Atalaia, o velho Arraial dos Palmares

A Vila de Atalaia foi criada em 1° de fevereiro de 1764
Vista parcial de Atalaia em 1958

Vista parcial de Atalaia em 1958

Com o fim dos combates, em 1694, em que os portugueses, liderados pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, derrotaram o Quilombo dos Palmares, a área ocupada foi dividida em sesmarias e distribuída entre os vencedores.

A Domingos Jorge Velho foi prometido seis léguas de terras em quadra, na fronteira d0s Palmares. Escolheu o local do planalto que funcionou como ponto de observação de suas forças e mandou erguer a primitiva igreja de Nossa Senhora das Brotas. Entretanto, em 1703 sua viúva, Heronina Cardim Froes, ainda cobrava a D. Pedro II (o rei de Portugal) a doação oficial das terras, que já estavam ocupadas e onde faleceu em 1700 o seu fundador.

Na solicitação da cessão oficial, o requerimento revela mais precisamente a área que o bandeirante havia escolhido, começando nos limites de Diogo Soares, no tabuleiro da Lagoa do Sul (Manguaba), regado pelos rios Paraíba Grande, Satuba e Mundaú, com frente a esse tabuleiro na Boca da Mata.

Em 1715, o pedido foi refeito e desta feita o governador da Capitania de Pernambuco, em 6 de maio de 1716, assinou Carta de Sesmaria de seis léguas de terras da área conquistada dos Palmares “isenta de pensão, exceto o dízimo a Deus — e que povoará em cinco anos”.

Assim surgiu o Arraial dos Palmares, núcleo que deu início ao povoamento do atual município de Atalaia.

A partir de 28 de abril de 1726 se encontram registros sobre a Vila do Arraial dos Palmares ou Vila Nova do Arraial dos Palmares, mas não se tem a data em que essa promoção ocorreu, considerando que numa relação das vilas da Capitania enviada por Duarte Pereira ao Rei em 7 de setembro de 1730, não consta a dos Palmares. Outros documentos, de 1749, também não a cita. Volta a aparecer em 1754, quando a Câmara das Alagoas “convida Gabriel Fernandes e Simão dos Santos para tirar suas cartas de Juiz e Escrivão da vintena do Arraial da Vila Nova dos Palmares”.

Atalaia já foi conhecida como Vila Real de Bragança

Atalaia já foi conhecida como Vila Real de Bragança

Aminadab Valente, em seu livro “Atalaia: Sua História“, informa que documentos sobre a população da Capitania entre os anos de 1774 e 1790, publicados nos Anais da Biblioteca Nacional, situam a ereção da Vila na data de 1º de fevereiro de 1764, “não positivando se foi criada ou instalada”.

Com o passar dos anos, os habitantes solicitaram ao rei que o local fosse denominado Vila Real de Bragança, em homenagem ao monarca português. Nesse período, o arraial também ficou conhecido como de N. Sª das Brotas.

Segundo alguns historiadores, Sua Alteza atendeu ao pleito e elevou o arraial à categoria de vila, mas quis homenagear ao Visconde de Atalaia, nobre do Condado de Citarem em Portugal, nominando o lugar como Vila de Atalaia.

A Idéia Geral da População da Capitania de Pernambuco fixa a data da criação da vila em 1° de fevereiro de 1764, passando a ser a quarta vila de Alagoas. Atalaia não tem data de emancipação e sim data de criação.

Por muitos anos, antes e depois da proclamação da independência do Brasil, foi o município um dos mais importantes e ricos empórios do comércio da antiga província

Por muitos anos, Atalaia foi um dos mais importantes e ricos empórios do comércio da antiga província

Entretanto, há estudos que afirmam que a vila foi criada antes desta data, em 1727, com o nome de Vila Real de Bragança. Os defensores desta data encontram sustentação no Dicionário Geográfico Brasileiro, de Saint Adolphe. Há ainda quem afirme que a elevação à vila se deu no tempo em que Manoel Gouveia Álvares, 10° Ouvidor de Alagoas (1762-65), administrava esta parte da capitania pernambucana.

Por muitos anos, antes e depois da proclamação da independência do Brasil, foi o município um dos mais importantes e ricos empórios do comércio da antiga província.

Depois desta época de prosperidade, isto é, depois de 1831, tornou-se centro de atrocidades contra os portugueses, detentores das maiores fortunas e das melhores casas de comércio. Denominavam os portugueses de puças, corcundas e marinheiros.

A primeira capela em homenagem a Nossa Senhora das Brotas foi construída por Domingos Jorge Velho

A primeira capela em homenagem a Nossa Senhora das Brotas foi construída por Domingos Jorge Velho

Em consequência de lutas políticas, foi assassinado o Vigário da freguesia, padre José Vicente de Macedo. Sua influência política era tão expressiva que em 1834 chegou a ser eleito deputado geral, conseguindo o mesmo para seu coadjutor, padre Inácio Joaquim da Costa, e para seu sacristão, Francisco Remígio de Albuquerque e Melo.

Tantos foram os assassínios cometidos no local que os habitantes foram se retirando para outros pontos, enfraquecendo o comércio e trazendo decadência a Atalaia.

Não é conhecida a data exata da criação da freguesia de Atalaia. Geralmente é tida como 1763, data que o trabalho Idéia da População da Capitania de Pernambuco, publicado na Revista do Instituto Histórico de Alagoas, n° 12, de 1927, dá como positiva, e que deve considerar-se como verdadeira em face da antiguidade do documento.

Em 1749 já existia a Missão de Nossa Senhora das Brotas, padroeira do município. Atualmente a paróquia está subordinada à Arquidiocese de Maceió. Até 23 de abril de 1833, fez parte da comarca de Alagoas, quando foi constituída pelo Conselho do Governo da Província a sua comarca, abrangendo as vilas de Atalaia; Assembléia, hoje Viçosa; e Imperatriz, hoje União dos Palmares.

Igreja de N.S. da Conceição

Igreja de N.S. da Conceição

Em 1853 recebeu de volta o termo da vila de Palmeira dos Índios, que havia perdido em 1838, quando passou para a de Anadia. Perdeu o termo de Imperatriz, e bem assim o de Assembléia, feitos comarcas em 1854.

Em 1859, pela Lei n° 359, de 11 de julho, teve o termo da vila do Pilar, desmembrado da comarca de Alagoas. Readquiriu o da vila de Assembléia em 1870; em 1872 perdeu o do Pilar, elevado a comarca.

Em 1875, a Resolução n° 681 tirava-lhe o de Assembléia, erigido em comarca, o que não se efetuou por ser a Resolução revogada em 1876 pela Lei n° 733. Em 1890 foi-lhe acrescido o termo da vila de Paraíba, então criada, e o de Atalaia.

Em 1931, pelo Decreto n° 1 500, teve novamente o termo do Pilar, com a extinção dessa comarca, perdendo-a quando foi restabelecida, em 1934. Segundo o quadro da divisão administrativa em vigor, fixado pela Lei n° 1 785, de 5 de abril de 1954, o município é composto de dois distritos: Atalaia e Sapucaia.

Formação Administrativa

Distrito criado com a denominação de Atalaia anteriormente a 1762. Elevado à categoria de vila com a denominação de Atalaia, entre os anos de 1762 e 1765. Elevado à condição de cidade com a denominação de Atalaia, pelo decreto estadual nº 88, de 15 de março de 1891.

Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído do distrito sede.

Companhia Metalúrgica de Alagoas - COMESA, em Atalaia nos anos 70

Companhia Metalúrgica de Alagoas – COMESA, em Atalaia nos anos 70

Assim permanecendo em divisão territorial datada 1º de julho de 1950.

Pela lei nº 1785, de 5 de abril de 1954, é criado o distrito de Sapucaia ex-povoado e anexado ao município de Atalaia.

Em divisão territorial datada de 1º de julho de 1960, o município é constituído de distritos: Atalaia e Sapucaia.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.

Fonte: IBGE

3 Comments on Atalaia, o velho Arraial dos Palmares

  1. antonio lima filho // 15 de abril de 2016 em 20:56 //

    saudades da minha terra..

  2. OLAVO CABRAL // 19 de abril de 2016 em 12:49 //

    Na primeira foto, reconheço a quarta casa à direita como sendo a do meu avô “Coronel” Né Miranda
    Lindas as fotos da Igreja, que se mantem íntegra até hoje e onde em 7 de dezembro de 2014 foi realizada uma missa de ação de graças para mim que estava lá para pagar uma promessa.
    Foi emocionante assistir, participar e agradecer com toda minha familia.

  3. Atalaia, quarto foco de povoamento de Alagoas, último redulto de palmares. Pena que não há preservada sua rica história, materialmente falando. Possuia uma casa de cultura nos anos 80/90 e desativada atualmente. Sua Matriz, A Igreja nossa Sra. das Brotas, na cidade alta, foi reformada recentemente, mas os novos pisos e teto escondem memorias que deveriam ser preservadas atraves da restauração, bem como a Igreja da co-padroeira, Nsa Sra. da Conceição, onde existia um magnifico teto de madeira com impressionante pintora de estilo barroco. Ficou apenas nas lembranças. Bem como ficou na lembrança o progresso que por aqui passou com suas usinas de açucar e a siderurgia, que a ação ou politica ou falta dela, levou da memoria.

Deixe um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*