Coruripe, a Cururugi dos Caetés

Praia do Pontal de Coruripe

O rio Coruripe, chamado “Cururugi” pelos caetés, foi que deu o nome ao município. Segundo Dias Cabral, em um estudo publicado na Revista do Instituto Arqueológico e Geográfico de Alagoas, nº 8, de junho 1876, o nome Coruripe, em tupi, é formado por cururu (sapo), mais ype (no rio). Seria No rio do sapo.

A região ficou conhecida na história do Brasil por ter sido palco do naufrágio em 1560 da nau Nossa Senhora da Ajuda, que conduzia o bispo Dom Pero Fernandes Sardinha a Portugal. O acidente ocorreu nos baixios de D. Rodrigo, arrecifes que testemunharam em 1526 o trágico episódio envolvendo da nau São Miguel, comandada pelo navegador espanhol Dom Rodrigo de Acuña.

Área central de Coruripe com o largo que viria a ser a praça principal

O professor Moreno Brandão, em “Lugares Históricos de Alagoas“, assim se expressou sobre Coruripe: “Estaria contida naquela restrição imposta pelo apótema de que os povos felizes não têm história, se também não tivesse visto, nos Baixios de D. Rodrigo, o naufrágio da nau Nossa Senhora da Ajuda, de que era passageiro D. Pero Fernandes Sardinha; se não assistisse ao trânsito das legiões holandesas e das guerrilhas lusitanas; se não presenciasse, em Jequiá, o esquartejamento de Antônio Leão, revolucionário de 1817, por um indivíduo de nome Antônio Pedro; se não visse, no crepúsculo vesperal do cativeiro negro, a revolta de grande número de seus escravos, tornados ao eito pelos engodos da conciliação”.

Igreja Nossa Senhora da Conceição nos anos 50

Igreja Nossa Senhora da Conceição nos anos 50

Após o extermínio dos caetés pelos portugueses, como represália ao suposto trucidamento do 1° bispo do Brasil, começou no local um ativo comércio de madeira, principalmente pau-brasil.

Nascida a povoação de Coruripe em consequência da ereção de uma capela localizada num vale muito próspero, logo alcançou desenvolvimento maior que o da vila do Poxim, a que estava subordinada. Essa prosperidade se deu a partir de meados do século XIX.

Nesse período existia um ancoradouro e um estaleiro na foz do Rio Coruripe.

O Rio Coruripe era tão importante para Alagoas que a Assembleia Provincial aprovou a Lei nº 10, de 24 de fevereiro de 1836, autorizando o governo a fazer a abertura do Rio em toda sua abertura até as Cachoeiras no Sítio Benguella, a seis léguas da foz. A obra custou 6:000$000 réis em três prestações.

A vila de Coruripe foi criada pela Lei nº 484, de 23 de junho de 1866, para onde foi transferida a sede do município. A subordinação eclesiástica se dava com a Diocese de Penedo.

O Poxim perdeu, com essa mesma lei, a condição de vila. O município passou a ser denominado Coruripe.

Foi desmembrado do seu município apenas o Poxim, em 1891, mais tarde novamente anexado a Coruripe pela Resolução nº 393, de 31 de maio de 1904, partilhado também com os municípios de São Miguel dos Campos e Junqueiro.

A freguesia de Coruripe foi primitivamente a de Poxim, cuja data da criação é pouco conhecida. Tem a invocação de Nossa Senhora da Conceição. Segundo uns, data de 1726 (Espíndola, em “Geografia Alagoana”); segundo a “Idéia da População da Capitania de Pernambuco”, data de 1718, o que é mais aceitável.

Casa dos Pobres de Coruripe

Casa dos Pobres de Coruripe

Em 1749 era curato, sendo vigário o padre Manuel Diniz Barbosa e servindo de matriz a igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.

Pertencia à comarca de Anadia o termo de Coruripe, sendo, pela Lei nº 866, de 31 de maio de 1882, elevado à categoria de comarca com o termo de Piaçabuçu que fazia parte da jurisdição de Penedo.

Em 1931, constituía a comarca o termo de Junqueiro.

Em 11 de maio de 1932 foi extinta a comarca de Coruripe, sendo restaurada em 24 de maio de 1935, pelo Decreto nº 2.082.

Perdeu o termo de Piaçabuçu em 1938, que passou a pertencer a Penedo.

Segundo o quadro da divisão administrativa fixado pela Lei nº 1 785, de 5 de abril de 1954, o município era composto de dois distritos: Coruripe e Poxim.

Na legislatura instalada em 1955, foi eleito prefeito Hélvio Castro Reis. Os eleitores inscritos para o último pleito somavam 3.383, sendo de 1.751 o total de votantes. A Câmara Municipal é composta por nove vereadores.

Antiga Prefeitura Municipal de Coruripe

Antiga Prefeitura Municipal de Coruripe

Embora tenha seu desenvolvimento ligado à agroindústria açucareira, o município tornou-se conhecido pela beleza de suas praias e lagoas, que atraem milhares de turistas.

Nesse recanto destacam-se as praias de Pontal do Coruripe (com um farol e arrecifes que formam uma piscina natural), Miaí de Baixo e de Cima (mar aberto e quase deserto) e os baixios de Dom Rodrigues (excelente para a prática de mergulho).

Entre as lagoas estão a Escura, Guaxuma, Vermelha e a Lagoa do Pau, de rico manancial.

Com a criação do município de Jequiá da Praia, em maio de 1995, pela lei 5.675 de 3 de fevereiro. Coruripe ficou sem a Lagoa de Jequiá, uma das mais belas de Alagoas.

Formação Administrativa

Distrito criado com a denominação Coruripe, em 1726. Elevado à categoria de vila com a denominação de Coruripe, pela lei provincial nº 484, de 23 de junho de 1866, desmembrado do município de Poxim. Instalado em 06 de agosto de 1866.

Vista aérea da Usina Coruripe

Vista aérea da Usina Coruripe

Elevado à condição de cidade e sede municipal com a denominação de Coruripe, pela lei estadual nº 15, de 16 de maio de 1892. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído de dois distritos: Coruripe e Poxim, município extinto pela lei provincial nº 484, de 23 de junho de 1866.

Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31 de dezembro de 1936 e 31 de dezembro de 1937.

No quadro fixado para vigorar no período de 1944-1948, o município é constituído do distrito sede.

Em divisão territorial datada 1º de julho de 1960, o município é constituído do distrito sede.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.

Fonte principal: IBGE

5 Comments on Coruripe, a Cururugi dos Caetés

  1. documentário muito bom.só faltou dizer q talvez tenham sido suas terras as primeiras avistadas por Cabral!

  2. Maria Socorro Santos // 18 de maio de 2020 em 18:54 //

    Nascida no povoado de Barreiras , as margens do rio Coruripe, cresci ouvindo meu falecido pai, Lindolfo Vilela dos Santos afirmar que as primeiras terras avistadas por Cabral tinham sido no local onde se deram os naufrágios.

  3. Beatriz Serrano Escobedo // 2 de junho de 2020 em 11:05 //

    Desde Celaya, Guanajuato México que lugares tan bellos e interesantes me gusta recorrer el mundo por este medio.

  4. CORURIPE LEVA A FAMA DE QUE OS CAETÉS QUE VIVERAM AQI COMERAM LITERALMENTE FALANDO O BISPO SARDINHA. UMA MENTIRA DESLAVADA REPETIDAMENTE CONTADA PELOS BANDIDOS QUE VIERAM COLONIZAR ESSAA REGIÃO E QUE A COROA ACEITOU PARA NÃO “PEGAR MAL” PRA CIMA DELA. O QUE ACONTERCEU NA VERDADE FOI QUE O BISPO ENOJADO E REVOLTADO COM AS ATROCIDADES COMETIDAS POR ESSES BANDIDOS REBELOU-SE E AMEAÇOU ESPALHAR AOS QUATRO VENTOS E O QUE REALMENTE ESTAVA ACONTECENDO NESSAS BANDAS. PARA CALAREM A BOCA DELE, DERAM-LHE UM FIM E JOGARAM AS CULPAS NOS INOCENTES ÍNDIOS CAETÉS, QUE PRATICAMENTE FORAM EXTERMINADOS PELOS SOLDADOS PORTUGUESES EM RETALIAÇÃO AO SUPOSTO “ALMOÇO” QUE ELES FIZERAM COM O BISPO.

  5. Roberto Lima // 10 de agosto de 2023 em 19:36 //

    Família Castro Azevedo e da minha vo materna natural de Coruripe

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