Colônia Leopoldina, o município que surgiu de uma possessão militar

Cine Santa Leopoldina em Colônia Leopoldina

Localizada nas proximidades da Serra do Teixeira no Vale do Jacuípe, seu território pertenceu ao município de Porto Calvo por muitos anos e o povoamento se deu a partir da instalação de uma colônia militar em 1852.

Grupo Escolar Aristeu de Andrade em Colônia Leopoldina

As primeiras informações sobre a possibilidade de ali se instalar uma colônia militar remontam a 1845, quando o ministro da Marinha Hollanda Cavalcanti participou de uma sessão da Câmara dos Deputados, no Rio de Janeiro, em 11 de junho.

Ao discorrer sobre a “pacificação das Alagoas e Jacuípe”, explicou que faria uma proposta ao Ministério da Guerra para instalar ali uma colônia militar. “Pela minha vontade eu a fazia já, porque conheço que é o modo de acabar inteiramente com aquele quilombo de malfeitores, mesmo como um ensaio desta grande instituição que meu país reclama”, justificou o ministro.

Ainda em agosto de 1845 foi autorizada a liberação dos primeiros recursos para o estabelecimento de colônias militares “naqueles pontos de diversas províncias onde se observe aglomeração de população por um lado, e por outro lado emigrações provenientes do estado em que essas províncias estejam em consequência de passadas comoções, ou por outras causas”, justificou o parecer das Comissões de Constituição e de Marinha e Guerra da Câmara dos Deputados.

Em 16 de julho de 1946, o deputado pernambucano Campos Mello, ao discutir a liberação de recursos para a instalação da Colônia Militar, explicou que aprovaria a matéria “porque creio que assim promovo a tranquilidade pública nesses lugares, tanto de Pernambuco como das Alagoas, que estão conchegados às matas de Jacuípe, como que vou por este meio poupar muitos contos de réis aos cofres públicos”.

Informou ainda o deputado que já havia retirado daquelas matas perto de 400 praças, por avaliar que Vicente Ferreira de Paula, que liderou vários ataques às fazendas da região e era tratado como bandido pelos deputados, estava enfraquecido. Entretanto, alertava para possibilidade da retomada dos conflitos.

A Colônia Militar em Alagoas foi criada pelo Decreto nº 729, de 9 de novembro de 1850, e recebeu o Regulamento nº 820 de 12 de setembro de 1851. O seu objetivo era explorar as matas e “prender os criminosos e vadios, que nela se acoitassem”.

Quando da implantação, não havia povoamento algum no local, conforme o relatório de 27 de março de 1851 do Visconde de Mont’alegre, ministro de Estado dos Negócios do Império. Segundo o documento, a Colônia Militar — citada pela primeira vez como Leopoldina — estava “efetivamente fundada à margem direita do rio Jacuípe no sítio fronteiro ao Riacho do Mato; construirão-se nela suficientes quartéis e algumas casas, formando uma povoação provisória até que se possam construir edifícios permanentes”.

Mais adiante, o relatório completa a informação sobre o local: “está limpo o terreno compreendido na légua quadrada para ela demarcada”. O objetivo então era conseguir 150 praças para sua guarnição inicial.

Praça D. Pedro II e Igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo

O Relatório do Ministério da Guerra de 1867, ao descrever o território do assentamento da Colônia, detalha sua localização acrescentando que o terreno se estendia desde o salto do Rio Jacuípe até a embocadura do Rio Taquara. Esclarece ainda que esse local, “antigo acampamento do célebre Vicente de Paulo”, era um “terreno plano e regado por numerosos ribeirões, coberto de densas matas, onde existem as melhores madeiras de construção”, e que isso provava que as razões do Estado para a sua criação eram políticas, assim como foi a de Pimenteira em Pernambuco.

Durante a construção das edificações da Colônia, o Ministério do Império, em 28 de maio de 1851, comunicou ao Ministério da Guerra que contratara um engenheiro para continuar a obra iniciada pelo capitão de engenheiros Christiano Pereira de Azevedo Coutinho.

Entretanto, em 2 de julho do mesmo ano o Ministério do Império solicitou que Christiano Pereira reassumisse os trabalhos, considerando que o engenheiro contratado teria abandonado as construções.

Neste mesmo período, o 1º tenente João da Gama Lobo Bentes foi nomeado interinamente diretor da Colônia. No dia 12 de setembro de 1851, pôs-se em marcha acompanhado do vice-diretor, 20 praças e três operários, chegando ao local no dia 28 de setembro, assumindo seu cargo. Dias depois chegaram à Colônia o capelão e o escrivão. João da Gama foi efetivado como diretor enquanto se deslocava para a Colônia, no dia 21 de setembro.

Formalmente, a Colônia Militar foi instalada no dia 20 de fevereiro de 1852, com a presença do presidente da província de Alagoas, José Bento da Cunha Figueiredo, que também assentou a pedra fundamental da capela.

No começo daquele ano, o diretor da Colônia informou em relatório que a estrada para Porto Calvo estava prestes a ser concluída e cobrou do presidente da Província recursos para construir duas pontes sobre o Rio Manguaba. Comunicou ainda que tinha iniciado a construção das estradas para a vila de Passo de Camaragibe e para a vila de Imperatriz, atual União dos Palmares.

Em 1852 a população distribuída na área era de 1.600 habitantes. No povoado estavam 315 moradores, entre eles 44 praças e 17 operários engajados. Existiam grandes roçados, predominando o cultivo de mandioca e algodão.

O povoado era composto por 13 casas de boa construção e cobertas de telhas, cinco delas de tijolos e oito de madeira. Mais 44 habitações eram cobertas de palha e se encontravam em péssimo estado.

Uma olaria, coberta de palha e com dois fornos, tinha capacidade para produzir entre 10 e 12 mil tijolos. A construção da capela estava adiantada, com 32 palmos de pé direito e com a sacristia pronta.

O comércio era praticamente inexistente, reduzido a dois pequenos negociantes e alguns mascates que por lá só apareciam no dia do pagamento dos militares e operários.

Às 11 horas da manhã de 5 de julho de 1855, em presença do presidente da Província da Alagoas, Antônio Coelho de Sá e Albuquerque, foi benzida, pelo Frei Antônio da Pureza, a imagem de Nossa Senhora do Carmo, padroeira da capela.

Foi nesta mesma data que o governante determinou que uma das ruas da colônia militar homenageasse ao ex-presidente da Província, José Bento da Cunha Figueiredo, e que outra eternizasse o nome do primeiro diretor da colônia, o capitão João da Gama Lobo Bentes. Assim surgiram a Rua do Figueiredo e a Rua do Bentes (atual Rua Major Lobo Bentes).

Em abril de 1857 existiam 28 casas de telhas e sete em construção. A capela e a edificação do corpo da guarda já estavam prontas. Os colonos militares eram apenas 27 e a população já atingia 2.308 indivíduos, distribuídos em 577 habitações.

Plantava-se mandioca, milho, arroz, feijão, fumo, cana de açúcar e principalmente o algodão. Em 19 de março daquele ano moeu pela primeira vez um engenho de açúcar em Colônia Leopoldina.

O relatório de novembro de 1858 informa sobre os equipamentos que faltavam na capela e dava conta de certo decrescimento na população, justificado pelo deslocamento de alguns habitantes para a proximidade da via férrea. Era a Recife and São Francisco Railway que interligava Palmares a Recife.

Mapas militar de Colônia Leopoldina

Outra informação importante vem da constatação da falta de mantimentos, “porque a população da colônia entregava-se de preferência ao cultivo da cana”. Por outro lado, a cultura do algodão tinha parado após a proibição dos roçados nas matas.

O comércio também continuava limitado “porque os negociantes que iam estabelecer-se, não procuravam permutar seus efeitos pelos gêneros do lugar”.

Em 1859, atendendo à cobrança do Império, o presidente da Província ordenou que João Luiz de Araújo Oliveira Lobo, major do corpo de engenheiros, inspecionasse as obras da Colônia.

O seu relatório, apresentado em 26 de março, indicou que as obras eram seguras e recomendou a conclusão do templo, do quartel e da casa da subdiretoria, mas aconselhou que não se iniciasse a obra do hospital por considerar que este poderia ocupar o mesmo prédio onde estavam os soldados e as secretarias.

Orientou ainda que após a conclusão dos prédios, se terminassem as obras das duas estradas, e cobrou a demarcação dos lotes dos colonos para facilitar as plantações, acusando a escassez de mantimentos.

Em dezembro de 1859 a população era de 1.976 habitantes, ocupando 376 imóveis, indicando a recuperação no número de habitantes. Esse relatório confirma como uma das causas da diminuição da população nos anos anteriores a proibição de plantios nas matas.

Naquela data, dois engenhos já estavam produzindo e exportando 5.000 arrobas de açúcar. Três engenhocas eram responsáveis pela produção de rapadura.

Dom Pedro de Alcântara Gastão de Orléans e Bragança em visita a Colônia Leopoldina, Alagoas, no dia 23 de janeiro de 1983, sendo recebido pelo médico, historiador e poeta, dr. Ernane Santana

Em 5 de janeiro de 1860, o imperador Dom Pedro II visitou o local e para marcar a sua passagem plantou quatro mudas de castanholas. Duas delas sobrevivem até a atualidade.

Um ano depois, a população era de 2.140 habitantes, sendo destes 113 escravos. Quatro pontes mistas e 5 pontilhões permitiam fácil comunicação com Porto Calvo e Santa Maria da Imperatriz.

Tal desenvolvimento provocou a criação do distrito de Leopoldina pela Lei nº 372, de 5 de julho de 1861.

Em 1862 foi constatado que Colônia vinha se beneficiando das proximidades da via férrea de Pernambuco, cuja última estação, a de Una em Palmares, se situava a sete léguas do povoado. Esse beneficio poderia ser maior com a construção de uma estrada entre os dois locais, reivindicação que mobilizou os moradores nos anos seguintes.

Fim das Colônias Militares

Criadas inicialmente para cumprir objetivos diversos, que iam da guarda da fronteira no Centro-Oeste ao combate aos remanescentes dos revoltos cabanos e papa-méis instalados na região da mata de Alagoas e Pernambuco, as colônias militares começaram a ser reavaliadas e algumas foram emancipadas por não cumprirem mais os papéis a que se destinavam.

Considerando que os revoltosos tinham sido derrotados e principalmente contabilizando os elevados gastos com a Guerra do Paraguai, o Império emancipou a Colônia Militar de Leopoldina pelo Aviso de 18 de junho de 1867. O Decreto nº 4.348 de 3 de abril de 1869, por sua vez, extinguiu a Colônia Militar de Pimenteiras, em Pernambuco. Em outras Províncias, instituições similares também foram desativadas.

Com a retirada de sua condição de colônia militar, Leopoldina continuou sob a jurisdição de Porto Calvo e não demorou a entrar em decadência econômica, abandonada pelo poder público.

Sem a circulação dos recursos pagos aos militares, o comércio praticamente deixou de existir. Os prédios, sem manutenção, ficaram arruinados e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, inaugurada em 1858 por D. Pedro II, ruiu parcialmente.

Igreja reconstruída

Somente a partir de abril de 1913, após a chegada do padre holandês Francisco Geraedis para ser o vigário da freguesia, a igreja começou a ser reconstruída.

Em dezembro de 1920 as obras estavam em vésperas de serem concluídas e o padre Francisco esteve com o governador solicitando ajuda, considerando que os custos da reconstrução já atingiam 140 contos de réis. Fernandes Lima assumiu o compromisso de fornecer “um auxílio pecuniário“.

A Pedra D’ara do altar era um bloco de granito encontrado pelo padre Francisco nas terras do Engenho Azul, de Francisco Antônio do Rego, em Camaragibe, distante 42 quilômetros da igreja.

Media 2,20 metros no seu cumprimento e pesava aproximadamente 600 quilos. Foi transportado por centenas de braços humanos.

O seu polimento foi realizado pessoalmente pelo padre Francisco, que também trabalhou de ferreiro, marceneiro, pedreiro e oleiro, fabricando telhas no estilo holandês.

Castanhola plantada por D. Pedro II em 1860

Renascimento

Os primeiros sinais de que Leopoldina poderia voltar a receber uma instituição que contribuísse para sua retomada econômica surgiu no Jornal do Recife em março de 1880.

Uma nota informava que no território da extinta Colônia Militar seria instalado um estabelecimento agrícola destinado a “educação profissional de órfãos desvalidos e dos filhos livres de mulher escrava que, tendo atingido a idade de 8 anos, houverem de ser entregues ao Estado na forma da Lei nº 2.040, de 28 de setembro de 1871”.

Noticiava ainda o jornal pernambucano que o projeto havia sido anunciado em 1876 e que o Ministério da Agricultura tinha destinado à província um subsídio de 18:000$ “para as indispensáveis primeiras despesas da fundação do estabelecimento”. Não se sabe se está instituição chegou a funcionar e muito menos o destino dos recursos.

Somente a partir de 12 de julho de 1901, quando a Lei nº 321 elevou a povoação à vila e criou o município de Leopoldina, foi que a antiga colônia voltou a progredir. Por falta de recursos a instalação do novo município ocorreu em 16 de julho de 1904, data reverenciada como de sua emancipação.

A instalação do Juizado de Direito em Leopoldina teve idas e vindas por alguns anos. Criado pelo Decreto nº 536 de 12 de janeiro de 1912, foi revogado pelo Decreto nº 576 de 31 de julho do mesmo ano. O Governo foi autorizado novamente a prover o município de Juiz de Direito e Promotor por uma Lei de 1921, isso somente ocorreu após a publicação do Decreto nº 976, de 16 de maio de 1922, sendo instalado o Juizado em 25 de janeiro de 1923.

Em 2 de maio de 1931, por força do Decreto nº 1.500, voltou a ser termo de Porto Calvo. A comarca só foi restaurada pela Lei nº 1.473, de 17 de setembro de 1949. Em 20 de junho de 1923, com a Lei nº 985, passou à condição de cidade.

A freguesia foi criada em 1918 sob as bênçãos de Nossa Senhora do Carmo, comemorada em 16 de janeiro. Há registros, entretanto, de que a freguesia de N. S. do Carmo de Leopoldina foi criada em 27 de junho de 1889 pela Lei nº 1.054.

Em abril de 1944, o ministro da Viação autorizou a instalação de cinco estações radiotelegráficas para Alagoas. Uma delas, com apenas 20 watts, foi destinada a Colônia Leopoldina por solicitação do governo do Estado.

De acordo com o censo de 1950, a população do município era de 16.538 habitantes, com 89,7% localizada na zona rural.

As ruas de Leopoldina

Rua 16 de Julho

Segundo o historiador Ernane Santana em seu livro As ruas de nossa cidade, os nomes das primeiras ruas da vila foram oficializados pela Lei Municipal nº 31, de 31 de julho de 1915.

Eram somente oito ruas, que receberam as seguintes denominações: Rua Major Lobo Bentes, Rua 15 de Novembro, Rua 16 de Julho, Rua da Alegria, Rua Boa Vista, Rua Santo Antônio, Rua da Fava Dura e Rua Nova.

As dez travessas eram as seguintes: Travessa D. Pedro II, Travessas 15 de Novembro I e II, Travessa Severino Ferreira de Lima, Travessas Gustavo Fittipaldi D´Oliveira I e II, Travessa Padre Francisco, Travessa 7 de Setembro e Travessas Genival Rodrigues da Silva I e II.

Em 1915, Leopoldina tinha somente quatro praças: Praça D. Pedro II, Praça Largo de São Francisco, Praça Teódulo Augusto da Luz e Praça do Centenário.

Ainda segundo Ernane Santana, com o passar do tempo alguns destes logradouros sofreram modificações em suas denominações.

Formação Administrativa

Distrito criado com a denominação Leopoldina, pela lei provincial nº 1054, de 27 de junho de 1889, subordinado ao município de Porto Calvo.

Rua Padre Francisco

Elevado à categoria de município com a denominação de Leopoldina, pela lei estadual nº 321, de 12 de junho de 1901, desmembrado do distrito de Porto Calvo. Sede no atual distrito de Leopoldina. Constituído do distrito sede. Instalado em 16 de julho de 1904.

Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município aparece constituído de dois distritos; Leopoldina e São Bernardo.

Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31 de dezembro de 1936 e 31 de dezembro de 1937.

Pelo decreto nº 2435, de 30 de novembro de 1938, o distrito de São Bernardo foi extinto, sendo seu território anexado ao distrito sede de Leopoldina.

No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o município é constituído do distrito sede.

Pelo decreto-lei estadual nº 2909, de 30 de dezembro de 1943, assinado pelo interventor Ismar de Góes Monteiro, o município de Leopoldina passou denominar-se Colônia Leopoldina.

Em divisão territorial datada de 1º de dezembro de 1960, o município é constituído do distrito sede.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.

Hino do município de Colônia Leopoldina

Letra por José Araújo Luna
Melodia por Jodimarco Dionizio

Salve! Salve! Colônia Leopoldina
Que vieste da Colônia Militar
Berço de heroicas famílias
Por teus filhos a te glorificar

Salve! Salve! Colônia Leopoldina
Reminiscências de teu imperador
Com teus filhos a estudar
Doutores, poetas, escritores
Para sua terra sempre honrar

Salve! Salve! Colônia Leopoldina
Castanholas simbolizam a Princesa Leopoldina
Vivenciando suas matas verdejantes
Do Rio Jacuípe das florestas exuberantes
Memórias do passado traz lembrança no presente
Que tua imagem não sai da mente

11 Comments on Colônia Leopoldina, o município que surgiu de uma possessão militar

  1. Letícia Sobreira // 11 de dezembro de 2017 em 23:47 //

    A luta cabana é o ponto de partida para a compreensão da fundação e permanência da Colônia Militar. Os traços de resistência são encontrados até hoje nessas terras e nosso povo carrega na história e na alma a resistência daqueles que lutaram contra o poder hegemônico da época (e que ainda vigora, vale ressaltar).

  2. Marcelo Manoel // 12 de dezembro de 2017 em 15:33 //

    Parabéns pelo artigo. Ficou perfeitíssimo.

  3. Sílvio César // 13 de dezembro de 2017 em 00:14 //

    A história alagoana sempre foi narrada a partir do ponto de vista dominante. No tocante a história leopoldinense, a produção historiográfica não foi diferente. Como corretamente ressaltou a leopoldinense Letícia Sobreira, a compreensão da instituição e da duração da Colônia Militar Leopoldina (1852-1870) encontra a sua razão de ser nos resquícios das lutas cabanas (1831-1835) no Vale do Jacuípe, área geográfica onde Vicente Ferreira de Paula possuía grande influência.
    Com efeito, os ideais cabanos (compreendidos pelo poder dominante como uma reprodução aproximada da pauta dos Quilombos dos Palmares) estavam presentes à época da instituição da Colônia Militar Leopoldina. Por sinal, as Colônias Militares, em meados do século XIX, eram o que mais moderno se tinha para o processo de socialização em regiões com potencialidade de exploração econômica e afeitas a desestruturação do status quo.
    No caso do Vale do Jacuípe, a demarcação espacial estabelecida entre a Colônia Militar de Pimenteiras e a Colônia Militar Leopoldina, defina claramente uma distinção: entre a civilidade senhorial e os selvagens pobres, estes últimos constituídos por brancos pobres, negros escravos e livres e índios.
    Sendo assim, a inteligibilidade da instituição da Colônia Militar Leopoldina encontra o seu fundamento na pretensão de dominação social sobre as camadas excluídas da sociedade senhorial e que poderiam afetar a estrutura econômica e política que sustentava o poder das classes dominantes.
    Por fim, pode-se afirmar que a Colônia Militar Leopoldina nada mais foi do que um engenhoso instrumento de dominação social e que qualquer narrativa historiográfica afastada desse fato é uma pura reprodução do que denomino de “ingenuidade colonialista”, que, infelizmente, é ainda tão presente em nossa sociedade.

  4. Parabéns, amei.

  5. Amanda Valéria // 29 de março de 2019 em 19:53 //

    Nossa Colônia, de tantas histórias e lutas. Um salve!

  6. História da colônia da princesa, contada e narrada pelo historiador Everaldo Araújo Silva, onde na ocasião ele convidou o príncipe de Orléans e Bragança à participar neste imagem do seu lançamento contando a história de Colônia Leopoldina, onde a sua imagem por vezes é esquecida, mas concerteza vive na sua conduta de caráter e de sua dedicação a história de colônia.

  7. josé francisco de melo neto // 2 de dezembro de 2019 em 15:12 //

    Destaco que sempre se faz necessário, na organização dessa narrativa, o destaque às razões da criação da Colônia Militar. Antes de tudo isto, como apresenta o historiador Silvio, houve a guerra dos cabanos que trouxe o esforço e a bravura de muitos negros, índios e libertos que lutaram por liberdade, pois são tempos de escravidão, e direitos de morar nas matas. Portanto, muito mais será o destaque a essa composição social originária de Colônia Leopoldina do que qualquer aproximação com família real, príncipes e princesas. Os grandes heróis dessas terras são os cabanos e, entre eles, Vicente Ferreira de Paula. Estes fazem as marcas da identidade do povo leopoldinense.
    Com relação ao problema da habitação citado durante toda a exposição, esse problema continuou até os dias atuais, conduzindo, também com bravura, a conquista do atual mandacaru. Uma luta de netos e bisnetos cabanos em busca de moradia, em seu lugar de nascimento. Portanto, do ponto de vista histórico, entendo ser imprescindível associarem-se as lutas de Zumbi, as lutas na Guerra Cabana, e, as lutas por moradia do Bairro do Mandacaru como expressões singulares e interligadas dessas lutas por conquistas e também de resistência.

  8. Allan Gonçalves // 28 de março de 2020 em 22:40 //

    Viva a Colônia Militar Leopoldina!!!

  9. ZOROASTRO RAMOS CARDOSO // 6 de maio de 2020 em 14:31 //

    Existe ao longo da história nas adjacências do rio Jacuípe as lutas de negros, índios, mestiços e brancos pobres desde os Quilombos e Cabanos…

  10. Zoroastro Cardoso // 6 de maio de 2020 em 14:37 //

    Meus avós José Cardoso e Ernestina nasceram, casaram e tiveram o primeiro filho em Colônia de Leopoldina. Mudaram ainda jovens para a atual Igarapeba (São Benedito do Sul, Pernambuco, na primeira década do século XX.

  11. ola meu nome
    e eninson sampaio moro a mais de trinta anos no rio de janeiro e vivi uma historia totalmente diferente , acreditando que colonia de leopoldina tinha esse nome devido a pricesa leopodina ter passado por essas bandas

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