D. Adelmo Machado, o religioso do Movimento de Educação de Base

Dom Adelmo Cavalcante Machado nasceu em Penedo às 10 horas da noite de 5 de março de 1905, filho de Matheus de Souza Machado, juiz de Direito de Traipu, e de Rosa Cavalcante Machado (nascida na Fazenda Tatajuba, Chã de Imbira em São Miguel dos Campos).

O professor Moezio Vasconcelos, que conviveu com Rosa Cavalcante Machado, ouviu dela a história do nascimento de Adelmo. Ela lembrou que começou a sentir as dores do parto, em Traipu, e Matheus, seu marido, a colocou numa canoa para que o filho nascesse sob os cuidados do hospital de Penedo. No meio do caminho, entre os dois municípios, Adelmo veio ao mundo, ainda na canoa.

Matheus era natural de Brejo Grande, povoado da Vila Nova, atual Neópolis em Sergipe, filho do Tenente Coronel Matheus de Souza e de D. Belarmina Diamantina Fernandes Machado, mas estabelecido do outro lado do Rio São Francisco, em Penedo.

O Dr. Matheus de Souza Machado foi juiz de Direito em Traipu e em outras comarcas de Alagoas.

Rosa Cavalcante Machado era natural de São Miguel (Fazenda Tatajuba, Chã de Imbira) e filha do Capitão Felismino Cavalcante de Mattos e de D. Maria Cavalcante de Mattos.

Adelmo Cavalcante Machado perdeu o pai em 1914 e a família mudou-se para São Miguel dos Campos, terra de sua mãe.

Dom Adelmo Machado em 1960

Entrou para o Seminário Arquidiocesano de Maceió em 1918, ordenando-se sacerdote em 4 de dezembro de 1927, diplomado em Humanidade, Filosofia e Teologia.

Foi o vice-Reitor do Seminário em 1927. A partir de 1942 passou a ser o Reitor, permanecendo nesta função até 1948. Além de gestor da instituição, também lecionou as disciplinas de Português, Francês, Grego, Literatura Portuguesa, Exegese Bíblica, Teologia Dogmática, Teologia Pastoral e Ação Católica.

Também foi professor titular do Liceu Alagoano, sendo admitido por concurso público.

Ação Católica

Ainda um jovem padre, foi nomeado em 7 de fevereiro de 1940, por D. Ranulpho, para ser o assessor eclesiástico da Ação Católica e responsável pela sua organização, principalmente da Juventude Feminina Católica.

Em 1942, foram nomeados os assistentes eclesiais responsáveis pelas diversas áreas de atuação da Ação Católica em Alagoas. Assim, por exemplo, Homens de Ação Católica (HAC) recebiam a assistência do padre Teófanes Augusto de Barros e Padre Assunção era assistente auxiliar da Juventude Feminina Católica (JFC).

O Secretariado de Cinema foi instalado em 22 de março de 1942. No ano seguinte foi inaugurada a sede da Juventude Operária Católica (JOC) e a Escola N. S. de Fátima, no Bom Parto, em prédio cedido pela Fábrica Alexandria. Ainda em 1943 foi realizada a 1ª Semana de Ação Católica.

Em 1944, foi criada a Confederação da Associações Religiosas e aprovado os estatutos, em 2 de julho, da Confederação Católica de Maceió.

A Liga Eleitoral Católica foi criada em 1945, mesmo ano em que foi realizado o Congresso Eucarístico e de Ação Católica, coordenado pelo então Padre Adelmo Machado. Coube a ele também estabelecer a Pastoral das Religiosas e o Movimento de Educação de Base.

Deixou o Seminário e a Assistência Eclesiástica da Ação Católica em 1948 para assumir o bispado na cidade de Pesqueira em Pernambuco, onde fundou a Escola Profissional de Artes, o Ginásio Cardeal Arcoverde e o Colégio da Imaculada Conceição, além do Seminário Era Nova.

Foi nomeado em 3 de abril de 1948 e ordenado Bispo em 15 de agosto de 1948.

D. Adelmo Machado em Pesqueira, Pernambuco, no dia 8 de junho de 1952 na 1ª Comunhão das meninas Vera Lucia e Tânia Maria, filhas de Alcindo França e Cleonice, todos trajando adornos em Renascença criados por dona Áurea Cavalcanti

Voltou para Maceió no dia 25 de novembro de 1955 como arcebispo-coadjutor, assumindo o cargo de arcebispo em 1963, permanecendo em tal cargo até 1976, quando renunciou por limite de idade e por apresentar problemas de saúde.

Em 1962 foi criada por sua sugestão a Diocese de Palmeira dos Índios.

Foi Cônego do Cabido Metropolitano de Maceió e Monsenhor Camareiro Secreto.

Suas principais obras foram vinculadas à Ação Social da Igreja. Foi de sua iniciativa a criação da Casa de Nazaré, Centro Cultural Vergel do Lago, Escola de Serviço Social Padre Anchieta de Alagoas, Rádio Educadora Palmares, Livraria CatólicaCasa da Irmã da Cruz, Diaconato Permanente da ArquidioceseMovimento Social em União dos Palmares, além de autorizado a construção do Edificio D. Antônio Brandão.

Instituiu ainda a adoração eucarística na Igreja do Rosário e conseguiu trazer para Maceió as Religiosas da Instrução Cristã, fundadoras do Colégio Santa Madalena Sofia em 1966.

Notabilizou-se por ser direto com as palavras. Dizia o que pensava sem meio termo ou eufemismos. Também agia assim em suas participações na política, principalmente durante o Golpe Militar de 1964, quando alardeava as ameaças comunistas em suas pregações ou pelos jornais.

Um relatório confidencial do Serviço Nacional de Informação (SNI) de 1975 o classifica como um conservador que demonstrava tendências democráticas e que reconhecia os benefícios da “Revolução de 31 de Março de 1964”.

D. Helder Câmara, D. Adelmo Machado e o governador Lamenha Filho

Ao renunciar ao arcebispado em 26 de novembro de 1976, Dom Adelmo Machado já estava doente. Ele podia deixar o bispado efetivo aos 75 anos, mas optou por fazer isso aos 71 anos de idade, passando a viver no Seminário.

O então governador Divaldo Suruagy elogiou o arcebispo lembrando sua trajetória política: “E o exemplo de Dom Adelmo renova, hoje, todo esse esforço de ontem, quando a Igreja marcou a sua mensagem de otimismo, de beleza e de esperança na revelação de que o homem não é um simples brinquedo nas mãos de forças cegas”. Referia-se aos comunistas como “forças cegas”.

Dom Adelmo Machado faleceu em Maceió ás 11h do dia 28 de novembro de 1983 e sua morte, por edema agudo no pulmão, provocou uma onde de manifestações públicas de pesar e de homenagens. Seu corpo está sepultado na Igreja do Rosário.

Dom Adelmo Machado em ato religioso na antiga TELASA

1 Comentário on D. Adelmo Machado, o religioso do Movimento de Educação de Base

  1. Artur José Bulhoes Machado // 26 de junho de 2021 em 09:00 //

    Uma história de vida, dedicação, entusiasmo e amor pela igreja católica que nos faz refletir até dias atuais.

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