linda, até hoje considerada uma das mais belas do Ceará. Que legal saber da história dela e dele, pena que não deixaram netos.

  8. Vanessa B. Maya de Omena // 10 de junho de 2021 em 22:39 //

    Maria Halyde Cabral,
    Que bom ler seu comentário aqui . Também sou sobrinha-neta de Emilio de Maya ( minha avó paterna, era uma das irmãs de Emílio Elizeu de Maya). Ele teve apenas uma esposa, Nazira Cabral, e com ela dois filhos. Ele faleceu em 1938. Ela contraiu segunda núpcias.

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