Ari Pitombo, getulista e líder trabalhista

Presidente João Goulart recebe Ari Pitombo e uma comissão no Palácio do Planalto, Brasília, em 7 de dezembro de 1961

O jornalista e bacharel em Direito Ari Boto Pitombo nasceu no dia 20 de janeiro de 1909 em Vila Nova, atual município de Neópolis em Sergipe. Era filho de Luís Pitombo Filho e de Maria Boto Pitombo.

Para estudar as primeiras letras, atravessou o Rio São Francisco e transferiu-se para Penedo, em Alagoas, onde cursou o primário e o secundário. O curso ginasial o levou a Maceió, mas concluiu esse período de estudos no Colégio Sílvio Leite e no curso anexo da Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro.

Ari Pitombo em 1923 no Colégio Silvio Leite Fon Fon

A primeira informação encontrada nos jornais sobre a presença de Ari Pitombo no Rio de Janeiro surgiu no Jornal do Commercio de 10 de março de 1931. Uma nota comunicava que ele fora nomeado como ajudante do Laboratório do Instituto Médico Legal, cargo que ocupou até abril de 1933, quando foi exonerado a pedido para assumir outra função.

Escrevendo crônicas para o jornal Beira-Mar sob o pseudônimo de Yra, Ari Pitombo passou a ser “um dos colaboradores apreciados” e conseguiu projeção no jornalismo fluminense.

Ainda estudante iniciou no jornalismo esportivo e em janeiro de 1933, quando já estava em O Globo como repórter em Niterói, participou da comissão que reorganizou a Associação Niteroiense de Cronistas Desportivos, assumindo a vice-presidência. Trabalhou em O Globo por 15 anos, chegando a redator do jornal.

Casou-se, no dia 15 de março de 1933, com Elza Ferreira França, filha de Salvador França, funcionário da Secretaria de Polícia, e de Alice Nunes França. Seu padrinho de casamento foi o seu tio Manoel de Carvalho Pitombo e sua esposa Nuncy Pitombo Cavalcanti.

Em sociedade com o também jornalista Salomão Barros, em dezembro de 1933, lançou o Icarahy-Jornal, voltado para os leitores de Niterói.

Ari Pitombo em 1943

Em eleições realizadas no dia 29 de janeiro de 1934, foi indicado presidente da Associação Fluminense de Imprensa. Dois meses depois assumiu a vice-presidente da Liga Niteroiense de Futebol. Em abril de 1934 nasceu Ariel, seu primeiro filho.

Como presidente da Associação Fluminense de Imprensa, Ari Pitombo acompanhou o presidente Getúlio Vargas, em maio de 1935, em uma viagem à Argentina. Em junho do mesmo ano, conseguiu com o interventor federal no Estado do Rio de Janeiro, comandante Ary Parreiras, a assinatura do Decreto que tornava de utilidade pública da entidade por ele presidida.

Para discutir o Estatuto do Funcionalismo, que estava em fase de votação na Câmara dos Deputados, presidiu uma assembleia de servidores públicos em agosto de 1937, na sede da Associação Brasileira de Imprensa, ABI.

Ari Pitombo propunha mudanças nas promoções das aposentadorias, pensões e licenças para tratamento de saúde. Reivindicava ainda a transformação do Instituto de Previdência em caixa de aposentadorias e pensões, para deixar o funcionalismo civil em igualdade de condições em relação aos demais trabalhadores.

Em dezembro de 1937, bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito de Niterói (RJ).

Entre as diversas funções que exerceu durante a Ditadura Vargas, está a de subchefe da Censura Telegráfica da Polícia do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, durante os levantes comunista de 1935 e integralista de 1938. Foi também, em 1937, chefe da Seção de Cinema e Teatro do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).

Seu acesso ao serviço público se deu por concurso, classificado em nono lugar.

No início de 1938, perdeu o irmão, o tenente do Exército José Pitombo. Foi assassinado pelo também tenente e colega de farda Ivan Cabral de Silveira, após uma discussão no interior do Quartel do 7º RCI em Santana do Livramento.

O Guia do Funcionário Público, de sua autoria, em dezembro de 1940 já estava na 4ª edição. Os jornais da época divulgavam o livro como um “trabalho informativo que coloca o funcionário e o candidato a emprego público a par de toda a legislação que lhe diz respeito”.

Pernambuco de Hoje é outro livro de sua autoria. Lançado em setembro de 1941, a obra é na verdade uma reportagem sobre o trabalho do interventor Agamenon Magalhães, principalmente enfocando as questões dos mocambos e do ensino agronômico.

Em novembro de 1941, como diretor do Departamento Administrativo do Serviço Público, DASP, em Alagoas e por indicação do interventor Ismar de Góis Monteiro, participou de um almoço no Clube Fênix em comemoração ao Dia do Funcionário Público.

Secretário do Interior

Ari Pitombo assumiu a Secretaria do Interior do Estado de Alagoas em 1942 e iniciou uma campanha de desarmamento da população. Em poucos dias foram apreendidas mais de três mil e quinhentas armas, entre pistolas, espingardas, bacamartes, facas-punhais, rifles e revólveres.

Outro feito da sua gestão foi a prisão, em junho de 1942, do vice-cônsul alemão em Maceió, Friedrick Hendel, acusado de atuar como espião do Reich. Era casado com uma brasileira, tinha duas filhas e residia na capital alagoana há 20 anos, trabalhando como engenheiro do Serviço de Águas do Estado. Tratado como “quinta-coluna”, foi transferido para o Rio de Janeiro.

Ainda em junho, as ações contra possíveis inimigos de guerra atingiram o bacharel Mário Marroquim, em cuja residência, segundo o Jornal do Commercio de 25 de junho de 1942, foi encontrado material de propaganda fascista. Em Capela, Raul Dias Cardoso foi detido. Tinha sido chefe do integralismo naquele município.

Alemães e italianos presos e submetidos a trabalhos forçados no Canal de Bebedouro

No mês seguinte, vários integralistas alagoanos foram presos pela polícia de Ari Pitombo. “Camisas verdes, capacetes e discos verdes, estação transmissora de rádio, tudo foi para a lata de lixo, bem como os discípulos de Plinio Salgado para a Penitenciária”, relatou um jornalista.

A notícia informava ainda que os “maiorais do integralismo, ao se verem presos, renegavam o crédito, manifestando-se integrados ao Estado Novo”.

Em agosto do mesmo ano, logo após o torpedeamento de navios brasileiros na costa nordestina, Ari Pitombo mandou prender imediatamente “vários súditos dos países totalitários” residentes em Alagoas.

Além das detenções, ordenou que fossem aproveitados no serviço de abertura de valas e saneamento. Assim, mais de 30 alemães e italianos foram trabalhar com enxadas nos bairros de Maceió.

Atento as questões políticas e estabelecendo relações com o poder econômico local, em novembro de 1943 propôs ao interventor de Alagoas, por ofício, a mudança do nome da localidade Cachoeira, no município de Rio Largo, para Gustavo Paiva.

Ao multar comerciantes que vendiam mercadorias por preços acima do valor real, Ari Pitombo adquiriu grande popularidade e apoio dos mais pobres de Alagoas.

Em fevereiro de 1944, publicou nos jornais as multas aplicadas e mandou recado: “O governo reconhece o ganho lícito como justa retribuição ao trabalho, mas não pode permitir que o povo fique à mercê da ganância de alguns elementos que procuram tirar partido da situação atual. Lucro exagerado é furto”.

Edifício Ary Pitombo, na Praça dos Palmares, foi inaugurado em 19 de maio de 1957 pelo ministro do Trabalho Persifal Barroso

Ainda em 1944, assume interinamente e cumulativamente as secretarias de Educação e Saúde do Estado de Alagoas.

Perseguidor dos Xangôs

Segundo estudo da professora Irinéia Maria Franco dos Santos, “Ari Pitombo é lembrado pelos mais velhos sacerdotes afro-brasileiros de Alagoas como um grande perseguidor dos xangôs”. Na pesquisa sobre Dom Ranulpho Farias e os arquivos da Cúria Metropolitana de Maceió, Irinéia encontrou um ofício de Dom Ranulpho a Ari Pitombo, de 20 de julho de 1945, reclamando contra os “abusos das cheganças”.

O líder religioso relatou ao secretário que havia o costume das Cheganças apresentarem o tipo exótico do sacerdote, com zombaria das coisas santas, envolvendo símbolos e objetos religiosos e fingindo cerimônias do culto católico. Solicitou a Ari Pitombo providências para impedir tais ofensas à “santidade da Igreja Católica”. Em resposta, o secretário informou que iria adotar medidas para cessar tais práticas.

Irinéia avalia que Dom Ranulpho sabia que tinha um aliado. “Ora, Ari Pitombo é lembrado pelos mais velhos sacerdotes afro-brasileiros de Alagoas como um ‘grande perseguidor dos xangôs’. Sua trajetória política é lembrada por muitos e caracterizada por um ‘certo autoritarismo’.

“Sobre ele Pai Ferreira contava que vigiava e invadia as casas durante as ‘sessões de mesa’. Aí obrigava o pai de santo a colocar a mesa na cabeça e sair pela rua gritando: ‘sou o macumbeiro do Bebedouro’ ou, quando não, ‘sou o macumbeiro da Ponta Grossa’, e ia o ‘infeliz’ a pé correndo até a 1ª Delegacia”, relata a professora e doutora da Ufal.

E continua: “Por conta disso, reuniram-se os pais de santo mais antigos dali (Amaro, Aurélio, Benedito Calheiros, Chico Foguinho…) e combinaram de ‘despachar o homem’. Seu Benedito Calheiros era o mais afamado ‘bate folha’ da cidade (que trabalhava com as entidades de esquerda – Exu); assim, compraram um caixão de madeira, fizeram um boneco montado com ‘carnes preparadas’, botaram um terno branco nele, com uma gravata borboleta, tal como usada por Ari Pitombo e uma placa escrita: ‘eu sou o Ari Pitombo’, e foram para a mata enterrar a encomenda”.

Descobertos pelos vigias, os pais de santo fugiram e deixaram para trás o caixão. “Diz Seu Ferreira que os vigias levaram o caixão para delegacia, abriram lá e viram o ‘boneco’. O resultado não foi positivo. Depois desse fato, dizia ele, ‘imagina macumbeiro apanhar, foi uma coisa horrível’. Completava Seu Ferreira: ‘se pelo menos tivessem levado junto o caixão’…”.

Também atuou contra os estudantes alagoanos ao proibir as manifestações em protesto pela morte do aluno Demócrito de Souza Filho em Recife, Ari Pitombo foi alvo de nota pública da União Nacional dos Estudantes, assinada pelo presidente Paulo Silveira.

A entidade estudantil denunciou como injusta a atitude do secretário de impedir a manifestação. O comício seria realizado pelo Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito de Alagoas, presidido por André Papini, futuro deputado estadual pelo Partido Comunista.

Em 18 de março de 1946, foi nomeado como diretor do Departamento de Previdência e dos Serviços Gerais de Administração do Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado, IPASE, um órgão paraestatal criado por Getúlio Vargas por meio do Decreto-Lei nº 2.865, de 12 de dezembro de 1940.

Mandatos parlamentares

Reconhecido e apoiado por parte considerável da população alagoana, foi eleito deputado para a Assembleia Constituinte de Alagoas de janeiro de 1947 pela legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

João Goulart entre Abraão Moura e Ari Pitombo, com uma delegação alagoana formada por Breda, Aloísio Nogueira, Henrique Ekelman, José Boto Pitombo e Cel. Henrique Oeste

No pleito de outubro de 1950 elegeu-se deputado federal por Alagoas na legenda do Partido Social Trabalhista (PST), assumindo o mandato em fevereiro do ano seguinte. Em março de 1951 já estava na bancada do PTB.

Em junho de 1952, apresentou o projeto nº 670, criando a “Ficha de Declaração de Bens dos Servidores da União” e autorizando o confisco das fortunas adquiridas ilicitamente na função pública. A Lei, aprovada nos últimos dias do mês seguinte, atingia ministros de Estado, deputados, senadores e presidentes de autarquias. “Quando me referi a todo servidor público não isentei ninguém”, explicou o autor da proposta.

Para fortalecer o grupo ligado a Silvestre Péricles, em outubro de 1952 lançou a candidatura de Lucena Maranhão à Prefeitura da capital, com o intuito de derrotar o candidato udenista Joaquim Leão. Com a vitória de seu apadrinhado, Ari Pitombo saiu fortalecido e o seu novo partido, o PTB, ganhou vários cargos federais em Alagoas. No IPASE, o deputado indicou seu irmão para substituir João Soares de Melo.

No ano seguinte, em abril, Ari Pitombo voltou a ser manchete nos jornais ao apresentar projeto instituindo a pena de morte no Brasil. A proposta provocou imenso debate e mobilizou a imprensa, mas não prosperou. Ainda em 1953, outro projeto seu foi discutido nacionalmente: o fim do passe dos jogadores de futebol.

Reelegeu-se no pleito de outubro de 1954, dessa vez na legenda das Oposições Coligadas, constituídas pelo Partido Democrata Cristão (PDC), o Partido Socialista Brasileiro (PSB), o Partido Social Progressista (PSP), o Partido Social Democrático (PSD), o Partido Republicano (PR) e o PTB. Obteve 5.983 votos.

Nessa legislatura tornou-se vice-líder do PTB a partir de março de 1955, e da minoria em dezembro do mesmo ano, elegendo-se, em novembro de 1957, vice-líder do bloco parlamentar da oposição.

Após ser acusado publicamente por Arnon de Mello de ser ladrão de dinheiros públicos, em dezembro de 1955 apresentou um requerimento sem precedentes na Câmara dos Deputados: pediu a formação de uma Comissão de Inquérito para fazer uma devassa completa em sua vida.

Arnon de Melo, em carta publicada nos jornais, afirmou que “como chefe de Polícia deste Estado, o sr. Ari Pitombo desviou do Tesouro para seu cofre a renda do jogo, que ele estimulou em Alagoas, a qual era, ao tempo da ditadura, recolhida aos cofres públicos, sob a rubrica de jogos e diversões”.

As informações divulgadas por Arnon de Mello se baseavam no depoimento de Ulysses Patriota, que em praça pública declarou: “Quem, em Alagoas, recebeu mais dinheiro de jogo do que o sr. Ari Pitombo? O próprio Hegessipo Caldas [bicheiro à época] me afirmou, tempos atrás, diante de outras pessoas, que ele era quem menos lucrava com o jogo, porque a maior parte da renda do jogo ia para o sr. Ari Pitombo”.

Em resposta, o deputado alagoano enviou uma carta aos jornais que começava com o seguinte teor: “O chantagista e ladrão dos cofres públicos que atende pelo nome de Arnon de Melo, na impossibilidade de defender-se da acusação que lhe fiz da tribuna da Câmara dos Deputados, vive, agora, a dar entrevista ao jornal carioca Tribuna da Imprensa, querendo ridicularizar-me…)”.

Continuou citando Arnon de Melo como um “picareta de jornais e corretor de apartamentos no Rio” e explicou que comprovou o recolhimento do dinheiro do Jogo do Bicho apresentando as guias de recolhimento. “E hoje, quando eu digo que o dinheiro do jogo é criminosamente desviado, provo. Nenhum depósito foi recolhido ao Tesouro durante o governo do Sr. Arnon de Melo”.

Francisco Assis, Mendonça Braga, Ari Pitombo, João Goulart (Jango, candidato a vice-presidente de JK), Muniz Falcão (candidato a governador de Alagoas), Sizenando Nabuco (candidato a vice governador de Alagoas) e o deputado estadual Julio França, em um comício antes das eleições de 1955

Carlos Lacerda foi outro adversário político com quem teve embates históricos. Em um destes, em novembro de 1959, o deputado alagoano revelou as origens comunistas do adversário após conseguir suas fichas policiais, do tempo em que era militante do PCB.

Na denúncia contra o diretor da Tribuna da Imprensa, Ari Pitombo destacou o episódio em que Lacerda foi expulso da casa do escritor Álvaro Moreira como traidor, após chegar embriagado, com remorsos, e ter confessado que se vendera vilmente para delatar os seus companheiros. Revelou ainda que foi Lacerda quem apresentou o nome de Luiz Carlos Prestes para presidir a Aliança Nacional Libertadora.

Lacerda, da UDN, também não poupava Ari Pitombo por ser um getulista fanático. Certo dia, quando fazia um dos seus ataques ao presidente Vargas, o deputado do PTB pediu um aparte. Lacerda concedeu e ele imediatamente passou a desqualificar o autor das críticas:

— Senhores deputados! O que o nobre deputado Carlos Lacerda fala não pode ser levado a sério. Tratasse de um leviano. O que o homem diz, eu nem ligo. Entra por aqui (fala gesticulando e mostrando o ouvido) e sai por aqui” — apontando o outro ouvido.

Findado o aparte, Carlos Lacerda retoma a palavra e, calmamente, vai abrindo a “caixa de maribondo”:

— O nobre deputado Ary Pitombo apenas comprova uma velha conhecida lei da física: o som não se propaga no vácuo…

Autor da proposta que ficou conhecida como Emenda Cadilac, Ari Pitombo foi duramente criticado por fazer aprovar na Câmara dos Deputados alteração na Lei de Licença Prévia, permitindo que os congressistas e ministros do Supremo Tribunal Federal e Tribunal Federal de Recursos importassem cada um deles um automóvel ao câmbio livre.

A Lei foi aprovada em 22 de dezembro de 1956 com a extensão dos benefícios aos militares, altos funcionários do Governo, diplomatas e membros do poder judiciário. Para entender a dádiva, em maio de 1957 um automóvel Chevrolet norte-americano seria importado normalmente por Cr$ 1.250.000,00. Com a emenda, sairia por Cr$ 250.000,00. No dia seguinte à aprovação, o presidente Juscelino Kubitschek vetou a lei.

Em 26 de outubro de 1957, a revista Careta publicou nota criticando o deputado por ter nomeado seu filho Ariel para o cargo de tesoureiro do IPASE. Tinha 23 anos de idade e foi acusado de não desempenhar suas funções por ser oficial de gabinete do sr. Parsifal Barroso e redator do SESI. “Felizmente, para o Tesouro Nacional, o sr. Ari Pitombo não tem muitos filhos…”, concluiu a nota.

Outro episódio marcante deste mandato foi o entrevero com Carlos Lacerda no dia 14 de novembro de 1957, quando Ari Pitombo chamou-o de falsificador e chantagista. Lacerda respondeu dizendo que ainda não tinha descido à estrebaria e que o deputado deveria “escolher outra ocasião para dar coices”.

O jornal O Dia noticiou que Ari Pitombo fez um gesto como quem desejava sacar de uma arma de fogo, e que Lacerda gritava: “Atire, vagabundo! Atire, cachorro! Atire, covarde!”. Ari Pitombo se referia a ele como pulha e chantagista. Com a intervenção de vários deputados, Emílio Carlos conseguiu arrebatar o revólver de Ari Pitombo, que foi retirado do plenário.

No dia 15 de novembro de 1958, inaugurou a Rádio Progresso de Alagoas, ZYL 25. Funcionava no 6º andar do edifício que mais tarde viria a ser conhecido como Ari Pitombo, na Praça dos Palmares, Centro de Maceió.

A concessão da Rádio Progresso de Alagoas Ltda foi outorgada através do Portaria MVOP nº 312, de 2 de maio de 1958. Há registros de que a emissora surgiu também como propriedade do deputado Ortiz Monteiro, então do PTB paulista.

Esta rádio iniciou o ciclo de emissoras de rádio de propriedade de políticos em Alagoas.

No pleito de outubro de 1958 voltou a ser eleito, desta feita na legenda da Frente Democrática Trabalhista, formada pelo PSD, o PTB e o Partido de Representação Popular (PRP). Foi o quarto-secretário da mesa da Câmara dos Deputados no período de 1959 a 1963.

Eleito como secretário para a Executiva Nacional do PTB em 24 de outubro de 1959, Ari Pitombo teve a companhia de João Goulart como presidente; dos vice-presidentes Abilon de Souza Naves, Baeta Neves, San Tiago Dantas e Argemiro Figueiredo; do secretário-geral Doutel de Andrade; dos secretários Wilson Fadul, Frota Moreira e Bocayuva Cunha; do tesoureiro-geral Rui Ramos; e dos tesoureiros Carlos Jereissati e Eduardo Catalão.

Em 1959, o jornalista Hélio Fernandes, denunciou Ari Pitombo, em sua coluna no Diário de Notícias, como beneficiado com uma caixinha do Jogo do Bicho quando secretário do Interior em Alagoas. Foi agredido pelo deputado com um murro no rosto, provocando sangramento em seu nariz.

O presidente da Câmara instituiu uma comissão de sindicância para apurar as causas da agressão. Ari Pitombo renunciou a função que exercia na mesa da Câmara, além de ter sido denunciado ao delegado Diógenes Sarmento de Barros, do 5º Distrito Policial. A agressão era grave, entretanto, o inquérito foi arquivado.

Candidato a governador de Alagoas em 1960 pela coligação PTB-PSD, era um dos três candidatos ligados a Muniz Falcão. Os outros, Abraão Fidélis Moura do PSP e Silvestre Péricles pelo PDC, dividiam os votos do grupo, que terminou perdendo para o então major Luiz de Sousa Cavalcante, da coligação UDN/PL.

Luiz Cavalcante, mesmo vitorioso no computo geral dos votos, foi derrotado por Silvestre Péricles na capital e por Abraão Moura no interior do estado. O “Major” conseguiu 38.915 votos. Abraão Fidélis de Moura ficou na segunda colocação com 37.213 votos. Silvestre Péricles de Góis Monteiro também foi bem votado, com 31.020 votos. Ari Pitombo obteve somente 7.938 sufrágios.

Mais uma vez foi reeleito deputado federal em outubro de 1962, desta vez na legenda da Coligação Democrática Nacionalista, formada pelo PTB e o PSP. Ligado ao presidente João Goulart, nessa legislatura voltou a ser vice-líder do PTB na Câmara.

Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar instalado no país em abril de 1964.

Disputou a reeleição pela legenda oposicionista em novembro de 1966, mas obteve apenas uma suplência. Em janeiro do ano seguinte encerrou seu mandato, não voltando a ocupar cargos eletivos.

Em 1979, com o fim do bipartidarismo, participou da comissão provisória da reorganização do Partido Trabalhista Cristão, PTBC, de Ivete Vargas. Em 1984, continuava participando do PTB.

Ari Boto Pitombo faleceu no dia 16 de julho de 1991, no Rio de Janeiro, quando tinha 82 anos de idade.

1 Comentário on Ari Pitombo, getulista e líder trabalhista

  1. José Aldo Buarque de Mendonça // 25 de abril de 2017 em 15:50 //

    Muitos fatos políticos significativos para o conhecimento do alagoano. Ari Boto Pitombo marcou sua época como político. Hoje, ainda milita na política o seu sobrinho Walter Laranjeira com respaldo principalmente nas atividades esportivas. História de Alagoas é um caminho para ampliar nossos conhecimentos sobre os que fizeram acontecer neste Estado. PAZ e BE

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